THE ROLE OF NURSES IN URGENCY AND EMERGENCY IN BRAZIL
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8224352
Bianca Oliveira Leite1, Thaiane Fernandes Silva Carvalho1, Roberta Veloso Cesar2, Brenda Cristina Rodrigues de Almeida1, Andreia Correia2, Amanda de Andrade Costa3, Márcia Oliveira da Silva2, Victoria Maria Siqueira Ferreira4, Flávia Mayra dos Santos2, Emmilly Lucciane Alves Maria2, Marlete Scremin5, Sylmara Corrêa Monteiro6, Émile Lílian Pereira de Oliveira1, Laudileyde Rocha Mota7
RESUMO
Objetivo: descrever o papel do enfermeiro em serviços de urgência e da emergência. Método: conduziu-se uma revisão integrativa de literatura por meio de busca nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (Scielo) e na Base de Dados de Enfermagem (BDENF), utilizando como descritores: emergências, enfermagem em Emergência e tratamento de emergência”, além dessa busca individual de descritores também foi utilizada uma busca cruzada com o descritor “Enfermagem”. Consideraram-se artigos completos publicados em português, inglês ou espanhol. Resultados: os resultados evidenciaram que as principais atribuições deste profissional são a avaliação do estado de saúde do usuário e a tomada de decisão, processo que necessita de conhecimento clínico e de tempo de experiência, funções técnicas, administrativas, gerenciais e educacionais. Conclusão: o enfermeiro é essencial nessa área, principalmente na assistência prestada ao paciente/cliente, além de funções administrativas, gerenciais e educacionais.
Palavras-chave: emergências, enfermagem em emergência e tratamento de emergência.
ABSTRACT
Objective: to describe the role of nurses in emergency and emergency services. Method: an integrative literature review was conducted through a search in the databases of the Virtual Health Library (VHL), latin american and caribbean literature on health sciences (LILACS), in the digital library Scientific Electronic Library Online (Scielo) and in the Nursing Database (BDENF), using as descriptors: emergencies, emergency nursing and emergency treatment”, in addition to this individual search for descriptors, a cross-search was also used with the descriptor “Nursing”. Full articles published in Portuguese, English or Spanish were considered. Results: the results showed that the main attributions of this professional are the evaluation of the user’s health status and decision making, a process that requires clinical knowledge and time of experience, technical, administrative, managerial and educational functions. Conclusion: nurses are essential in this area, especially in the care provided to the patient/client, in addition to administrative, managerial and educational functions.
Keywords: Nurses in emergency; Activities of nurses in emergency; Nurses’ role in emergency; Nursing.
Introdução
A atenção primária à saúde, que constitui o componente pré-hospitalar fixo, tem um papel fundamental na estruturação e organização da rede de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que funciona como a porta de entrada para os usuários. Já as redes de atenção pré-hospitalar móveis, constituem-se do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (SAMU-192) e os serviços associados de salvamento e resgate, que juntamente com as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAS), integram o nível intermediário de atenção às emergências. Com isso, o SAMU-192 e as UPAS estabelecem um importante elo entre os níveis de atenção à saúde, pois proporcionam uma adequada reorganização e reorientação dos usuários (MATOS; BREDA, 2020).
Os serviços de maior densidade tecnológica dizem respeito aos hospitais de atenção às urgências, bem como toda a gama de leitos de internação, passando pelos leitos gerais e especializados de retaguarda, de longa permanência e os de terapia semi-intensivos e intensiva. E por fim, o componente pós-hospitalar, que compõe as modalidades de atenção domiciliar, hospitais-dia e projetos de reabilitação integral com componente e reabilitação de base comunitária (CECCONELLO; ZOCCHE; ASCARI, 2020).
A urgência é caracterizada por uma ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo indivíduo necessita de assistência imediata. Já a emergência é a constatação de risco iminente de vida ou sofrimento intenso, instituída por meio de práticas clínicas cuidadoras (BRASIL, 2011; CECCONELLO; ZOCCHE; ASCARI, 2020). Em todos os níveis de atenção, a enfermagem desempenha um papel fundamental como integrante da equipe que presta atendimento de urgência, tanto no cuidado direto ao paciente, no gerenciamento do local e de toda sua equipe, como na educação permanente (SOUZA; CHAGAS, 2018).
O papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, realizar o exame físico, executar o tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os pacientes e familiares para uma continuidade do tratamento e medidas vitais, além de aspectos administrativos e gerenciais (PAIZ et al., 2021).
No passado o pessoal do departamento de emergência e os que efetuavam intervenções pré-hospitalares de emergência não tinham quase nenhum treinamento especializado e viam-se a frente de situações, nas quais vidas eram perdidas ou certos tipos de invalidez eram prolongados pela deficiência dos primeiros socorros (WARNER, 1980).
Frente ao exposto e devido à significativa relevância de se esclarecer e organizar as discussões acerca do papel do enfermeiro na urgência e emergência no Brasil, além da escassez de estudos na literatura nacional, determinando a necessidade de investigações, a presente revisão tem como objetivo descrever o papel do enfermeiro em serviços de urgência e da emergência.
Métodos
Realizou-se uma revisão integrativa de literatura, método que permite analisar estudos com diferentes metodologias (quantitativa e qualitativa) e possibilita síntese de evidências disponíveis sobre determinado assunto, cuja coleta de dados ocorreu a em fontes disponíveis online. A revisão integrativa de literatura é um método amplo que permite a inclusão de literatura teórica e empírica, bem como outros estudos com abordagens quantitativas e/ou qualitativas. Assim, o referido método permite atualizar as discussões relacionadas a um tema específico, a partir da síntese de estudos publicados (WHITTEMORE; KNAFL, 2005)
Para o desenvolvimento desta revisão integrativa foram utilizadas cinco etapas: identificação do problema, busca na literatura, categorização, análise dos dados e apresentação da síntese do conhecimento (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).
– Etapa 1: Identificação do tema “O papel do enfermeiro na urgência e emergência” e elaboração da pergunta norteadora “Qual o papel do enfermeiro nos setores de urgência e emergência? ”;
– Etapa 2: Busca na literatura – realizou-se a busca das publicações/artigos nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), utilizando como descritores: emergências, enfermagem em Emergência e tratamento de emergência.
Os critérios de inclusão foram: artigos completos, publicados em inglês, espanhol ou português, publicados nas bases de dados citadas e que relatassem sobre tema escolhido. Os critérios de exclusão foram: artigos incompletos e que não falassem sobre o tema referido.
– Etapa 3: Categorização dos estudos de forma que as informações extraídas se referissem ao título do periódico e do artigo; titulação dos autores; ano, local, volume e número da publicação. Além desses itens, nos estudos foram observadas as informações sobre as metodologias utilizadas, os resultados alcançados e as conclusões a que os autores chegaram.
– Etapa 4: Análise dos resultados por meio de inúmeras leituras dos artigos selecionados.
– Etapa 5: Apresentação da Revisão Integrativa.
Para viabilizar a apreensão das informações, utilizou-se banco de dados elaborado no software Microsoft Office Excel 2010, composto das seguintes variáveis: título do artigo, ano de publicação, base de dados, título do periódico, delineamento do estudo, resumo, intervenção, desfecho e conclusão. Os dados obtidos foram agrupados em quadros e em abordagens temáticas e interpretados com base na literatura.
Resultados
Foi possível selecionar 45 artigos que atendiam aos critérios de inclusão para alcance do objetivo proposto. A amostra final constituiu-se de 12 artigos relacionados ao foco deste estudo, sendo 29 encontrados na base de dados BDENF – destes, 9 foram selecionados, 9 no LILACS – destes, 2 foram selecionados e 7 na SCIELO – destes, 1 foi selecionado.
No Quadro 1 pode-se verificar os artigos incluídos nesta revisão, contendo número, autores do estudo, título, delineamento do estudo, periódico de publicação e principais desfechos dos estudos realizados.
Os 12 artigos selecionados foram divulgados em 7 diferentes periódicos nacionais. Revista de enfermagem UFPE online; Online Braz; Revista de enfermagem do Centro-Oeste Mineiro; Porto Alegre; Revista gaúcha de enfermagem; Nursing (São Paulo) e Acta Paulista de Enfermagem. Destes, 4 são específicos da Enfermagem.
Quadro 1. Estudos incluídos na análise.
Número | Autores | Título | Delineamento | Periódico | Principais desfechos |
1 | SILVA et. al., | O enfermeiro de unidade de emergência e suas dificuldades de atuação: revisão integrativa da literatura. | Revisão | Revista de enfermagem UFPE online | O papel efetivo do enfermeiro é influenciado pela realidade precária do trabalho, variáveis estressoras, subdimensionamento e carga horária excessiva. |
2 | BARROS et al., | Atendimento pré-hospitalar: condutas do enfermeiro frente à parada cardiorrespiratória. | Qualitativo | Revista de enfermagem UFPE online | A competência técnica do enfermeiro para atuação nessa situação clínica é essencial para diminuir desfechos desfavoráveis. |
3 | DURO, Carmen Lucia Mottin; LIMA, Maria Alice Dias da Silva. | O papel do enfermeiro nos sistemas de triagem em emergências. | Revisão | Online braz j nurs | O enfermeiro é o profissional que reúne as condições necessárias para a realização das escalas de avaliação e classificação de risco, as quais incluem linguagem clínica orientada para os sinais e sintomas, uma relação empática fundamental para o objetivo do processo de triagem. |
4 | CAVEIÃO et al., | Dor torácica: atuação do enfermeiro em um pronto atendimento de um hospital escola. | Descritivo e quantitativo | Revista de enfermagem do Centro-Oeste Mineiro | A competência técnica do enfermeiro para atuação nessa situação clínica é essencial para diminuir desfechos desfavoráveis. |
5 | SANTOS, José Luis Guedes dos. | A dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro em um serviço hospitalar de emergência. | Qualitativo | Revista de enfermagem da UFSM | A dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro contempla a realização e o planejamento do cuidado, a previsão e provisão de recursos para o bom funcionamento da unidade e a liderança, supervisão e capacitação da equipe de enfermagem. |
6 | SOUZA et al., | Pronto socorro: uma visão sobre a interação entre profissionais de enfermagem e pacientes. | Qualitativo | Revista gaúcha de enfermagem | A comunicação efetiva do profissional enfermeiro influencia no cuidado de enfermagem nesse setor. |
7 | GATTI, Maria Fernanda Zorzi; LEÃO, Eliseth Ribeiro | O papel diferenciado do enfermeiro em serviço de emergência: a identificação de prioridades de atendimento. | Qualitativa | Nursing (São Paulo) | A triagem de enfermagem é uma área de atuação nova e promissora para o enfermeiro, destacando-se a integração entre as equipes médica e de enfermagem do setor de emergência e o desenvolvimento de protocolos embasados na realidade de cada instituição. |
8 | SOUZA et al. | Comunicação entre profissionais de enfermagem e pacientes da unidade de pronto-socorro. | Qualitativa | Nursing (São Paulo) | A comunicação interfere na recuperação dos pacientes e que está diretamente relacionada com as condições de trabalho local sendo, os funcionários, capazes de citar fatores que auxiliam na comunicação em uma unidade de emergência. |
9 | MELO et al., | O Papel do Enfermeiro na Triagem Classificatória do Departamento de Emergência. | Qualitativa | Nursing (São Paulo) | A classificação por níveis identificados por cores possibilita a intervenção terapêutica rápida, diminuindo assim, o potencial de risco dos pacientes graves, melhorando a qualidade da assistência. |
10 | SANTOS et al., | Trabalho da enfermagem na atenção às urgências: revisão sistemática. | Revisão | Online braz j nurs | As competências técnicas são significativas para atuação do profissional. |
11 | LIMA et al., | Concepções de enfermeiros sobre gerência do cuidado em um serviço de emergência. | Descritivo exploratório | Online braz j nurs | Podem ser indicadas três interfaces para essas gerências: gerência como organização e otimização do trabalho em emergência; gerência como instrumento para melhores práticas de cuidado; e, gerência da equipe de enfermagem. |
12 | HOLANDA, Flávia Lilalva de. | Construção da Matriz de Competência Profissional do enfermeiro em emergências. | Descritivo | Acta Paulista de Enfermagem | Algumas competências básicas para o papel do enfermeiro são desempenho assistencial, trabalho em equipe, liderança, humanização, tomada de decisão, relacionamento interpessoal, direcionamento para resultados, proatividade, aceitação de desafios, acolhimento, administração do tempo, atenção, etc. |
Discussão
Os serviços de urgência e emergência possuem o objetivo de diminuir a morbimortalidade e as sequelas incapacitantes, para tanto é preciso garantir os elementos necessários para um sistema de atenção de emergência considerando recursos humanos, infraestrutura, equipamentos e materiais, de modo a assegurar uma assistência integral, com qualidade adequada e contínua. São, portanto, locais que necessitam dar respostas rápidas, devendo ter uma equipe qualificada, que tenha facilidade de comunicação e capacidade de tomar decisões assertivas, uma vez que irá prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves (MOREIRA et al., 2021).
Os enfermeiros das unidades de emergência aliam à fundamentação teórica (imprescindível) a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional (SILVA et al., 2022).
O enfermeiro necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente (BUGS et al., 2017). Frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em equipe torna-se crucial. O enfermeiro deve ser uma pessoa tranquila, ágil, de raciocínio rápido, de forma a adaptar-se, de imediato, a cada situação que se apresente à sua frente. Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento científico e competência clínica e experiência (CAMARGO-NETO et al., 2018).
Frente a esta realidade, nos Estados Unidos, foram desenvolvidos programas educativos para o aperfeiçoamento dos enfermeiros de unidade de emergência, o qual se denominou Trauma Life Support Courses for Nurses (TLS for Nurses) e Manobras Avançadas de Suporte ao Trauma (MAST) (HARGREAVES, 2021).
No Brasil, a partir da década de 80, foi dada maior ênfase na capacitação dos profissionais que atuam no atendimento de emergência. Em 1985 foi criada a Sociedade Brasileira dos Enfermeiros do Trauma (SOBET) que consiste na primeira associação de enfermagem especializada em trauma (HARGREAVES, 2021).
As populações assistidas pelo enfermeiro predominante nos estudos selecionados foram de crianças, adolescentes, adultos, idosos, grupo de hipertensos e diabéticos, usuários de drogas, mulher, além do coletivo por meio da educação em saúde, sendo que o enfermeiro deve atender as necessidades de saúde do indivíduo, da família e da comunidade.
A análise dos artigos permitiu identificar que o papel dos enfermeiros na urgência e emergência de um hospital possui características singulares e fundamentais para o paciente e seu processo de trabalho é influenciado pelo perfil dos pacientes e pela lógica em que se organiza o ambiente de trabalho em que estão inseridos. Nesse sentido, o enfermeiro é peça chave no funcionamento eficiente dos serviços de urgência e emergência de um ambiente hospitalar, desde a classificação de risco o enfermeiro se faz presente. No Quadro 2 estão organizadas algumas das atividades exercidas pelo enfermeiro nos serviços de urgência e emergência.
Quadro 2. Atividades exercidas pelos enfermeiros.
TIPO | ATIVIDADES |
ASSISTENCIAIS | Prestar o cuidado ao paciente juntamente com o médico; Preparar e ministrar medicamentos; Viabilizar a execução de exames especiais procedendo a coleta; Instalar sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes; Realizar troca de traqueostomia e punção venosa com cateter; Efetuar curativos de maior complexidade; Preparar instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos; Realizar o controle dos sinais vitais; Executar a evolução dos pacientes e anota no prontuário. |
ADMINISTRATIVAS | Realizar a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade; Liderar a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos; Coordenar as atividades do pessoal de recepção, limpeza e portaria; Solucionar problemas decorrentes com o atendimento médico ambulatorial; Alocar pessoal e recursos materiais necessários; Realizar a escala diária e mensal da equipe de enfermagem; Controlar estoque de material; Verificar a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor. |
Nesse sentido, foram determinadas algumas competências básicas para o desempenho das atividades do enfermeiro, tais como: desempenho assistencial, trabalho em equipe, liderança, humanização, tomada de decisão, relacionamento interpessoal, direcionamento para resultados, proatividade, aceitação de desafios, acolhimento, administração do tempo, atenção, flexibilidade,autonomia, comprometimento, comunicação, confiabilidade/credibilidade, controle de risco, cooperação, eficácia, eficiência, equilíbrio emocional, objetividade. O conhecimento teórico foi apresentado como quesito fundamental para se realizar com excelência e objetividade as atribuições do enfermeiro (SANTANA et al., 2021).
Em relação às atividades de ensino exercidas pelo enfermeiro, ressalta-se que este profissional na sua prática diária orienta a equipe de enfermagem na realização das atividades de enfermagem e promove treinamento em serviço sobre os protocolos de atendimento e novos procedimentos.
Na triagem, por exemplo, o enfermeiro interpreta também os sinais psicológicos, interpessoais e comunicativos do paciente, para verificar a credibilidade da informação clínica. Nesse sentido, o trabalho do enfermeiro na classificação de risco também é influenciado por aspectos sociais e pelo contexto de vida em que o usuário se encontra. Assim, o enfermeiro utiliza a avaliação intuitiva para exercer a classificação a partir da aparência física e do modo que o paciente apresenta o seu problema (QUARESMA; XAVIER; VAZ, 2019).
É preciso entender que a consulta de enfermagem é uma atividade legalmente reconhecida, privativa do enfermeiro e importante no processo de assistência de enfermagem, na valorização e autonomia profissional. Isso porque permite a promoção de educação em saúde por meio da criação do vínculo e co-responsabilização, além de identificar as necessidades de saúde da comunidade e buscar sugestões de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Apresenta uma abordagem contextualizada e participativa do usuário (CRIVELARO et al., 2020).
Dentro desse contexto, a assistência de enfermagem é um elemento que favorece a integralidade e a promoção da saúde, sendo necessário superar as dificuldades de articulação entre os níveis de atenção, primário, secundário e terciário para que a integralidade da assistência ocorra de forma eficiente para o alcance de melhores níveis de saúde individual e coletivo (OLIVEIRA et al., 2019).
Conclusão
Os estudos analisados nesta revisão permitiram identificar e avaliar as evidências disponíveis na literatura relacionadas às atividades do enfermeiro na atenção às urgências e emergências. No Brasil, somente a partir da década de 80, a capacitação dos profissionais que atuam no atendimento de emergência tornou-se fato relevante; entretanto, na literatura nacional a escassez de estudos na enfermagem determina a necessidade de investigações. Apesar da escassa produção de evidências fortes nessa área de conhecimento, os resultados mostram que o enfermeiro é essencial nessa área, principalmente na assistência prestada ao paciente/cliente, além de funções administrativas, gerenciais e educacionais.
O papel do enfermeiro é executado por meio de prestação cuidado ao paciente; preparo e administração de medicamentos; viabilização da execução de exames especiais procedendo a coleta; realização de curativos; preparo de instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxílio da equipe médica na execução dos procedimentos diversos; realização de controle dos sinais vitais e realização da evolução dos pacientes e registro no prontuário.
Em relação às atividades desenvolvidas pelo enfermeiro na classificação de risco, os estudos destacaram a avaliação do usuário e tomada de decisão, determinando a classificação e priorização do atendimento no serviço de urgência de acordo com a gravidade. O enfermeiro possui conhecimentos e habilidades específicos para definição da prioridade de atendimento, que correspondem desde o conhecimento administrativo e clínico até as habilidades de intuição e comunicação. Assim, o enfermeiro administra o fluxo de oferta e demanda dos usuários nos serviços de urgência do serviço, contribuindo para a diminuição da morbimortalidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Regulação Médica das Urgências. Brasília: Ministério da Saúde; 2006b.
BUGS, T.V et al. Dificuldades do enfermeiro no gerenciamento da unidade de pronto–socorro hospitalar. Rev Enferm UFSM. v.7, n.1, p. 90-99, 2017.
CRIVELARO, P.M.S et al. Consulta de enfermagem: uma ferramenta de cuidado integral na atenção primária à saúde. Braz. J. of Develop. v. 6, n. 7, p. 49310-49321, 2020.
FINCKE, M.K. Enfermagem de emergência: a viga mestre do departamento de emergência. In: Warner CG. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo: Interamericana; 1980.
HARGREAVES, L.H.H. Atendimento de Emergência Pré-Hospitalar nos Estados Unidos da América. Brazilian Journal of Emergency Medicine. v.1, n.1, p.9-13, 2021.
MATOS, Y.V.; BREDA, D. Perfil dos pacientes atendidos na unidade pronto atendimento, Jardim Veneza, Cascavel-PR. FAG Journal of Health. v.2, n.1, p.56-66, 2020.
MOREIRA, I.M.M et al. As barreiras de acesso aos serviços de urgência e emergência no Brasil: uma revisão integrativa. Brazilian Journal of Development. v.7, n.8, p. 80619-80629, 2021.
OLIVERA, L.A.M et al. Acolhimento com classificação de risco no serviço de emergência: sua interface com a enfermagem. Rev. UNINGÁ. v. 56, n.2, p. 234-242, 2019.
CAMARGO-NETO, O et al. A Atuação do Enfermeiro no Sistema de Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Saúde. J Health Sci. v.20, n.4, p.295-302, 2018.
WARNER, C.G. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo: Interamericana, 1980.
WHITTEMORE, R.; KNAFL, K. The Integrative Review: updates methodology. J Adv Nurs. v.52, n.5, p.546-453, 2005.
QUARESMA, A.S.; XAVIER, D.M.; VAZ, M.R.C. Rev. Enferm. Atual In Derme. 8º de abril v.87, n.25, p.1-10, 2019.
SANTANA, L.F et al. Atuação do enfermeiro na urgência e emergência: revisão integrativa da literatura. Brazilian Journal of Development. v.7, n.4, p. 35994-35006, 2021.
SOUZA, P.R.; CHAGAS, H.O. O papel do enfermeiro no atendimento de urgência e emergência: uma revisão de literatura. Scientific Electronic Archives. v.11, n.4, p.99-105, 2018.
SILVA, T.C.S et al. Atribuições do enfermeiro no serviço de urgência e emergência em unidade de pronto atendimento. Health & Society. v.2, n.2, p.21-30, 2022.
PAIZ, A et al. O papel do enfermeiro no setor de pronto atendimento: um relato de experiência. Scientific Electronic Archives. v.14, n.3, p.99-104, 2021.
1Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna (FASI).
2Faculdades Unidas do Norte de Minas Gerais (FUNORTE).
3Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES.
4Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
5Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
6Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).
7Faculdade Santo Agostinho (FASA).