O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE AS COMPLICAÇÕES DA SÍFILIS CONGÊNITA PRECOCE: UMA REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248071421


Sabrina Leticia Silva De Oliveira Medeiros
Orientador: Profª Naianne Georgia Sousa de Oliveira


RESUMO

A Sífilis é uma infecção sistêmica causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria específica aos humanos, que pode evoluir para um estágio avançado ao longo do tempo se não tratada. Ela é predominantemente transmitida por contato sexual, seguida pela transmissão vertical, o que se transforma em sífilis congênita. Essa é considerada uma condição de saúde pública grave, dito isto é interessante ressaltar o papel do enfermeiro frente á prevenção e os cuidados com essa problemátiva haja vista é indispensável a assistência de enfermagem, pois o enfermeiro orienta sobre autocuidado, para minimizar o índice e a propagação. Objetivos: Identificar as condutas do enfermeiro na assistência ao paciente com complicações preocupantes da Sífilis Congênita Precoce. Metodologia: O presente estudo tratou-se de uma revisão sistemática com caráter qualitativo, no intuito de reunir estudos que pactuassem com o escopo central deste estudos, os estudos coletados são dos períodos de 2018 á 2024, estes passaram por determinado análise, para separar os melhores, estes foram coletados das bases de dados (SciELO) e Pubmed, onde posteriormente foram selecionados 08 artigos, que contribuíram de forma direta com a presente revisão sistemática. Conclusão: Com base na análise nos estudos coletados, pode-se concluir que a enfermagem tem um papel fundamental no controle bem como prevenção da Sífilis Congênita, o estudo possibilitou perceber que a assistência, deve ser indispensável, pois a atuação do enfermeiro abrange, a identificação, notificações, que irão nortear os trabalhos dos enfermeiros de acordo com todos os protocolos da vigilância, fazendo o acolhimento adequado, orientando e educando os pacientes, sendo assim um conjunto de ações de caráter clínico e educativo com a finalidade de proporcionar uma assistência integral e de qualidade.

PALAVRA-CHAVE: Assistência; Cuidados de enfermagem; Prevenção; Sífilis Congênita.

ABSTRACT

Syphilis is a systemic infection caused by Treponema pallidum, a bacteria specific to humans, which can progress to an advanced stage over time if left untreated. It is predominantly transmitted through sexual contact, followed by vertical transmission, which transforms into congenital syphilis. This is considered a serious public health condition, having said that, it is interesting to highlight the role of the nurse in preventing and caring for this problem, given that nursing care is essential, as the nurse provides guidance on self-care, to minimize the rate and propagation. Objectives: To identify nurses’ behaviors in assisting patients with worrying complications from Early Congenital Syphilis. Methodology: The present study was a systematic review with a qualitative character, with the aim of bringing together studies that agreed with the central scope of this study, the studies collected are from the periods from 2018 to 2024, these underwent a certain analysis, to separate the better, these were collected from the databases (SciELO) and Pubmed, where 8 articles were subsequently selected, which directly contributed to this systematic review. Conclusion: Based on the analysis of the collected studies, it can be concluded that nursing has a fundamental role in the control and prevention of Congenital Syphilis. The study made it possible to realize that assistance must be indispensable, as the nurse’s role covers, identification, notifications, which will guide the work of nurses in accordance with all surveillance protocols, providing adequate reception, guiding and educating patients, thus being a set of actions of a clinical and educational nature with the purpose of providing comprehensive assistance and quality.

KEYWORD: Assistance; Nursing care; Prevention; Congenital syphilis.

1 INTRODUÇÃO  

A sífilis pode ser identificada por diversos sinônimos, como a lues, a treponemíase, dentre outros. A doença é bastante conhecida e estudada há muito tempo. Acomete praticamente todos os órgãos e sistemas, apesar de o tratamento ser eficaz e de baixo custo, ainda é um problema de saúde pública relevante.A origem da patologia ainda é objeto de controvérsia e debate após mais de 500 anos de história. Alguns acreditam que a enfermidade teve origem no Novo Mundo (América), enquanto outros acreditam que foi trazida da Europa, com suas grandes navegações e “descobertas”, e infectou os povos indígenas (Rocha, 2022).

A Sífilis é uma infecção sistêmica causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria específica aos humanos, que pode evoluir para um estágio avançado ao longo do tempo se não tratada. Ela é predominantemente transmitida por contato sexual, seguida pela transmissão vertical, o que se transforma em sífilis congênita. Essa é considerada uma condição de saúde pública grave, pois trata-se de uma doença infectocontagiosa capaz de gerar danos significativos ao organismo (Da Silva; Magalhães; Lago, 2019).

A sífilis congênita é a propagação do Treponema pallidum para o bebê, durante o período gestacional, ou seja, por transmissão vertical, que acontece quando a mãe recebe o tratamento insuficiente para a sífilis ou quando o tratamento não foi realizado durante a gestação. Gestantes e seus respectivos parceiros sexuais devem ser diagnosticados e informados sobre a possibilidade de prevenção da transmissão de infecções Sexualmente Transmissíveis para a criança, em especial, a sífilis. O diagnóstico precoce (com o uso de testes rápidos) e a atenção adequada no pré-natal reduzem a transmissão vertical (Rocha et al., 2020).

As infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) são um problema de saúde pública e estão entre as enfermidades transmissíveis mais comuns, afetando a saúde e a vida das pessoas em todo o mundo, podendo afetar pessoas de qualquer idade. A sífilis congênita é resultado de umas dessas infecções. Segundo estudos, estima-se que cerca de 1,8 milhão de mulheres grávidas em todo o mundo estejam infectadas com sífilis. Segundo dados epidemiológicos, a taxa de incidência no Brasil chegou a 3,3 casos por 1.000 nascidos vivos em 2011, e a taxa de morbidade foi maior nas regiões Nordeste e Sudeste do que nas demais regiões. Além disso, há um grande número de casos não notificados (Da Silva et al., 2021).

Esta pesquisa tem como objetivo a realização de um estudo sobre as complicações precoces da Sífilis Congênita, destacando para a sociedade como são severas as consequências que podem ocorrer ao bebê cuja mãe não é tratada. Por isso, é de extrema importância que as gestantes prestem maior atenção a este problema, realizando testes no pré-natal, e quando positivo, procurando tratamento, o que pode evitar o óbito do feto e outras complicações graves.

Visto isso, a preocupação da presente revisão é investigar Qual o papel do enfermeiro na prevenção e tratamento da Sífilis Congênita Precoce ?

A sífilis congênita é uma infecção causada por bactérias que se transmitem ao feto durante a gestação. As suas manifestações podem ser classificadas em duas categorias: precoce e tardia. A fase precoce compreende as manifestações que ocorrem até o 2° ano de vida, ocasionando diversas complicações graves, dentre os riscos que podem ocorrer, destacam-se anemia grave, baixo peso ao nascer, nascimento prematuro, problemas respiratórios/pneumonia, entre outros.

Tendo em vista que a sífilis pode ser curada, entretanto, algumas mulheres grávidas não seguem o tratamento ou o seguem de maneira inadequada, acarretando em riscos para a saúde do feto, tais como a sífilis adquirida verticalmente durante a gravidez ou até mesmo no decorrer do parto. Esse estudo é crucial para ser discutido porque a falta de tratamento na mãe com a infecção bacteriana causa complicações preocupantes no feto.Os problemas relacionados as complicações da sífilis congênita vão desde a um Rn prematuro, com baixo peso, anemia, rinite até uma convulsão no mesmo. O objetivo desta pesquisa é ilustrar os efeitos e problemas que os bebês podem enfrentar quando são infectados pela IST durante a gravidez. Também visa conscientizar as mães e gestantes sobre a importância de detectar a patologia o quanto antes possível para receber tratamento imediatamente e evitar complicações para o bebê.

Este estudo tem o objetivo de fornecer conhecimento tanto à comunidade científica quanto à sociedade. Isto possibilitará à comunidade acadêmica melhores condições para realizar pesquisas sobre o tema e adquirir informações, além de alertar a população sobre os riscos da doença durante a gestação, incentivando a realização de consultas pré-natais e prevenindo a transmissão da sífilis para o bebê.

Assim o trabalho se divide em introdução, que resume de forma considerável o trabalho, porém apresenta todos pontos em específico, logo após se apresenta os objetivos, que os escopos basilares do presente estudo, mais adiante dispõe-se o referencial teórico que apresenta de forma mais aprofundada a temática, para posteriormente se mostrar a metodologia utilizada no presente estudo, assim encaminhou-se para resultados e discussões, chegando-se ás considerações finais e por fim ás referências.

2. OBJETIVOS

2. 1 Objetivo Geral

Identificar as condutas do enfermeiro na prevenção e assistência ao paciente acometido por Sífilis Congênita.

2.2 Objetivos específicos

Analisar os fatores de ocorrência da Sífilis Congênita;

Detectar as consequências causadas pela sífilis congênita precoce;

Verificar a atuação do enfermeiro diante dessa problemática.

3.REFERENCIAL TEÓRICO 

3.1 SÍFILIS CONGÊNITA E SEUS FATORES

Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível de grande destaque, sendo crônica e passível de cura, adquirida principalmente por meio de atividade sexual, mas também pode ser transmitida de mãe para filho, sendo causada por uma bactéria conhecida como treponema pallidum. É uma enfermidade venérea que causa alta mortalidade neonatal devido a falta ou ausência de tratamento adequado e oportuno. Essa IST pode apresentar diferentes manifestações clínicas em diferentes estágios. Os estágios conhecidos são primário, secundário, terciário e latente. O contágio é mais provável de ocorrer durante os estágios primário e secundário da infecção. A infecção pode ocorrer ao fazer sexo sem preservativo com uma pessoa infectada (sexo desprotegido) ou quando uma mãe infectada passa a infecção para seu filho durante a gravidez ou parto. Existem três classificações possíveis de notificações de casos de sífilis: Adquirida (homens e mulheres); em gestante; e congênita (em que ocasião o RN nasce com sífilis) (Valentim et al., 2023).

A sífilis congênita é a contaminação do feto pelo treponema pallidum, que se encontra na circulação da gestante e consegue ultrapassar a barreira placentária para chegar ao sangue do feto. Essa transmissão pode acontecer em qualquer fase da gravidez ou etapa da doença em gestantes não tratadas ou tratadas de maneira inadequada (RIBEIRO et al., 2021).

A patologia se divide em dois estágios: precoce, diagnosticada até dois anos de vida e tardia, diagnosticada após os dois anos de idade, podendo resultar em graves complicações em ambas as fases se não for devidamente tratada. Ela continua sendo responsável por complicações e óbitos perinatais. A falta de tratamento da infecção na mãe pode resultar em consequências negativas durante a gestação. É uma das infecções sexualmente transmissíveis cujo diagnóstico pode ser constatado durante o período pré-natal, caso seja realizado de forma apropriada, e a melhor maneira de prevenção é através da identificação precoce. A doença apresenta altas taxas de morbimortalidade, resultando em consequências graves para a gestação e para o recém-nascido. Em muitos casos, a doença leva ao parto prematuro, óbito fetal e neonatal, além de afetar o sistema nervoso central e outros órgãos, como os olhos, rins e pulmões (Melz; Souza, 2022).

Imagem 01- Sinais e Sintomas da Sífilis

Fonte: Campos e Campos, 2021.

No surgimento da doença alguns descreveram a mesma em detalhes não muito agradáveis ​​como feridas semelhantes a furúnculos que emergiram como bolotas verde-escuras, acompanhadas por um fedor terrível e cefaleias tão grave que era como se o paciente tivesse sido colocado no fogo. A história da sífilis está estreitamente relacionada com a história da civilização moderna e é caracterizada por controvérsias que persistem há mais de meio século. A hipótese do Novo Mundo sustenta que a enfermidade era endêmica nas Américas e foi introduzida na Europa pelos navegadores de Colombo. Por outro lado, a hipótese do Velho Mundo se sustenta na teoria de que a treponematose já existia em países europeus e era causada por um único microrganismo, o qual sofreu modificações ao longo dos anos, adquirindo propriedades que aumentaram sua virulência, permitiram a transmissão sexual e ocasionaram epidemias (De Arruda; Ramos, 2020).

A sífilis teve sua causa identificada em 1905 por Schaudinn e Hoffmann, que a denominaram Spirochoeta pallida devido à sua aparência “pálida” quando observada ao microscópio. No entanto, ainda no mesmo ano, seu nome foi alterado para Treponema pallidum, o qual é utilizado até os dias de hoje (Sales, 2021)

3.2 AS CONSEQUENCIAS E COMPLICAÇÕES DA SÍFILIS CONGÊNITA PRECOCE.

A doença conhecida como sífilis se manifesta em três formas: adquirida, gestacional e congênita. A forma congênita é obrigatoriamente notificada em todo o país desde a publicação da Portaria nº 542/1986 em 22 de dezembro. Já a sífilis em gestantes é notificada através da Portaria nº 33 de 14 de julho de 2005 e a sífilis adquirida por meio da Portaria nº 2.472, de 31 de agosto de 2010. A Sífilis pode se subdividir em sífilis e sífilis congênita precoce, conforme destaca Sales (2021).

No caso em que a mulher contrai a treponematose durante a gestação, é possível que os recém-nascidos apresentem infecção, tanto assintomática quanto sintomática. Mais da metade dos pequenos infectados não apresentam sintomas ao nascer, sendo que os primeiros sinais costumam aparecer nos primeiros 90 dias de vida. Todo indivíduo nascido vivo, natimorto ou aborto cuja mãe se mostre com manifestações clínicas ou sorológicas da sífilis e não tenha recebido tratamento adequado ou oportuno é classificado como portador da sífilis congênita. São considerados casos da doença diagnosticados nos primeiros 12 meses de vida. Entre os indicadores mais frequentes da enfermidade na fase precoce, destacam-se: inchaço fetal, feridas em mucosas: inflamação nasal com sangue, bloqueio nasal, abertura orificial; feridas na pele: fendas na região do nariz e boca, verrugas achatadas; lesões ósseas: inflamação ou degeneração óssea, inflamação do periósteo e da metáfise caracterizada pelo sinal de Weimberg, essas se manifestam por choro ao manusear e imitação de paralisia de Parrot; aumento do fígado e do baço, icterícia e anemia grave. A inflamação da retina apresenta-se com aparência de sal e pimenta (Sales, 2021).

Figura 02- Sífilis e Sífilis Congênita Precoce

Fonte: Sales, 2021.

Os embriões de mulheres grávidas com a patologia não tratada podem apresentar sintomas clínicos antecipados e tardios. A sífilis congênita antecipada aparece até o segundo ano de vida e pode evoluir com fígado aumentado, lesões na pele, dificuldade respiratória, icterícia e anemia. Enquanto a sífilis congênita tardia aparece após o segundo ano de vida, apresentando um nariz com ponte plana, dentes incisivos superiores centrais deformados, mandíbula curta, arco palatino elevado, surdez neurológica e dificuldades de aprendizagem (Campos; Campos, 2020).

Durante o processo da patologia na fase precoce, é possível que ocorram mudanças inflamatórias em qualquer órgão do corpo devido à disseminação generalizada da espiroquetemia. No que diz respeito às ocorrências mais sérias (sífilis congênita avançada), os principais sinais clínicos observados são: coloração amarelada, falta de sangue e danos à pele e às mucosas que tendem a aparecer nos primeiros dias de existência do feto (Melz; Souza, 2022).

3.2.1 Incidência de sífilis congênita.

No território brasileiro, no ano de 2020, a proporção de falecimentos decorrentes de sífilis congênita foi de 6,5 a cada 100.000 recém-nascidos vivos, totalizando 186 óbitos, o que se intensificou na última década. A taxa de mortalidade infantil por sífilis evoluiu de 3,5 a cada 100.000 nascidos vivos em 2010 para 6,4 a cada 100.000 nascidos vivos em 2020. É notório que a maioria dos casos de sífilis acontece em idades em que as pessoas estão sexualmente ativas, especialmente entre aqueles que não se preocupam em usar preservativos durante as relações sexuais. Isso aumenta os índices de contágio por IST, sendo a sífilis uma das mais destacadas (Sales, 2021).

Dentre as regiões brasileiras, com taxas elevadas de detecção da sífilis congênita, a região Sudeste se sobressai com 44,6/1.000 nascidos vivos, seguida pelas regiões Nordeste 26,3/1.000, Sul 13,7/1.000, Norte 9,2/1.000 e Centro-Oeste 6,1/1.000 nascidos vivos. Em relação aos registros de mortes, a região Sudeste também se destaca com 79/173 óbitos (Melz; Souza, 2022).

A maioria das mulheres grávidas diagnosticadas com sífilis está na faixa etária de 20 a 29 anos (58,1%). É importante destacar também as jovens adolescentes (com idade entre 10 e 19 anos), que representam 22,3% dos casos em 2021. A maior incidência de casos entre as mulheres de 20 a 29 anos é justificada, pois esta é a faixa etária que está na fase reprodutiva, acontecendo um maior número de gestações nesse período. As gestantes são uma das populações mais afetadas pela doença, uma vez que, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre os anos de 2005 e 2020, foram registrados cerca de 384.411 casos de sífilis gestacional. A sífilis durante a gestação pode trazer como consequência para o feto a Sífilis Congênita. Segundo os dados do SINAN de 1998 a 2020, foram notificadas 236.355 ocorrências de sífilis congênita (Neto, 2021).

De acordo com Boianovsky (2022, p. 4): A vigilância epidemiológica da sífilis congênita no Brasil, foi implementada objetivando  controlar  esses agravos à saúde e realizar o mapeamento da incidência da doença a fim de auxiliar no planejamento de ações programáticas  de  prevenção  e  assistência. A sífilis na gestação entrou  para  os  agravos  de  notificação compulsória por meio da portaria nº 33 de 14 de julho de 2005 e vem sendo monitorada desde então.

A enfermidade pode ser identificada como precoce ou tardia, conforme a idade ao diagnóstico: antes ou depois dos dois primeiros anos de vida. É essencial garantir o seguimento de todas as crianças expostas à sífilis, excluída ou confirmada a doença em uma avaliação inicial, na perspectiva de que elas podem desenvolver sinais e sintomas tardios, independentemente da primeira avaliação e/ou tratamento na maternidade (Hennigen et al., 2020).

Figura 03- Sífilis Congênita precoce

Fonte: Afonso e Mendonça, 2019

A maior parte dos recém-nascidos que têm Sífilis Congênita exibe prematuridade e baixo peso ao nascer, requerendo uma permanência mais prolongada em Unidades de Terapia Intensiva. Os serviços fornecidos a recém-nascidos com sífilis geram despesas três vezes maiores do que os cuidados dispensados a um bebê sem essa infecção. No Brasil, 75% das mães com casos notificados de SC em 2013 receberam assistência pré-natal, e 59% destas foram diagnosticadas com sífilis durante a gravidez. Além disso, em 84% das mães com sífilis na gravidez, o tratamento foi inadequado ou inexistente, e apenas 18% dos parceiros maternos receberam tratamento. Em 2018, 81,8% das mães de crianças com SC fizeram pré-natal. Mesmo o acesso precoce ao diagnóstico não é suficiente para reduzir a SC sem uma rede de atenção estruturada. (Rodrigues et al., 2022).

Os equívocos na prestação de cuidados pré-natais, a identificação tardia do diagnóstico ou um tratamento inapropriado, a diminuição do uso de preservativos masculinos e femininos são elementos significativos e justificam a razão pela qual ainda há um considerável número de ocorrências de sífilis congênita. É importante ressaltar que as medidas preventivas da enfermidade são simples e de baixo custo, ao passo que a tratamento de uma criança com sífilis congênita é bastante prolongada e dispendiosa (Hennigen et al., 2020).

Figura 04- Sífilis Congênita Tardia

Fonte: Afonso e Mendonça, 2019

Embora a notificação compulsória da sífilis congênita e gestacional no Brasil tenha sido estabelecida em 1986 e 2005, respectivamente, apenas 32% dos casos de sífilis na gestante e 17,4% de sífilis congênita são oficialmente registrados. Portanto, um número reduzido de casos de sífilis congênita não significa necessariamente que a transmissão vertical esteja sendo controlada, uma vez que pode haver ocorrência de casos não notificados. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 1% das mulheres grávidas estão contaminadas e aproximadamente 350.000 casos resultam em problemas fetais relacionados à enfermidade. No Brasil, há um aumento anual na quantidade de ocorrências relatadas de sífilis em mulheres grávidas. Essa doença afeta um milhão de gestantes em todo o mundo a cada ano, resultando em aproximadamente 500 mil óbitos de fetos e recém-nascidos. Além disso, mais de 200 mil crianças correm o risco de morte prematura anualmente (Afonso; Mendonça, 2019).

3.3 O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE AS COMPLICAÇÕES DA SÍFILIS CONGÊNITA

A enfermagem tem se desenvolvido gradualmente ao longo dos anos na história da saúde mundial. Desde a época da atuação de Florence Nightingale com seus estudos e implicações, os enfermeiros têm buscado o desenvolvimento de suas atividades de maneira que a sociedade seja assistida em sua totalidade, seguindo princípios de que a essência e especificidade do enfermeiro é o cuidado do ser humano em todas as suas dimensões, individual ou coletivamente, de forma integral e holística, além dele ser formado para atuar nos diferentes campos sociais, que seriam: na atenção, na gestão, no ensino, na pesquisa, no controle social, bem como no fomento de ações educativas e de promoção da saúde dos indivíduos, famílias e comunidades (Oliveira, 2020).

O enfermeiro é tem fundamental participação  em todo  acompanhamento  do  pré-natal  com  a  paciente  onde  deve  ser realizado o teste rápido para sífilis ou o encaminhamento para o exame laboratorial , desta forma  ao  obter  resultado  positivo  para  sífilis  todo  o  atendimento  deve  ser  integral, humanizado  e  respeitado.  O  profissional  a  partir  desse  momento  assume  o  papel  de acolhedor  e  de  encoraja-la  a  adesão  ao  tratamento  e  de  conscientização  sobre  toda  uma mudança com ações preventivas que resultem na diminuição de agravos para o bebê (Sales et al., 2022).

No  contexto  da  Atenção  Primária  à  Saúde,  o  enfermeiro  desempenha  um papel  central  na  detecção  precoce,  tratamento  eficaz  e  prevenção  da  sífilis congênita. Sua presença próxima às gestantes oferece uma oportunidade única para a  identificação  de  casos,  aconselhamento  adequado  e  encaminhamento  oportuno para garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê Além  disso,  desafios  enfrentados  na  Atenção  Primária  faz  com  que  o  enfermeiro possa desempenhar um papel fundamental na redução da incidência e no cuidado adequado às gestantes e recém-nascidos afetados pela sífilis congênita. Na Atenção Primária, o enfrentamento da sífilis congênita apresenta diversos desafios, desde a identificação precoce da doença até o seguimento adequado do tratamento tanto da gestante quanto do recém-nascido (Carozo; Silva e Soares, 2024).

A prevenção, tratamento adequado e controle da sífilis são possíveis, para isso torna-se essencial a avaliação da qualidade da assistência pré-natal que vem sendo prestada nas unidades de saúde. Um estudo de revisão bibliográfica constatou falha no atendimento pré-natal e dificuldade de acesso a ele. Além do tratamento inadequado, inclui o déficit de informações sobre as consequências da sífilis para o concepto e medidas profiláticas da sífilis congênita (Santos, 2021).

O  déficit  de  conhecimento  acerca  da sífilis e da prevenção de sífilis gestacional, acarreta em um conhecimento insuficiente que revela  falhas  nas  orientações  dos  profissionais  de  saúde  prestadas  a  essas  gestantes.  É importante salientar, então, sobre a importância das ações de educação em saúde colocando a  frente  o  enfermeiro  como  agente  promotor.  Essas  ações  podem  ser  realizadas  durante  a consulta ou na sala de espera (Sales et al., 2022).

Os profissionais da área de saúde têm o importante papel de produzir informações, esclarecer e incentivar as famílias e os pacientes, sobre os tratamentos e prevenção das DSTs. É preciso ressaltar que os custos e benefícios da prevenção da sífilis, baseados na atenção primária. O enfermeiro é corresponsável pelo desenvolvimento de ações dirigidas a assistência pré-natal, parto e puerpério a pratica assistencial do enfermeiro é respaldada pela lei do exercício profissional nº 7498/86 e confirmado pela resolução do COREN, 271/2002; contudo o enfermeiro tem procurado a fundamentação cientifica e a pratica do cuidar da mulher grávida e criança com anomalia congênita, mas existem lacunas no direito e no conhecimento em relação as propostas da intervenção da enfermagem em criança com sífilis congênita (Bezerra e Icossobock, 2020).

Beck  e   Souza   (2018),   corroboram   com   a   narrativa   que  permeia   por   medidas preventivas  de  educação  em  saúde  onde  este  artigo  conversa  com  os  artigos  citados. Complementa com a necessidade de capacitação dos enfermeiros que desconhecem alguns documentos  de  notificação  do  agravo  e  relatam  dificuldade  no  manejo  da  sífilis clínica. Haja  vista, que o enfermeiro é a figura  mais importante na condução e acompanhamento desta  mulher  que  a  partir  de  ações  corretas,  assistência  humanizada  e  de  qualidade  irá interferir precisamente no controle da sífilis congênita.A  fim  de  reforçara  importância  de  ações  educativas  em  saúde,  vale  salientar  que muitos   enfermeiros   não   possuem   conhecimento   profundo   acerca   do   exame   VDRL, prevenção  no  pré-natal  e  o  controle  da  Sífilis  na  gestante,  gerando  um  grande  déficit  de eficácia na evolução da gestação desta mulher podendo acarretar em problemas para o feto (Sales et al., 2022)

O enfermeiro está inserido  exercendo  sua  função  nata  de educador, oferecendo orientações pertinentes   e   precisas   à   clientela   atendida.  Além  disso,  este  profissional deve participar da elaboração das estratégias  que  alcancem  a  diminuição dos índices e prevalência da sífilis congênita (Cristiane et al., 2020)

Dentre as mais variadas formas de atuação da enfermagem, a importância desses profissionais na atual situação mundial vem se mostrando cada vez maior. O corpo de enfermagem se caracteriza como um grupo forte que tem crescido no presente cenário e realizado ações de extrema sensibilidade humana além dos eventuais procedimentos técnicos. Há a defesa pelo entendimento de que a qualidade da assistência de enfermagem está fundamentada no ato de cuidar se adequando às necessidades do cliente e se aplicando às peculiaridades e singularidades dos indivíduos (Oliveira, 2020).

Os profissionais enfermeiros atuam em diversas frentes quando se trata do controle da sífilis congênita. As atividades educacionais incluem palestras para gestantes. Visitas domiciliares para educação das futuras mães, acompanhamento contínuo e rigoroso das gestantes com teste rápido (TR) periódico e tratamento garantido para os casos positivos de sífilis de acordo com as normas do Ministério da Saúde (MS) (Gonçalves, 2023)

Diante dos diversos campos no qual o enfermeiro está profissionalmente inserido, podemos identificar várias competências de aspectos educativo, assistencial, administrativo e político, para a existência de compartilhamento de conhecimento que o enfermeiro tem sobre a gestão em saúde, processos de atividades visando a coletividade, dos serviços assistenciais, das representações sociais e da avaliação dos resultados obtidos (Oliveira, 2020).

As ações educacionais dos profissionais de enfermagem estão intimamente relacionadas à prevenção e tratamento da sífilis congênita, a otimização da detecção precoce da sífilis 10 durante a gravidez resultando em redução da transmissão de mãe para filho e menor mortalidade infantil por sífilis entre 2014 e 2015. A melhor forma de combater a sífilis é por meio da prevenção e de campanhas específicas. Certos fatores como baixa renda, nível de escolaridade e estado civil, como união estável ou coabitação, são fatores sociodemográficos a serem considerados. Confirmando esses fatos, outros pontos podem ser citados, como vida sexual cada vez mais precoce, diversidade de parceiros sexuais, uso de drogas e sexo desprotegido, a contribuição da enfermagem na realização de testes rápidos de sífilis durante o pré-natal e a identificação precoce de casos positivos para diagnosticar e tratar a sífilis gestacional / congênita. Além disso, durante a consulta de pré-natal, é o momento do profissional informar à mãe companheira e demais familiares a importância dos cuidados com a sorologia sifilítica positiva e o tratamento e acompanhamento adequados (Gonçalves, 2023).

4. METODOLOGIA

4.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa trata-se de uma revisão sistemática, trazendo a união e análise de publicações de artigos publicados entre 2019 e 2024, com temática apresentada. A revisão sistemática que tem por objetivo fornecer informações abrangentes sobre o evento estudado, podendo influenciar na tomada de decisão e na melhoria da prática clínica, além de apontar lacunas no conhecimento. O método é confiável e facilita a utilização do conhecimento científico já que condensa os resultados de várias pesquisas, tornando-os mais acessíveis ao leitor (Mendes; Silveira; Galvão, 2008 p.98).

4.2 SELEÇÃO DOS ESTUDOS

A busca teve sua seleção de estudos conduzida nos bancos de dados Pubmed e Scielo. Sendo utilizado para a busca a união de termos definidos e aplicados uniformemente: ‘‘Sífilis e Sífilis Congênita Precoce’’ ‘‘Profissionais de enfermagem e Estratégias’’ ou ‘‘Cuidados e Profissionais de Enfermagem’’ utilizando OU e AND. Com referências na época de 2019 a 2024 com descritores ‘‘Sífilis Congênita Precoce’’; ‘‘Profissionais de enfermagem’’; ‘’Cuidados’’.

Figura 5: Metodologia da seleção de material.

Fonte: (Próprio autor, 2024)

Figura 6: Distribuição do material selecionado e da base de dados dos artigos.

Fonte: (Próprio autor, 2024)

4.3 COLETA DE DADOS

Para elegibilidade analisou-se estudos e excluíram aqueles que estavam fora do objetivo e duplicados. Os que foram avaliados e considerados elegíveis, foram selecionados e comparados com à questão de pesquisa principal, foram separados sempre respeitando os critérios, de inclusão e exclusão.

Critérios de Inclusão: CI1-Foram utilizados artigos nos idiomas inglês, português que irão abordar a temática, os que melhores se enquadrarem na pesquisa.

Critérios de Exclusão: CE1-Trabalhos duplicados, CE2-Revisões que irão antemão à temática, relatos que fujam do tema.

Seleção Final: as leituras relevantes para a pesquisa foram separadas, e tal estudo se tornou apto para a seleção, os demais foram descartado. Diante disso, no mapeamento, buscou analisar de forma mais apurada os estudos, para realização da presente revisão sistemática.

4.4 ANÁLISE DOS ESTUDOS

A extração dos dados quantitativos foi realizada para se chegar a um conjunto de artigos aceitos, onde se coletou e analisou dados para responder às questões de pesquisa. A descrição do objetivo da pesquisa se encontra descrita da seguinte forma, o Propósito: Compreender; Descrever; Explicar. Em Relação: Identificar os desafios dos profissionais na saúde. Sob o ponto de vista: De autores e pesquisadores.

4.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Encontrou-se 2.348 artigos, nas bases de dados supracitadas, posteriormente separou-se 08 que foram os mais aptos ao estudo, estudos estes em idiomas português e inglês, para contextualizar o tema com artigos científicos, documentos e capítulos, voltados para o tema trabalhado. 

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram encontrados 2.348 estudos no total geral nas bases de dados supracitadas anteriormente, após rigorosos critérios de exigibilidade, apenas 08 que tiveram compatibilidade com o tema, foram escolhidos que foram revisados ​​por pares, para os desfechos, organizou em subgrupos por tempo e por tipo de realização buscando assim uma alta qualidade de evidência, esta seleção pode ser observada no Quadros que seguem.

QUADRO 1 – DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS INCLUÍDOS NA REVISÃO SISTEMÁTICA, SEGUNDO AUTOR (ES), TÍTULO E ANO DE PUBLICAÇÃO.

ANOTÍTULOAUTORLOCAL/PAÍS
2020Sífilis Congênita: Um Levantamento Das Produções Científicas De EnfermagemOliveiraPubmed
2022Assistência De Enfermagem Na Prevenção De Sífilis Congênita: Uma Revisão IntegrativaSales et al.,Scielo
2024O manejo do enfermeiro no diagnóstico tardio de sífilis em gestantes.Carozo; Silva e SoaresPubmed
2021Sífilis Congênita: Dos Aspectos Epidemiológicos Aos Cuidados Da EnfermagemSantosPubmed
  2020  SÍFILIS CONGÊNITA: Revisão integrativa da literaturaBezerra e IcossobockPubmed
  2019  Práticas de enfermagem acerca do controle da sífilis congênita.   Beck e SousaScielo
  2020  Puérperas de sí­filis congênita de uma maternidade de Cabo Frio-RJ: levantamento do perfil epidemiológico.  Cristiane et al.,Scielo
  2023                                                                                     Assistência do enfermeiro no manejo da sífilis congênita: Uma revisão integrativa.  Gonçalves  Scielo  

Fonte: (Próprio autor, 2024).

5.1 A SÍFILIS CONGÊNITA

A  sífilis  é  uma  infecção  sexualmente  transmissível  (IST)que  pode  ser  facilmente controlada,  levando-se  em  consideração  a  existência  de  testes  diagnósticos  sensíveis, tratamento  eficaz  e  de  baixo  custo.Entretanto,  muitos  desafios  perduram evidenciando fragilidades na dinâmica operacional dos serviços de saúde, evidenciando a baixa qualidade da assistência; por isso ações preventivas são a porta de entrada para se obter o controle da doença. (RODRIGUES et al., 2016).

A sífilis congênita é a contaminação do feto pelo treponema pallidum, que se encontra na circulação da gestante e consegue ultrapassar a barreira placentária para chegar ao sangue do feto. Essa transmissão pode acontecer em qualquer fase da gravidez ou etapa da doença em gestantes não tratadas ou tratadas de maneira inadequada (RIBEIRO et al., 2021).

A patologia se divide em dois estágios: precoce, diagnosticada até dois anos de vida e tardia, diagnosticada após os dois anos de idade, podendo resultar em graves complicações em ambas as fases se não for devidamente tratada. Ela continua sendo responsável por complicações e óbitos perinatais. A falta de tratamento da infecção na mãe pode resultar em consequências negativas durante a gestação. É uma das infecções sexualmente transmissíveis cujo diagnóstico pode ser constatado durante o período pré-natal, caso seja realizado de forma apropriada, e a melhor maneira de prevenção é através da identificação precoce. A doença apresenta altas taxas de morbimortalidade, resultando em consequências graves para a gestação e para o recém-nascido. Em muitos casos, a doença leva ao parto prematuro, óbito fetal e neonatal, além de afetar o sistema nervoso central e outros órgãos, como os olhos, rins e pulmões (Melz; Souza, 2022).

A origem da sífilis é controversa. A primeira teoria sustenta que a doença era endêmica na América e que teria sido levada para a Europa pelos marinheiros de Cristóvão Colombo. A segunda teoria, a do Velho Mundo, defende que as treponematoses já existiam em território europeu e adquiriram um aumento e diferenciação permitindo a transmissão sexual que virou numa epidemia (Bezerra e Icossobock, 2020).

A OMS estima que a ocorrência de sífilis complique um milhão de gestações por ano em todo o mundo levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças. No Brasil, nos últimos cinco anos, foi observado um aumento constante no número de casos de sífilis em gestantes, sífilis congênita e sífilis adquirida. Esse aumento pode ser atribuído, em parte, à elevação nos números de testagem, decorrente da disseminação dos testes rápidos, mas também à diminuição do uso de preservativos, à redução na administração da penicilina na Atenção Básica e ao desabastecimento mundial de penicilina, entre outros (Santos, 2021)

A  sífilis  é  considerada  atualmente  uma  das  doenças  infecciosas  transmissíveis  com exacerbação de casos, no qual o seu agente causador é a bactéria Treponema Pallidum que se  apresenta na  sua forma aguda, podendo evoluir para crônica e congênita. Sendo assim, mulheres grávidas diagnosticadas com sífilis devem ser encaminhadas ao pré-natal de alto risco. (SILVA; COSTA, 2020).

A maior parte dos recém-nascidos que têm Sífilis Congênita exibe prematuridade e baixo peso ao nascer, requerendo uma permanência mais prolongada em Unidades de Terapia Intensiva. Os serviços fornecidos a recém-nascidos com sífilis geram despesas três vezes maiores do que os cuidados dispensados a um bebê sem essa infecção. No Brasil, 75% das mães com casos notificados de SC em 2013 receberam assistência pré-natal, e 59% destas foram diagnosticadas com sífilis durante a gravidez. Além disso, em 84% das mães com sífilis na gravidez, o tratamento foi inadequado ou inexistente, e apenas 18% dos parceiros maternos receberam tratamento. Em 2018, 81,8% das mães de crianças com SC fizeram pré-natal. Mesmo o acesso precoce ao diagnóstico não é suficiente para reduzir a SC sem uma rede de atenção estruturada. (Rodrigues et al., 2022).

Os equívocos na prestação de cuidados pré-natais, a identificação tardia do diagnóstico ou um tratamento inapropriado, a diminuição do uso de preservativos masculinos e femininos são elementos significativos e justificam a razão pela qual ainda há um considerável número de ocorrências de sífilis congênita. É importante ressaltar que as medidas preventivas da enfermidade são simples e de baixo custo, ao passo que a tratamento de uma criança com sífilis congênita é bastante prolongada e dispendiosa (Hennigen et al., 2020).

A sífilis congênita (SC) é o resultado da transmissão da espiroqueta do Treponema pallidum da corrente sanguínea da gestante infectada para o concepto por via transplacentária ou, ocasionalmente, por contato direto com a lesão no momento do parto (transmissão vertical). A maioria dos casos acontece porque a mãe não foi testada para sífilis durante o pré-natal ou porque recebeu tratamento não adequado para sífilis antes ou durante a gestação. O que está de acordo com os fatos, já que 66,6% dos prontuários revelam um tratamento inadequado da sífilis durante o pré-natal, 16,7% relatam que a mãe não realizou o pré-natal portanto não fez nenhum teste, muitas vezes desconhecendo a infecção e 16,7% não informaram a respeito do tratamento durante a gestação (Santos, 2021).

O principal responsável pela alta incidência de sífilis congênita em todo o mundo é a assistência  do  pré-natal  inadequada.  Atrelada  a  outros  fatores  cruciais  como:  pobreza, infecção  pelo  HIV,  abuso  de  drogas  e  subutilização  do  sistema  de  saúde.  Existem determinantes  de  risco  que  incluem  gestantes  adolescentes,  raça/cor  não  branca,  baixa escolaridade, história de doenças sexualmente transmissíveis (DST), história de sífilis em gestações anteriores, múltiplos parceiros e baixa renda (Sales et al., 2022)

A melhor forma de combater a sífilis é por meio da prevenção e de campanhas específicas. Certos fatores como baixa renda, nível de escolaridade e estado civil, como união estável ou coabitação, são fatores sociodemográficos a serem considerados. Confirmando esses fatos, outros pontos podem ser citados, como vida sexual cada vez mais precoce, diversidade de parceiros sexuais, uso de drogas e sexo desprotegido (Gonçalves, 2023).

5.2 O AUMENTO SIGNIFICATIVO DOS CASOS DE SÍFILIS CONGENITA

A sífilis congênita é totalmente reversível desde que a mesma efetue o tratamento o quanto  antes  e  de  forma  coerente,  ressaltando  a  extrema  importância  do    parceiro    na adesão  ao  tratamento  de  forma  que  a  infecção  não  seja  reincidente  e  a  gestante  receba  o apoio  do  seu  parceiro.  Deve-se  realizar  triagem  sorológica  para  a  eficácia  do  tratamento que é de baixo custo e acesso, amaioria  destas  não realizam o tratamento ou são tratadas indevidamente (Sales et al., 2022)

Os profissionais de enfermagem precisam ensinar e praticar a enfermagem fundamentada na realidade cultural, ambiental e social das mulheres que são infectadas pela sífilis na gravidez para que assim os atendimentos a esse grupo nas redes de serviços de saúde sejam integrais e adequados. O atendimento precoce à gestante gera maior ação dos serviços de saúde acessados para a realização do pré-natal, melhoria nas atividades desenvolvidas pelo enfermeiro para atendimento à gestante no serviço, maior fluxo das gestantes nas redes de serviços e também faz com que a operação do serviço e da rede contribuam em acesso, resolutividade e integralidade (Oliveira, 2020).

O controle da Sífilis Congênita exige maior comprometimento dos profissionais que atuam na atenção primária, pois é nesse nível de atenção que deve ocorrer o pré-natal, oportunidade única para o envio oportuno da solicitação de exame do Laboratório de Pesquisa em Doenças Venéreas (VDRL) e dos primeiros cuidados relacionado à prevenção da transmissão vertical da sífilis. Por outro lado, é fundamental capacitar os profissionais nas questões técnicas do manejo da doença, como a abordagem da gestante com sífilis, respeitando as especificidades e dificuldades encontradas, para a adequada continuidade do tratamento. O enfermeiro é importante por ser um profissional que está diretamente ligado ao atendimento da gestante durante as consultas de pré-natal, período em que, além de receber e até tirar a sorologia VDRL, responsabiliza-se pela educação em saúde de ambas as gestantes, bem como para seus parceiros e trazer informações suficientes sobre gravidez, parto e puerpério (Gonçalves, 2023).

No entanto, os dados e as informações de bancos de dados municipais e nacionais apontam para baixa cobertura e qualificação da assistência pré-natal de baixo e alto risco. Percebe-se, então, o impacto na mortalidade materno-infantil e na quantidade de doenças e agravos prioritários (Oliveira, 2020).

A doença conhecida como sífilis se manifesta em três formas: adquirida, gestacional e congênita. A forma congênita é obrigatoriamente notificada em todo o país desde a publicação da Portaria nº 542/1986 em 22 de dezembro. Já a sífilis em gestantes é notificada através da Portaria nº 33 de 14 de julho de 2005 e a sífilis adquirida por meio da Portaria nº 2.472, de 31 de agosto de 2010. A Sífilis pode se subdividir em sífilis e sífilis congênita precoce, conforme destaca Sales (2021).

No caso em que a mulher contrai a treponematose durante a gestação, é possível que os recém-nascidos apresentem infecção, tanto assintomática quanto sintomática. Mais da metade dos pequenos infectados não apresentam sintomas ao nascer, sendo que os primeiros sinais costumam aparecer nos primeiros 90 dias de vida. Todo indivíduo nascido vivo, natimorto ou aborto cuja mãe se mostre com manifestações clínicas ou sorológicas da sífilis e não tenha recebido tratamento adequado ou oportuno é classificado como portador da sífilis congênita. São considerados casos da doença diagnosticados nos primeiros 12 meses de vida. Entre os indicadores mais frequentes da enfermidade na fase precoce, destacam-se: inchaço fetal, feridas em mucosas: inflamação nasal com sangue, bloqueio nasal, abertura orificial; feridas na pele: fendas na região do nariz e boca, verrugas achatadas; lesões ósseas: inflamação ou degeneração óssea, inflamação do periósteo e da metáfise caracterizada pelo sinal de Weimberg, essas se manifestam por choro ao manusear e imitação de paralisia de Parrot; aumento do fígado e do baço, icterícia e anemia grave. A inflamação da retina apresenta-se com aparência de sal e pimenta (Sales, 2021).

A enfermagem  ao  longo  do  pré-natal  das gestantes  portadoras  de  sífilis  e  a  adesão  das  gestantes  ao  tratamento  prescrito para  a  sífilis.  Assim,  a  intervenção  de  enfermagem  é  essencial  no  cuidado  às gestantes  diagnosticadas  com  sífilis,  sendo  fundamental  para  a  prevenção  da transmissão vertical e a promoção da saúde da mãe e do bebê. Tais intervenção  de  enfermagem,  cita-se  assistência  de  pré-natal  adequada  e precoce, ações constituídas no pré-natal, tanto clinicas como educativas, a fim de identificar, diagnosticar e tratar (Carozo, Silva e Soares, 2024).

Um dos microrganismos mais susceptível à penicilina é o Treponema pallidum, que some das lesões entre doze e dezoito horas após aplicação sistêmica. Dessa forma, a quantidade terapêutica recomendada para a sífilis recente, que é fase primária, secundária e latente que apresenta menos de um ano de evolução é penicilina benzatina 2.400.000UI, intramuscular, dose única. Na sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular, recomenda- se a penicilina benzatina 7.200.000UI, intramuscular, administrada em três doses semanais de 2.400.000UI. Nos casos de alergia é recomendado a substituição da penicilina, na sífilis recente: doxiciclina 100mg VO, 12/12 horas por 15 dias; tetraciclina 500mg VO, 6/6 horas por 15 dias; eritromicina 500mg VO, 6/6 horas por 15 dias; e ceftriaxone 250mg IM/dia por 10 dias. Na sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular: doxiciclina 100mg VO, 12/12 horas por quatro semanas; tetraciclina 500mg VO, 6/6 horas por quatro semanas e, eritromicina 500mg VO, 6/6/horas por quatro semanas. Alguns autores sugerem o uso de azitromicina para o tratamento da sífilis, porém há relatos de falhas terapêuticas (Bezerra e Icossobock, 2020).

As redes de serviço em saúde precisam estar preparadas para realizar de forma integral a cobertura de atenção pré-natal à gestante de baixo e alto risco, para isso são necessários profissionais qualificados, estrutura adequada para atendimento em consultas e para realização de exames, assim como a existência de uma estruturação de um sistema móvel para transporte e realização de modalidade pré e inter-hospitalares (Oliveira, 2020).

5.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENFRENTAMENTO A SÍFILIS CONGÊNITA

A trajetória da história das políticas públicas de saúde no Brasil foi marcada por uma série de lutas que deram origem à reforma do sistema de saúde Brasileiro, essa reforma enfrenta problemas do setor dos quais se destacam a desigualdades no acesso aos serviços de saúde. A portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011, instituiu a rede cegonha no âmbito do sistema único de saúde (SUS), que consiste numa rede de cuidados visando assegurar a mulher e a criança o direito a atenção humanizada durante o pré-natal, parto, puerpério e a atenção infantil em todos os serviços de saúde do SUS objetivando a redução da mortalidade materno infantil, ampliando as práticas de atenção básica de saúde (Bezerra e Icossobock, 2020).

No território brasileiro, no ano de 2020, a proporção de falecimentos decorrentes de sífilis congênita foi de 6,5 a cada 100.000 recém-nascidos vivos, totalizando 186 óbitos, o que se intensificou na última década. A taxa de mortalidade infantil por sífilis evoluiu de 3,5 a cada 100.000 nascidos vivos em 2010 para 6,4 a cada 100.000 nascidos vivos em 2020. É notório que a maioria dos casos de sífilis acontece em idades em que as pessoas estão sexualmente ativas, especialmente entre aqueles que não se preocupam em usar preservativos durante as relações sexuais. Isso aumenta os índices de contágio por IST, sendo a sífilis uma das mais destacadas (Sales, 2021).

Dentre as regiões brasileiras, com taxas elevadas de detecção da sífilis congênita, a região Sudeste se sobressai com 44,6/1.000 nascidos vivos, seguida pelas regiões Nordeste 26,3/1.000, Sul 13,7/1.000, Norte 9,2/1.000 e Centro-Oeste 6,1/1.000 nascidos vivos. Em relação aos registros de mortes, a região Sudeste também se destaca com 79/173 óbitos (Melz; Souza, 2022).

A maioria das mulheres grávidas diagnosticadas com sífilis está na faixa etária de 20 a 29 anos (58,1%). É importante destacar também as jovens adolescentes (com idade entre 10 e 19 anos), que representam 22,3% dos casos em 2021. A maior incidência de casos entre as mulheres de 20 a 29 anos é justificada, pois esta é a faixa etária que está na fase reprodutiva, acontecendo um maior número de gestações nesse período. As gestantes são uma das populações mais afetadas pela doença, uma vez que, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre os anos de 2005 e 2020, foram registrados cerca de 384.411 casos de sífilis gestacional. A sífilis durante a gestação pode trazer como consequência para o feto a Sífilis Congênita. Segundo os dados do SINAN de 1998 a 2020, foram notificadas 236.355 ocorrências de sífilis congênita (Neto, 2021).

Fatores associados   à   prevenção   das  ISTs  devem  ser  foco  no  estabelecimento  de  políticas  de  prevenção.  No  Brasil,  são  inúmeras  as  medidas  nacionais, estaduais e municipais que favorecem a ampliação do acesso uni-versal e gratuito de preservativos, com o intuito de ampliar a prática da relação sexual protegida. Neste universo, deve haver uma ampla acessibilidade aos  serviços  de  saúde  para  diagnóstico  e  tratamento  precoce,  evitando  complicações  decorrentes  desse  tipo  de  infecção.  Além  disso,  a  educação  permanente de profissionais necessita ser largamente propagada, levando-se em consideração as particularidades e as diferentes situações de vulnerabilidade da população (Cristiane et al., 2020)

No entanto, nem todos os profissionais de saúde possui as habilidades para lidar com  as  gestantes  acometidas  com  sífilis  e  outro  fator  que  dificulta  o  sucesso  do tratamento é a falta de adesão tanto da gestante quanto do parceiro e uma forma de minimizar danos futuros são a orientação e acompanhamento pré-natal. Por fim, Guimarães et al (2024), destacam conhecer três principais protocolos que  abordam  a  temática  e  identificar  os  principais  obstáculos  encontrados  para prevenção e tratamento da doença. Assim, cita-se 1) melhor educação e prevenção da  doença,  2)  identificar  as  principais  falhas  no  que  tange  ao  tratamento  dessa doença  e  3)  apontar  a  importância  do  cuidado  do  enfermeiro  ao  longo  desse processo (Carozo, Silva e Soares, 2024).

5.4 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO A SÍFILIS CONGÊNITA

O Ministério da Saúde tem conduzido o processo de implementação da rede cegonha que no seu componente pré-natal visa garantir a oferta do teste rápido para a triagem da sífilis congênita no acolhimento ou na primeira consulta de gestante em todas as unidade básicas de saúde com o monitoramento de atenção pré-natal e puérpera de forma organizada e estruturada, foi disponibilizado pelo Datasus o sistema de informação sobre o programa de humanização no pré-natal e nascimento (SISPRENATAL), de uso obrigatório nas unidades de 15 saúde e que possibilita a avalição de atenção a partir do acompanhamento de cada gestante e com uma notificação de todos os casos de sífilis congênita (Bezerra e Icossobock, 2020).

Há necessidade de capacitação dos profissionais em  especial  os  enfermeiros  para  a  assistência  pré-natal,  em  que  afirmaram  sentir dificuldades no manejo clínico da sífilis, além de desconhecerem alguns documentos necessários   para   a   notificação   do   agravo.   Frente   ao   exposto,   destaca-se   a importância do reconhecimento da sífilis congênita como um importante problema de saúde  pública  por  todas  as  esferas  de  governo,  pelos  profissionais  da  saúde  e  pela população em geral, com o objetivo de pôr em práticas as políticas públicas de saúde voltadas  para  o  seu  controle  e  criar  novas  políticas  mais  eficientes.    A  participação do  profissional  da  saúde  é  primordial,  principalmente  do enfermeiro,  visto  que  a partir de suas ações adequadas baseadas no conhecimento técnico-científico podem interferir diretamente no controle da sífilis congênita, a partir de uma assistência de pré-natal  de  qualidade,  integral  e  humanizada.  Além  disso,  deve-se  destacar  a importância do enfermeiro assumir o seu papel de educador em saúde e sensibilizar a população quanto a relevância do controle dessa doença (Beck e Sousa, 2019).

O enfermeiro está inserido  exercendo  sua  função  nata  de educador, oferecendo orientações pertinentes   e   precisas   à   clientela   atendida.  Além  disso,  este  profissional deve participar da elaboração das estratégias  que  alcancem  a  diminuição dos índices e prevalência da sífilis congênita (Cristiane et al., 2020)

Dentre as mais variadas formas de atuação da enfermagem, a importância desses profissionais na atual situação mundial vem se mostrando cada vez maior. O corpo de enfermagem se caracteriza como um grupo forte que tem crescido no presente cenário e realizado ações de extrema sensibilidade humana além dos eventuais procedimentos técnicos. Há a defesa pelo entendimento de que a qualidade da assistência de enfermagem está fundamentada no ato de cuidar se adequando às necessidades do cliente e se aplicando às peculiaridades e singularidades dos indivíduos (Oliveira, 2020).

Os profissionais enfermeiros atuam em diversas frentes quando se trata do controle da sífilis congênita. As atividades educacionais incluem palestras para gestantes. Visitas domiciliares para educação das futuras mães, acompanhamento contínuo e rigoroso das gestantes com teste rápido (TR) periódico e tratamento garantido para os casos positivos de sífilis de acordo com as normas do Ministério da Saúde (MS) (Gonçalves, 2023).

Os profissionais da área de saúde têm o importante papel de produzir informações, esclarecer e incentivar as famílias e os pacientes, sobre os tratamentos e prevenção das DSTs. É preciso ressaltar que os custos e benefícios da prevenção da sífilis, baseados na atenção primária. O enfermeiro é corresponsável pelo desenvolvimento de ações dirigidas a assistência pré-natal, parto e puerpério a pratica assistencial do enfermeiro é respaldada pela lei do exercício profissional nº 7498/86 e confirmado pela resolução do COREN, 271/2002; contudo o enfermeiro tem procurado a fundamentação cientifica e a pratica do cuidar da mulher grávida e criança com anomalia congênita, mas existem lacunas no direito e no conhecimento em relação as propostas da intervenção da enfermagem em criança com sífilis congênita (Bezerra e Icossobock, 2020).

Beck  e   Souza   (2018),   corroboram   com   a   narrativa   que  permeia   por   medidas preventivas  de  educação  em  saúde  onde  este  artigo  conversa  com  os  artigos  citados. Complementa com a necessidade de capacitação dos enfermeiros que desconhecem alguns documentos  de  notificação  do  agravo  e  relatam  dificuldade  no  manejo  da  sífilis clínica. Haja  vista, que o enfermeiro é a figura  mais importante na condução e acompanhamento desta  mulher  que  a  partir  de  ações  corretas,  assistência  humanizada  e  de  qualidade  irá interferir precisamente no controle da sífilis congênita.A  fim  de  reforçara  importância  de  ações  educativas  em  saúde,  vale  salientar  que muitos   enfermeiros   não   possuem   conhecimento   profundo   acerca   do   exame   VDRL, prevenção  no  pré-natal  e  o  controle  da  Sífilis  na  gestante,  gerando  um  grande  déficit  de eficácia na evolução da gestação desta mulher podendo acarretar em problemas para o feto (Sales et al., 2022)

Diante dos diversos campos no qual o enfermeiro está profissionalmente inserido, podemos identificar várias competências de aspectos educativo, assistencial, administrativo e político, para a existência de compartilhamento de conhecimento que o enfermeiro tem sobre a gestão em saúde, processos de atividades visando a coletividade, dos serviços assistenciais, das representações sociais e da avaliação dos resultados obtidos (Oliveira, 2020).

As ações educacionais dos profissionais de enfermagem estão intimamente relacionadas à prevenção e tratamento da sífilis congênita, a otimização da detecção precoce da sífilis 10 durante a gravidez resultando em redução da transmissão de mãe para filho e menor mortalidade infantil por sífilis entre 2014 e 2015. A melhor forma de combater a sífilis é por meio da prevenção e de campanhas específicas. Certos fatores como baixa renda, nível de escolaridade e estado civil, como união estável ou coabitação, são fatores sociodemográficos a serem considerados. Confirmando esses fatos, outros pontos podem ser citados, como vida sexual cada vez mais precoce, diversidade de parceiros sexuais, uso de drogas e sexo desprotegido, a contribuição da enfermagem na realização de testes rápidos de sífilis durante o pré-natal e a identificação precoce de casos positivos para diagnosticar e tratar a sífilis gestacional / congênita. Além disso, durante a consulta de pré-natal, é o momento do profissional informar à mãe companheira e demais familiares a importância dos cuidados com a sorologia sifilítica positiva e o tratamento e acompanhamento adequados (Gonçalves, 2023).

O enfermeiro representa o vínculo inicial com a gestante, além disso, é o primeiro a solicitar o exame de rotina do pré-natal e a dar as orientações iniciais quanto à sua saúde nesse período. É fundamental desenvolver um bom relacionamento, pois assim fica mais fácil para a gestante reconhecer a importância do seu pré-natal, exames e tratamentos que precisam ser feitos, se necessário. Ao fazer a conexão, o profissional deve conhecer a realidade, as singularidades e o contexto de vida dos usuários, bem como utilizar uma linguagem acessível, deixando de lado discursos verticais e orientações padronizadas que podem dificultar a compreensão de questões importantes para seus cuidados de saúde (Gonçalves, 2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo impulsionou a conclusão de que a sífilis ainda é um grande problema de saúde pública, com a incidência de novos casos, anualmente, diante dessa perspectiva, são necessárias renovações de políticas públicas voltadas á prevenção da transmissão da doença, buscando a a melhorias, na prevenção e na qualidade da assistência no pré-natal, através dela pode-se prevenir a forma congênita da doença. Além disso, ampliar as medidas preventivas para interferir no avanço clínico de gerações posteriores.

O estudo ainda revelou o papel do profissional de enfermagem no controle e prevenção da sífilis congênita, este atuando diretamente na realização e impulsão dos cuidados, bem como as atividades educativas, haja vista os cuidados de enfermagem diante de doenças como a sífilis congênita demandam sensibilidade e comprometimento, sendo considerado um eixo desafiador dos serviços públicos de saúde. E com base na análise nos estudos coletados, pode-se observar que a enfermagem tem um papel fundamental no controle bem como prevenção da Sífilis Congênita, o estudo possibilitou perceber que a assistência, deve ser indispensável, pois a atuação do enfermeiro abrange, a identificação, notificações, que irão nortear os trabalhos dos enfermeiros de acordo com todos os protocolos da vigilância, fazendo o acolhimento adequado, orientando e educando os pacientes, sendo assim um conjunto de ações de caráter clínico e educativo com a finalidade de proporcionar uma assistência integral e de qualidade.

No entanto são necessárias novas pesquisas e estudos a respeito da temática, tendo em vista, o crescente número de casos, porém este estudo traz subsídios para novas pesquisas, e também demonstra a relevância dessa temática, para o público acadêmico e profissional, demonstrando a importância da intervenção da enfermagem, esta como estratégia baseada na prevenção e estabilização da problemática, onde este profissional deve ter uma abordagem mais especializados, cabe enfatizar que os profissionais de enfermagem devem sempre está atentos e especializados para que possam agregar ao exercício do cuidado nesse campo complexo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BEZERRA, Rosana Mendes; ICOSSOBOCK, Maioto Antônio. SÍFILIS CONGÊNITA: Revisão integrativa da literatura. Trabalho de Conclusão de Curso- Enfermagem. Edu (2020).

BOIANOVSKY, C. D. et al. Incidência de Sífilis na Gestante Adolescente Brasileira e seus Desfechos Congênitos: uma revisão bibliográfica. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 20, p. e11416-e11416, 2022. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/medico/article/view/11416/6916. Acesso em: 23 mai. 2023.

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