O PAPEL DO CIRURGIÃO DENTISTA NA ODONTOLOGIA HOSPITALAR COM ÊNFASE NO SUPORTE DE APOIO E ATENDIMENTO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA “UTI”

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7437049


Dionatha Cristian Cordeiro de Araujo¹
Miqueli Patricia Silva Cunha²
Raphaella Barcellos Fernandes³


RESUMO

O estudo apresenta uma revisão da literatura, realizada entre Janeiro a Outubro de 2022, no qual foram pesquisados e selecionados trabalhos científicos publicados principalmente entre 2016 e 2022, nas bases de dados LILACS, SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO sobre Odontologia Hospitalar. O trabalho expõe a atuação dos cirurgiões-dentistas nas organizações hospitalares, baseado na integralidade e na humanização dos cuidados. Evidenciando assim o conjunto de práticas que são preconizadas para a prevenção e o tratamento das diversas enfermidades bucais que acometem os pacientes internados dentro de uma organização hospitalar. Descreve a relação entre saúde bucal e geral, tendo como correlação as alterações patogênicas do biofilme de pacientes internados, que podem dar origem a infecções sistêmicas conhecidas como infecções nasocomiais. O presente trabalho visa estabelecer o papel do cirurgião-dentista no contexto de remover focos infecciosos, em pacientes hospitalizados proporcionando uma melhor qualidade de saúde bucal durante sua internação. Conclui-se que o tratamento odontológico realizado dentro de um hospital é fundamental para a manutenção e melhoria da saúde sistêmica, conforto e qualidade de vida dos pacientes, além dos custos hospitalares.

Palavras-chave: Cirurgião-dentista. Odontologia Hospitalar. Odontologia Intensiva. Equipe Hospitalar de Odontologia. Ética Odontológica.

ABSTRACT

The study presents a literature review, conducted between January and October 2022, in which were searched and selected scientific papers published mainly between 2016 and 2022, in LILACS, SCIELO, GOOGLE ACADEMIC databases about Hospital Dentistry. The work exposes the performance of dental surgeons in hospital organizations, based on integrality and humanization of care. Evidencing the set of practices that are recommended for the prevention and treatment of the several oral diseases that affect the patients admitted to a hospital. It describes the relationship between oral and general health, having as a correlation the pathogenic alterations of the biofilm of hospitalized patients, which can give rise to systemic infections known as nosocomial infections. The present work aims to establish the role of the dental surgeon in the context of removing infectious foci, in hospitalized patients providing a better quality of oral health during their hospitalization. It is concluded that the dental treatment performed in a hospital is essential for the maintenance and improvement of systemic health, comfort and quality of life of patients, besides the hospital costs.

Key words: Dental Surgeon. Hospital Dentistry. IntensiveDentistry. Hospital Dentistry Team. Dental ethics.

INTRODUÇÃO

A Odontologia com passar dos anos, tem se encontrado em uma mudança positiva relativamente quanto a saúde bucal, e com isso a mesma tem como seu objetivo buscar a visão de observar o paciente como um todo, e não com objetivo de se realizar somente a avaliação básica do paciente, como somente olhar a boca e dentes, mais sim o estado geral do paciente e sua condição de saúde em geral. Desta forma é observado que o paciente que se encontra em um ambiente hospitalar pode ter um cuidado defasado e ser colocado em risco devido a inaptidão ou despreparo de alguns profissionais, que ficam sem saber o que se realizar em um atendimento ou situações de urgências em um âmbito hospitalar (ALMEIDA, et al., 2016).

Assim observa-se uma lista dos agravos e complicações sistêmicas à saúde desses pacientes, tendo em vista a sua má higienização bucal, devido a algumas limitações ao qual, os mesmos estão submetidos, necessitando assim de suporte profissional, para realização de sua higienização bucal (SILVA, et al., 2017).

Pode-se dizer que a presença do cirurgião dentista em hospitais é de fato necessária, pois compete ao mesmo a avaliação integral do paciente internado com o intuito da sua melhora (SILVA, et al., 2020).

Segundo Moreira (2022), a odontologia veio se destacando nos últimos tempos como uma das áreas mais importantes dentro do hospital, porém, no Brasil, a profissão de fato considerada como especialidade só foi introduzida no ambiente hospitalar recentemente em meados do ano de 2013 após um projeto de lei, tornado assim obrigatório a presença do cirurgião-dentista dentro do hospital.

Com isto é importante observar que a atuação do cirurgião-dentista no âmbito hospitalar é muito importante principalmente na UTI, pois seu principal objetivo é a busca pela integralidade em relação a terapêutica e promoção da qualidade de vida do paciente assistido, visando assim a diminuição da incidências de pneumonias nosocomial e a pneumonia ventilatória associada a paciente em UTI, que se encontram  entubados (SILVA, et al., 2017).

Sendo assim é importante que o cirurgião dentista seja capacitado para que atue em um ambiente hospitalar, ao qual esse processo de capacitação seja parte de sua formação durante a graduação, conforme resolução CFO162/201518, que já abrange a profissionais já formados. Conforme o Artigo 26 do Código de Ética Odontológico (capítulo x), é de responsabilidade e competência do profissional de odontologia, internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com ou sem caráter filantrópicos, respeitando assim as normas técnico-administrativas da instituição em si (SANTANA, et al., 2021).

Segundo Miranda (2018), no hospital o cirurgião dentista irá então atuar como consultor de saúde e prestador de serviços por meio da execução de atividades e capacitações, ao qual o mesmo será e estará submetido, para garantir a melhora sempre do atendimento, direcionando assim para as referidas necessidades especificas encontrada na organização hospitalar voltada sempre ao paciente.

Desta maneira o presente estudo objetivou conhecer a temática da influência do trabalho do Cirurgião-dentista dentro de uma unidade hospitalar e de seu apoio no atendimento de pacientes internados dentro de uma unidade de terapia intensiva, como um fator de suporte na recuperação desses pacientes, através de pesquisa bibliográfica.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica com abordagem qualitativa e análise sistemática dos periódicos coletados em bases confiáveis como: LILACS, SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO,  

A busca dos periódicos foi feita com bases nos descritores previamente definidos tais como Cirurgião-Dentista, Odontologia Hospitalar, Odontologia Intensiva, Equipe Hospitalar de Odontologia, Ética Odontológica.

Para este trabalho foi realizado uma análise temática, leitura minuciosa do tema, para que os periódicos selecionados atendessem fielmente o objetivo geral e específico desse trabalho.

Os critérios de inclusão para a pesquisa foram Referências Bibliográficas publicadas em periódicos nacionais, que atendessem os descritores, objetivos, dos estudos proposto nesse trabalho e que tenham sido publicados no período de 2016 á 2022. A busca e seleção das referências tiveram início em Janeiro de 2022 prosseguindo até Outubro de 2022, quando foram realizadas as fichas dos periódicos, com o tema, nome dos autores, ano de publicação, resumo da obra e principais ideias para evitar a perda de informações valiosas para este estudo e também preservar os direitos autorais, legais éticos. Para este trabalho foram selecionados 13 referências bibliográficas, sendo 6 usadas para a introdução,1 para a Metodologia e 6 para o desenvolvimento.

As Palavras Chaves utilizadas foram: Cirurgião-dentista, Odontologia Hospitalar, Odontologia Intensiva, Equipe Hospitalar de Odontologia, Ética Odontológica.

DESENVOLVIMENTO

A Odontologia Hospitalar é denominada como um conjunto de praticas voltadas para prevenção de enfermidades em nível hospitalar, cujo o foco é voltado para pacientes críticos hospitalizados (SILVA, 2020). 

Segundo Silva (2020), pode-se observar que a presença do Cirurgião Dentista no contexto nosocomial é muito importante, pois o mesmo trata da doença periodontal, do biofilme bucal, das cáries, das lesões bucais percussoras de infecções sistêmicas, das lesões traumáticas e dentre outras alterações orais que representam riscos aos pacientes hospitalizados.  Para Silva (2020), pode apresentar como principais solicitações médicas na Odontologia Hospitalar, o tratamento da mucosite oral, dor dentaria, lesões fúngicas, virais ou traumáticas.

Conforme Batista (2022), a odontologia hospitalar, trata-se do ato de tratar a saúde bucal em um exercício no âmbito hospitalar junto ao paciente internado. Pois conforme alegações é observado que as modificações bucais e as doenças sistêmicas são retratadas desde 2.100 a.C.

Com o avanço tecnológico e estudos, pode-se observar que o tempo de vida e tratamento de doença antes não tratáveis como HIV e Câncer, tem prolongado a expectativa e longevidade da população, trazendo assim como efeito a melhora na sua qualidade de vida, dobrando assim a expectativa de vida (SANTOS, et al., 2022).

Com isto pode-se afirmar que no Brasil, a atenção odontológica a nível hospitalar era reservada apenas aos atendimentos emergenciais, voltados mais aos traumas da região da face, pelos respectivos cirurgiões bucomaxilofaciais.

Porém com a longevidade da população, houve-se uma mudança no cenário, modificando o perfil epidemiológico das doenças, criando assim uma nova demanda assistencial, sendo necessário o atendimento especifico odontológico hospitalar (SILVA, 2020).

Desta forma pode-se dizer que a atenção a pacientes internados em uma organização hospitalar, depende de uma equipe multiprofissional preparada e qualificada para o atendimento (SANTOS, 2020).

Com isto pode-se observar que o Cirurgião Dentista é um profissional de extrema importância no cuidado odontológico hospitalar, porém é observado o seu importante papel em suporte e apoio na Unidade de terapia intensiva UTI, pois o mesmo é o mais qualificado para desempenhar atividades preventivas e curativas aos pacientes que estão sujeitos á serem acometidos por patologias orais devido sua situação de imunossupressão dentro de uma UTI (BATISTA, 2022).  

De modo geral sabe-se que os gêneros de bactérias de maior prevalência em uma boca saudável são: Streptococcus, Actinomyces, Veillonella, Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella, Treponema, Neisseria, Haemophilis, Lactobacillus, Capnocytophaga, Eikenella, Leptotrichia, Peptostreptococcus, Staphylococcus e Propionibacterium. Gêneros de fungos: Candida, Aspergillus, Fusarium, e Pichia seu antagonista, Aureobasidium, Cladosporium, Saccharomyces e Cryptococcus. Espécies de Arqueas: Methanobrevibacteroralis, Methanobacterium e Methanosarcinamazeii. Protozoários comensais Entamoeba gingivalis, Trichomonas tenaxe e flagelados do gênero Leishmania causador da leishmaniose que pode ser encontrado casualmente atingindo a mucosa oral e provocando lesões (BATISTA, et al., 2022, p.310-311).

Quando se fala em tratamento em UTI, sabe-se que a promoção de saúde bucal do paciente, geralmente é considerada crítica, pois requer   cuidados especiais com o planejamento, o manejo e a adaptação profissional.  Com isto tais ações visam o bem-estar e a qualidade de vida do respectivo paciente internado na unidade.

Na UTI existem diversos tipos de procedimentos invasivos que são realizados para dá suporte e melhorar a qualidade de vida do paciente internado, porém pode-se se destacar a entubação endotraqueal que rompe   as defesas das vias respiratórias superiores, comprometendo a depuração mucociliar e facilita a micro aspiração de secreções repletas de bactérias, que se acumulam acima do manguito do tubo endotraqueal insuflado após o procedimento ao longo do tempo.

Os pacientes que se encontram entubados dentro da UTI, são os que mais ficam vulneráveis a adquirirem patologias sistêmicas devido a sua imunidade estar enfraquecida, devido aos tratamentos e as cargas de medicações utilizadas. Pode-se então observar que grande parte dos pacientes entubado em UTI adquirirem a Pneumonia Nosocomial, que é a patologia que está associada a ventilação mecânica, que tem como fator etiológico as bactérias colonizadoras e oportunistas que se encontram na cavidade oral.  Desta maneira pode-se dizer que a incorporação do Cirurgião Dentista junto a equipe multidisciplinar na UTI, é extremamente necessária para a promoção da saúde, conforto e qualidade de vida aos pacientes críticos, diminuindo a incidência de Pneumonia Nosocomial (SILVA, 2020).

Sendo assim fica claro que o Cirurgião Dentista é o profissional mais capacitado em relação ao tratamento Odontológico Hospitalar sendo este atendimento na parte das unidades abertas como enfermarias ou em até mesmo nas unidades fechadas “UTI’s” (SANTOS, et al., 2022).

DISCUSSÃO

Esta revisão bibliográfica teve como objetivo identificar os principais benefícios associados à intervenção odontológica do cirurgião-dentista em um ambiente hospitalar e também mostrar a sua importância para os pacientes. 

Neste estudo foram identificados diversos benefícios que o cirurgião dentista pode contribuir tanto para os pacientes, quanto para os hospitais, que foram detalhados como, por exemplo, na prevenção de doenças, melhoria na qualidade de vida, bem como para o hospital com a diminuição do tempo de internação e com redução de custos.

Segundo Rocha (2021), sugere que a presença do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar do hospital tem como função atuar na prevenção das doenças orais em pacientes hospitalizados, antes mesmo de seu aparecimento.

Para Rodrigues (2018), a odontologia e medicina devem unir esforços na busca de resultados positivos focando a saúde integral do paciente, principalmente nos que se encontram na Unidade de Terapia intensiva “UTI”.

Conforme Júnior (2020), sabe-se que a pneumonia nosocomial está frequentemente associada ao aumento do fluido alveolar pulmonar e alterações nos mecanismos de defesa. Além disso, que os pacientes internados em UTI estão expostos a diversos outros fatores de risco, como a diminuição da limpeza natural da boca promovida pela mastigação de alimentos duros e fibrosos e a movimentação da língua e das bochechas durante a fala. Há também a redução do fluxo salivar causando xerostomia pela utilização de alguns medicamentos, que contribuem para o aumento do biofilme e favorecem a colonização oral por patógenos respiratórios.

Para o controle da condição bucal de pacientes internados em UTI é importante à inclusão do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar com objetivo, de diminuir o quadro de agravamento da saúde do paciente, o tempo de internação e o custo do tratamento (RODRIGUES, et al., 2018).

Sabe-se então que a pneumonia nosocomial, é a segunda infecção mais frequente nas UTI’s, pois possuem altos índices de mortalidade associada e altos custos relacionados à maior tempo de internação e uso de antimicrobianos. No Brasil, há ausência de dados nacionais e multicêntricos, mas experiências individuais traz que a pneumonia nosocomial é uma das mais frequentes infecções na UTI, pois esta Pneumonia esta associada sempre à ventilação mecânica (ROCHA, et al., 2021).

Neste contexto, a presença de um cirurgião-dentista é benéfica para um efetivo desenvolvimento de atividades rotineiras, como a implementação da higiene bucal na rotina diária do paciente internado em UTI, uma vez que já se sabe que esta prática desempenha um papel importante no controle da dor e na prevenção de intercorrências hospitalares (RORIGUES, et al., 2018).

Para Rodrigues (2018), estudos em ambientes hospitalares têm mostrado que a inserção do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional de atendimento ao paciente sob internação, contribui para minimizar o risco de infecção, melhorar a qualidade de vida, reduzir o tempo de internação, diminuir a quantidade de prescrição de medicamentos e a indicação de nutrição parenteral, além de promover um  atendimento completo ao paciente.

Entretanto, apesar da literatura demonstrar a importância da inserção do cirurgião-dentista no contexto hospitalar, esta prática ainda enfrenta alguns obstáculos. Entre eles pode-se citar a baixa prioridade do procedimento odontológico e do cuidado bucal diante dos demais problemas apresentados pelo paciente, além de certo preconceito referente à prática odontológica no ambiente hospitalar (RODIGUES et al., 2018).

Desta maneira é observado que a prática da Odontologia Hospitalar, tem como o objetivo principal a finalidade da melhora da qualidade de vida e do quadro sistêmico dos pacientes que se encontram internados (JUNIOR, et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos artigos que compuseram este trabalho, pode-se concluir que é fundamental a integração do cirurgião-dentista dentro de uma unidade hospitalar e principalmente dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois tal profissional é o responsável pelas medidas intervencionistas e preventivas dos cuidados das afecções bucais nos pacientes internados. 

Então conclui-se, que é necessário a participação conjunta do cirurgião dentista junto a equipe multidisciplinar dentro de uma unidade hospitalar, pois o referido profissional é o mais habilitado para a realização da sua avaliação e da sua intervenção sobre o quadro clínico de seu paciente sobre seus cuidados, tendo em vista que já existe uma correlação entre as condições de saúde sistêmica e oral.

Portanto compreende-se que a higienização bucal deficiente e as condições de saúde bucal comprometidas de paciente internados, fazem com que seja necessário a presença do cirurgião-dentista como elo principal da equipe multidisciplinar. Pois desta maneira este profissional poderá durante sua atuação evitar a proliferação de bactérias e fungos e, consequentemente possíveis infecções e piora no quadro sistêmico do paciente internado.

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¹Graduando em Odontologia – Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) – Juiz de Fora/MG, Especialista em Segurança do Paciente e Gestão de Riscos Assistenciais – Faculdade Fleming – (FAFSP), Especialista em Auditoria em Enfermagem – Universidade Candido Mendes – (UCAM-RJ), Especialista em Docência em Enfermagem – (FUTURA-SP), Bacharel em Enfermagem – (UNIVERSOJF).
²Graduanda em Odontologia – Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) – Juiz de Fora/MG.
³Orientadora – TCC – Professora do Curso de Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) – Juiz de Fora/MG, Doutoranda em Odontopediatria – (UFJF), Mestre em Ortodontia – (UFJF), Especialista em Odontopediatria – (UFJF), Especialista em Ortodontia – (UFJF), Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares – (UFJF), Bacharel em Odontologia – (UNESA-JF).