THE ROLE OF NURSING IN THE CARE OF WOMEN WHO ARE VICTIMS OF SEXUAL VIOLENCE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10359649
Elyta Garyane Mendes da Silva [1]
Fagner de Sousa Alves [2]
Isabel Cristine Ramos da Silva [3]
Shelma Feitosa dos Santos [4]
Resumo: Pesquisa de revisão de literatura com o objetivo de abordar o cuidado da enfermagem em relação às mulheres vítimas de violência sexual, bem como enfatizar a importância da identificação de possíveis vítimas. Método: este estudo adotou uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, com o objetivo de conduzir uma revisão integrativa da literatura abarcando o intervalo de 2018 a 2023. Resultados: Os estudos enfatizaram o papel fundamental da equipe de enfermagem no acolhimento e assistência às vítimas de violência sexual, apontando desafios como a falta de preparo, situações emocionalmente intensas e estigma associado à violência. Onde destacaram a importância da colaboração interprofissional e da criação de um ambiente seguro para encorajar as vítimas a buscar ajuda. Considerações finais: Portanto, destacou-se que a enfermagem desempenha um papel crítico na rede de apoio às vítimas de violência sexual, promovendo a melhoria da qualidade de vida e a conscientização sobre essa questão na sociedade. É imperativo reconhecer e valorizar o papel da enfermagem nesse contexto, investindo em recursos e treinamento para que esses profissionais possam continuar a atuar de maneira eficaz e sensível.
Palavras-chave: Violência sexual, Enfermagem, Acolhimento, Mulher.
Abstract: Literature review aimed to address nursing care for women victims of sexual violence and emphasize the importance of identifying potential victims. Method: This study adopted a qualitative, exploratory, and descriptive approach, with the aim of conducting na integrative literature review spanning the period from 2018 to 2023.Results: The studies highlighted the pivotal role of the nursing team in welcoming and assisting sexual violence victims, pointing out challenges such as lack of preparedness, emotionally intense situations, and the stigma associated with violence. They also emphasized the importance of interprofessional collaboration and creating a safe environment to encourage victims to seek help. Final considerations: Therefore, it was highlighted that nursing plays a critical role in the support network for victims of sexual violence, promoting the improvement of quality of life and awareness of this issue in society. It is imperative to recognize and value the role of nursing in this context, investing in resources and training to enable these professionals to continue to act effectively and sensitively.
Keywords: Sexual violence, Nursing, Welcoming, Women.
INTRODUÇÃO
A violência sexual contra a mulher pode ser definida como qualquer forma de atividade sexual na qual a mulher é forçada a participar contra sua vontade devido a coerção, uso de força física, ameaças verbais, intimidação, ou manipulação psicológica, invadindo sua intimidade sem seu consentimento (RABELO et al,. 2022).
A violência sexual contra as mulheres é um problema global de proporções alarmantes que requer atenção urgente e ação eficaz. De acordo com um estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em colaboração com a London School of Hygiene and Tropical Medicine e o Conselho de Pesquisa Médica, aproximadamente um terço (30%) das mulheres em todo o mundo já enfrentou violência física e/ou sexual em relacionamentos. Este dado, por si só, evidencia a extensão da violência de gênero e a necessidade premente de lidar com essa questão (OPAS/OMS, 2018).
A situação se torna ainda mais alarmante quando consideramos que 38% dos assassinatos de mulheres em todo o mundo são cometidos por seus parceiros. Esses números sombrios, revelados por esse estudo, destacam a gravidade da violência de gênero, que não se limita a um único país ou cultura (OPAS/OMS, 2018). No Brasil, as estatísticas não são menos chocantes. De acordo com dados divulgados em 2015 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma em cada dez mulheres, com idades entre 15 e 65 anos, já foi vítima de violência sexual em algum momento de suas vidas. Além disso, a cada 11 minutos, uma mulher se torna vítima de estupro no país (NETA; GUIMARÃES; FARIAS; SANTOS, 2020).
Esses números alarmantes não podem ser ignorados, e a violência sexual não é apenas uma questão de diferenças anatômicas entre homens e mulheres, mas sim uma manifestação das desigualdades culturais e sociais que as mulheres enfrentam em todo o mundo. Essas desigualdades colocam as mulheres em posições vulneráveis, sujeitas a várias formas de violência, repressão, intolerância e injustiça, muitas vezes com resultados devastadores, inclusive mortais (MARQUES, 2020).
O Brasil, infelizmente, não está imune a essa situação. A violência de gênero, especialmente a violência sexual contra mulheres, tornou-se parte integrante da cultura, com o silêncio prevalecendo e as autoridades muitas vezes minimizando essas situações. A estrutura patriarcal da sociedade brasileira historicamente definiu o papel da mulher como propriedade de seus pais e maridos, limitando seus direitos e sua autonomia sobre seus próprios corpos. A naturalização da violência tornou o sofrimento das mulheres invisível ou até mesmo considerado normal (RODRIGUES et al,. 2021).
A Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada o ponto de entrada fundamental para acolher mulheres que enfrentam situações de violência, com o objetivo de identificar casos suspeitos e confirmados e fornecer atendimento adequado. Vale ressaltar que a APS desempenha um papel crucial devido à proximidade entre os serviços de saúde e as pacientes. Proximidade essa que, favorece a criação de vínculos de confiança entre profissionais de saúde e vítimas, tornando a abordagem eficaz para promover a prevenção e recuperação de problemas enfrentados por mulheres vítimas de violência ( SILVA; RIBEIRO, 2020).
Com tudo, a área da saúde, em particular a enfermagem, desempenha um papel crucial no acolhimento, assistência e apoio às vítimas de violência sexual. Os profissionais de enfermagem frequentemente são os primeiros a terem contato direto com essas mulheres e dedicam uma parte significativa do seu tempo ao cuidado delas. Eles têm a capacidade única de oferecer um ambiente seguro e de apoio, onde podem acolher e auxiliar as vítimas de violência sexual em seu processo de tratamento e recuperação, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida (BATISTETTI; LIMA; SOUZA, 2020).
Por outro lado, o acolhimento de mulheres vítimas de violência sexual apresenta diversos desafios para os profissionais de enfermagem. Conforme destacado por Lima, Sousa e Gomes (2022), esses desafios incluem a falta de preparo e treinamento específico, o enfrentamento de situações emocionalmente intensas, a necessidade de lidar com a revitimização das mulheres e a falta de recursos adequados para o atendimento.
Além disso, a enfermagem também enfrenta desafios relacionados ao estigma e preconceito associados à violência sexual. E com tudo, muitas mulheres têm receio de buscar ajuda devido ao medo de serem julgadas ou culpabilizadas. Portanto, os profissionais de enfermagem devem estar preparados para lidar com essas questões de forma sensível e empática, garantindo um ambiente livre de julgamentos (ALMEIDA et al., 2021).
Nesse contexto, é importante destacar que, os profissionais que lidam com mulheres vítimas de violência sexual ajam com sensibilidade e consideração, reconhecendo a fragilidade das mesmas nessa situação e encaminhando-as para as redes de apoio internas e interdisciplinares, cujo objetivo é garantir sua proteção. Além disso, é fundamental que esses profissionais estejam atentos à identificação precisa das vítimas e à notificação dos casos, trabalhando de maneira coordenada e colaborativa para oferecer um atendimento compassivo, seguro, abrangente, completo e de alta qualidade às vítimas (CASTRO et al,. 2023).
Para isso, é essencial que os enfermeiros possuam características como empatia, sensibilidade e calma, o que lhes permite realizar uma escuta qualificada e identificar os riscos e problemas enfrentados por essas mulheres. Essa abordagem abrangente busca proporcionar um cuidado integral. Além disso, é necessário que os enfermeiros tenham uma sólida base técnico-científica aliada a uma abordagem humanizada, para enfrentar de maneira resolutiva os desafios enfrentados pelas vítimas de violência sexual. Ao trabalhar em colaboração com outros profissionais e serviços disponíveis na rede, o enfermeiro pode contribuir para a redução do ciclo de violência e facilitar o acesso a um atendimento eficaz, tornando o processo de cuidado mais acolhedor (MOTA; AGUIAR, 2020).
Com tudo este estudo mostra-se relevante, pois aborda um tema de grande importância social e de saúde pública. Ele destaca o papel fundamental da enfermagem no acolhimento de mulheres vítimas de violência sexual, ressaltando as competências necessárias, os desafios enfrentados pelos profissionais e as melhores práticas para oferecer cuidados sensíveis e eficazes. Além disso, enfatiza como a enfermagem pode contribuir para promover a resiliência, a autonomia e o empoderamento das mulheres após o trauma da violência sexual. Ao basear-se em evidências e experiências de profissionais de enfermagem, o artigo fornece uma visão abrangente do assunto, destacando a importância crítica desse papel na rede de apoio às vítimas. Isso pode ajudar a sensibilizar a sociedade, aprimorar os cuidados prestados e fortalecer a resposta à violência sexual.
MÉTODO
Foi realizado trabalho de revisão literatura integrativa, de caráter exploratório e qualitativo, onde foi utilizado as principais bases de dados como: PubMed, LILACS, Sciello e biblioteca virtual de saúde-BVS em artigos e publicações feitas nos últimos cinco anos (2018-2023), e também em monografias dispostas na biblioteca da faculdade, os descritores utilizados foram “Violência sexual”, “Enfermagem”, “Acolhimento” e “Mulheres”. A seleção dos artigos foi realizada a partir da leitura dos títulos, resumos e textos completos. Foram incluídos artigos científicos que abordassem o papel da enfermagem no acolhimento e cuidado de mulheres vítimas de violência sexual, com títulos em português e inglês. Foram excluídos artigos que não cabia a temática proposta. A análise dos dados foi realizada por meio da síntese narrativa, que consiste na descrição dos resultados de forma descritiva e interpretativa. Onde foram identificadas as principais demandas das mulheres vítimas de violência sexual no acolhimento pela enfermagem, as principais estratégias de acolhimento e cuidado para essas mulheres na perspectiva da enfermagem, bem como o impacto do acolhimento e cuidado de enfermagem na recuperação dessas mulheres.
RESULTADOS
ART. REF. | TÍTULO | OBJETIVO | RESULTADO | AUTOR | ANO |
1 | A percepção da vítima de violência sexual quanto ao acolhimento em um hospital de referência no Paraná. | Identificar o papel da equipe de enfermagem em casos de violência sexual contra a mulher. Com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida. | Os profissionais de enfermagem desempenham um papel fundamental no acolhimento, assistência e apoio às vítimas de violência sexual, e oferecer um ambiente seguro. | BATIST ETTI LIMA. SOUZA. | 2020 |
2 | A percepção da vítima de violência sexual quanto ao acolhimento em um hospital de referência no Paraná. | Descrever as principais estratégias de acolhimento e cuidado para mulheres vítimas de violência sexual na perspectiva da enfermagem. | Conforme o acolhimento de mulheres vitima de violência sexual, apresenta diversos desafios para os profissionais de enfermagem que foi destacado por Lima et al. (2022) . | BATIST ETTI LIMA. SOUZA. | 2020 |
3 | O papel da enfermagem no cuidado às mulheres vítimas de violência sexual. | Analisar a abordagem do enfermeiro de modo que possa identificar situações que coloquem risco à vida da mulher e as ações de cuidados de enfermagem juntamente com a equipe multiprofissional na assistência as vítimas. | E com tudo, muitas mulheres tem receio de buscar ajuda devido ao medo de serem julgados ou culpadas. Os profissionais da enfermagem devem garantir um ambiente livre de julgamentos. | ALMEID A et al. | 2021 . |
4 | Percepções de enfermeiros da atenção primária no atendimento í s mulheres vítimas de violência sexuall. | É essencial que tenham uma sólida base técnicocientífica aliada a uma abordagem humanizada, sobre a atuação do enfermeiro no atendimento ao cliente vitima de violência sexual. | Ao dedicar-se com outros profissionais e serviços disponíveis na rede, o enfermeiro pode contribuir para a redução do ciclo de violência e facilitar o acesso a um atendimento eficaz, tornando o processo de cuidado mais acolhedor | MOTA, AGUIA R. | 2020 . |
5 | Atuação do enfermeiro frente a mulher vítima de violência sexual. | Revisar e analisar o papel do enfermeiro no contexto da mulher vítima de violência sexual. | Demostra que a violência sexual contra mulheres é um problema generalizado, particularmente grave no Brasil, e está relacionada às desigualdades de | RODRI GUES et al,. | 2021 |
gênero, causando danos físicos e emocionais. E concordam que enfermeiros enfrentam dificuldades devido à falta de protocolos e instalações adequadas. | |||||
6 | Violência obstétrica no Brasil: um conceito em construção para a garantia do direito integral à saúde das mulheres | Busca aproximar o direito sanitário das questões relacionadas à garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, como parte indissociável do direito à saúde, abordando o conceito de violência obstétrica e as proposições legislativas | Mostram números alarmantes não podem ser ignorados, e a violência sexual não é apenas uma questão de diferenças anatômicas entre homens e mulheres. E dizem ainda que, essas desigualdades colocam as mulheres em posições vulneráveis, sujeitas a várias formas de violência. | MARQU ES | 2020 |
7 | Mulheres vítimas de abuso sexual em um município da Amazônia | Caracterizar quanto o perfil epidemiológico e sociodemográfico as mulheres vítimas de abuso sexual. | Destacaram que de acordo com dados divulgados em 2015 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma em cada dez mulheres, com idades entre 15 e 65 anos, já foi vítima de violência sexual em algum momento de suas vidas. | NETA, GUIMA RÃES, FARIAS e SANTO S. | 2020 . |
8 | Intervenções de enfermagem na violência sexual contra a mulher | Mostrar as fragilidades dessa mulher após diversas agressões físicas e psicológicas, bem como o julgamento da sociedade que é um dos principais fatores que levam as mulheres só sentimento de culpa. | Mostram que esses desafios incluem a falta de preparo e treinamento específico, o enfrentamento de situações emocionalmente intensas, a necessidade de lidar com a revitimização das mulheres e a falta de recursos adequados para o atendimento. | LIMA, SILVA e GOMES . | 2022 . |
9 | Violência contra as mulheres na prática de enfermeiras da atenção primária à saúde. | Compreender como os enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde identificam a violência contra as mulheres e descrever a assistência de enfermagem prestada a essas mulheres. | Destacam que a Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada o ponto de entrada fundamental para acolher mulheres que enfrentam situações de violência. Onde a proximidade entre pacientes e profissional cria vinculos de confiança, favorecendo uma abordagem eficaz nós serviços de saúde. | SILVA; RIBEIR O | 2020 . |
10 | Assistência do profissional de enfermagem na identificação e no acompanhamen to da mulher vítima de violência sexual. | Compreender a importância da contribuição do profissional de enfermagem na identificação e no acompanhamento da mulher vítima de violência sexual. | Concordam que os profissionais que cuidam de vítimas de violência sexual devem agir com sensibilidade, e encaminhar para redes de apoio, identificando corretamente as vítimas para garantir um atendimento de qualidade. | CASTR O et al,. | 2023 . |
11 | Perfil das mulheres vítimas de violência sexual e os cuidados de enfermagem. | Conhecer o perfil dos casos, os sentimentos vivenciados e descrever as condutas adotadas pelo enfermeiro no cuidado à mulher vítima de violência sexual. | Além de trazer o perfil dos casos, os autores fazem uma análise de como devem agir nesses casos e também trazem a definição de violência sexual contra mulher. | RABEL O et al,. | 2022 . |
12 | O papel da enfermagem na violência sexual contra a mulher. | Descrever as ações do enfermeiro com a vítima feminina que sofreu violência sexual. | Afirma que a enfermagem tem um papel fundamental no acolhimento das vítimas de violência sexual. | SOUZA et al,. | 2019 |
13 | O Papel Da Enfermagem Na Violência Sexual Contra a Mulher | reconhecer os procedimentos e órgãos disponíveis para o devido atendimento neste processo | Este estudo mostra a importância do profissional de enfermagem no atendimento às vítimas. | DE SOUZA | 2019 |
14 | Violência Contra A Mulher: Como Os Profissionais Na Atenção Primária À Saúde Estão Enfrentando Esta Realidade? | Identificar as formas de assistência prestada pelos profissionais da atenção primaria à mulher vítima de violência sexual no município de Buíque (PE) | Destaca que ausência de infraestrutura adequada nas unidades de saúde, a falta de treinamento dos profissionais e a carência de uma rede de apoio eficaz para essas mulheres são fatores que contribuem para essa situação. | SANTO S et al., | 2018 |
15 | Mulheres em situação de violência: (Re) pensando a escuta, vínculo e visita. | Relatar a experiência de ações educativas de uma pesquisa participante com profissionais da estratégia saúde da família. | Afirma que atividades de educação oferecem aos envolvidos a oportunidade de ponderar e debater sobre métodos de escuta, estabelecimento de relações e visitas domiciliares a mulheres que enfrentam violência, bem como adquirir conhecimento para aprimorar essas habilidades e aplicá-las em seu contexto profissional | HEILER , et al,. | 2018 |
DISCUSSÕES
Os estudos realizados por Batistetti Lima e Souza (2020) oferecem uma perspectiva fundamental sobre o papel da enfermagem no acolhimento e cuidado de mulheres vítimas de violência sexual. Esses autores destacam que a equipe de enfermagem desempenha um papel crítico na melhoria da qualidade de vida das vítimas nesse contexto. Através de sua abordagem empática e profissional, esses profissionais criam um ambiente seguro e acolhedor que é essencial para encorajar as mulheres a buscar ajuda e apoio. Eles não apenas fornecem assistência clínica, mas também desempenham um papel importante na mitigação do trauma emocional que acompanha a violência sexual.
Almeida et al. (2021) contribuem significativamente para a discussão, destacando os desafios adicionais enfrentados pela enfermagem no atendimento a vítimas de violência sexual. Esses autores observam que os profissionais de enfermagem frequentemente se deparam com a desonra e o preconceito associados a esses casos sensíveis. Essa constatação ressalta a necessidade urgente de uma abordagem sensível e livre de julgamentos. Para fornecer o apoio necessário, os enfermeiros devem estar preparados não apenas com habilidades técnicas, mas também com uma compreensão profunda da importância da empatia e do respeito pelo sofrimento das vítimas.
O estudo conduzido por Mota e Aguiar (2020) destaca a importância de uma base técnico-científica sólida aliada a uma abordagem humanizada por parte dos enfermeiros no atendimento às vítimas de violência sexual. Esses autores argumentam que, ao dedicar-se ao trabalho em equipe com outros profissionais de saúde e serviços disponíveis na rede, os enfermeiros podem desempenhar um papel crucial na redução do ciclo de violência. Além disso, a colaboração interprofissional é essencial para facilitar o acesso das vítimas a um atendimento eficaz e tornar o processo de cuidado ainda mais acolhedor.
De acordo com Heiler et al. (2018), a Estratégia Saúde da Família (ESF) é o setor de saúde que geralmente mantém uma proximidade maior com as mulheres em situações de violência, buscando implementar práticas de cuidado que facilitam a detecção de questões sociais, incluindo a violência contra as mulheres. Além disso, essa abordagem se concentra na promoção da integralidade no atendimento, o que significa não apenas identificar problemas, como a violência, mas também desenvolver soluções abrangentes para essas questões.
Rodrigues et al. (2021) destacaram a prevalência da violência sexual no Brasil e como ela está ligada às desigualdades de gênero, causando danos físicos e emocionais. Eles também apontam a falta de protocolos e instalações adequadas que dificultam a atuação dos enfermeiros. Marques (2020) concentra-se na construção do conceito de violência obstétrica e sua relação com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Sua pesquisa destaca a vulnerabilidade das mulheres diante das desigualdades de gênero.
Neta, Guimarães, Farias e Santos (2020) caracterizam o perfil das mulheres vítimas de abuso sexual na Amazônia, enfatizando que uma em cada dez mulheres enfrenta essa violência. Já Lima, Silva e Gomes (2022) discutem as fragilidades enfrentadas pelas mulheres após agressões físicas e psicológicas, bem como o julgamento da sociedade. Eles destacam desafios como a falta de preparo e treinamento específico para os enfermeiros. Assim, apesar dos investimentos provenientes das três esferas de governo na assistência às mulheres vítimas de violência, os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde na prestação desse atendimento, especialmente no contexto da violência, permanecem persistentes ( SANTOS et al., 2018).
Silva e Ribeiro (2020) enfocam a importância da Atenção Primária à Saúde como ponto de entrada fundamental para acolher mulheres que enfrentam situações de violência. Podemos explorar como essa proximidade entre pacientes e profissionais de enfermagem pode ser fortalecida para uma abordagem eficaz. Assim, Castro et al. (2023) destacam a importância da sensibilidade dos profissionais de enfermagem na identificação e encaminhamento para redes de apoio das vítimas de violência sexual. Podemos discutir como os enfermeiros podem aprimorar suas habilidades de identificação e atendimento sensível.
Rabelo et al. (2022) trazem o perfil das vítimas de violência sexual e as condutas dos enfermeiros. Diante disso, Souza et al. (2019) destacam o papel fundamental da enfermagem no acolhimento de vítimas de violência sexual, orientando sobre seus direitos e fornecendo cuidados ao longo de todo o processo de assistência. Podemos debater como os enfermeiros podem ser agentes de apoio e empoderamento para as vítimas.
Diante disso, a enfermagem desempenha um papel crucial no processo de cuidado das mulheres que passaram por situações de violência sexual. Através de sua prática profissional, ela reintegra a humanização como um elemento essencial do seu trabalho, ao mesmo tempo em que é uma das áreas que mais tem contribuído com conhecimento sobre esse assunto. Quando se trata de acolher mulheres vítimas de violência sexual, os profissionais de saúde devem assegurar a privacidade das pacientes, demonstrando sensibilidade e possuindo o conhecimento necessário para lidar com essa delicada situação, evitando expor a paciente ( SOUZA, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a discussão abordada ao longo deste artigo sobre o papel da enfermagem no acolhimento de mulheres vítimas de violência sexual, é evidente que os profissionais de enfermagem desempenham uma função de extrema relevância nesse contexto. Este artigo destacou a importância das competências necessárias, os desafios enfrentados pelos enfermeiros e as melhores práticas para oferecer cuidados sensíveis e eficazes. A enfermagem não apenas desempenha um papel clínico ao tratar as consequências físicas da violência sexual, mas também oferece um apoio emocional crucial. Isso cria um ambiente seguro e acolhedor, encorajando as vítimas a buscar ajuda e apoio. Além disso, a abordagem humanizada e empática dos enfermeiros contribui para mitigar o trauma emocional que acompanha a violência sexual.
O empoderamento, a resiliência e a autonomia das mulheres vítimas de violência sexual foram destacados como objetivos essenciais da enfermagem. Esse apoio holístico vai além do tratamento clínico e busca auxiliar as vítimas a reconstruir suas vidas após o trauma. Este artigo também ressaltou a importância da colaboração interprofissional e da educação contínua dos profissionais de enfermagem para enfrentar os desafios específicos dessa área de atuação. Portanto, enfermagem desempenha um papel crítico na rede de apoio às vítimas de violência sexual, contribuindo para a melhoria de sua qualidade de vida e para a construção de sociedades mais empáticas e informadas sobre essa questão. Portanto, é fundamental reconhecer e valorizar a relevância do papel da enfermagem nesse contexto e investir em recursos e treinamento para que esses profissionais possam continuar a desempenhar esse papel vital de forma eficaz e sensível.
Referências
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[1] Graduanda do curso de enfermagem-FAESF. Email: gennillda@hotmail.com .
[2] Graduando do curso de enfermagem-FAESF. Email: fagneralves696@gmail.com.
[3] Graduanda do curso de enfermagem-FAESF. Email: isabelcristine317@gmail.com.
[4] Mestra em Saúde da Mulher – UFPI, Docente do curso bacharelado em Enfermagem da faculdade de ensino superior de Floriano-FAESF, E-mail: shelmafeitosa@hotmail.com .