THE ROLE OF CLINICAL PHARMACY IN THE MANAGEMENT AND PREVENTION OF CHRONIC NON-COMMUNICABLE DISEASES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411200853
Jamile dos Santos Souza1;
Profª. Lorena Silva Matos Andrade2
Resumo
Este estudo investigou o papel da farmácia clínica no manejo e prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), com foco em práticas que melhoram os resultados de saúde e promovem a adesão ao tratamento. A pesquisa adotou um método descritivo e integrativo de revisão de literatura, abrangendo dados de bases científicas como SciELO, LILACS e PubMed. A análise destacou a importância da atuação do farmacêutico clínico na individualização do cuidado, monitoramento terapêutico e uso de estratégias educativas, bem como a implementação de telessaúde e telefarmácia para continuidade do atendimento. Os resultados mostram que as intervenções educacionais e o uso de tecnologias fortalecem a adesão e a eficácia do tratamento, além de reduzir complicações. O estudo conclui que o farmacêutico é peça-chave em um modelo de saúde mais inclusivo, sugerindo que políticas públicas devem apoiar essa atuação para maior impacto positivo no manejo de DCNTs.
Palavras-chave: Farmácia clínica. Atenção farmacêutica. Telessaúde. Doenças crônicas.
1 INTRODUÇÃO
O papel da farmácia clínica no manejo e prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) reveste-se de importância crescente devido ao impacto dessas enfermidades na saúde pública. Doenças como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial são responsáveis por um significativo aumento na morbidade e mortalidade, especialmente entre a população idosa (Conzatti, 2023; Coutinho et al., 2021). O envelhecimento populacional e a transição epidemiológica têm contribuído para a prevalência de DCNTs, exigindo acompanhamento contínuo e intervenções eficazes (França, 2023). Essas doenças não transmissíveis representam cerca de 70% das mortes globais, sendo o diabetes e as doenças cardiovasculares as mais comuns (Conceição et al., 2022).
Neste contexto, a atuação do farmacêutico clínico vai além da simples dispensação de medicamentos, abrangendo o monitoramento terapêutico, a prevenção de interações medicamentosas e a promoção do uso racional de fármacos. Estudos demonstram que intervenções farmacêuticas, como a revisão da terapia medicamentosa e a individualização do tratamento, são eficazes para melhorar os resultados clínicos dos pacientes (Oliveira, 2021; Freitas et al., 2021). A atenção farmacêutica inclui estratégias educativas que fomentam a adesão ao tratamento e o autocuidado, elementos cruciais para o manejo das DCNTs (Pedral, 2023).
A pandemia de Covid-19 acelerou o uso da telefarmácia e de outras modalidades de telessaúde, permitindo a continuidade do acompanhamento farmacêutico, especialmente para pacientes com limitações de acesso presencial (Rocha; Toma, 2023; França, 2023). A implementação dessas práticas demonstrou potencial para manter a eficácia terapêutica e a adesão ao tratamento, destacando-se como uma ferramenta de grande valor (Conzatti, 2023).
O problema desta pesquisa reside na necessidade de estratégias mais abrangentes e eficazes para o acompanhamento de pacientes com DCNTs, destacando a importância do farmacêutico na equipe multiprofissional e na promoção de saúde integral (Corcini; Garcia, 2020). Essa abordagem visa minimizar as complicações relacionadas ao uso inadequado de medicamentos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O presente estudo tem como objetivo principal investigar o papel da farmácia clínica no manejo e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, destacando as práticas e intervenções que otimizam os resultados de saúde. Entre os objetivos específicos, busca-se compreender como o cuidado farmacêutico pode influenciar a adesão ao tratamento e reduzir riscos de interações medicamentosas, além de avaliar o impacto de iniciativas como a telefarmácia e telessaúde.
A relevância deste estudo é embasada na alta prevalência de DCNTs e suas implicações socioeconômicas, que demandam um modelo de cuidado mais centrado no paciente e menos fragmentado. A atuação do farmacêutico clínico apresenta-se como uma solução promissora para atender a essa necessidade, contribuindo para a eficácia do tratamento e para a educação em saúde da população (Freitas et al., 2021; Coutinho et al., 2021). Estudos comprovam que o acompanhamento farmacêutico pode reduzir significativamente a taxa de eventos adversos e melhorar a adesão ao tratamento (França, 2023; Oliveira, 2021).
Essa pesquisa visa, portanto, ampliar a compreensão e fortalecer as práticas da farmácia clínica, fornecendo uma base para a formulação de políticas e estratégias de saúde que promovam o uso racional de medicamentos e a prevenção de complicações decorrentes de DCNTs.
2 METODOLOGIA
Para investigar a integração da farmácia clínica no manejo e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), foi conduzido um estudo descritivo e integrativo de revisão de literatura. Esse método permitiu uma análise de estudos e a identificação de práticas eficazes de atenção farmacêutica. A pesquisa teve como cerne as bases de dados SciELO, LILACS e PubMed.
Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos consideraram publicações de relevância científica que abordavam o papel do farmacêutico clínico em DCNTs, a implementação de práticas de telessaúde e o impacto dessas intervenções em indicadores de saúde, como adesão ao tratamento e redução de complicações. Foram priorizados estudos publicados nos últimos cinco anos, em inglês e português. Artigos que não abordavam diretamente a atuação farmacêutica em DCNTs ou que não fossem revisões ou estudos empíricos relevantes foram excluídos.
A coleta de dados foi realizada em duas etapas: i) a primeira envolveu a busca por termos específicos relacionados à farmácia clínica, telessaúde e manejo de DCNTs, como “farmácia clínica”, “atenção farmacêutica”, “telessaúde” e “doenças crônicas”; ii) a segunda etapa consistiu na análise crítica dos estudos selecionados, destacando práticas inovadoras, barreiras e facilitadores na implementação dessas práticas e os desfechos relatados.
Para a análise dos dados, utilizou-se uma abordagem qualitativa, na qual as informações foram categorizadas e sintetizadas em temas principais, como a eficácia das intervenções farmacêuticas, a utilização da tecnologia em cuidados remotos e o impacto no manejo de doenças crônicas. Essa categorização permitiu a construção de um panorama claro sobre como as práticas de telessaúde foram integradas aos serviços farmacêuticos para potencializar a prevenção e o controle de DCNTs.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Expansão do Papel do Farmacêutico Clínico
O papel do farmacêutico clínico evoluiu consideravelmente nas últimas décadas, movendo-se de uma atuação predominantemente voltada para a dispensação de medicamentos para uma prática mais abrangente, que inclui o cuidado direto ao paciente. Esta transformação foi impulsionada por políticas públicas e mudanças nas regulamentações, como as Resoluções 585 e 586 de 2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que ampliaram as atribuições do farmacêutico, permitindo a prescrição de medicamentos que não exigem receita médica e a prática em consultórios clínicos (Freitas et al., 2021).
Com a complexidade crescente das DCNTs, como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, a atuação do farmacêutico clínico se tornou essencial para a promoção da saúde e o manejo eficiente dessas doenças (Silva, 2018; Pedral, 2023). Segundo Silva (2018), a hipertensão, que afeta uma grande parcela da população idosa, requer não apenas o uso contínuo de medicamentos, mas também intervenções educacionais e um acompanhamento rigoroso para garantir a adesão ao tratamento e evitar complicações. Nesse contexto, a assistência farmacêutica inclui a revisão da terapia medicamentosa, a detecção de interações medicamentosas e a educação do paciente sobre o uso correto dos fármacos (Oliveira, 2021).
A atenção farmacêutica em doenças como o diabetes mellitus também destaca a importância do farmacêutico clínico. França (2023) ressaltou que a atuação desse profissional é crucial para aumentar a eficácia do tratamento, especialmente em pacientes que necessitam de insulina e medicamentos hipoglicemiantes. A atenção farmacêutica tem o objetivo de prevenir interações medicamentosas e garantir que os pacientes estejam informados sobre o manejo de sua condição, contribuindo para a redução de episódios de hipoglicemia e outras complicações (Santos et al., 2023).
O acompanhamento farmacoterapêutico, parte integrante da prática do farmacêutico clínico, permite a individualização do tratamento e a adaptação do plano terapêutico às necessidades do paciente (Schroder; Manfrini, 2023). Isso inclui a realização de consultas periódicas, revisões de medicamentos e intervenções para prevenir e resolver problemas relacionados à farmacoterapia (PRF), como reações adversas e falhas terapêuticas (Silva, 2024). A prática da polifarmácia, comum entre pacientes com DCNTs, aumenta a complexidade do cuidado e requer a intervenção especializada do farmacêutico para evitar interações prejudiciais e melhorar os desfechos clínicos (Oliveira, 2021; Rocha; Toma, 2023).
O uso da telessaúde e da telefarmácia emergiu como uma extensão natural das atividades do farmacêutico clínico, especialmente durante e após a pandemia de Covid-19. Essas ferramentas ampliaram o acesso ao cuidado e possibilitaram o monitoramento remoto de pacientes, mantendo a continuidade do tratamento e aumentando a adesão ao uso de medicamentos (Rocha; Toma, 2023). Essa modalidade de atendimento se mostrou particularmente eficaz para pacientes com DCNTs, permitindo a intervenção precoce e o acompanhamento contínuo, o que melhora os resultados de saúde e diminui as taxas de complicações (Freitas et al., 2021).
A introdução de consultórios clínicos em farmácias comerciais consolidou ainda mais a presença do farmacêutico como parte fundamental da equipe de saúde, promovendo um atendimento que vai além da dispensação e que inclui consultas clínicas e intervenções baseadas em evidências (Coutinho et al., 2021). Esse modelo de atuação fortalece o cuidado integral ao paciente e o papel do farmacêutico como agente de promoção de saúde, alinhando-se aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e contribuindo para o acesso equitativo aos serviços de saúde (Schroder; Manfrini, 2023).
O futuro da farmácia clínica no Brasil aponta para um crescimento contínuo em sua relevância e responsabilidade dentro da assistência à saúde. Protocolos de atendimento, intervenções farmacêuticas e a integração com tecnologias de telemedicina são pilares que sustentam a expansão desse papel. Como defendido por Pedral (2023), o farmacêutico é um elemento essencial não apenas no manejo de medicamentos, mas também na orientação do paciente, na promoção de autocuidados e na garantia de um acompanhamento mais eficaz e humanizado.
3.2 A atenção farmacêutica como ferramenta no tratamento de DCNTs
A atenção farmacêutica tem se consolidado como uma ferramenta essencial no manejo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), desempenhando um papel fundamental na promoção do uso racional de medicamentos e na adesão ao tratamento por parte dos pacientes. Com o aumento da prevalência de doenças como hipertensão e diabetes mellitus, a intervenção do farmacêutico clínico passou a ser cada vez mais relevante para garantir a segurança e a eficácia das terapias medicamentosas (Conzatti, 2023; França, 2023).
A prática de atenção farmacêutica envolve uma abordagem centrada no paciente, que vai além da simples dispensação de medicamentos, abrangendo ações como a identificação de interações medicamentosas, o acompanhamento contínuo e o suporte educacional. Segundo Oliveira (2021), a polifarmácia, comum entre pacientes com DCNTs, aumenta a complexidade do tratamento e demanda uma avaliação minuciosa por parte do farmacêutico para evitar interações prejudiciais que possam comprometer a saúde do paciente.
Corcini e Garcia (2020) destacam que, para pacientes com doenças respiratórias crônicas, a atenção farmacêutica contribui para a melhora da adesão ao tratamento e da qualidade de vida, prevenindo problemas relacionados ao uso incorreto de medicamentos. A atuação do farmacêutico em diferentes níveis de cuidado, como na atenção primária e em ambientes comunitários, possibilita uma supervisão mais próxima e eficaz, reforçando a educação em saúde e o autocuidado (Coutinho et al., 2021).
Além disso, estudos como o de Santos et al. (2023) demonstraram que intervenções farmacêuticas são capazes de impactar positivamente desfechos clínicos, como a redução da hemoglobina glicada em pacientes com diabetes tipo 2. Esse acompanhamento resulta na diminuição de complicações associadas à doença e na melhoria do controle glicêmico, evidenciando a importância da presença do farmacêutico na equipe de saúde.
A assistência farmacêutica se configura como um conjunto de ações que promovem, protegem e recuperam a saúde, com o medicamento como um insumo essencial (Freitas et al., 2021). A inclusão do farmacêutico em programas de atenção à saúde visa não apenas melhorar a adesão ao tratamento, mas também orientar sobre medidas preventivas e mudanças no estilo de vida. Pedral (2023) reforça que o farmacêutico desempenha um papel ativo na educação do paciente, esclarecendo dúvidas e incentivando práticas que otimizem o tratamento.
A utilização de tecnologias como a telessaúde e a telefarmácia tem expandido as possibilidades de atuação da atenção farmacêutica. Durante a pandemia de Covid-19, essas ferramentas foram amplamente adotadas para manter o cuidado a distância, garantindo que os pacientes com DCNTs continuassem a receber suporte e monitoramento (Rocha; Toma, 2023). Essas práticas têm demonstrado eficácia em aumentar a acessibilidade e a continuidade do tratamento, especialmente em regiões remotas ou com recursos limitados (Conceição et al., 2022).
A atenção farmacêutica não se restringe apenas ao uso racional de medicamentos, mas também ao empoderamento do paciente, fomentando sua autonomia e capacidade de autocuidado. A literatura aponta que esse modelo de cuidado integrado contribui para a redução de hospitalizações e a otimização dos resultados terapêuticos (França, 2023; Corcini & Garcia, 2020). Dessa forma, a presença do farmacêutico como educador em saúde é um fator determinante para o sucesso no tratamento de DCNTs, favorecendo uma abordagem holística e centrada no bem-estar do paciente.
3.3 Integração do consultório clínico e tecnologias de telessaúde na farmácia comercial
A integração de consultórios clínicos em farmácias comerciais representa um avanço significativo na prestação de serviços de saúde, permitindo que os farmacêuticos expandam suas atribuições para além da simples dispensação de medicamentos. Essa nova configuração tem se mostrado particularmente importante no manejo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), oferecendo um cuidado mais abrangente e personalizado (Freitas et al., 2021; França, 2023). A pandemia de Covid-19 acelerou a implementação de tecnologias de telessaúde e telefarmácia, que agora são integradas aos serviços presenciais, criando um modelo híbrido de atendimento que combina o melhor dos dois mundos (Rocha; Toma, 2023).
A telessaúde inclui a oferta de serviços clínicos remotos, enquanto a telefarmácia se concentra na assistência farmacêutica digital, possibilitando consultas e orientações por meio de plataformas virtuais. Essas práticas são especialmente úteis para pacientes com dificuldades de mobilidade ou que vivem em áreas remotas, garantindo a continuidade do cuidado sem a necessidade de deslocamento (Oliveira, 2021). A literatura evidencia que a combinação de atendimento presencial e remoto promove uma adesão mais consistente aos tratamentos e facilita a identificação precoce de problemas relacionados à farmacoterapia (Schroder; Manfrini, 2023).
A utilização dessas tecnologias tem mostrado impacto positivo em desfechos clínicos e na satisfação dos pacientes. Segundo Santos et al. (2023), a implementação de consultórios clínicos nas farmácias comerciais, complementada por serviços de telessaúde, possibilita um acompanhamento contínuo, fundamental para o manejo de doenças como diabetes mellitus e hipertensão arterial. Esse tipo de cuidado integral melhora a eficácia das intervenções farmacêuticas e contribui para a redução das complicações associadas às DCNTs (Freitas et al., 2021; Silva, 2018).
O consultório clínico dentro da farmácia também reforça o papel do farmacêutico como parte essencial da equipe de saúde, capaz de realizar consultas, revisões de medicamentos e prescrição farmacêutica dentro dos limites legais. Estudos mostram que essa prática contribui para a racionalização do uso de medicamentos e para a educação em saúde dos pacientes (França, 2023). Pedral (2023) destaca que o farmacêutico, ao aliar suas consultas clínicas com a telessaúde, expande suas capacidades de intervenção, podendo monitorar parâmetros vitais e ajustar terapias remotamente, promovendo um acompanhamento mais proativo.
Além disso, a telefarmácia tem se mostrado eficaz na melhoria da adesão terapêutica, um dos grandes desafios no tratamento de doenças crônicas. O uso de plataformas digitais permite lembretes automáticos de medicação e consultas, o que ajuda a manter os pacientes comprometidos com seu tratamento (Rocha; Toma, 2023; Silva, 2024). A combinação de abordagens tecnológicas e presenciais facilita a personalização do atendimento e contribui para um cuidado mais holístico, que considera as necessidades individuais de cada paciente (Schroder; Manfrini, 2023).
Dessa forma, a integração do consultório clínico com tecnologias de telessaúde na farmácia comercial tem se consolidado como uma abordagem inovadora e eficiente. Essa combinação não só melhora a acessibilidade aos serviços de saúde, mas também fortalece o papel do farmacêutico como educador em saúde e gestor de terapias medicamentosas. A presença de um modelo híbrido de atendimento facilita a continuidade do cuidado e aprimora a relação paciente-farmacêutico, resultando em melhores práticas de cuidado e em um impacto positivo nos sistemas de saúde (Conceição et al., 2022; Silva, 2024).
3.4 Intervenções Educacionais e Adesão ao Tratamento
As intervenções educacionais são fundamentais para promover a adesão ao tratamento, especialmente em pacientes com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Essas intervenções incluem ações que visam capacitar os pacientes a compreenderem a importância do tratamento, reconhecerem seus sintomas e seguirem corretamente as recomendações médicas (Schroder; Manfrini, 2023). A falta de conhecimento sobre a doença e a terapia medicamentosa é um dos principais fatores que comprometem a adesão ao tratamento, o que pode resultar em desfechos negativos e agravamento das condições de saúde (Silva, 2018).
O papel do farmacêutico é central nesse processo de educação, uma vez que ele atua não apenas na dispensação de medicamentos, mas também na orientação detalhada sobre como usá-los de forma correta. Estudos demonstram que a atenção farmacêutica contribui significativamente para a melhoria da adesão terapêutica e para a redução de eventos adversos. Por exemplo, intervenções que incluem a revisão da terapia e consultas de acompanhamento são eficazes para reduzir omissões de doses e assegurar que os pacientes estejam aderindo ao plano terapêutico proposto (Corcini; Garcia, 2020).
França (2023) aponta que as ações educativas promovidas pelo farmacêutico, como palestras e consultas individuais, ajudam a esclarecer dúvidas e a empoderar os pacientes, tornando-os mais conscientes sobre a importância do autocuidado. Essa abordagem educativa é especialmente relevante em doenças como a diabetes mellitus, onde a complexidade do manejo pode desmotivar o paciente. A educação em saúde aumenta a confiança dos pacientes em sua capacidade de gerir a própria saúde, resultando em uma maior adesão ao tratamento (Santos et al., 2023).
A integração de tecnologias, como a telessaúde e a telefarmácia, tem potencializado as intervenções educativas. Essas ferramentas permitem que os farmacêuticos mantenham contato contínuo com os pacientes, reforçando as orientações sobre o uso de medicamentos e o monitoramento de condições crônicas. A telessaúde, por exemplo, facilita o envio de lembretes e a realização de consultas virtuais, o que se mostrou eficaz para melhorar a adesão em contextos onde o acesso físico à farmácia ou ao serviço de saúde é limitado (Conzatti, 2023).
Freitas et al. (2021) destacam que a individualização do cuidado é uma estratégia eficaz para aumentar a adesão. Ao adaptar as intervenções educacionais às necessidades específicas de cada paciente, o farmacêutico consegue abordar fatores que influenciam diretamente a adesão, como a compreensão sobre a doença, a capacidade de administrar múltiplos medicamentos e a motivação para seguir o tratamento. Essa personalização do cuidado, associada a visitas regulares e a um plano de acompanhamento, garante um suporte mais eficaz ao paciente.
A falta de adesão ao tratamento pode ser atribuída também à polifarmácia e à complexidade das terapias, como observado por Silva (2024). A presença do farmacêutico como educador e gestor do tratamento ajuda a simplificar as rotinas de medicação e a reduzir a ocorrência de interações medicamentosas prejudiciais. Além disso, a revisão periódica do regime terapêutico, com base em protocolos bem definidos, contribui para a otimização do tratamento e a prevenção de problemas relacionados à farmacoterapia (Pedral, 2023).
Portanto, as intervenções educacionais realizadas pelo farmacêutico vão além da simples transmissão de informações; elas englobam um suporte contínuo e a construção de uma relação de confiança com os pacientes. Esse papel educacional tem demonstrado impacto positivo na adesão ao tratamento e na melhoria dos resultados clínicos, corroborando com os princípios de cuidado integral e promoção da saúde (Freitas et al., 2021; França, 2023). Dessa forma, a atuação proativa do farmacêutico na educação dos pacientes com DCNTs é essencial para garantir uma abordagem eficaz e sustentável de tratamento.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo atinge os objetivos propostos, demonstrando a importância do papel do farmacêutico clínico no manejo e prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). A análise evidencia que a atuação proativa do farmacêutico na educação e no acompanhamento de pacientes promove maior adesão ao tratamento, melhora dos resultados terapêuticos e redução de complicações associadas às DCNTs.
A integração de tecnologias como a telessaúde e a telefarmácia expande as possibilidades de intervenção e facilita o acesso ao cuidado, comprovando-se uma estratégia eficaz para manter a continuidade do tratamento, especialmente em áreas de difícil acesso. A presença de consultórios clínicos em farmácias comerciais amplia o papel do farmacêutico, destacando sua contribuição para um atendimento mais personalizado e centrado no paciente.
As intervenções educacionais se mostram fundamentais para capacitar os pacientes a seguirem corretamente suas terapias, aumentando a eficácia do tratamento e promovendo a autonomia no autocuidado. Os achados confirmam que a individualização do acompanhamento e a utilização de recursos tecnológicos são práticas que potencializam os resultados positivos no manejo de DCNTs.
O trabalho reforça a necessidade de adoção de políticas que favoreçam a atuação integrada do farmacêutico com a equipe multiprofissional, promovendo um modelo de saúde mais inclusivo e eficaz. As limitações do estudo incluem a abrangência de dados de estudos prévios e a aplicabilidade prática em diferentes contextos, sugerindo que futuras pesquisas abordem a efetividade das intervenções em populações diversificadas e ampliem o uso de métodos quantitativos e qualitativos para uma análise mais detalhada.
REFERÊNCIAS
CONCEIÇÃO, Mychelle Brandão da; SILVA, Renacklane Tofano; SANTILIANO, Bethania Ribeiro de Almeida. Assistência farmacêutica à portadores de diabetes mellitus. Cadernos Camilliani, v. 19, n. 4, p. 66-82, dez. 2022.
CONZATTI, Lisiane Maria Pulz. Papel do farmacêutico no cuidado dos pacientes com diabetes mellitus via telessaúde. 2023. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Saúde Pública) – Universidade, Porto Alegre, 2023.
CORCINI, Daniela Silva; GARCIA, Ruth Maria Alves. Atenção farmacêutica a pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica e asma. Revista APS, v. 23, n. 4, out./dez. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.34019/1809-8363.2020.v23.25850. Acesso em: 07 de novembro de 2024.
COUTINHO, Ana Paula França; XAVIER, Rosa Malena Fagundes; SANTOS JÚNIOR, Aníbal de Freitas; BENDICHO, Maria Teresita Fernandez. Farmacoterapia geriátrica: o uso de medicamentos e as doenças crônicas não transmissíveis em idosos. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1, p. e5720, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.25248/reas.e5720.2021. Acesso em: 02 de novembro de 2024.
FRANÇA, Alexandra Lira de. Diabetes mellitus e a importância do farmacêutico no tratamento: uma revisão de literatura. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2023.
FREITAS, Emanoel Mota et al. Prescrição farmacêutica: uma nova perspectiva no manejo clínico. 2021.
OLIVEIRA, Tamires Vaz. Atenção farmacêutica nas interações medicamentosas entre anti-hipertensivos e hipoglicemiantes. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia) – Centro Universitário Regional do Brasil, Barreiras, 2021.
PEDRAL, Mariana Ellen Ferreira de Farias. Atenção farmacêutica no tratamento de pacientes com hipertensão arterial. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.
ROCHA, Priscilla Alves; TOMA, Tereza Setsuko. Uso de telefarmácia para atenção a pessoas com doenças crônicas transmissíveis: uma revisão de escopo. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, p. e28712340719, 2023. Disponível em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i3.40719. Acesso em: 01 de novembro de 2024.
SANTOS, Flávia Carine Mattana dos; COSTA, Marco Antônio; GIROTTO, Edmarlon; POSSAGNO, Gerusa Clazer Halila. Cuidado farmacêutico em diabetes mellitus tipo 2: Um desafio a ser enfrentado. Revista Científica da Escola Estadual de Saúde Pública de Goiás “Cândido Santiago”, v. 9, n. 9g4, p. 1-15, 2023.
SCHRODER, Máira; MANFRINI, Rozangela. Individualização clínica: acompanhamento farmacêutico no cuidado em doenças crônico-degenerativas. In: COLEÇÃO TEMÁTICA: SERVIÇO DE FARMÁCIA CLÍNICA, Ciências Farmacêuticas, ed. 4, cap. 11, 2023.
SILVA, Fernanda Teixeira. Acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes com doença renal crônica em tratamento não dialítico. 2024. Dissertação (Mestrado em Saúde do Adulto) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2024.
SILVA, Maria das Graças da. A importância da assistência farmacêutica e o papel do farmacêutico com o idoso na hipertensão arterial sistêmica: uma revisão literária. Saúde Coletiva: avanços e desafios para a integralidade do cuidado, v. 3, p. 51-53, 2018.
1Discente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Salvador – UNIFACS – Campus Feira de Santa – BA e-mail: jamiille.santoos@outlook.com.
2Docente do Curso Superior de Farmácia da Universidade de Salvador – UNIFACS – Campus Feira de Santa – BA. Mestre (PPGMAD/UNIR)