THE ROLE OF THE NURSE IN CARE FOR PATIENTS WITH SYSTEMIC SCLEDORMIA
EL PAPEL DE LA ENFERMERA EN EL CUIDADO DEL PACIENTE CON ESCLEDORMIA SISTÉMICA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10038032
Eva Vilma Moraes
Orientador: Carlos Cesar Custódio
RESUMO
A esclerodermia sistêmica é uma doença autoimune rara e complexa, caracterizada por uma progressiva fibrose da pele e de órgãos internos, que frequentemente leva a desafios significativos na vida dos pacientes. O papel do enfermeiro na assistência a pacientes portadores dessa condição é de extrema importância, pois envolve não apenas o gerenciamento de sintomas físicos, mas também os suportes emocional e psicossocial necessários para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo explorar de maneira abrangente o papel vital desempenhado pelos enfermeiros na assistência a pacientes com esclerodermia sistêmica, abordando suas responsabilidades, desafios e contribuições para o cuidado integral desses pacientes. Ao compreendermos o impacto da esclerodermia sistêmica e o papel crítico dos enfermeiros, podemos avançar no desenvolvimento de estratégias de cuidado mais eficazes e centradas no paciente.
PALAVRAS-CHAVE: Esclerodemia Sistêmica; Enfermeiro; Suporte Emocional.
ABSTRACT
Systemic scleroderma is a rare and complex autoimmune disease, characterized by progressive fibrosis of the skin and internal organs, which often leads to significant challenges in patients’ lives. The role of nurses in assisting patients with this condition is extremely important, as it involves not only managing physical symptoms, but also providing the emotional and psychosocial support necessary to improve the quality of life of affected individuals. In this context, this work aims to comprehensively explore the vital role played by nurses in assisting patients with systemic scleroderma, addressing their responsibilities, challenges and contributions to the comprehensive care of these patients. By understanding the impact of systemic scleroderma and the critical role of nurses, we can advance the development of more effective, patient-centered care strategies.
KEYWORDS: Systemic Sclerodemia; Nurse; Emotional Support.
RESUMEN
La esclerodermia sistémica es una enfermedad autoinmune rara y compleja, caracterizada por fibrosis progresiva de la piel y los órganos internos, que a menudo conlleva importantes desafíos en la vida de los pacientes. El papel de las enfermeras en la asistencia a los pacientes con esta afección es sumamente importante, ya que implica no solo controlar los síntomas físicos, sino también brindar el apoyo emocional y psicosocial necesario para mejorar la calidad de vida de las personas afectadas. En este contexto, este trabajo tiene como objetivo explorar de manera integral el papel vital que desempeñan las enfermeras en la asistencia a los pacientes con esclerodermia sistémica, abordando sus responsabilidades, desafíos y contribuciones a la atención integral de estos pacientes. Al comprender el impacto de la esclerodermia sistémica y el papel fundamental de las enfermeras, podemos avanzar en el desarrollo de estrategias de atención más eficaces y centradas en el paciente.
PALABRAS-CLAVE: Esclerodemia Sistémica; Enfermero; Soporte emocional.
INTRODUÇÃO
A esclerodermia sistêmica, uma doença autoimune rara e complexa, representa um desafio considerável tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. Caracterizada pela progressiva fibrose da pele e órgãos internos, essa condição muitas vezes impõe uma carga significativa sobre a vida dos indivíduos afetados (OLIVEIRA, 2019).
Nesse contexto, o papel do enfermeiro na assistência a pacientes com esclerodermia sistêmica emerge como um elemento crucial na busca por um cuidado integral e de qualidade. A esclerodermia sistêmica é uma condição multifacetada que não apenas afeta a integridade física do paciente, mas também possui ramificações emocionais e psicossociais substanciais (DA SILVA et al., 2017).
A abordagem de enfermagem eficaz não se limita apenas ao gerenciamento de sintomas e tratamentos médicos, mas estende-se à promoção do bem-estar emocional e à melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, os enfermeiros desempenham um papel central na equipe de saúde, fornecendo suporte abrangente e personalizado (CEZAR, 2021).
Este trabalho tem como objetivo explorar de maneira abrangente o papel vital desempenhado pelos enfermeiros na assistência a pacientes com esclerodermia sistêmica. Serão analisadas suas responsabilidades clínicas, o suporte emocional e psicossocial oferecido, bem como os desafios específicos que enfrentam ao cuidar de indivíduos com essa condição complexa.
Além disso, serão discutidas as contribuições fundamentais dos enfermeiros para a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar geral dos pacientes com esclerodermia sistêmica.
Ao se compreender o impacto da esclerodermia sistêmica e o papel crítico desempenhado pelos enfermeiros, poderemos avançar no desenvolvimento de estratégias de cuidado mais eficazes e centradas no paciente. O cuidado integrado e a atenção às necessidades holísticas desses pacientes são essenciais para garantir que eles enfrentem os desafios da esclerodermia sistêmica com dignidade e qualidade de vida. (VILAS, VEIGA, ABECASIS, 2019).
A ESCLERODERMIA SISTÊMICA
A esclerodermia sistêmica é uma doença autoimune rara e complexa, caracterizada pela produção excessiva de colágeno, o que leva ao enrijecimento da pele e, em alguns casos, acomete também órgãos internos. Seu diagnóstico muitas vezes é desafiador, uma vez que os sintomas podem ser inespecíficos e se assemelharem a outras condições clínicas (DA SILVA MELO et al., 2017).
De acordo com Santos e Haddad (2018) a compreensão do papel do enfermeiro na assistência ao paciente portador de esclerodermia sistêmica é de extrema importância, pois essa abordagem multidisciplinar contribui significativamente para o manejo eficiente da doença e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Assim, Pereira et al. (2019) dispõe que esclerodermia sistêmica é uma doença autoimune crônica caracterizada pelo espessamento e endurecimento do tecido conjuntivo no corpo, resultante de uma superprodução de colágeno. Seu nome deriva das palavras gregas “esclero” (duro) e “dermia” (pele), refletindo a principal característica da doença – o endurecimento da pele.
Essa condição pode afetar tanto a pele quanto os órgãos internos, tornando-a uma doença complexa e desafiadora para o diagnóstico e o tratamento. A esclerodermia sistêmica é classificada em duas formas principais: a forma limitada e a forma difusa. Na forma limitada, também conhecida como síndrome CREST, o endurecimento da pele é restrito a áreas específicas do corpo, como os dedos, rosto, antebraços e pernas (DA SILVA et al., 2019)
De acordo com Gonçalves et al. (2020) os pacientes com essa forma podem apresentar telangiectasias, que são pequenos vasos sanguíneos dilatados visíveis sob a pele. Embora complicações envolvendo órgãos internos sejam menos comuns nessa forma, elas ainda podem ocorrer e requerem monitoramento e tratamento adequados. Por outro lado, a forma difusa é mais agressiva, levando a um espessamento cutâneo mais extenso, que afeta áreas maiores, incluindo o tronco e as extremidades.
Além disso, essa forma está associada a um maior risco de envolvimento de órgãos internos, como pulmões, coração, rins e trato gastrointestinal. As complicações nessas áreas podem ser graves e representar um desafio significativo para o tratamento e a qualidade de vida do paciente. O diagnóstico da esclerodermia sistêmica é baseado na avaliação clínica, considerando os sintomas característicos, como o fenômeno de Raynaud (mudança de cor dos dedos quando expostos ao frio ou estresse) e o endurecimento da pele (GONÇALVES et al., 2020)
Segundo Vieira (2020) exames laboratoriais, como a pesquisa de autoanticorpos específicos, ajudam a confirmar o diagnóstico e a classificar o subtipo da doença. Devido à complexidade da esclerodermia sistêmica e à variedade de seus sintomas e complicações, um tratamento bem-sucedido requer uma abordagem multidisciplinar.
Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel crucial no cuidado e manejo do paciente, pois é responsável por identificar precocemente os sinais e sintomas da doença, fornecer orientação ao paciente e familiares sobre a esclerodermia, colaborar com a equipe médica no desenvolvimento de um plano de cuidados personalizado e oferecer suporte contínuo ao paciente durante todo o curso da doença (VILAS, VEIGA, ABECASIS, 2019)
Santos e Haddd (2018) mencionam que ao proporcionar cuidados físicos, emocionais e psicossociais, o enfermeiro contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes portadores de esclerodermia sistêmica, ajudando-os a enfrentar os desafios impostos por essa condição crônica e a promover o bem-estar geral. Com uma abordagem integrada e centrada no paciente, é possível aumentar a eficácia do tratamento, minimizar complicações e oferecer um apoio abrangente e compassivo aos pacientes que vivem com essa doença rara e complexa.
Embora a causa exata da esclerodermia sistêmica ainda não seja completamente compreendida, acredita-se que essa doença resulte de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais. Vários elementos podem contribuir para o desenvolvimento da esclerodermia em indivíduos predispostos, tornando importante a identificação dos fatores de risco associados a essa condição (OLIVEIRA, 2019)
Nos termos de Geiovanini e Norberto (2017) existe uma evidente predisposição genética, mesmo que não seja a unica causa para a doença, para o desenvolvimento da esclerodermia sistêmica. Observou-se que familiares de pacientes com a doença têm maior risco de desenvolvê-la em comparação à população geral. Embora o padrão de herança genética ainda não esteja completamente esclarecido, estudos sugerem a existência de genes envolvidos na regulação do sistema imunológico que podem contribuir para a susceptibilidade à doença.
Embora os genes desempenhem um papel crucial no desenvolvimento da esclerodermia sistêmica, fatores ambientais também são considerados contribuintes potenciais para o desencadeamento da doença. Exposições a certos agentes químicos e infecciosos têm sido investigadas como possíveis desencadeadores da resposta autoimune em indivíduos geneticamente predispostos. Por exemplo, a exposição a sílica, solventes orgânicos e outras substâncias tóxicas pode estar associada ao aumento do risco de desenvolvimento da esclerodermia sistêmica em alguns casos (PUZENAT, AUBIN, HUMBERT, 2018).
Algumas infecções virais também foram propostas como desencadeadoras da esclerodermia sistêmica. Estudos sugerem que certos vírus, como o citomegalovírus (CMV) e o vírus Epstein-Barr (EBV), podem levar a uma resposta imunológica anormal que pode contribuir para o desenvolvimento da doença em indivíduos predispostos (SAMPAIO-BARROS, 2019).
Segundo Freire, Ciconelli e Sampaio-Barros (2020) é importante ressaltar que, embora esses fatores de risco e possíveis causas estejam sendo investigados, ainda não se conhece uma única causa específica para a esclerodermia sistêmica. Acredita- se que a interação complexa entre fatores genéticos e ambientais desempenhe um papel chave no desenvolvimento dessa doença autoimune, tornando seu entendimento ainda mais desafiador.
A identificação dos fatores de risco é importante para a compreensão da patogênese da esclerodermia sistêmica, o desenvolvimento de estratégias de prevenção e o aprimoramento das opções terapêuticas disponíveis. Contudo, mais pesquisas são necessárias para se alcançar um entendimento mais completo da origem da doença e, assim, melhorar as abordagens de tratamento e o cuidado aos pacientes afetados por essa condição crônica e complexa (VILAS, VEIGA, ABECASIS, 2019)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS:
A esclerodermia sistêmica é uma doença que pode apresentar uma grande variedade de manifestações clínicas, afetando tanto a pele quanto diversos órgãos internos. Essa diversidade de sintomas torna o diagnóstico e a abordagem terapêutica um desafio, uma vez que cada paciente pode apresentar um conjunto único de sintomas e complicações (DA SILVA MELO, 2017).
De acordo com Geovanini e Norberto (2017, p. 6) o sintoma mais característico da esclerodermia sistêmica é o endurecimento e espessamento da pele, que pode afetar diferentes partes do corpo:
Inicialmente, o paciente pode notar uma sensação de aperto na pele, especialmente nas mãos e no rosto. Com a progressão da doença, a pele se torna rígida, brilhante e imóvel. Os pacientes com forma limitada geralmente apresentam esse endurecimento da pele em áreas restritas, como os dedos e o rosto, enquanto na forma difusa, a extensão do comprometimento cutâneo é maior, abrangendo o tronco e as extremidades.
O fenômeno de Raynaud é outro sintoma comum na esclerodermia sistêmica e pode preceder o desenvolvimento de outros sintomas. Este é caracterizado por mudanças de cor nos dedos das mãos e dos pés em resposta ao frio ou ao estresse emocional. Os dedos podem se tornar brancos, depois azuis e, finalmente, vermelhos quando ocorre o retorno do fluxo sanguíneo. Isso acontece devido ao estreitamento dos vasos sanguíneos nas extremidades em resposta ao frio ou à emoção, o que dificulta a circulação sanguínea (OLIVEIRA, 2019).
Silva et al. (2019) ainda menciona que a esclerodermia sistêmica pode afetar os pulmões, levando a diversas complicações respiratórias. A fibrose pulmonar é uma das principais complicações, caracterizada pela formação de tecido cicatricial nos pulmões, o que prejudica a sua função respiratória. Outras manifestações incluem hipertensão pulmonar, que é o aumento da pressão nas artérias pulmonares, e o envolvimento das vias aéreas, que pode causar tosse seca e dificuldade respiratória.
O estudo de Pereira et al (2019) menciona que a esclerodermia sistêmica pode afetar, também, o músculo cardíaco e as válvulas cardíacas, levando a complicações cardíacas potencialmente graves. A hipertensão pulmonar mencionada anteriormente também pode ter um efeito prejudicial no coração. Os pacientes podem experimentar sintomas como falta de ar, fadiga e inchaço nas pernas, consequências da insuficiência cardíaca.
Santos e Haddad (2018) mencionam que trato gastrointestinal também pode ser afetado pela esclerodermia sistêmica, resultando em dismotilidade esofágica, dificuldade na deglutição e refluxo gastroesofágico. A motilidade dos intestinos também pode ser prejudicada, causando sintomas como distensão abdominal, constipação e diarreia.
Em alguns casos, a esclerodermia sistêmica pode afetar os rins, causando hipertensão arterial e disfunção renal. Acometimento renal grave pode levar à insuficiência renal e requer cuidados e monitoramento especializados. Outras Manifestações: A esclerodermia sistêmica pode se manifestar em outros órgãos e sistemas, como os olhos (olhos secos e irritados), articulações (artrite), músculos (fraqueza muscular) e o sistema nervoso (neuropatia). (OLIVEIRA et al., 2019).
Assim, as complicações associadas à esclerodermia sistêmica podem variar de leves a graves, dependendo da extensão do comprometimento dos órgãos e do momento do diagnóstico e tratamento (GONÇALVES et al., 2020).
Portanto, é crucial que os pacientes com esclerodermia sejam monitorados de perto e recebam cuidados adequados e multidisciplinares para prevenir e tratar as complicações o mais precocemente possível. A abordagem do enfermeiro, em conjunto com a equipe médica e outros profissionais de saúde, desempenha um papel vital na identificação precoce dos sinais de alerta, no manejo dos sintomas e na promoção da qualidade de vida desses pacientes, contribuindo para uma melhor gestão dessa doença crônica e complexa. (VILAS, VEIGA, ABECASIS, 2019).
O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR
A esclerodermia sistêmica é uma doença complexa e multifacetada que requer uma abordagem multidisciplinar no cuidado e manejo do paciente. Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel fundamental ao colaborar com a equipe médica e outros profissionais de saúde para proporcionar uma assistência integral e personalizada ao paciente portador dessa condição (PUZENAT, AUBIN, HUMBERT, 2018)
De acordo com Silva et al. (2019) o enfermeiro desempenha um papel de destaque na abordagem multidisciplinar do paciente portador de esclerodermia sistêmica ao atuar como elo fundamental entre o paciente e a equipe médica. Essa colaboração estreita e efetiva é essencial para proporcionar ao paciente uma assistência completa, coordenada e centrada em suas necessidades individuais.
Pereira et al (2019) ainda menciona que o enfermeiro assume um papel de coordenador dos cuidados, trabalhando em conjunto com os diversos especialistas envolvidos no tratamento da esclerodermia sistêmica. Isso inclui agendar consultas, organizar exames e procedimentos, e garantir que as informações clínicas sejam compartilhadas de forma adequada entre os membros da equipe de saúde. Essa coordenação garante que o paciente receba cuidados contínuos e abrangentes, evitando lacunas na assistência.
Sobre as ações do enfermeiro, Vilas, Veiga e Abecasis (2019, p. 116) mencionam:
O enfermeiro desempenha um papel crucial na educação e orientação do paciente e de seus familiares sobre a esclerodermia sistêmica. Isso inclui fornecer informações sobre a natureza da doença, os sintomas a serem observados, a importância da adesão ao tratamento, e como lidar com possíveis complicações. Esclarecer dúvidas e fornecer recursos educacionais é fundamental para que o paciente compreenda sua condição e participe ativamente de seu tratamento.
Trevisan, Pereira e Oliveira (2016) alegam que o enfermeiro realiza o monitoramento regular do paciente, avaliando a progressão da doença, o impacto do tratamento e a ocorrência de eventuais complicações. Essa avaliação contínua permite identificar prontamente quaisquer mudanças no estado de saúde do paciente, possibilitando a intervenção rápida e o ajuste adequado do plano de cuidados.
A esclerodermia sistêmica pode ter um impacto significativo na saúde emocional e psicossocial do paciente. O enfermeiro fornece apoio emocional, ouve as preocupações e angústias do paciente, e oferece suporte durante o enfrentamento da doença. Além disso, direciona o paciente para serviços de apoio psicológico e grupos de apoio, proporcionando um espaço seguro para compartilhar experiências e lidar com o aspecto emocional da condição. (VILAS, VIEGA, 2019).
Silva et al. (2019) ensina que é função do enfermeiro incentivar o paciente a participar ativamente de seu autocuidado, ensinando-o a realizar medidas de prevenção e gerenciamento dos sintomas. Isso pode incluir cuidados com a pele, prática de exercícios físicos adequados, orientações sobre alimentação saudável, manejo do estresse e importância de evitar fatores de risco, como o tabagismo.
De tal modo, o enfermeiro mantém um acompanhamento contínuo do paciente ao longo do tempo, estabelecendo um vínculo de confiança e cuidado. Esse acompanhamento é essencial para entender a evolução da doença, apoiar o paciente em diferentes estágios da esclerodermia e oferecer uma assistência personalizada e humanizada (FREIRE, CICONELLI, SAMPAIO-BARROS, 2020).
Ainda, cabe ao enfermeiro coordenar os cuidados ao trabalhar em conjunto com diversos especialistas envolvidos no tratamento da esclerodermia sistêmica, agendando consultas, organizando exames e garantindo que as informações clínicas sejam compartilhadas adequadamente. Essa coordenação assegura que o paciente receba cuidados contínuos e abrangentes, evitando lacunas na assistência (PEREIRA et al., 2019).
Também cabe ao enfermeiro a educação e orientação do paciente e de seus familiares sobre a esclerodermia sistêmica. Fornecendo informações sobre a doença, sintomas a serem observados, adesão ao tratamento e como lidar com possíveis complicações, esclarecendo dúvidas e fornecendo recursos educacionais para que o paciente compreenda sua condição e participe ativamente de seu tratamento (PUZENAT, AUBIN, HUMBERT, 2018).
No mesmo sentido, menciona Geovanini e Norberto (2017, p. 8):
O enfermeiro fornece apoio emocional, ouve as preocupações e angústias do paciente e oferece suporte durante o enfrentamento da doença. Direcionando o paciente para serviços de apoio psicológico e grupos de apoio, o enfermeiro proporciona um espaço seguro para compartilhar experiências e lidar com o aspecto emocional da condição.
Sampaio-Barros, Azevedo e Freire (2019) elencam que um dos aspectos fundamentais da atuação do enfermeiro na assistência ao paciente portador de esclerodermia sistêmica é o desenvolvimento de um plano de cuidados personalizado. Esse plano é criado de forma individualizada, considerando as particularidades da condição de cada paciente, bem como suas necessidades específicas. Para elaborar o plano de cuidados, o enfermeiro trabalha em estreita colaboração com a equipe médica e outros profissionais de saúde. Através da troca de informações e compartilhamento de conhecimentos, é possível definir as melhores estratégias de tratamento para o controle da esclerodermia e para lidar com suas complicações.
Assim, Pereira et al (2019) menciona que cabe ao enfermeiro fornecer orientações específicas para o cuidado da pele, enfatizando a importância da hidratação regular, uso de cremes emolientes e protetores solares, além de medidas para prevenir traumas e lesões cutâneas
Outro aspecto importante é o manejo dos sintomas. É papel do enfermeiro oferecer orientações sobre como lidar com o fenômeno de Raynaud, sintomas respiratórios, gastrointestinais, dores musculares e articulares, bem como a fadiga, que é comum em pacientes com esclerodermia sistêmica. Estratégias de autocuidado são ensinadas para que o paciente possa enfrentar os desafios diários e melhorar sua qualidade de vida (CEZAR, 2021).
Segundo Oliviera et al. (2019) o plano de cuidados personalizado também inclui educação e treinamento para o paciente e seus familiares. O enfermeiro desempenha um papel essencial ao fornecer informações claras sobre a esclerodermia, explicando o que é a doença, seus possíveis desdobramentos e como aderir ao tratamento de forma eficaz. O objetivo é capacitar o paciente para que ele compreenda sua condição e possa participar ativamente do seu próprio cuidado.
O plano de cuidados personalizado não se restringe apenas aos aspectos físicos da doença. O enfermeiro também oferece suporte emocional e psicossocial, reconhecendo o impacto emocional que a esclerodermia sistêmica pode ter na vida do paciente. Através de uma abordagem empática, o enfermeiro está disponível para ouvir e apoiar o paciente durante sua jornada, além de encaminhá-lo a serviços de apoio psicológico ou grupos de suporte, se necessário (GEOVANINI, NORBERTO, 2017; DA SILVA et al., 2015).
Assim, o trabalho do enfermeiro com a equipe médica e outros profissionais de saúde é essencial para uma abordagem multidisciplinar eficaz no cuidado do paciente portador de esclerodermia sistêmica. Sua atuação abrangente e centrada no paciente visa oferecer uma assistência integral, orientação educacional, apoio emocional, monitoramento contínuo e promoção do autocuidado, garantindo uma abordagem de cuidado holística e de qualidade ao longo do curso dessa doença crônica e complexa (CEZAR, 2021).
Essa avaliação integral do paciente pelo enfermeiro contribui para uma compreensão completa do impacto da esclerodermia sistêmica na vida do paciente, possibilitando um cuidado mais abrangente, personalizado e efetivo, visando não apenas tratar os sintomas físicos da doença, mas também oferecer suporte emocional e psicossocial para melhorar a qualidade de vida do paciente ao enfrentar essa condição crônica e complexa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A assistência ao paciente portador de esclerodermia sistêmica é um campo desafiador e complexo da enfermagem, que exige um enfoque abrangente e uma compreensão profunda das necessidades físicas, emocionais e psicossociais dos indivíduos afetados por essa condição rara.
O o papel do enfermeiro é essencial na promoção do bem-estar e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com esclerodermia sistêmica, visto que são diversas as responsabilidades clínicas assumidas pelos enfermeiros, desde o monitoramento dos sintomas físicos até a administração de tratamentos e a gestão das complicações frequentemente associadas à esclerodermia sistêmica. Essas tarefas demonstram a expertise clínica necessária para atender a essa população de pacientes de maneira eficaz.
Além disso, ressalta-se a importância do suporte emocional e psicossocial oferecido pelos enfermeiros. A esclerodermia sistêmica não apenas afeta o corpo fisicamente, mas também impacta significativamente a saúde mental e a qualidade de vida dos pacientes. Os enfermeiros desempenham um papel fundamental ao proporcionar um ambiente de apoio, esclarecendo dúvidas, oferecendo suporte emocional e auxiliando na adaptação às mudanças que essa condição pode impor.
No entanto, não podemos ignorar os desafios inerentes a essa área de atuação. Os enfermeiros enfrentam obstáculos, como a escassez de recursos especializados e a necessidade de manter-se atualizados em relação aos avanços no tratamento da esclerodermia sistêmica.
A colaboração interdisciplinar é fundamental para superar esses desafios e proporcionar o melhor cuidado possível aos pacientes. Assim, a assistência prestada pelos enfermeiros aos pacientes com esclerodermia sistêmica é um exemplo de dedicação e cuidado integral. É crucial que os profissionais continuem a aprimorar seus conhecimentos, compartilhar melhores práticas e trabalhar em estreita colaboração com outros membros da equipe de saúde para garantir que esses pacientes recebam a atenção e o apoio de que precisam. O cuidado centrado no paciente é a pedra angular desse processo, e a enfermagem desempenha um papel irreplaceável na busca por uma melhor qualidade de vida e bem-estar para aqueles que enfrentam a esclerodermia sistêmica.
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