O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

THE ROLE OF THE NURSE IN PREVENTING TEENAGE PREGNANCY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10142515


Ana Karoline Rodrigues Lucas1
Kassiliana Nayara Dos Santos1
Letícia Lima Batista1
Caroliny Victoria dos Santos Silva2


Resumo 

Objetivo: Para tanto, busca-se com este estudo identificar as principais ações da enfermagem direcionadas à prevenção da gravidez na adolescência. Método: Assim realizou-se uma revisão integrativa da literatura científica os descritores utilizados na busca foram: Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE), PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), publicados nos últimos 10 anos. Resultados: A atuação do enfermeiro na prevenção da gravidez na adolescência, por meio da orientação e educação em saúde passado através desses profissionais, é possível se prevenir uma gestação precoce e indesejada nessa idade a abordagem e desafios que os enfermeiros enfrentam ao lidar com adolescentes em questões de saúde sexual. As parcerias entre enfermeiros e escolas são particularmente destacadas como um meio eficaz de alcançar os jovens e fornecer educação em saúde. No entanto, é importante observar que a prevenção da gravidez na adolescência é uma questão complexa e multifacetada que requer esforços coordenados de profissionais de saúde, educadores e comunidades. Além disso, a sensibilidade à diversidade de experiências e identidades dos adolescentes é fundamental para criar um ambiente de apoio e compreensão. Conclusão: os profissionais de enfermagem desempenham um papel fundamental com esses adolescentes, através do autocuidado, o conhecimento, aconselhamentos, o acesso a métodos contraceptivos e suporte emocional, contribuem para a prevenção da gravidez na adolescência e a promoção de relacionamentos saudáveis. 

Palavras-chave: Prevenção da gravidez na adolescência. Papel do enfermeiro. Cuidados de Enfermagem.

ABSTRACT 

Objective: To this end, this study seeks to identify the main nursing actions aimed at preventing teenage pregnancy. Method: Thus, an integrative review of the scientific literature was carried out. The descriptors used in the search were: Medical Literature Online Search and Analysis System (MEDLINE), PubMed, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and Base of Nursing Data (BDENF), published in the last 10 years. Results: The role of nurses in preventing pregnancy in adolescence, through guidance and health education provided by these professionals, makes it possible to prevent an early and unwanted pregnancy in this period. age the approach and challenges that nurses face when dealing with adolescents on sexual health issues. Partnerships between nurses and schools are particularly highlighted as an effective means of reaching young people and providing health education. However, it is important to note that preventing teenage pregnancy is a complex, multifaceted issue that requires coordinated efforts from healthcare professionals, educators, and communities. Furthermore, sensitivity to the diversity of adolescents’ experiences and identities is critical to creating an environment of support and understanding. Conclusion: nursing professionals play a fundamental role with these adolescents, through self-care, knowledge, advice, access to contraceptive methods and emotional support, contributing to the prevention of teenage pregnancy and the promotion of healthy relationships. 

DESCRIPTORS: Preventing teenage pregnancy. Role of the nurse. Nursing care. 

INTRODUÇÃO 

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o artigo n° 25° afirma que a maternidade e a infância têm direito à ajuda e cuidados especiais. (Brasil, 1948). A referida cláusula versa sobre a responsabilidade de assegurar que a mulher gestante tenha acesso a condições de vida adequadas, tais como alimentação, moradia e acesso aos serviços de saúde. Ao reafirmar a DUDH, a Agenda de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabeleceu em sua 3° meta, a redução da Razão de Mortalidade Materna (RMM) para 70 óbitos por cada 100.000 nascidos vivos (Brasil, 2015). 

Tendo como uma de suas prioridades estratégias direcionadas à saúde da mulher, a Constituição Brasileira busca proteger os direitos relacionados à maternidade como parte dos direitos sociais e da proteção à família. Dentre as iniciativas propostas, está a licença-maternidade com a garantia do emprego e do salário à mulher, assim como assistência social e proteção à maternidade. Nesse sentido, a Constituição busca garantir que as mães tenham condições adequadas para exercer a maternidade de forma saudável e segura, bem como o bem-estar das crianças e das famílias (Brasil, 1988). 

De acordo com o painel de monitoramento de nascidos vivos do Ministério da Saúde (MS) dados de 2022 revelam que no Brasil foram registrados 315.273 partos de nascidos vivos, de mães adolescentes. Desse total, 0,9% (n=2852) dos nascimentos ocorreram no Distrito Federal (DF). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o conceito de adolescência abrange a faixa etária de 10 a 19 anos. Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), considera que adolescentes são pessoas que possuem entre 12 e 18 anos (Brasil, 2022). 

A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública em nível mundial, incluindo o Brasil. O cenário justifica-se pelas diferenças socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde nos países em desenvolvimento e tem como principais repercussões os riscos à saúde da mãe e do bebê, impacto na educação, na economia e custos para o sistema de saúde. Na tentativa de minimizar os impactos citados, têm sido implementados programas de educação sexual abrangentes, a promoção do acesso a contraceptivos e serviços de saúde reprodutiva, bem como o fornecimento de apoio psicossocial e educacional às mulheres adolescentes (Brasil, 2019; Brasil, 2021). 

A gravidez na adolescência pode acarretar complicações tanto para a mãe quanto para o feto, relacionadas ao fato de que as adolescentes estão em fase de crescimento e desenvolvimento físico, emocional e social. Ainda assim, destaca-se que mais da metade dessas mulheres passam por gestações saudáveis e dão à luz a bebês também saudáveis. No entanto, é fundamental que as adolescentes grávidas recebam cuidados pré-natais adequados, apoio emocional e educacional para minimizar riscos potenciais (Brasil, 2021). 

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é reconhecido a nível global por ofertar diferentes estratégias contraceptivas gratuitas para a população, como parte dos serviços de saúde sexual e reprodutiva. A disponibilidade dos métodos pode variar de acordo com a região e a unidade de saúde, mas em sua maioria, inclui pílula combinada de baixa dosagem, minipílula, pílula anticoncepcional de emergência, injetável mensal, injetável trimestral, preservativo masculino, diafragma e Dispositivo Intrauterino (DIU T de cobre).Para ter acesso a esses métodos basta que o interessado busque a unidade de saúde mais próxima de sua residência e converse com um profissional de saúde, na maioria dos casos um enfermeiro, que auxiliará na escolha do melhor método, de acordo com as necessidades identificadas (Brasil, 2023). 

Os profissionais de enfermagem possuem formação na área da saúde, baseada nas melhores evidências científicas disponíveis, que incluem habilidades de comunicação interpessoal e escuta qualificada, o que os torna qualificados para a educação em saúde e orientação sexual. Ainda, são capazes de ajudar pessoas a tomarem decisões informadas sobre suas vidas sexuais e reprodutivas e contribuir para a redução de problemas relacionados à saúde sexual, a saber as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) (Brasil. 2022). 

A percepção de adolescentes sobre a sexualidade é um aspecto fundamental do desenvolvimento humano. Essa percepção varia de pessoa para pessoa e é influenciada por uma série de fatores, incluindo a cultura, educação, experiências pessoais e a comunicação. Dessa forma, respeitar a diversidade de experiências e identidades é fundamental para criar um ambiente onde os adolescentes possam se sentir aceitos e compreendidos enquanto exploram e desenvolvem sua própria sexualidade (Brasil. 2022). 

Para tanto, busca-se com este estudo identificar as principais ações da enfermagem direcionadas à prevenção da gravidez na adolescência. 

MÉTODO 

O presente estudo utilizou como método investigativo a revisão integrativa da literatura referente ao papel do enfermeiro na prevenção da gravidez na adolescência, abrindo a possibilidade da futura aplicação e incorporação dos resultados encontrados na prática da enfermagem. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura científica, realizada em julho de 2023. 

A utilização desse tipo de pesquisa justifica-se pela necessidade de sintetizar conhecimentos sobre a importância da enfermagem na prevenção da gravidez na adolescência, possibilitando apontar as potencialidades assistenciais do enfermeiro aplicadas na prática clínica, bem como as lacunas que podem ser aprimoradas (Mendes et al., 2008; Silva; Barbosa; Parreira, 2022).

A revisão integrativa é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos. Pontua-se, então, que o impacto da utilização do método se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também na atualização do pensamento crítico que a prática diária da enfermagem exige (Scarton et al., 2019; Silva, Barbosa, Parreira, 2022). 

Para a elaboração da revisão integrativa foram utilizadas as seguintes etapas: 1- identificação do problema com definição da questão de pesquisa, 2- busca em bases de dados e bibliotecas virtuais por meio de descritores, 3- tabulação dos estudos, 4- leitura individual dos textos completos para a análise crítica em relação à sua aderência ao objetivo desta pesquisa, 5- interpretação dos resultados e 6- síntese do conhecimento. (Mendes, Silveira, Galvão, 2008; Silva, Barbosa, Parreira, 2022). 

Para alcançar tal objetivo foi realizada uma busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), tendo sido utilizadas as bases de dados Biblioteca MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BDENF (Base de Dados em Enfermagem), atendendo aos critérios de inclusão e exclusão coma finalidade de responder à questão norteadora. 

Os critérios de inclusão abordados para seleção dos artigos foram: pesquisas disponíveis na íntegra, trabalhos primários e publicados no idioma português, entre os anos de 2009 e 2023. 

Por outro lado, foram excluídos livros, teses, dissertações e monografias, revisão bibliográfica, artigos de opinião e relatos de casos. 

Após a leitura dos títulos e resumos, foram incluídos para análise os artigos relacionados com o objetivo e questão norteadora deste estudo 

Os descritores selecionados para a realização da pesquisa foram; enfermagem, gravidez na adolescência e prevenção. Durante a pesquisa utilizou-se como operadores booleanos “AND” relacionando as palavras. É importante destacar que em todas as bases de dados foram utilizados os mesmos descritores. 

A busca, seleção e análise dos artigos foram realizadas por três examinadores em conjunto. Inicialmente, os artigos foram selecionados a partir dos títulos e resumos, e, quando o título e/ou resumo se revelaram insuficientes, foi necessário a avaliação por meio da leitura na íntegra. Os dados extraídos dos artigos após análise foram: autor/ano, país, título, objetivos, métodos e resultados. 

RESULTADOS 

Após as buscas nas bases de dados, foram encontrados 110 artigos. Destes, 68 artigos foram selecionados para análise. Após avaliação, 51 artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão e 17 artigos foram eleitos, sendo 7 artigos excluídos após a leitura completa. Ao final foram incluídos nesta revisão integrativa, 10 trabalhos que responderam à pergunta de pesquisa, conforme apresentado na Figura 1. 

O quadro 1 apresenta os resultados contendo autor/ano, país, título, objetivos e resultados de cada artigo selecionado. 

Figura 1- Seleção dos artigos para revisão integrativa. Brasília, DF, Brasil, 2023.

Quadro 1 – Síntese das obras. Brasília, DF, Brasil, 2023.

O estudo de Abreu (2023) destaca que o papel do enfermeiro na promoção da saúde sexual e reprodutiva no ambiente escolar é essencial, tendo em vista que desempenha funções que colaboram para o desenvolvimento físico, mental e emocional dos jovens, especialmente sobre temas sensíveis, tais como a gravidez na adolescência. O estudo destaca ainda, que a enfermagem pode atuar na promoção da saúde sexual ao fornecer informações precisas, por meio da promoção de comportamentos saudáveis, da cultura de respeito e consentimento, abordagem da saúde reprodutiva e contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis. No caso do ambiente escolar, sua atuação é fundamental para o bem-estar e o desenvolvimento dos alunos, sob um olhar holístico. 

O estudo de Brasil et al. (2019) relata que a principal intervenção do enfermeiro na prevenção da gravidez na adolescência é voltada para a orientação e informação direcionada aos adolescentes. Segundo os mesmos autores, não há método preventivo melhor do que o conhecimento e, nesse sentido, a escola constitui um importante espaço para o desenvolvimento dessas ações. No estudo citado foi realizada uma pesquisa de campo com 153 estudantes, entre os 14 e 16 anos, na Escola Municipal Mestra Maria Firmina, de São Fidélis. Foram realizadas 13 perguntas voltadas para sexualidade e uma gincana com o objetivo de fixar o conhecimento com esses alunos. Os resultados da pesquisa de Brasil et al. (2019), demonstram que um percentual expressivo de adolescentes 3,3%, não possuem conhecimento sobre os métodos contraceptivos que podem ser utilizados para evitar a gravidez na adolescência e falta de conhecimento sobre as ISTs. Sendo assim, ressalta-se a importância do papel do enfermeiro na educação em saúde. 

Segundo os dados de Brasil et al. (2019), do total de entrevistados (n=153), mais da metade (n=133) optam apenas pelo uso do preservativo masculino e (n=123) a pílula do dia seguinte. Entretanto, é sabido que o uso contínuo de pílulas do dia seguinte pode causar infertilidade. Por isso faz-se necessária a intervenção de um profissional de saúde, especialmente enfermeiros, para a abordagem dos temas em questão. As principais ações consistem na realização de palestras, e demonstração da diversidade de métodos contraceptivos, a exemplo da tabelinha, diagrama, DIU, pílula anticoncepcional e camisinha feminina. Rompendo-se assim, com o preconceito e estigma da sociedade sobre a sexualidade feminina.

Estudo descritivo, realizado com 149 alunos do ensino médio de uma escola pública estadual,localizada na cidade de Picos, Região Centro-Sul piauiense, desenvolveu,com uma proposta educativa, uma palestra ministrada por acadêmicos de enfermagem com intuito de esclarecer dúvidas sobre ISTs.Dessa forma, o artigo ressalta que uma das principais ações do enfermeiro frente à gravidez na adolescência trata-se da educação sexual, por meio de temas como as ISTs (HIV, a Sífilis, Gonorreia, Tricomoníase, Clamídia e Infecção pelo Papiloma Vírus Humano). Contudo, o enfermeiro conquista seu papel de destaque, junto a ações desenvolvidas em parcerias com as escolas. Logo, o papel do enfermeiro educador se torna fundamental nessa fase, pois através de uma orientação de forma clara e segura, é possível suprir a carência na falta de conhecimento de métodos contraceptivos que poderiam ser utilizados para se prevenir uma gestação precoce (Franco et al., 2020) 

O estudo de Gubert et al. (2009) menciona que o diálogo sobre sexualidade é fundamental para ajustar os interesses entre mães e filhas adolescentes, especialmente porque as relações na adolescência são complexas e em constante mudança. Neste estudo, as mães de adolescentes reconhecem a necessidade de começar o diálogo sobre sexualidade desde a infância, mas enfrentam dificuldades devido ao medo e à vergonha. Os autores enfatizam, portanto, a importância da enfermagem em compreender as necessidades das mães e adolescentes, promovendo um diálogo sensível e fornecendo informações relevantes para a prevenção de gravidez indesejada e ISTs (Gubert et al.,2009). 

O estudo de Gurgel et al. (2010) relata que o enfermeiro que faz parte da equipe de Estratégia de Saúde da Família e Comunidade (ESF) pode contribuir com ações e implementação de fluxos de atendimento direcionados à promoção da saúde e a prevenção da gravidez na adolescência, auxiliando jovens a adquirir habilidades necessárias para tomar decisões informadas e cuidar da sua saúde de forma responsável e autônoma. Um atendimento acolhedor torna-se primordial para criar um vínculo de confiança e proximidade, pautado nos princípios éticos do sigilo, da privacidade e do respeito, pois só assim é possível que o adolescente esclareça suas dúvidas e possa receber de forma mais aberta as orientações e conhecimentos sobre determinado tema.

De acordo com o estudo de Kempfer et al. (2012) a enfermagem desempenha um papel fundamental no contexto da gravidez na adolescência, pois envolve cuidados com a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, educação sobre métodos contraceptivos e promoção de escolhas responsáveis.Destaca além disso, a importância da enfermagem nesse cenário, com base no desenvolvimento de práticas educativas. A enfermagem atua, segundo a referida pesquisa, na educação e assistência aos adolescentes em relação à gravidez na adolescência, através da correção de desinformação, empoderamento e orientação individualizada. É possível ainda,auxiliar na prevenção da gravidez não planejada ao fornecer informações detalhadas sobre métodos contraceptivos e ajudar os adolescentes a escolher o método mais adequado às suas necessidades. Isso contribui para a redução das taxas de gravidez na adolescência. 

O estudo de Morais et al. (2020) relata que a enfermagem, por meio de seu conhecimento especializado e habilidades de comunicação, podem fornecer orientações essenciais, promover comportamentos saudáveis e criar um ambiente de apoio para os adolescentes. Isso porque os enfermeiros são treinados para oferecer informações detalhadas e atualizadas sobre anatomia, fisiologia, métodos contraceptivos, prevenção de ISTs e saúde reprodutiva. Além disso, os adolescentes podem se sentir mais à vontade para discutir questões de saúde sexual com um enfermeiro, devido à relação de confiança que pode ser estabelecida entre paciente e profissional de saúde. Os enfermeiros são hábeis em fornecer aconselhamento compassivo e empático, respeitando a privacidade e a confidencialidade dos jovens (Morais et al. 2020) 

O estudo de Ribeiro et al. (2016) examina o papel dos enfermeiros na atenção aos adolescentes em relação à prevenção da gravidez precoce e as dificuldades enfrentadas na realização dessas ações. Dentre os pontos de destaque na atuação da enfermagem estão: 

1. Atendimentos de Enfermagem aos Adolescentes: atendimentos individuais, com os pais ou em combinação, e garantem um espaço seguro e privado para os adolescentes expressarem suas preocupações. 

2. Ações de Prevenção: desempenham um papel na educação dos adolescentes sobre sexualidade, prevenção de ISTs, contracepção e planejamento familiar.

3. Fatores Importantes Abordados: consideram diversos fatores ao lidar com adolescentes, incluindo ISTs, álcool e drogas, gravidez precoce e nível de escolaridade. 

4. Ações Educativas: realizam ações educativas, como distribuição de contraceptivos, palestras, dinâmicas e grupos operativos, para prevenir a gravidez na adolescência. 

5. Desafios: enfrentam desafios na realização de ações educativas, incluindo falta de adesão dos adolescentes, falta de capacitação e infraestrutura de serviços de saúde. 

6. Importância das Ações Educativas: consideram as ações educativas importantes para reduzir os riscos de gravidez precoce e ISTs, entre os adolescentes. 

O estudo de Silva et al. (2020) explora o conhecimento de adolescentes sobre sexualidade e destaca a adolescência como um período de transição que envolve mudanças físicas e psicológicas, incluindo o desenvolvimento da maturidade sexual.Sendo assim, a educação sexual inadequada pode levar a comportamentos de risco, incluindo a gravidez na adolescência. Tais comportamentos de risco podem ser minimizados pelas ações da enfermagem que contemplam o fornecimento de informações precisas, esclarecimento de dúvidas, incentivo a comportamentos sexuais mais seguros. 

DISCUSSÃO 

O estudo de Oliveira et al. (2020) corrobora com o estudo de Brasil et al. (2019), pois segundo os autores a escola também é o melhor lugar para se implementar a educação em saúde sexual, por se tratar de um espaço social, onde adolescente, famílias e a comunidade podem participar e receber informações de como prevenir uma gestação indesejada na adolescência. O enfermeiro como profissional orientador, desempenha um papel de interação, através de palestras e dinâmicas sobre determinada temática. As experiências já vivenciadas por esses profissionais ao longo dos anos e o conhecimento adquirido por eles, contribuem de forma significativa na construção do conhecimento dos adolescentes. Ambos os estudos reforçam a efetividade da parceria entre enfermeiros e as escolas, construindo assim um espaço acolhedor e ideal para essas ações.

O estudo de Santos et al. (2020) concorda com o de Morais et al. (2020), tendo em vista que os autores enfatizam o papel da enfermagem na prevenção da gravidez na adolescência como fundamental para fornecer orientação, educação sobre saúde sexual e reprodutiva, aconselhamento individualizado, acesso à contracepção, promoção do uso consistente e correto de contraceptivos, rastreamento e prevenção de ISTs. Neste teor é fundamental que as intervenções sejam sensíveis à idade, respeitando a autonomia dos adolescentes. Além disso, os enfermeiros devem trabalhar em colaboração com outros profissionais de saúde, educadores e organizações da comunidade para fornecer um suporte abrangente e integrado. 

A pesquisa de Gurgel et al. (2010) complementa os resultados encontrados no estudo de Gubert et al. (2009), na perspectiva da promoção da saúde na prevenção precoce da gravidez. Os achados revelam o desafio para os profissionais de saúde implementarem saúde educativa nessa fase de desenvolvimento do adolescer. É preciso se buscar uma proximidade entre o profissional enfermeiro e o adolescente, para que ele possa se sentir à vontade para tirar suas dúvidas e adquirir responsabilidades sobre o autocuidado e a prática do sexo seguro. 

Segundo o estudo de Celeste e Cappelli (2020) e o estudo de Franco et al. (2020) a principal forma de se prevenção de uma gestação na adolescência é através da educação em saúde. O enfermeiro deve incentivar o adolescente a buscar o conhecimento sobre os métodos contraceptivos existentes, agir em nome da sua saúde e bem-estar, além de buscar o planejamento familiar. Em contrapartida, Celeste e Cappelli (2020) discordam da utilização do método contraceptivo como o DIU, em adolescentes que têm mais de um parceiro sexual e que não usam camisinha, pelo risco de contrair IST’s. 

O estudo de Piantavinha e Machado (2021) acrescenta aos resultados encontrados na pesquisa de Kempfer et al. (2012) O estudo de Kempfer et al. (2012) enfatiza a importância do autocuidado e da educação sobre contracepção na adolescência, enquanto o estudo de Piantavinha e Machado (2021) fornece dados empíricos que destacam a necessidade real de melhorar o conhecimento e o acesso dos adolescentes a métodos contraceptivos. Ambos defendem a ideia de que a contracepção na adolescência é fundamental para o bem-estar dos jovens, assim como a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Juntos, os estudos sustentam a necessidade de uma abordagem holística para a contracepção na adolescência, que inclui educação, apoio, acesso a serviços de saúde e políticas eficazes. O estudo de Silva e Medeiros (2023) vai em discordância ao estudo conduzido por Gubert et al. (2009). Para Silva e Medeiros (2023), o ponto de discordância trata-se das ações de saúde sexual na adolescência. Os autores acreditam que a ênfase deve estar na promoção da abstinência e na disponibilização de recursos apenas quando solicitados pelos adolescentes, enquanto Gubert et al. (2009) defende que enfermeiros devem desempenhar um papel mais ativo na facilitação dessas conversas, fornecendo estratégias de comunicação e mediando conflitos. A divergência reflete diferentes filosofias das práticas de enfermagem. 

O estudo feito por Gurgel et al. (2010) se relaciona com o estudo feito por Ribeiro et al. (2016). Ambos os estudos consideram que os enfermeiros que trabalham na ESF podem estar envolvidos na promoção da saúde sexual e reprodutiva, na educação sobre contraceptivos, no aconselhamento sobre planejamento familiar e no apoio às adolescentes em relação à prevenção da gravidez precoce. Portanto, o vínculo entre os estudos realizados por Gurgel et al. (2010) e Ribeiro et al. (2016) estão no fato de que o papel do enfermeiro ESF pode contribuir para a prevenção da gravidez na adolescência, como parte de uma abordagem mais ampla de reorientação dos serviços de saúde para atender a essa necessidade específica. 

Os estudos realizados por Silva, em anos distintos, Silva et al. (2020) e Silva et al. (2022) estão relacionados, uma vez que ambos abordam o conhecimento dos adolescentes sobre questões relacionadas à saúde sexual e ao HIV. No primeiro estudo, “Diagnóstico do conhecimento dos adolescentes sobre sexualidade” (Silva, 2020), o foco está em avaliar o nível de conhecimento dos adolescentes sobre tópicos amplos relacionados à sexualidade, que podem incluir informações sobre contracepção, prevenção de ISTs, relacionamentos saudáveis e educação sexual. 

No segundo estudo, “Nível de conhecimento de adolescentes sobre a infecção pelo HIV: Uma relação com autocuidado e comportamentos de risco” , Silva et al. (2022), o foco está na relação entre o conhecimento dos adolescentes sobre o HIV e seus comportamentos de autocuidado e de risco. Isso sugere que os pesquisadores podem estar explorando se o conhecimento dos adolescentes sobre o HIV afeta suas práticas de prevenção e autocuidado, como o uso de preservativos e a realização de testes de HIV. No geral, ambos os estudos estão relacionados ao conhecimento dos adolescentes sobre questões de saúde sexual, com o segundo estudo abordando a relação entre o conhecimento sobre o HIV e os comportamentos dos adolescentes. 

O estudo de Arrieta et al. (2021) encontra-se em concordância com os estudos de Abreu et al. (2023) e Gurgel et al. (2010), no sentido de abordar a importância da introdução à promoção de saúde no ambiente escolar, visando o acesso à informação de forma segura e correta com a finalidade de prevenir o início da vida sexual precoce, risco de ISTs e a gravidez na adolescência. É essencial que o enfermeiro tenha uma abordagem empática, respeitosa e livre de julgamentos ao lidar com questões de saúde reprodutiva, especialmente quando se trata de adolescentes. Além disso, a atualização constante em relação às práticas e políticas de saúde é fundamental para fornecer um atendimento de qualidade e baseado em evidências. 

CONCLUSÃO 

Com base nas informações apresentadas em diversos estudos, pode-se concluir que os enfermeiros desempenham um papel essencial na prevenção da gravidez na adolescência, por meio do fornecimento de educação, aconselhamento, acesso a métodos contraceptivos e suporte emocional para os adolescentes. Ainda,desempenham ações na promoção de saúde sexual e reprodutiva dos jovens, contribuindo para um futuro mais saudável e bem-sucedido. 

Enfermeiros que atuam como educadores em saúde, com práticas baseadas nas melhores evidências científicas, são capazes de fornecer informações precisas, promovendo comportamentos saudáveis e cultivando uma cultura de respeito e consentimento. Essa abordagem contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis no ambiente escolar. Ademais, desempenham um papel importante na prevenção da gravidez na adolescência, fornecendo orientações sobre métodos contraceptivos, promovendo seu uso consciente e correto, além de abordar questões relacionadas à prevenção de ISTs. 

Através do aconselhamento e da educação em saúde, os enfermeiros capacitam os adolescentes a tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual e a adotar comportamentos responsáveis. Além disso, a colaboração com outros profissionais de saúde, educadores e organizações da comunidade é essencial para fornecer um suporte amplo e integrado. 

Em resumo, a enfermagem desempenha um papel crítico na promoção da saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, contribuindo para a prevenção da gravidez na adolescência e a promoção de relacionamentos saudáveis. É importante investir em educação, orientação e apoio para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos jovens. 

REFERÊNCIAS 

ABREU, A.M.A. et al. Saúde Sexual e Reprodutiva como estratégia de promoção de saúde no ambiente escolar. Rev saúde em redes, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2023. 

ARRIETA, B.; JENUINO, E.R; BERTI, N.D.M. Atuação do enfermeiro na gravidez e no planejamento reprodutivo do adolescente. 2021. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Centro Universitário Campo Limpo Paulista, São Paulo, 2021. 

Brasil. Fiocruz. Transições é o tema central da Semana Internacional da Saúde do Adolescente 30 março 2022 https://www.iff.fiocruz.br/index.php?view=article&id=64%3Asemana-internacional-#: ~:text=A%20OMS%20considera%20como%20adolesc%C3%AAncia,nomea%C3%A7% C3%A3o%20at%C3%A9%20os%2021%20anos. Acesso em: 30 ago 2023 às 23:02 hrs. 

Brasil. Ministério da Saúde. Governo Federal realiza segunda edição da Campanha Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência 2021 https://aps.saude.gov.br/noticia/11117#:~:text=Preven%C3%A7%C3%A3o%20na%20 Aten%C3%A7%C3%A3o%20Prim%C3%A1ria,ISTs)%20e%20da%20gravidez%20precoc e. Acesso em: 31 ago 2023 às 23:16 hrs. 

Brasil. Ministério da Saúde. Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos Disponível em: http://plataforma.saude.gov.br/natalidade/nascidos-vivos/. Acesso em: 31 ago 2023 às 21:37 hrs. 

Brasil. Ministério da Saúde. Principais ações em saúde para prevenção da gravidez na adolescência 2020 https://aps.saude.gov.br/noticia/7196#:~:text=S%C3%A3o%20eles%3A%20anticonce pcional%20injet%C3%A1vel%20mensal,preservativo%20feminino%20e%20preservativ o%20masculino. Acesso em: 31 ago 2023 às 23:38 hrs. 

BRASIL, M.E; CARDOSO, F.B; SILVA, L.M. Conhecimento de escolares sobre infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. Rev enferm UFPE online, p.1-8, 2019.

Brasil. Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponivel em : https://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20d os%20Direitos%20Humanos.pdf. Acesso em: 31 de ago. 2023. 

Brasil. Nações Unidas. Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades 2015 https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/3. Acesso em: 30 ago 2023 às 22:21 hrs. 

Brasil. Saúde Nobre. O PAPEL DA ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO SEXUAL DOS ADOLESCENTES NO ÂMBITO ESCOLAR 2022 https://unifan.net.br/wp-content/uploads/2022/05/Artigo-1-O-PAPEL-DA-ENFERMAG EM-NA-EDUCAC%CC%A7A%CC%83O-SEXUAL-DOS-ADOLESCENTES-NO-A%CC%82M BITO-ESCOLAR-1-1.pdf. Acesso em: 01 set 2023 às 23:05 hrs. 

Brasil. Secretaria de Saúde. Métodos Contraceptivos na Atenção Básica, 1ª Edição 2023 http://telessaude.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2023/03/20230328-Cartilha metodos-contraceptivos.pdf . Acesso em: 01 set 2023 às 20:49 hrs. 

Brasil. Sociedade Brasileira de Pediatria. Prevenção da Gravidez na Adolescência. Nº 11, 2019 https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Adolescencia_-_21621c-GPA_-_Prev encao_Gravidez_Adolescencia.pdf. Acesso em: 01 set 2023 19:39 hrs. 

CELESTE, L.E.N.; CAPPELLI A.P.G. Papel do enfermeiro do PSE na prevenção da gravidez na adolescência. Rev Pub Saúde, p. 1-7, 2020. 

FRANCO, M.S. et al. Educação em saúde sexual e reprodutiva do adolescente escolar. Rev Enferm UFPE online, v. 14 p. 1-7, 2020. 

GUBERT, F.A. et al. Cuidado de enfermagem na promoção do diálogo mãe e filha adolescentes: estudo descritivo. Rev Online Brazilian journal of Nursing, v. 8, n. 3, 2009. 

GURGEL, M.G.I. et al. Ambiente favorável à saúde: Concepções e práticas da enfermeira na prevenção da gravidez na adolescência. Rev. Rene, v. 11, n. especial. p. 82-91, 2010. 

GURGEL, M.G.I. et al. Desenvolvimento de habilidades: estratégia de promoção da saúde e prevenção da gravidez na adolescência. Rev. Gaúcha de Enfermagem, 2010. 

GURGEL, M.G.I. et. at. Prevenção da Gravidez precoce e reorientação dos serviços de saúde – estudo qualitativo. Rev. Online Brazilian Journal of Nursing, v. 9, n. 1, 2010. 

KEMPFER, S.S. et al. Contracepção na adolescência: uma questão de autocuidado. Rev. pesq.: cuid. fundam. online, p. 1-10, 2012.

Mendes, K.D.S., Silveira, R.C.C.P., Galvão, C.M. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na Enfermagem. Texto contexto – enferm. v.17, n.4, p.758-764. (Scarton, J., Paula, S.F., Andradem G.B., Rangel, R.F., Ventura, J., Siqueira, H.C.H. (2019). Perfil da Mortalidade Materna: Uma Revisão Integrativa da Literatura. Rev Fund Care, 11(3), 816-822). (SILVA, C. V. S.; BARBOSA, L. M. M.; PARREIRA, C. M. S. F.Prevenção da mortalidade materna no contexto da pandemia de Covid-19: o papel da enfermagem nas práticas colaborativas interprofissionais de atenção à mulher gestante. In: DUARTE, A. G.; AVILA, C. F. D. A. (org). Covid-19 no Brasil: Ciência, Inovação Tecnológica e Políticas Públicas. Brasília: CRV, 2022. p.31-46. 

MORAIS, J.C.S. et al. Educação em saúde sexual e reprodutiva na adolescência/ Sexual and reproductive health education in adolescence. Rev de enfermagem da UFPI, p. 1-5, 2020. 

OLIVEIRA, Y.C.A. et al. O papel da assistência da enfermagem na prevenção da gravidez em adolescentes: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v.15, n. 4, 2022. 

RIBEIRO, V.C.S. et al. Papel do enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família na Prevenção da Gravidez na Adolescência. Rev. Enferm. Cent. O. Min. p. 1-19, 2016. 

SANTOS, A.C.F. et al. Abordagem do Enfermeiro na Gravidez na Adolescência. Rev Brazilian Journal of Health, v. 3, n. 6, p. 17438-17456, 2020. 

SILVA D.C.; MEDEIROS, R.B.P. Assistência de enfermagem na prevenção da gravidez na adolescência: uma revisão integrativa. Rev. Umuarama, Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 5, p. 2654- 2669, 2023. 

SILVA, N.M. et al. Nível de conhecimento de adolescentes sobre a infecção pelo HIV: Uma relação com autocuidado e comportamentos de risco. Rev. Enfermería Actual de Costa Rica, n.43, 2022. 

SILVA, S.M.D.T. et al. Diagnóstico de conhecimentos de adolescentes sobre sexualidade. Rev. Acta paul. enferm, v. 33, 2020. 

PIANTAVINHA B.B. MACHADO M.S. Conhecimento sobre métodos contraceptivos de adolescentes atendidas em Ambulatório de Ginecologia. Femina, p. 1-7, 2022.


1Graduandas de Enfermagem, pelo Centro Universitário LS de Brasília

2Doutorada em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília, Mestra em Enfermagem pela universidade de Brasília, Graduação em Enfermagem pela Universidade de Brasília – Faculdade de Ceilândia, Docente no Centro Universitário LS