O PAPEL DA FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM A SÍNDROME PÓS COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7369722


Bruna Inácio da Silva
Jamile Almeida Rodrigues
Jessica Ferreira Rodrigues
Karina da Silva Pereira
Natalia Arcanjo de Holanda
Orientador: Profª Drª Viviane dos Santos  Augusto Doval.
 CoOrientador: Profª Ms Ana Maria Gonçalves Carr.


Resumo 

Introdução: A Síndrome Pós COVID-19 pode ser classificada como sinais e sintomas que  se desenvolvem após 3 semanas do início dos sintomas e continuam por mais de 12  semanas. Os principais sintomas recorrentes após a recuperação por Covid-19 são a fadiga,  falta de ar, tosse e distúrbios do sono. Objetivo: O objetivo deste estudo foi relatar a  importância da fisioterapia na reabilitação de pacientes com a síndrome pós COVID-19. 

Métodos: O presente trabalho é uma revisão de literatura integrativa. Foram utilizadas para  a pesquisa as bases de dados eletrônicas PubMed/Medline (Medical Literature Analysis and  Retrieval System Online), Lilacs (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da  Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), que tiveram sua publicação no período  de fevereiro de 2022 a setembro de 2022. Resultados: Foram encontrados 412 artigos dos  quais apenas 17 responderam a todos os critérios de inclusão e foram inseridos na amostra  final. Considerações finais: As pessoas recuperadas da COVID-19 podem apresentar  variadas limitações físicas e funcionais, e necessitam de assistência fisioterapêutica para  reabilitação e retorno às atividades de vida diária e laborais. A fisioterapia desempenha um  papel importante na recuperação de pacientes com sequelas da COVID-19, sendo assim a  fisioterapia no tratamento da Síndrome Pós COVID-19 é fundamental para restaurar a saúde  das pessoas. Apesar de terem sido encontrados resultados positivos nos estudos  analisados, reitera-se a necessidade da realização de novos trabalhos, principalmente  ensaios clínicos randomizados, acerca do tema, para que se tenha mais evidências  científicas, que possam elucidar a real importância e interferência da fisioterapia no processo  de recuperação dos comprometimentos deixados pela Síndrome Pós-COVID-19. 

Palavras-Chave: Fisioterapia e Novo Coronavírus, Fisioterapia Respiratória e Novo  Coronavírus, Fisioterapia e Síndrome Pós Covid-19, Fisioterapia e Capacidade funcional.

Abstract 

From the end of 2019, a little-known virus called SARS-CoV-2 emerged in China, in the city  of WuHan. The pathology called COVID-19 is an acute respiratory infection caused by the  SARS-CoV-2 coronavirus, potentially serious, highly transmissible and globally distributed.  In this scenario, the so-called Post-COVID-19 Syndrome arises, which according to the NICE  Guideline (National Institute for Health and Care Excellence) the syndrome can be classified  as signs and symptoms that develop after 3 weeks of the onset of symptoms and continue  for more than 12 weeks. In addition to clinical case definitions to define the post-COVID  syndrome, there is a variation called long Covid, which refers to the signs and symptoms that  continue or develop after acute Covid-19. They include ongoing symptomatic Covid-19 (4 to  12 weeks) and post-Covid-19 syndrome (12 weeks or more). The main recurring symptoms  after recovery from Covid-19 are: Fatigue, shortness of breath, cough and sleep  disturbances. The present work was characterized by an integrative literature review on the  topic addressed: The role of physiotherapy in the rehabilitation of patients with post-Covid 19 syndrome. The electronic databases PubMed/Medline (Medical Literature Analysis and  Retrieval System Online), Lilacs (Latin American and Caribbean Literature in Health  Sciences), SciELO (Scientific Electronic Library Online), surveyed from February 2022 to  September 2022. The descriptors in health sciences (DECS). A total of 412 articles were  found, of which only 17 met all the inclusion criteria and were included in the final sample. It  is concluded that physiotherapy plays an important role in the recovery of patients with  sequelae of COVID-19, however there is a need to carry out new studies on the subject, in  view of the difficulty encountered when searching for articles that address the proposed  content.

Keywords: Physiotherapy and Novel Coronavirus Disease, Respiratory Physiotherapy and  Novel Coronavirus Disease, Physiotherapy and Post Covid-19 Syndrome, Physiotherapy And Functional Capacity.

INTRODUÇÃO 

No final de 2019, surgiu na China, na cidade de WuHan, um vírus pouco conhecido, chamado SARS-CoV-2. Classificada como uma situação de emergência  global de saúde pública ao final de janeiro de 2020, pela Organização Mundial da  Saúde (OMS), a patologia chamada COVID-19 é uma infecção respiratória aguda  causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada  transmissibilidade e de distribuição global (WU M, 2021). Em 11 de março de 2020 a  OMS decretou a pandemia provocada pela COVID-19 que assola a população mundial, e resultou em milhares de mortes e traumas para sobreviventes e familiares (OMS, 2020).  

O SARS-CoV-2 é um beta coronavírus descoberto em amostras de lavado broncoalveolar obtidas de pacientes com pneumonia de causa desconhecida  na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019. Pertence ao subgênero Sarbec Vírus da família Coronaviridae e é o sétimo coronavírus conhecido a infectar seres humanos. Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo o homem, camelos, gado, gatos e  morcegos. Raramente os coronavírus de animais podem infectar pessoas e depois se espalhar entre seres humanos como já ocorreu com o MERS-CoV e o SARS-CoV-2.  Até o momento, não foi definido o reservatório silvestre do SARS-CoV-2 (CHAPERF,  2020). 

A COVID-19 matou milhares de pessoas. Segundo relatório da OMS, até 26 de maio de 2020, 5.406.282 casos foram confirmados e 343.562 mortes em mais de 199 países, sendo os locais com o maior número de casos os Estados Unidos, Brasil, Itália, Espanha, Alemanha e França. No território das Américas foram 2.454.452. Uma das principais razões para a rápida disseminação do vírus é o seu crescimento exponencial, dado o seu número básico de reprodução (R0) (número esperado de casos adicionais que um caso pode gerar), durante seu período infeccioso em uma população, considerada epidêmica na medida em que o R0 é >1. As estimativas iniciais de R0 em Wuhan foram entre 2-2,5; no entanto, um R0 foi posteriormente estimado entre 2,24-3,58 (OMS, 2020). 

Esse vírus tem uma alta transmissibilidade, e é capaz de sobreviver em diferentes superfícies e o contágio entre humanos ocorre principalmente pelo contato direto com gotículas que podem atingir distâncias de até 2 metros, seguido pelo contato com membranas mucosas dos olhos, nariz ou boca ou transmissão por aerossóis (<5 μm) que pode permanecer no ar associado à fala ou tosse. Um fator importante a considerar é que a COVID-19 pode ser transmitida por indivíduos infectados que não apresentam sintomas, embora nesses casos o risco de contaminação seja menor que o primeiro quadro clínico inicial da doença é  caracterizado como Síndrome Gripal (SG). O diagnóstico pode ser feito por investigação clínico epidemiológica, anamnese e exame físico adequado do paciente, caso este apresente sinais e sintomas característicos da COVID-19. Deve-se  considerar o histórico de contato próximo ou domiciliar nos 14 dias anteriores ao  aparecimento dos sinais e sintomas com pessoas já confirmadas para COVID-19  (CHAPERF, 2020). 

Essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente para eventual investigação epidemiológica. As características clínicas não são específicas e podem ser similares àquelas causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob a forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo, tais como influenza, parainfluenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório, adenovírus, entre outros. Qualquer novos sintomas de início após a recuperação de Covid-19 devem ser adequadamente tratados para descartar complicações com risco de morte, como: pneumotórax, embolia pulmonar, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (WILLIS, 2021). 

Em 15 de agosto de 2021 foram registrados no Brasil 155 casos de morte num período de 24 horas,um número ainda bastante elevado. Dessa forma, desde o início da pandemia e até a data registrada, foram contabilizadas 681.705 mortes pela COVID-19, e o número de casos são de 20.000 diários nesse mesmo período. No total, o país registrou 5.493 novos diagnósticos de Covid-19 em 24 horas, completando 34.177.137 casos conhecidos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel  de casos nos últimos 7 dias a partir de 15 de agosto foi de 20.354. A variação foi de – 38% em relação a duas semanas atrás. É o menor valor registrado desde 26 de maio  deste ano, quando a média móvel apontava 17.313 casos diários, mais de dois meses atrás (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). 

A COVID-19 tem uma alta transmissibilidade. É capaz de sobreviverem diferentes superfícies e o contágio entre humanos ocorre principalmente pelo contato direto com gotículas que podem atingir distâncias de até 2 metros, seguido pelo contato com membranas mucosas dos olhos, nariz ou boca ou transmissão por aerossóis (<5 μm) que pode permanecer no ar associado à fala ou tosse. Um fator importante a considerar é que a COVID-19 pode ser transmitida por indivíduos infectados que não apresentam sintomas, embora nesses casos o risco de  contaminação seja menor que o primeiro (SANTANA, 2021). 

Os sintomas podem culminar em insuficiência respiratória, problemas gastrointestinais, anosmia, hiposmia e disgeusia como manifestações precoces. Cerca de 80% dos infectados apresentam sintomas leves a moderados, 13% doença grave e 6% atingem estados críticos, atingindo insuficiência respiratória ou disfunção multi-órgãos. Foi documentado que a presença de alguns fatores de risco pode determinar ou condicionar a gravidade da doença como é o caso do sexo masculino (OR=1,7695%IC1,41-2,18), idade > 65anos (OR=6,06,IC95%3,98-9,22), tabagismo (OR=2,51CI95%1,39-3,32),e comorbidades de doenças cardiovasculares e  respiratórias (OR=5,15,CI 95% 2,51-10,57), pneumopatias graves ou  descompensadas (asma moderada/grave, DPOC), doenças cromossômicas com  estado de fragilidade imunológica, e algumas doenças hematológicas (incluindo  anemia falciforme e talassemia) (SANTANA, 2021). 

Além disso, uma possível infecção simultânea da COVID- 19 com a doença de  Kawasaki (uma condição que causa inflamação nas paredes de alguns vasos sanguíneos do corpo. É mais comum em lactentes e crianças pequenas) foi  evidenciada na população pediátrica. Embora essa relação ainda não esteja claramente definida, acredita-se que a síndrome inflamatória associada ao SARS CoV-2 possa ser uma ligação entre a infecção por coronavírus e a doença de Kawasaki, levando em conta que, secundário a pneumonia, pode ser gerada uma resposta inflamatória sistêmica, o que pode aumentar a resposta inflamatória das lesões coronárias levando à disfunção endotelial, que poderia acelerar o desenvolvimento da doença de Kawasaki (SANTANA, 2021). 

A maioria das internações é resultado de problemas respiratórios, e até 32% dos infectados precisam ser internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e destes até 15% morrerão. Em geral, das pessoas com mais de 65 anos que necessitam estar em ventilação mecânica invasiva (VMI) por um período de 14 dias, apenas 19% recebem alta hospitalar. Destes, 40% podem morrer nos 12 meses seguintes e aqueles que sobrevivem têm profundas alterações funcionais e cognitivas. Até o momento, o impacto nos sistemas globais de saúde tem sido devastador. 

 A COVID-19 é uma doença que causa deficiência de estruturas do aparelho respiratório levando a deficiências de funções da respiração. Não somente, de acordo com  a gravidade clínica apresentada, pode ocorrer deficiência de função de músculos respiratórios e de tolerância ao exercício. Limitações causadas por dispneia, fraqueza muscular e alterações cardiovasculares causam dificuldade na realização de atividades  básicas que envolvem a capacidade de mobilidade, afetando até mesmo tarefas rotineiras como andar e realizar auto transferências (WILLIS, 2021). 

Nesse cenário, surge a chamada Síndrome Pós COVID-19, que segundo a Diretriz da NICE (National Institute for Health and Care Excellence) a síndrome  pode ser classificada como sinais sintomas que se desenvolvem após 3 semanas do  início dos sintomas e continuam por mais de 12 semanas. Geralmente se apresenta  com grupos de sintomas, muitas vezes sobrepostos, que podem flutuar e mudar com  o tempo e afetar qualquer sistema do corpo. Além das definições de caso clínico para definir a síndrome pós Covid-19, existe a variação chamada de Covid-19 longa que se refere aos sinais e sintomas que continuam ou se desenvolvem após Covid-19 agudo. Incluem o Covid-19 sintomático contínuo (de 4 a 12 semanas) e a síndrome pós-Covid 19 (12 semanas ou mais) (WU, 2021). 

Os principais sintomas recorrentes após a recuperação por Covid-19 são:  fadiga, falta de ar, tosse e distúrbios do sono. Outros sintomas incluem perda de  memória, dor muscular, fraqueza, palpitações cardíacas, dores de cabeça, dificuldade  de concentração, tontura, dor de garganta, perda do olfato, perda do paladar,  erupções cutâneas e queda de cabelo, diarreia e vômitos (WU,2021). 

A classificação dos sintomas em conjunto com o sistema de órgãos afetados,  auxiliará na identificação da etiologia. Portanto, a análise clínica deve se pautar na  identificação da fisiopatologia, e em sequência, nas medidas corretivas apropriadas. Como o profissional Fisioterapeuta está à frente do processo de atendimento destes pacientes, vê-se a necessidade de entender melhoras nas repercussões funcionais  da COVID-19 para se pensar na melhor abordagem do paciente, assim, o objetivo deste trabalho é avaliar evidências científicas sobre Fisioterapia e funcionalidade em pacientes com COVID-19 (ZHENGZ, 2022). 

No entanto, a intervenção fisioterapêutica no tratamento de pacientes pós COVID-19 é fundamentalmente necessária por influenciar positivamente na funcionalidade do paciente, permitindo uma diminuição das sequelas e um retorno às suas atividades diárias. Dentro desse contexto, é importante entender como ocorre a evolução dos pacientes que passam por esse processo e esclarecer como é realizada a conduta fisioterapêutica em pacientes com sequelas de COVID-19 (WILLIS, 2021).

OBJETIVOS 

• Objetivo Geral: 

Relatar a importância da fisioterapia na reabilitação de pacientes com a síndrome pós COVID-19. 

• Objetivos Específicos: 

– Levantar evidências científicas que demonstram as alterações provocadas pela COVID-19 e seus impactos sobre a capacidade funcional dos pacientes criticamente enfermos que necessitaram de intervenção fisioterapêutica. – Identificar os sinais da Síndrome pós COVID-19; 

– Descrever as condutas fisioterapêuticas utilizadas em pacientes com a Síndrome da COVID-19.

MÉTODOS 

Trata-se de uma revisão de literatura integrativa. Foi utilizado para a pesquisa  dos artigos científicos,as bases de dados eletrônicas PubMed/Medline (Medical  Literature Analysis and Retrieval System Online), Lilacs (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online),  levantados no período de fevereiro de 2022 a setembro de 2022. Os descritores em  ciências da saúde (DECS) e palavras-chave foram combinados em cada banco de dados nas línguas portuguesa e inglesa: Fisioterapia e Novo Coronavírus,  Physiotherapy and Novel Coronavirus Disease, Fisioterapia Respiratória e Novo  Coronavírus; Respiratory Physiotherapy and Novel Coronavirus Disease, Fisioterapia e Síndrome Pós Covid-19, Physiotherapy and Post Covid-19 Syndrome, Fisioterapia e Capacidade funcional, Physiotherapy and Functional Capacity. 

Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos para o estudo foram: artigos publicados na língua portuguesa e inglesa, artigos na íntegra que retratam a temática referente à revisão integrativa e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos três anos. 

A abordagem foi por meio de uma metodologia que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática sobre as evidências científicas para a atuação da Fisioterapia na COVID-19. 

Foi implementada a estratégia PICO com o intuito de responder a seguinte pergunta: Qual a importância da fisioterapia para os pacientes com sequelas da COVID-19. Para isso foi desenvolvida o quadro apresentado a seguir: 

Quadro 1 – PICO

Acrônimo Descrição
Pacientes Adultos com Sequelasde COVID;
Fisioterapia Motora e Respiratória;
Fisioterapia Hospitalar e Ambulatório;
A eficácia após as condutas fisioterapêuticas;

Legenda: 

P– Problema; 

I – Intervenção ou Exposição; 

C – Comparação; 

O – Desfecho Variável. 

Por se tratar de uma revisão da literatura integrativa, foi realizada uma análise descritiva dos dados.

RESULTADOS 

Foram encontrados 412 artigos dos quais 147 abordavam as questões traumáticas em pacientes pós COVID-19; 43 se referiam a conduta fisioterapêutica adotada, e, apenas 17 responderam a todos os critérios de inclusão que retrata a temática referente ao papel da fisioterapia na reabilitação de pacientes com a síndrome pós COVID-19. A partir desses artigos, os mesmos foram analisados para o desenvolvimento dos resultados e discussão. Os resultados da pesquisa podem ser observados no quadro abaixo (Quadro 2), onde estão elencados a base de dados e sua respectiva estratégia de busca e resultados. 

Quadro 2.- Estratégias de busca e resultados das produções identificadas: 

Base de dados Estratégias de Busca Resultados
PubMed/Medline Papel da Fisioterapia na Síndrome Pós COVID 19.156
Lilacs Papel da Fisioterapia na Síndrome Pós COVID 19.138
SciELO Papel da Fisioterapia na Síndrome Pós COVID 19.101

Assim, de acordo com os critérios de elegibilidade, foram avaliados 30 artigos, dos quais apenas 17 compõem os resultados desta revisão (figura 1). 

Tabela 1. Identificação dos 17 artigos da pesquisa de pacientes com sequelas de COVID-19 e
as condutas fisioterapêuticas. 

DISCUSSÃO 

Willi et al (2021) relata que em dezembro de 2019, na província de Wuhan,um  novo coronavírus surgiu causando complicações pulmonares semelhantes ao coronavírus SARS-CoV-2 da epidemia de 2002-2003. Esta nova doença foi denominada  Coronavírus 19 (COVID-19), a qual foi confirmada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até 8 de abril de 2020, foram constatados mais de 1.350.000  casos confirmados e 79.000 mortes. Wu (2021) complementa que os coronavírus  surgiram em humanos e causam doença respiratória fatal, tornando as variantes emergentes um novo problema de saúde pública do século XXI, além de ser o grande  responsável pelo esgotamento dos recursos sanitários globais. No Brasil, o primeiro caso confirmado da doença do coronavírus ocorreu em fevereiro de 2020. 

A OMS (2020) define o conceito sobre reabilitação, que se caracteriza como  um conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências ou prestes a adquirir  deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com seu ambiente, reduzindo o impacto de diversas condições de saúde. Pode ser necessária  desde a fase aguda ou inicial do problema médico, logo após sua descoberta, até a  fase pós-aguda e de manutenção. Para otimizar a assistência, é importante o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Dados demonstram que, entre 10%  a 20% das pessoas que tiveram Covid-19 sofrem de sintomas após se recuperarem da fase aguda da infecção. 

De acordo com Harchif (2020), no cenário atual, diversos recuperados da  doença ainda sofrem com as sequelas, tais como: problemas respiratórios, fadiga  profunda, dores nas articulações, névoa do cérebro, queda capilar, palpitações  cardíacas, depressão e ansiedade e dificuldades de linguagem, raciocínio e memória.  Cerca de 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma até quatro meses depois do fim da infecção. Ocorre que, para se livrar do vírus, o sistema imunológico  desencadeia um processo inflamatório, que se torna acentuado demais em determinadas pessoas. 

Partindo desse princípio, Nogueira et al (2021) complementa que os pacientes com COVID-19 podem desenvolver acometimentos graves durante a hospitalização tais como insuficiência respiratória, choque séptico e/ou disfunção de múltiplos órgãos levando à necessidade de oxigênio suplementar e ventilação mecânica prolongada, enquanto a maioria das pessoas se recupera, outras continuam a apresentar sintomas crônicos e diversos, incluindo manifestações autonômicas. Dessa forma, surgiram estudos que retratam o gerenciamento das sequelas da doença, a longo prazo, nos  sobreviventes.

O Instituto Nacional de Salud (2020), relata quais são os sinais desenvolvidos nos pacientes pós COVID-19, classificando-as como Síndrome pós Covid-19. Tais sinais são descritos como: sinais e sintomas que se desenvolvem após 3 semanas do início dos sintomas e continuam por mais de 12 semanas. Geralmente se apresenta como um grupo de sintomas, muitas vezes sobrepostos, que podem flutuar e mudar  com o tempo e afetar qualquer sistema do corpo. Segundo Wu (2021), a síndrome respiratória aguda grave é agora reconhecida como uma doença que afeta múltiplos órgãos, com um amplo espectro de manifestações. Assim, indivíduos que apresentam sintomas persistentes e/ou disfunção orgânica após a fase aguda da Covid-19, possuem a chamada Síndrome pós-Covid-19, ou, Covid-19 Longa, como também é chamada. 

Battagli et al. (2020), esclarece os sinais da Síndrome Pós- COVID-19, como  fadiga, cansaço, fraqueza, mal-estar, falta de ar, dores e/ou fraqueza musculares,  distúrbios do sono, depressão e ansiedade e agravamento de doenças pré existentes.  Esses sintomas foram diagnosticados em pacientes dentro dessa etapa de pós Covid e foram tratados para evolução do processo de saúde de cada indivíduo. Hachif et al (2020) , Nogueira et al (2020) , Wiertz et al (2021), Ambos  concordam em relação às características clínicas desses paciente, que apresentaram  sintomas físicos, como cansaço, fraqueza, fadiga e dores musculares, assim como  ansiedade e problemas cardíacos. Nesses casos, os pacientes apresentaram  insuficiência cardiorrespiratória. 

Azeved et al (2020) , Cacau et al (2020) , Venkate et al (2021) acrescenta que os sinais de problemas musculares e cardiorrespiratórios são mais comuns que  interferem diretamente no bem-estar dos pacientes. Os sintomas precisam ser tratados ainda no hospital e, mesmo após a alta, deve haver um acompanhamento  assíduo e contínuo para diminuir os impactos que a falta ou a demora do tratamento pode ocasionar. Conclui ainda, que o profissional fisioterapeuta é imprescindível  nesse cenário, pois diante de uma debilidade imunológica provocada pela COVID-19  ,o acompanhamento e tratamento fisioterapêutico é o que garante a estabilidade e até mesmo a reversão de quadros mais estáveis. 

Nogueira et al. (2021), relata a atuação do fisioterapeuta como uma etapa muito importante, não somente para que o paciente adquira, mas que também mantenha hábitos mais saudáveis com o objetivo de promover a qualidade de vida após a COVID-19. Esse acompanhamento proporciona ao paciente pós recuperado mais tranquilidade e oportunidade de melhora e estabilização da saúde, e qualquer novos sintomas após a recuperação da Covid-19 devem ser adequadamente tratados para descartar complicações, como pneumotórax, embolia pulmonar, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral, diminuindo o risco de morte. Battaglini et al. (2020) afirma que a fisioterapia respiratória é a principal terapia  para a recuperação do paciente pós COVID. O autor relata ainda, que a fisioterapia  respiratória previne e trata os sintomas causados pela patologia e que o tratamento  pode ter início ainda na internação, para resultar numa melhora significativa das  capacidades respiratórias. Santana et al. (2021) complementa o argumento de  Battaglini et al. (2020), definindo que a reabilitação pulmonar através da fisioterapia  respiratória favorece a recuperação dos pacientes e quanto mais cedo se iniciarem os exercícios, melhor será a recuperação do paciente.  

Para definir qual a necessidade e como será realizada a intervenção  fisioterapêutica no paciente, Cacau et al. (2020), afirma que desde o momento da alta  do paciente, é necessário a realização de uma avaliação individualizada,  documentada e específica onde será identificado as necessidades de evolução a  curto, médio e longo prazo. Azevedo et al. (2020) sugere que em casos onde ocorrem  implicações cardiovasculares, a implementação de estratégias terapêuticas é  fundamental e a ação precisa ser imediata. Os recursos terapêuticos utilizados na  fisioterapia respiratória se tratam de um conjunto de exercícios guiados pelo  profissional fisioterapeuta para melhorar a respiração e mobilizar os músculos  ventilatórios. Matos; Schaper (2021) descrevem que as principais manobras da  terapia envolvem técnicas de aspiração de vias aéreas superiores, drenagem postural,  vibrocompressão, percussão, facilitação das vias aéreas e vibração. Tais  intervenções têm por objetivo melhorar a oxigenação do corpo, reduzir a sensação  de falta de ar, ampliar a capacidade pulmonar, limpeza e desobstrução das secreções  do pulmão e de vias aéreas melhorando a capacidade funcional dos pacientes  portadores da síndrome pós COVID. Isso porque o fisioterapeuta conduz junto ao  paciente o tratamento desde o início ao fim promovendo mais qualidade de vida e  recuperação. 

Segundo Santana et al. (2021), a fisioterapia respiratória é fundamental na  reabilitação da Síndrome pós COVID, pois é através dela que pouco a pouco, o  paciente tem sua capacidade respiratória restabelecida. A execução das atividades  guiadas permite inibir os sintomas da Síndrome, bem como proporcionar uma  recuperação saudável e favorecer uma reabilitação físico funcional dos pacientes. 

Heydari et al. (2020 ), menciona a importância do trabalho da fisioterapia  respiratória, entretanto, devido a superlotação nos hospitais por causa da pandemia,  os profissionais da saúde focam somente no contexto respiratório e acabam não  conseguindo tratar os outros segmentos, como a parte neurológica e motora, com isso  quando o paciente recebia alta com sequelas pós covid-19 como fraqueza muscular, desequilíbrio estático e dinâmico, mialgias, artralgias, descondicionamento físico,  insônia, dificuldades de atenção e raciocínio, déficit de memória.  De acordo com seguintes autores Matos; Jorge; Akopian (2020) após a alta dos  pacientes, o acompanhamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinares devido  às sequelas motoras, cognitivas, nutricionais, psicológica que estes pacientes  apresentava, devido a isso entrar o papel da fisioterapia avaliado e destacado  limitações das atividades diárias que este paciente apresenta, queixas principais e  com isso evitando possíveis agravos.  

Silva et al.(2021) , Pina et al . (2021) , Ormond et al (2021), a reabilitação  motora tem como objetivo o ganho de força muscular, equilíbrio, condicionamento  cardiorrespiratório, fortalecimento da musculatura respiratória , evitar desuso dos  músculos acessórios da região torácica, orientações diárias ao pacientes sobre novos  hábitos de vida. Segundo Silvia et al (2020) , Souza et al (2020) os treinamentos  aeróbicos consistem em exercícios de caminhadas, corridas, circuitos com intuito de  estimular e desenvolver o condicionamento cardiorrespiratório daquele indivíduo, a  frequências dos treinos variam de 3 a 5 vezes por semana com duração mínima de  30 minutos. Os exercícios de fortalecimento muscular é focado em maiores repetições  e mantendo uma carga linear com frequência muscular focado em maiores repetições  e mantendo a carga linear com frequência de treino de 2 a 3 vezes por semana,  exercícios de equilíbrio estático e dinâmico caso o paciente apresenta algum déficit.  Contudo o tratamento fisioterapêutico nos pacientes com sequelas do covid-19, deve  ser realizado já na mesma semana após alta do hospital, para evitar agravo ou  patologias associadas, o papel do fisioterapeuta com estes pacientes é estimular e  desenvolver a capacidade funcional com isso diminuir os casos de desconforto  respiratório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 A COVID-19 é uma doença de comprometimento multissistêmico e pode deixar uma  gama de sequelas que precisam ser abordadas pela equipe multiprofissional e acima de  tudo pelo profissional de fisioterapia. 

 As pessoas recuperadas da COVID-19, podem apresentar variadas limitações físicas  e funcionais, e necessitam de assistência fisioterapêutica para reabilitação e retorno às  atividades de vida diária e laborais. A fisioterapia desempenha papel importante na  recuperação de pacientes com sequelas da COVID-19, sendo assim, a fisioterapia no  tratamento da Síndrome Pós COVID-19 é fundamental para restaurar a saúde das pessoas. 

 Apesar de terem sido encontrados resultados positivos nos estudos analisados,  reitera-se a necessidade da realização de novos trabalhos, principalmente ensaios clínicos  randomizados, acerca do tema, para que se tenha mais evidências científicas, que possam  elucidar a real importância e interferência da fisioterapia no processo de recuperação dos  comprometimentos deixados pela Síndrome Pós-COVID-19.

REFERÊNCIAS 

1. HOSPITAL DAS CLÍNICAS – UNICAMP – Manual de Condutas:  Assistência Fisioterapêutica no Paciente COVID-19. [Internet].  2020.Disponível em:https://hc.unicamp.br/wp-content/uploads/2020/06/Maual de-Condutas-Assist%C3%AAncia-Fisioterap%C3%AAutica-no-Paciente-COVID 19-Vers%C3%A3o-2-Data-22-06-2020.pdfAcessoem:08/09/2022. 

2. CHAPER F; MATOS C. Manejo Fisioterapêutico para COVID-19 em  ambiente hospitalar para casos agudos: Recomendações para guiar a prática  clínica.2021. [Internet]. Disponível em:http://www.somiti.org.br/arquivos/site/comunicacao/noticias/2020/covid 19/documentos/manejo-fisioterap-utico-para-covid-19.pdfAcessoem:08/09/2022. 

3. OMS – Organização Mundial da Saúde. Painel de situação da doença  decoronavírus (COVID-19) [Internet]. 2020. Disponível  em:https://experience.arcgis.com/experience/685d0ace521648f8a5beeeee1b9125 c d -Acessoem17/03/2022. 

4. Instituto Nacional de Salud. Coronavirus (COVID – 2019) en Colombia  [Internet].2020. Disponível em:  https://www.ins.gov.co/Noticias/Paginas/Coronavirus.aspx -Acessoem: 13/02/2022. 

5. Zheng Z, Peng F, Xu B, Zhao J, Liu H, Peng J, et al. The Impact  ofCardiovascular Risk Factors on the Course of COVID-19. 2022. Disponível  em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35456343/-Acessoem23/04/2022. 

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