O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA DO IDOSO VIVENDO COM A SÍNDROME DA IMUNODEFICIÉNCIA ADQUIRIDA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10114337


Alan Correa Da Silva Meireles Fagundes
Drª. Aline Aparecida Soares Duque


RESUMO

A AIDS é uma doença crônica, causada pela infecção do HIV, que ataca o sistema imunológico do organismo. Nos últimos anos observa-se que entre os idosos a incidência da infecção pelo HIV vem aumentando. Acredita-se que isso se dá, pois, a discriminação e a falta de informação fortalecem a ausência de debate sobre o sexo na velhice, aumentando a vulnerabilidade deste grupo às doenças sexualmente transmissíveis. Assim, neste estudo o objetivo foi de investigar a incidência e aumento dos casos de infecção da AIDS em idosos e as intervenções da enfermagem no tratamento desses pacientes, reduzindo o preconceito e a exclusão social. Outro fator é a falta de conhecimento sobre os métodos de prevenção da doença, o que os leva a acreditar que o uso do preservativo está ligado apenas aos jovens. Além disso, há uma dificuldade em relação à aceitação e conscientização do tratamento.

Palavras-chave: Idoso. HIV. AIDS. Enfermeiro. Sexualidade.

ABSTRACT

AIDS is a chronic disease caused by HIV infection, which attacks the body’s immune system. In recent years, it has been observed that the incidence of HIV infection has been increasing among the elderly. It is believed that this happens because discrimination and lack of information strengthen the lack of debate about sex in old age, increasing the vulnerability of this group to sexually transmitted diseases. Thus, in this study, the objective was to investigate the incidence and increase in cases of AIDS infection in the elderly and nursing interventions in the treatment of these patients, reducing prejudice and social exclusion. Another factor is the lack of knowledge about disease prevention methods, which leads them to believe that condom use is linked only to young people. In addition, there is a difficulty regarding the acceptance and awareness of the treatment.

Keywords: Elderly. HIV. AIDS. Nurse. Sexuality.

1. INTRODUÇÃO

A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é conceituada como uma doença crônica, provocada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que ataca o sistema imunológico. A AIDS é considerada, atualmente também como um fenômeno social de amplas proporções. Com os avanços da medicina, o tratamento permite que as pessoas que são soropositivos, possam viver com a doença sobrevivem por mais tempo, mas a aceitação e a acessibilidade são barreiras ao tratamento. (SILVA et al, 2021).

A Síndrome da Imunodeficiência Humana (SIDA) foi relatada pela primeira vez nos Estados Unidos no início da década de 1980, mas não era bem compreendida na época e era caraterizada apenas como uma doença associada à redução da imunidade mediada por células e que seria disseminada pelo contato sexual emocional homossexual. No Brasil, o primeiro caso de infecção foi registrado em 1982, sendo as grandes cidades de São Paulo e Rio de Janeiro primeiras, acometendo principalmente homossexuais e bissexuais (SALES et al., 2017).

A infecção do vírus HIV é considerada um problema global e de acordo com o programa das Nações Unidas (UNAIDS), no ano de 2020 cerca de 37,6 milhões de pessoas estavam vivendo com HIV no mundo, sendo que dessas, 1,5 milhões haviam se infectado recentemente.

A doença vem apresentando progressivamente a diminuição dos casos, mas o número de mortes relacionadas à AIDS ainda demonstra altos índices, cerca de 690 mil óbitos no mundo em 2020, sendo um fator de grande relevância mundial (UNAIDS, 2021).

De acordo com os diversos estudos realizados aos longos dos anos, os sintomas da Aids são parecidos com os de uma gripe, como por exemplo febre e mal-estar. No entanto, ao longo do tempo, as células de defesa do corpo do indivíduo param de funcionar com eficiência, permitindo que novas doenças se instalem no organismo. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças como hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer (BRASIL, 2019).

A doença pode afetar indivíduos em qualquer idade, no entanto, observa- se nos últimos anos, maior predominância e aumento de casos entre adolescentes e idosos, quadro diferente do apresentado no início da doença. (FERNANDA et al.,2014). A epidemia de Aids não é apenas multifacetada e difícil de controlar, mas continua a representar desafios para ampla gama de setores científicos, políticos e sociais. Uma dessas questões refere-se à evolução das práticas e hábitos da população com 60 anos ou mais, uma vez que este grupo suscita inquietações quanto à evolução do perfil epidemiológico da infecção. (BARROS, 2016).

Ressalta-se um aumento da expectativa de vida em todo o mundo e com isso, há também o aumento de pessoas infectadas pelo HIV / SIDA nos últimos anos, de modo que isso leva a uma maior notoriedade e preocupação pelo aumento acentuado de idosos diagnosticados com esta infeção na velhice. Nesse sentido, os indicadores de saúde mostram que ela só vem aumentando continuamente ao longo dos anos, sendo um problema de saúde pública (BRASIL, 2017).

Deste modo, torna-se relevante discussões relacionadas ao HIV em idosos no contexto brasileiro, especialmente no contexto dos cuidados de enfermagem no tratamento dos idosos que vivem com o diagnóstico de AIDS. Busca-se então, ampliar os conhecimentos sobre as principais ações adotadas por profissionais de saúde no âmbito nacional, no fortalecimento da qualidade assistencial, e os processos de trabalho. Portanto, tem como objetivo identificar na literatura brasileira as evidências científicas sobre a assistência de enfermagem ao idoso portador do HIV.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA HISTÓRIA DO HIV/AIDS

    Em junho de 1981, O órgão governamental americano de Centro de Controle de Doenças (CDC), identificou o aparecimento de uma patologia que acometia, até então, homens que faziam sexo em outros homens ou uso contínuo de drogas injetáveis. A doença, foi definida e classificada no ano de 1982, como AIDS, nos Estados Unidos, Haiti e África Central. Cenário esse que dava início a uma epidemia chamada AIDS, e que matava muito rápido (SILVA, 2022).

    A princípio o vírus da imunodeficiência humana (HIV) era chamado pelos médicos de doenças 5H, nas quais eram representados por homossexuais, haitianos, prostitutas, hemofílicos e usuários de heroína injetável. Por apresentar alta incidência de SIDA, principalmente entre homossexuais, suspeitou-se na época que a doença tivesse uma associação direta com o estilo de vida. Os primeiros casos relatados desta doença foram cinco jovens homossexuais residentes em Los Angeles, pois apresentavam quadro clínico laboratorial de pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP), infecção por citomegalovírus, reconhecida pelo agrupamento de casos de sarcoma de Kaposi (SK), com sistema imunológico comprometido (BARBOSA et al, 2022).

    Em 1983, o registrou a primeira infecção mundial pelo HIV em crianças e o primeiro caso de AIDS entre mulheres no Brasil. Em 1985, o vírus foi denominado de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e também o primeiro teste de diagnose para detectar anticorpos para o vírus. Então, em 1986, o programa Nacional de DST e Aids foi instituído pelo Ministério da saúde. Em 1987, iniciou-se a administração de azidotimidina (AZT) para o tratamento da doença medicamento utilizado especificamente para pacientes com câncer. Estabeleceu o dia 1 de dezembro, como o Dia Mundial da AIDS, estabelecido pelas Nações Unidas e pela Assembleia Mundial da saúde em 1988 (BRASIL, 2019).

    Os Estados Unidos, aprovou em 1991, o antirretroviral Videx (ddl) como forma de tratamento, iniciando a destruição gratuita pelo Ministério da Saúde, além da fita vermelha tornar o símbolo de luta contra a AIDS mundialmente. Em 1993 é iniciada a fabricação do AZT pelo SUS no Brasil, garantindo, assim, os direitos sociais e humanos no que diz a respeito à Constituição de 1988 e aos preceitos do SUS, a política do direito ao acesso total aos medicamentos através da aprovação da Lei 9.313/199610, determinando que qualquer portador do HIV e os que já possuem a AIDS devam receber gratuitamente a medicação necessária para serem utilizadas em cada estágio evolutivo da infecção, como também da doença (SILVA, 2022).

    Em 2017, o SUS iniciou a adoção de uma medida preventiva, que visa prevenir o grupo de pessoas que não foram contaminadas pelo vírus HIV, mas que são expostas frequentemente aos riscos de contaminação, a medicação adotada é antirretroviral, denominado de Profilaxia pré-Exposição (PrPE) (SILVA et al., 2018).

    Na década de 1980, o número de casos de AIDS comunicados pelo Ministério da saúde em idosos era de apenas 250 para homens e 47 para mulheres (RAMOS, 2016). A partir de 1990, 2.681 homens e 945 mulheres foram diagnosticadas. Após os anos 2000, muitos progressos e descobertas da doença, mudaram as formas de cuidados e como os pacientes com AIDS eram vistos. Assim, após o tratamento antirretroviral (TARV), o portador da doença conseguiu uma melhor chance de viver e mantê-la sob controle, mas muitos desafios permanecem. A infecção pelo HIV e a manifestação da AIDS continuam afetando mulheres grávidas por transmissão vertical, crianças e um aumento progressivo da incidência em idosos, percentual maior do que nas outras faixas etárias mencionadas (BARBOSA et al, 2022).

    O perfil epidemiológico nos últimos anos sobre a infecção pelo vírus HIV, vem mudando em virtude de um aumento de casos entre a faixa etária acima dos 60 anos de idade. Segundo dados do Boletim Epidemiológico (2021), houve um aumento significativo de casos de pessoas infectada pelo vírus HIV com 60 anos ou mais, sendo que em 2008 foram notificados um total de 192 casos (112 pessoas do sexo masculino e 80 pessoas do sexo feminino), passando para 1.181 pessoas em 2015 (725 do sexo masculino e 456 do sexo feminino) e atingindo ao maior número registrado em 2019, com um total de 2483 pessoas positivadas (1541 do sexo masculino e 942 do sexo feminino). Em 2020 foram registradas 2010 pessoas contaminadas (1246 do sexo masculino e 764 do sexo feminino) e em 2021, um total de 758 pessoas (484 do sexo masculino e 274 do sexo feminino). Os dados evidenciam que nos últimos 14 anos houve um aumento gradativo e preocupante, de pessoas idosas contaminadas pelo vírus HIV (BRASIL, 2022; IBGE, 2022).

    2.2. CONSEQUÊNCIAS E IMPLICAÇÕES DO HIV/AIDS NA TERCEIRA IDADE

    O estigma e o preconceito associados ao HIV têm vários efeitos negativos na luta contra a SIDA, tanto com quem convive com o vírus quanto com estratégias de prevenção. O descobrimento e revelação da sorologia positiva para o HIV é um evento crítico na vida tanto do portador quanto da família e amigos. Percepção negativa A discriminação e a falta de conhecimento causam sofrimento. Temor de abandono e julgamento. O declínio dos padrões de vida, a sensação de impotência diante de novas realidades e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são alguns dos aspectos associados à doença estigmatizada (LOEBLEIN, 2019; SILVA, 2019).

    O aumento da infecção pelo HIV entre os idosos tem sido associado ao fracasso dos esforços de prevenção nesse grupo, pois as campanhas geralmente se concentram na população mais jovem. Outro fator que contribui para o aumento dos casos de SIDA entre os idosos é a sexualidade estereotipada que é produzida culturalmente pela sociedade. Os estereótipos de que as pessoas mais velhas não têm interesse em sexo ou em nenhum estímulo sexual ainda são comuns e, ao mesmo tempo, a relação sexual desprotegida contribui para o aumento da frequência dessa diagnose (DUARTE et al, 2021; ALVES et al, 2017).

    Além disso, o uso do preservativo também é afetado pela existência de tabus, pois muitas pessoas, não se identificando como imorais ou promíscuas, não se veem em situação de vulnerabilidade e não estão protegidas. Os idosos muitas vezes não se percebem vulneráveis ao HIV, e mesmo os profissionais de saúde não têm considerado a população idosa em estado vulnerável (MOUSINHO et al, 2018). Logo, pensar o envelhecimento sem sexualidade acarreta graves consequências, sobretudo para a prevenção, pois está só vai ocorrer caso os familiares e profissionais de saúde estejam atentos para discutir abertamente sobre o assunto (ALVES et al, 2017).

    Outro ponto a destacar refere-se ao comportamento diferenciado dos idosos defronte ao contágio sendo mais frequente em homens e com maior nível socioeconômico. Além disso, é comum nessa situação apresentar preconceitos, vergonha, depressão e outros aspectos que reduzem o contato e a qualidade do relacionamento com as redes sociais (SILVA, 2022). Saldanha, Felix e Araújo (2008), discorrem que além de toda a carga sócio moral que carrega um soropositivo, ocorrendo na velhice, acabam por gerar maior dificuldades, em razão do contexto social atribuído ao idoso. Assim, o medo da rejeição social, faz com que muitos idosos não busquem formas de prevenção e conscientização que a doença não afeta um público exclusivamente em razão da idade e sim que os idosos também podem se contaminar sexualmente (DUARTE et al, 2021).

    Andrade, Silva e Santos (2010), realizam um estudo com 75 idosos portadores do HIV, relatando neste que, a maioria dos idosos pesquisados, ao descobrir a doença, passaram a ser descriminados, além do preconceito próprio em descobrir estar contaminado. Além disso, os idosos também apontaram suas limitações físicas. A necessidade de observação clínica contínua ou uso de medicamentos, e possíveis consequências. Também menciona um sentimento de desconfiança, solidão e pavor de discriminação por parte da família e dos serviços de saúde. Em outras palavras, a AIDS afeta não apenas as áreas de convivência dos idosos, mas também o funcionamento de suas famílias, levando a uma busca por apoio ou conforto emocional (RIBEIRO, 2016).

    Assim, o suporte ou apoio social são conjuntos hierarquizados que devem ir além dos laços de parentesco ou de proximidade, dando apoio ao paciente soropositivo, visto que o distanciamento acarreta na dificuldade do tratamento e na falta de informações que retardam o diagnóstico, provando novas contaminações. O apoio social é importante, pois atende às necessidades dos idosos. Nessa perspectiva, o apoio social inclui ampla rede de apoio emocional, informacional e instrumental (LORETO, SILVA, MAFRA, 2016).

    2.3. ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO PARA A PREVENÇÃO DE HIV/AIDS

    O enfermeiro tem papel essencial na prevenção, na diagnose e também no acompanhamento dos usuários dos serviços de saúde, principalmente na atenção básica, no que se refere à vigilância epidemiológica, a tarefa de proporcionar por meio de ações e saberes, atuando como protagonista na organização planejamento e funcionamento dos serviços de saúde, bem como na realização de testes rápidos e notificação de casos positivos (COFEN, 2016). Assim, no processo de prevenção e tratamento do HIV, é fundamental que a equipe multiprofissional, que inclui a equipe de enfermagem, tenha percepção em todos os aspectos, desde o físico até o social, para que o idoso tenha uma assistência de qualidade (ALMEIDA et al, 2020).

    A política nacional de atenção básica estabelece que a função principal do enfermeiro é prestar serviços como a prestação de cuidados de saúde individuais e coletivos àqueles que estiverem devidamente cadastrados em sua equipe, podendo também ser prestados em escolas, domicílios e outros locais do território da ESF, garantindo esse acesso a adolescentes adultos, crianças e idosos. Além disso, ela presta assessoria de enfermagem para programas de demanda estabelecidos e abertos, bem como atividades educacionais e coordena a equipe de ACS (BRASIL, 2017).

    A influência do aspecto curativo no processo saúde-doença ainda está presente na prática médica realizada pelos especialistas da estratégia saúde da família (ESF), na qual um número significante de especialistas continua discutindo temas como a sexualidade do idoso e a prática social das pessoas durante suas consultas. Quando esses problemas estão ligados à velhice será estressante, porque muitos acreditam que o sexo não é uma realidade para eles. Por conta disso, como a sexualidade não é discutida, o idoso não consegue se prevenir de problemas comuns que ocorrem em sua faixa etária, fazendo com que a promoção da saúde para esses usuários, muitas vezes, se torne insuficiente (CUNHA et al., 2015; SILVA, 2022).

    Para avaliar efetivamente a qualidade de vida do idoso, é fundamental que o enfermeiro altera a forma como atende esses usuários, ou seja, que esse atendimento seja oferecido de forma holística, avaliando fatores sociais, emocionais, psicológicos e culturais ambientais e não apenas biológicos. Essa ajuda prestada, em especial a enfermagem, deve estar fundamentada em uma ciência que garanta a integridade do indivíduo bem como na prevenção e promoção da saúde que visa melhorar a qualidade de vida por meio do atendimento humanizado, identificando bem as necessidades de cuidado dos idosos, promovendo a sua autonomia (NEVES et al., 2015; FERREIRA, 2021).

    Assim, o profissional de enfermagem deve ter a formação e ética para saber lidar com as particularidades do tratamento com o idoso, visto que alguns profissionais de saúde, acreditando erroneamente que o idoso não tem vida longa pela frente, prestam cuidados mal executados, sendo impacientes para serem ouvir suas queixas. Nesse sentido, acabam esquecendo que qualquer que seja a idade condição patológica ou física enfrentada pelo idoso, ele e outras faixas etárias, é imprescindível promover a capacitação dos profissionais de saúde, principalmente no que diz respeito à sexualidade na velhice para que assim tenham integridade na assistência e estabelecem confiança recíproca entre o profissional de saúde e os usuários, assim terão mais habilidade para abordar a questão do HIV / AIDS, as medidas de prevenção da doença bem como identificar os sinais e sintomas do indivíduo (RIBEIRO et al, 2016; NEVES et al., 2015).

    Consequentemente, a diagnose precoce da AIDS na velhice está diretamente relacionada à forma como o profissional de saúde deve encarar a sexualidade na população idosa. Uma vez que o enfermeiro entenda a sexualidade nessa faixa etária, a procura pelo teste de HIV e IST ocorrerá naturalmente, assim como ocorre nas faixas etárias mais jovens (NASCIMENTO et al., 2018).

    Assim, uma das condutas do profissional de saúde é desenvolver ações e cuidados para prevenir as infecções sexualmente transmissíveis e o HIV, incentivando o uso de preservativos, com o objetivo de diminuir o número de casos de infecção pelo HIV. O enfermeiro também deve promover ações que despertem o interesse da população em solicitar à unidade a realização do teste anti-HIV, a fim de evitar o diagnóstico tardio da doença pois quanto mais cedo for feito o diagnóstico mais rápido será iniciado o tratamento antirretrovirais, contribuindo assim para uma melhor longevidade e qualidade de vida dos idosos (NASCIMENTO et al., 2018; SILVA,2022).

    A importância da atuação do enfermeiro na promoção da sexualidade não contagiosa no idoso. Numa população constituída por uma faixa etária envelhecida, educá-los e educá-los sobre o problema apresentado é crucial. De acordo com as ideias expostas, acredita-se ser de grande relevância focar na atuação dos profissionais de saúde, a compreensão percepção e implementação de ações que auxiliam a população idosa a viver e compreender a sexualidade da melhor forma possível, por meio da busca, em colaboração com a equipa da ESF, a ligação com as ações implementadas (NASCIMENTO et al., 2018).

    Ao realizar o teste rápido (TR1), dando resultado negativo, o indivíduo de imediato é liberado, e se o resultado for positivo para HIV, é solicitado um exame de sangue para a comprovação dessa IST, logo após o resultado desse exame de sangue se for negativo, o paciente também é liberado. Mas se no exame de sangue for comprovada a IST, no caso do HIV positivo, os usuários são encaminhados para hospital de referência (BRASIL, 2016).

    No entanto, a busca por desse serviço por pacientes com HIV, na atenção primaria à saúde, ainda é marcado por uma baixa procura, que pode estar relacionada a estigmas e discriminações. Nota-se que há receio do usuário em buscar atendimento nas unidades de saúde próximas ao seu local de moradia, pois tem medo de serem identificados e rejeitados. Neste contexto, estratégias são necessárias para garantir que o acesso ao paciente com HIV/AIDS/IST pelo uso oportuno dos serviços para conseguir os melhores resultados possíveis. A política de fortalecimento das ações de aconselhamento na ESF pode ser vista como uma perspectiva de identificação precoce e tratamento de imediato das infecções por ISTs (BARBOSA et al., 2015).

    Assim, por seu conhecimento e atuação profissional, o enfermeiro, dispõe de informação sobre infecções, devendo atuar na prevenção, promoção e qualidade de vida desses usuários, principalmente, se for idoso. Além disso, devem fazer uso de estratégias de saúde da família para prevenção do HIV por meio de intervenções educacionais, facilitando assim uma discussão confortável sobre medidas de prevenção de infecção (PEREIRA, 2019).

    3. METODOLOGIA

    Trata-se de uma revisão bibliográfica, realizada nas bases de dados: LILACS, BDEnf e sites governamentais de 2010 a 2022. Foram selecionados dezessete artigos, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, sendo doze os escolhidos, julgando-se aqueles que melhor abordavam o tema e o propósito deste projeto. Por fim, observou-se que a sexualidade entre os idosos ainda nos dias atuais é pouco discutida, o que leva à desinformação e falta de cuidados.

    4. RESULTADOS

    Seguem abaixo as principais informações, agrupadas de forma sucinta, dos doze artigos científicos utilizados como base teórica para a construção deste trabalho.

    QUADRO 1. SÍNTESE DOS ARTIGOS ENCONTRADOS NAS BASES DE DADOS UTILIZADOS PARA ESTA REVISÃO LITERÁRIA.


    5. DISCUSSÃO

    Tendo em vista a pesquisa realizada, Brasil (2021) publicou que em 2020, as infecções por HIV em pessoas idosas atingiram o patamar de 4,5% em mulheres e 9,4% em homens em 2020, sendo necessário dar enfoque a essa faixa etária no que se refere a prevenção e cuidado.

    Alves et al. (2017), para tanto, apontam que o HIV/AIDS necessita ser inclusa na assistência ao idoso, sob diferentes contextos, seja no cuidado, ou mesmo, no que se refere à educação, oportunizando testes rápidos e orientação sobre as formas de prevenção.

    Tal fato, se denota que com o envelhecimento da população, proporcionando maior longevidade, em que a sexualidade está cada vez mais presente dentre os idosos, cabe destacar que o incentivo à proteção sexual deverá se tornar uma prioridade na educação em saúde (ANDRADE et al., 2010).

    Neste contexto, Barbosa et al. (2022) afirmaram que durante a Pandemia da COVID-19, um dos principais grupos de risco consistia nos idosos, todavia, a assistência a esse público-alvo atrelava a condição de indivíduos portadores de HIV, necessitando de um olhar mais atencioso, com a finalidade de prevenir a infecção pelo Coronavírus que poderia resultar em complicações em seu prognóstico em face da AIDS.

    Desta forma, os idosos em sua maioria justificam a ausência de utilização de prática de sexo seguro a questão voltada a parceiros fixos, além das crenças culturais que destacam que a utilização de preservativos pode prejudicar o prazer nas relações sexuais (FERREIRA et al., 2021).

    Mediante o exposto, Loeblein et al. (2022) apontaram em suas pesquisas que a maior parte dos idosos não possuem o menor conhecimento das formas que possibilitaram a infecção pelo vírus HIV, ratificando os estudos anteriores da ausência de informação dos cuidados para a prevenção, mesmo, a priori, não se tratando de um grupo considerado sexualmente ativo, mas que se tornam propensos à contaminação.

    Mousinho et al. (2018) afirmam que uma preocupação está centrada na assistência de enfermagem voltada a dados epidemiológicos que descrevem condições de vulnerabilidade para o risco de infecção, contudo, os idosos necessitam desse cuidado, tanto no acompanhamento, quanto, na educação voltada a prevenção.

    Ratificando a proposição supracitada, Ribeiro et al. (2016) pontuam que a assistência a idosos portadores de HIV denota possibilitar a melhoria da qualidade de vida na referida faixa de idade desencadeando ações para que a afecção não prejudique o processo de envelhecimento, ou mesmo, possa causar limitações a esses indivíduos.

    Cabe destacar, que os idosos ainda atrelam às dificuldades na assistência de enfermagem, a situação de esconder de seus familiares a condição de soropositivos, demonstrando o sentimento de vergonha desencadeado pelo diagnóstico, tornando o enfrentamento mais complicado, conforme propõem Silva et al. (2017).

    Mediante o exposto, Silva et al. (2021) denotam que o respaldo familiar desempenha um papel crucial na existência dessa pessoa, fornecendo-lhe o respaldo necessário para continuar avançando, oferecendo apoio ao longo de todo o processo terapêutico. Esta realidade foi notada no estudo por sua significativa eficácia, gerando emoções edificantes e afastando, por conseguinte, o temor iminente da fatalidade.

    Sendo assim, Silva et al. (2020) pontuam que os métodos empregados pelo profissional de saúde desempenham um papel proeminente no cuidado prestado, não se limitando apenas a prover assistência, mas também exercendo o papel de instrutor, visto que, a educação em saúde não se resume simplesmente à transmissão de dados, já que cada idoso traz consigo suas próprias convicções, apreensões e anseios, influenciados pelo ambiente sociocultural ao qual pertencem.

    Ainda assim, Silva (2022) ratifica a proposição acima ao apontar que a presença da equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na prevenção do HIV e no atendimento de pessoas que convivem com a doença nos serviços de saúde primários. Isso implica na necessidade de capacitar esses profissionais para que compreendam as complexidades envolvidas no cuidado aos idosos, e adotem uma abordagem colaborativa com outros especialistas, visando aprimorar o suporte oferecido a esses pacientes.

    Desta forma, Silva (2019) denotam que a principal meta e relevância da sistematização da assistência de enfermagem residem na aplicação desta abordagem metodológica que visa alcançar efetividade tanto na prevenção quanto no tratamento de idosos, independentemente de serem portadores ou não do vírus HIV/AIDS. Para tanto, essa sistematização contribui para que os profissionais adotem uma visão abrangente da saúde dos idosos, levando em consideração as necessidades específicas desse grupo demográfico.

    6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    O envelhecimento é um processo natural no qual o corpo trespassa por mudanças fisiológicas. Existem problemas e dificuldades associados à infeção pelo HIV / AIDS nessa faixa etária. Com base nos estudos revisados, conviver com a doença vai muito além das limitações e preocupações com a patologia, embora os participantes digam estar muito preocupados com os medicamentos ainda enfrentam discriminação e preconceito.

    O diagnóstico de soropositivo muitas vezes vem acompanhado de comorbidades, que comprometem a vida sexual e emocional e impactam na qualidade de vida desses indivíduos. Além disso, observa-se que grande parte da população dessa faixa etária desconhece os riscos e até mesmo a soropositividade. A falta de informação as torna vulneráveis à doença, reforçando a necessidade de criação de ações preventivas e educação em saúde para idosos, e destaca a importância da formação de profissionais qualificados para atuar na promoção da saúde e prevenção do HIV nesse grupo vulnerável.

    Deste modo, este estudo abordou a importância da assistência prestada pelo enfermeiro ao idoso habitando com HIV, sabendo o quanto é essencial a assistência e o cuidado tendo uma visão ampla para melhores condições, assumindo integralmente o idoso portador de HIV / SIDA. As práticas utilizadas pelo profissional de saúde têm um papel preponderante no cuidado além de trazer toda assistência para o cuidado também tem um papel educativo, e a educação em saúde não pode figurar apenas o repasse de informações, pois cada idoso tem suas próprias crenças, temores e expetativas porque elas se encaixam em um contexto sociocultural.

    Ressalta-se a importância das ações quanto ao esclarecimento dos fatores de risco para a contaminação pelo HIV, sendo necessário determinar uma relação terapêutica com o idoso, cooperando com informações sobre os riscos entre eles, ressaltando a importância das medidas preventivas. Com este estudo pode-se concluir que o enfermeiro deve atuar taticamente junto ao idoso, visto que é um grupo vulnerável ao HIV, sabe-se que a assistência e o cuidado são essenciais, obter uma visão de melhores condições, prestar cuidados que ultrapassassem os limites aparentes da doença.

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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