O PAPEL DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10155777


Evelyn Noberto Da Silva
Natany Vitoria De Oliveira Carvalho
Raiza Elisia De Lima
Rosa Maria Da Silva
Prof: Aline Barros de Oliveira


RESUMO

A violência obstétrica é uma prática antiga que persiste até os dias atuais. Isso ocorre pela hierarquização de profissionais e falta de informações por parte das mulheres. Quando falamos em violência obstétrica não podemos deixar falar da importância da equipe de enfermagem, visto que a mesma presta assistência as mulheres desde a concepção do feto até o puerpério, garantindo uma assistência segura, humanizada e empoderando mulheres sobre seu corpo e o tão sonho parto humanizado. Com isso, o estudo objetiva identificar na literatura o papel da enfermagem na prevenção da violência obstétrica. Portanto, trata-se de uma revisão integrativa de caráter qualitativo, com busca nas bases de dados: Scielo, LILACS, BVS e no site do Ministério da Saúde, referente ao período de março a novembro de 2023, utilizando os seguintes descritores e operadores booleanos: “Violência Obstétrica”, AND “parto”, AND “Assistência de Enfermagem”, OR “Humanização”. Dos 32 estudos selecionados após critérios de exclusão, apenas doze artigos na íntegra comtemplaram a pergunta da pesquisa. Verificou-se que a violência obstétrica é um problema de saúde pública, que muitas vezes é desconhecida pelas parturientes e que precisa ser combatido, através da assistência humanizada e da redução das intervenções desnecessárias, evitando consequências negativas tanto para a mãe como para o bebê. A enfermagem é de grande importância para a prevenção desse tipo de violência, pois atua na conscientização da gestante e da equipe de enfermagem, proporcionando um parto seguro e humanizado e evitando qualquer tipo de intervenção desnecessária. Sendo assim, as pesquisas evidenciaram o quanto a figura da enfermagem é essencial para o combate e conscientização sobre a violência obstétrica, pois é a área que atua, de maneira eficaz, na produção de educação em saúde, necessitando estar presente muito antes do parto, como é o caso do pré-natal.

Descritores: Violência Obstétrica. Parto. Assistência de Enfermagem. Humanização. Saúde da Mulher.

1. INTRODUÇÃO

A violência no parto um cenário antigo que ainda persiste na atualidade, tendo em vista que muitas vítimas desconhecem ou não possuem conhecimento suficiente sobre os seus direitos. Entende-se que há predominância da falta de informação durante o processo de parir possibilitando que as puérperas permaneçam em silêncio diante dos fatos, pois não foram corretamente informadas (Nascimento et al.,2022).

Segundo Ferreira; Silva; Pereira, (2020), os partos eram realizados por parteiras ou comadres que possuíam um conhecimento popular sobre o corpo e o processo de parir, por esse motivo, a maioria dos partos ocorriam no próprio domicílio da família, trazendo um maior conforto para a mãe, pois naquela época era constrangedor para mulher ter filho com um médico, além disso, eles eram tidos como frios diante da dor, sendo procurados apenas em caso de emergências (Ferreira; Silva; Pereira, 2020).

Há profissionais da saúde, que por ter o conhecimento, acreditam que podem decidir pelas as mulheres, deixando de lado as crenças e opiniões da paciente, existindo um poder hierárquico por parte deles para agir e falar de qualquer forma, tomando condutas inapropriadas, por exemplo, quando elas gritam/reclamam durante o trabalho de parto ou pré- parto, recebendo como castigo um tratamento desumano (Magalhães et al., 2023).

Contudo, são perceptíveis os impactos deixados, afetando de forma direta a vivência da mulher. Os danos físicos deixados são incontáveis, como: hemorragias, infecções, cicatrizes, complicações na cesárea, podendo levar ao óbito, além das marcas que vão além do corpo, como os traumas, sensação de insuficiência, medo, constrangimento e até mesmo o surgimento de transtornos psicológicos. Com isso, observa-se que a violência contra a mulher grávida é uma fatalidade para a saúde pública, tendo em vista que tais condutas de violência entram em contrariedade com ela, que luta pela prevenção (Santos, 2016)

Por esse motivo que as consultas de pré-natal se tornam um momento oportuno para a criação de ações educativas e o compartilhamento de informações. Pois a consulta vai muito além de um atendimento, é um momento de preparar e garantir que a gestante esteja pronta para ter seu parto em segurança. Por isso a enfermagem deve alertar a gestante sobre os riscos violência obstétrica, oque contribui para a mudança do modelo assistencial e reduz a morbimortalidade materna-infantil. Garantindo que as gestantes e futuras parturientes tenham suas dúvidas sanadas e seus direitos respeitados (Monteiro etal., 2020).

De acordo com Nascimento et al., (2022), a enfermagem vem colaborando para a redução de casos de violência obstétrica, pois garante uma assistência humanizada e segura para a mãe e o bebê. Diante disso, é de suma importância acolher essa mulher, respeitar sua autonomia e garantir sua segurança durante trabalho de parto, parto e pós-parto. E isso só é possível fazendo a escuta dessa mulher, explicando sobre os procedimentos realizados, o direito a acompanhante, práticas para alívio da dor, contato pele a pele, assegurando o direito de escolha do tipo de parto e evitando procedimentos invasivos e desnecessários (Nascimento et al., 2020).

Segundo Moura etal.,(2018) durante o processo de trabalho de parto deve-se garantir um ambiente acolhedor, tranquilo e limpo, com boa iluminação e ventilação, esclarecer dúvidas que venham a surgir sobre as fases do trabalho de parto e sempre encoraja-la durante todo o processo. Após o parto, uma prática fundamental é o contato pele a pele entre o recém- nascido (RN) e a genitora, explicando sobre a pega correta e a importância do aleitamento materno (Silva etal.,2020).

Diante disso, esse estudo tem como objetivo identificar o papel da enfermagem na prevenção da violência obstétrica. Assim como entender a importância da equipe de enfermagem na prevenção e no combate a essas práticas, possibilitando um cuidado humanizado, respeitando o fisiológico da mulher e reconhecendo os cuidados essenciais desse processo, para que esse momento se torne um processo natural e especial na vida dessa parturiente.

2. METODOLOGIA

2.1. Tipo de Estudos

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura, com o objetivo de reunir e sintetizar resultados sobre o tema, com o intuito de trazer informações relevantes para a saúde e despertar interesse do leitor, bem como contribuir para futuras pesquisas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

O estudo se deu por meio de cinco etapas assim descritas: 1) identificação do tema para a elaboração da revisão integrativa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3) Seleção de informações a serem extraídas dos artigos4) interpretação dos resultados; 5) apresentação da revisão (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

2.2. Coleta e Análise dos dados

A coleta de dados foi feita de maneira sistemática, através de pesquisas nas bases de dados científicas: Scientific Electronic Library Online (SciELO); Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e site como o Ministério da Saúde no período de março a novembro de 2023. Os descritores utilizados se basearam na seleção dos termos inseridos nos descritores em Ciências da Saúde da Biblioteca Virtual em Saúde (DeCS/Mesh): Parto/ Childbirth/ Parto; violência obstétrica / obstetric violence / violencia obstétrica; assistência de enfermagem/ nursing care/ cuidado de enfermeira; humanização/ Humanization / Humanización; saúde da mulher / women’s health/ la salud de la mujer. Na busca dos artigos na base de dados utilizou-se o operador booleano AND para relacionar os descritores procurados na pesquisa avançada, com intuito responder a questão norteadora do estudo: “Qual a importância da enfermagem na prevenção da violência obstetra?”.

Estabeleceu-se como critérios de inclusão os artigos científicos publicados nos últimos cinco anos completos, publicados nos idiomas inglês, espanhol e português, online e disponíveis gratuitamente. Como critério de exclusão, artigos duplicados, não disponível na integra, em idiomas divergentes dos citados, que não correspondiam ao objeto do estudo, teses, dissertação.

Foram identificados 32 estudos na base de dados/ biblioteca. Após a leitura de título e resumos apenas 12 foram selecionados compor a amostra.

Figura 1 – Representação esquemática da síntese e análise dos resultados da busca dos artigos, Caruaru, 2023


3. RESULTADOS E DISCURSÃO

3.1. O PROCESSO DE PARIR E AS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIAS OBSTÉTRICAS EXISTENTES.

O processo de nascimento passou por modificações com o passar do tempo e, as diferenças também podem ser notadas em diversos países e/ou cultura. Antes os partos eram realizados no conforto das residências por mulheres que eram conhecidas como parteiras, sendo substituídas posteriormente pelo médico. No século XX, com a Segunda Guerra Mundial, em virtude da tecnologia e conhecimento científico, houve o aumento da institucionalização do parto, tornando comum a medicalização e as intervenções (Bitencourt; Oliveira; Rennó, 2021).

Diante disso, a mulher passou a ser objeto durante o processo, perdendo a sua autonomia. O processo de institucionalização do parto implementou o uso de tecnologias no decorrer da assistência em determinada situação, como as de alto risco para o binômio mãe- bebê, diminuindo os índices de morte materno infantil. Com isso, essas práticas passaram a ser consideradas desumanas pelo o aumento de intervenções, privando a autonomia feminina no ato do parto, tornando o cenário violento (Silva; Aguiar, 2020).

A violação dos direitos humanos abrange diversos aspectos quando é direcionada à violência obstétrica, trazendo assim, sérias consequências para a saúde física, psicológica e sexual da mulher (Maia et al., 2018). Segundo Menezes et al., (2020), esse tipo de violência pode ser relacionada ao abuso de práticas que vão desde medidas de intervenções desnecessárias, como é o caso da episiotomia que é uma incisão cirúrgica no períneo, região entre vagina e ânus e a cesariana sem recomendação, até aos maus-tratos verbais, do corpo e da mente.

Práticas agressivas contra a qualidade de vida da gestante e, até mesmo do recém- nascido, os seguintes exemplos: impedimento da entrada de um acompanhante; toques repentinos; lavagem intestinal; episiotomia; Manobra de Kristeller; xingamentos; não comunicar ou informar qualquer tipo de procedimento a ser realizado e distanciar mãe e filho após o nascimento (Oliveira; Leite; Moreira, 2023).

Segundo Nery; Lucena (2018), uma pesquisa intitulada como “Nascer no Brasil” de 2014, aponta que as cesarianas totalizaram 52% do valor total de partos que foram realizados, além de 53,5% que passaram por episiotomia. Como já citado, a violência pode ser evidenciada de várias maneiras, muitas vezes são desconhecidas tanto pelas pacientes e acompanhantes quanto pelos profissionais de saúde, que em muitos casos, conhecem o tema de forma superficial (Araújo; Moura; Sousa, 2023).

Por outro lado, há uma prática que pode contribuir sim para a melhora da evolução do trabalho de parto, possibilitando ser usada em situações de intercorrências durante esse momento, como é o caso da cesariana, tendo em vista que ela é vital para mãe e para o feto quando indicada de forma segura, porém se tornou algo habitual e muitas vezes sem necessidade por motivos de desinformação (Deus; Ponte, 2023).

3.2. A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NA REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO OBSTÉTRICO

O processo de violência obstétrica engloba toda a apropriação do corpo da mulher, ao longo do decurso do processo de nascimento, através da exposição das mesmas pelos profissionais de saúde, utilizando comportamentos abusivos, como medicações desnecessárias induzindo e acelerando o processo fisiológico do nascimento e manobras inapropriadas a exemplo da manobra Kristeller (Souza etal., 2021).

Quando se fala de violência obstétrica a equipe de enfermagem tem um papel muito importante, principalmente o enfermeiro visto que ele realiza ações direta com a paciente desde o período gestacional até o puerpério, proporcionando a parturiente e a seus familiares cuidados integrais com escuta qualificada. Desse modo, a enfermagem é uma peça primordial no processo parir/nascer, para acolher, humanizar e orientar as parturientes (Souza et al.,2021).

Para minimizar o índice de violência obstétrica são necessários profissionais capacitados e empáticos durante o processo de parturição. Nessa perspectiva os profissionais de enfermagem vêm ganhando um espaço cada vez maior, visto que, ela tem contato direto com as pacientes durante todo o período de parto. Durante o processo de parir a mulher deve ser a protagonista, tornando esse momento o mais natural possível longe das intervenções desnecessárias. Por isso é imprescindível a enfermagem ao longo desse decurso para passar segurança, minimizar angústias e cuidar dessa mulher de forma digna e respeitosa, já que o nascimento é um momento sensível não só para gestante mais para toda família (Cunha et al.,2020).

A assistência prestada à gestante aqui no Brasil ainda se baseia no modelo hospitalar tecnocrático, tendo a atuação do médico como o protagonista do parto, excluindo a autonomia feminina, e esquecendo a principal responsável durante esse momento único que é a mulher. Um dos fatores que elevam o índice de violência obstétrica é a quantidade de mulheres leigas sobre seus direitos, e a escassez no repasse dessas informações que lhe dará respaldo sobre sua autonomia no parto. Quando falamos de parto humanizado, nos referimos não apenas as técnicas para alívio da dor, pois vai muito além disso, é sobre ter um verdadeiro acolhimento, ter acesso ao acompanhante de sua escolha, esclarecer e tirar dúvidas, é sobre empatia e dar a ela um atendimento digno, deixando-a como a protagonista no processo de parturição (Nascimento; Souza, 2021).

No Brasil ainda não tem uma lei federal que relata a violência obstétrica, mas em contrapartida se tem várias políticas públicas, que favorece os direitos das mulheres para reduzir experiências lamentáveis, que se não forem colocadas em prática pelos profissionais, fere o Código de ética, temos como exemplo: A Rede cegonha que é uma estratégia do ministério da saúde que consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis” (Nascimento; Souza, 2021).

O processo de humanização requer mudanças nas atitudes e nos procedimentos realizados pela equipe de saúde, desse modo, os profissionais envolvidos têm um papel fundamental para prestar uma assistência integral à mulher, ofertando um atendimento acolhedor, revendo conceitos, além de uma assistência técnica e humana (Souza etal.,2021).

A assistência de enfermagem vem mudando o cenário de violência obstétrica, a partir de informações sobre seus direitos, empoderando essas mulheres a partir de uma linguagem acessível sobre os procedimentos que serão realizadas no processo de parir, utilizando

técnicas não invasivas, avaliando o risco benefício para o binômio mãe-bebê. Além de respeitar suas decisões, possibilitando o seu direito de escolha, evitando constrangimentos e passando confiança durante todo o processo de nascimento (Souza etal., 2021).

Para a redução das práticas obstétricas violentas, deve haver uma mudança na formação acadêmica dos profissionais para que possam ter uma visão holística sobre o corpo da mulher. É necessário que haja diálogo e saberes entre os profissionais da saúde e as parturientes, permitindo uma experiência positiva e agradável. O papel da equipe de enfermagem contra a violência no campo obstétrico se estabelece através de conhecimentos científicos voltados à saúde da mulher, podemos ressaltar o valor da educação permanente durante a formação acadêmica desses profissionais para o processo de humanização (Cunha etal.,2020).

3.3. A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DO PARTO HUMANIZADO

A humanização vai muito além de tratar as pessoas bem durante o atendimento, é sobre valorização dos sujeitos, respeitando suas singularidades. Dessa forma, os profissionais de saúde para ofertar um parto e nascimento humanizado é imprescindível que os mesmos dêem voz às parturientes, ouvindo suas queixas, expectativas, anseios, e assim trilhar mudanças necessárias no parto. A equipe de saúde deve estar preparada para acolher a mulher e sua família, principalmente o profissional enfermeiro, para minimizar angústia, dor, orientar, ofertar conforto e auxiliá-las durante o processo de parir (Gomes; Oliveira; Lucena, 2020).

A assistência de enfermagem obstétrica vem moldando a visão das parturientes no decorrer dos anos, sobre o processo de nascimento. A atuação da classe de enfermagem atualmente, se baseia no processo de humanização do parto, reduzindo os números de mortes de mulheres que sofrem violência obstétrica, deixando cada vez mais a mulher como centro do processo de parir é dado a ela toda autonomia e liberdade nos momentos decisórios (Santana et al.,2023).

De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o enfermeiro possui domínio científico para prestar assistência às gestantes durante todo o processo gestacional, nascimento e puerpério com autonomia no parto de baixo risco, apresentando boa satisfação das usuárias além de vantagens como intervir em procedimentos desnecessários (Gomes; Oliveira; Lucena, 2020).

Parto humanizado é definido como um conjunto de ações, procedimentos e condutas, discutidos junto à parturiente e sua rede de apoio, com objetivo de alcançar resultados benéficos à saúde materno-infantil. Nesse contexto, a enfermagem obstétrica tem ganhado espaço, em virtude dos esforços aplicados por essa categoria profissional para que o parto flua sem intervenções desnecessárias e de forma natural. Na assistência ao parto humanizado a atuação do profissional de enfermagem obstétrica é indispensável, pois o mesmo contribui na assistência pautada nas boas práticas assistenciais no processo de parturição, além de reconhecer as necessidades da mulher nesse processo e promovendo o seu protagonismo (Dias; Quirino; Damasceno, 2021).

Dos dozes artigos que foram utilizados na amostra final, nove eram do tipo de estudo qualitativo, um do tipo de estudo quantitativo, um do tipo de estudo qualitativo/quantitativa. Todos os artigos utilizados foram do Brasil, dentre os qualitativos, cinco são artigos primarios, quatro são pesquisa de campo, no quantitativo, foi pesquisa de campo, no qualitativo/quantitativo foi pesquisa de campo.

Caracterização dos estudos selecionados

Titulo/AnoAutores/RevistasTipo de estudoPrincipais resultados
Violência obstétrica: fatores desencadeantes e medidas preventivas de enfermagem / Obstetric violence: unleashing factors and preventive nursing measures (2020).Maria Patrícia Vitorino de Sousa, Lohany Stéfhany Alves dos Santos, Geovanna Renaissa Ferreira Caldas, Francisco de Assis Moura Batista, Cicero Rafael Lopes da Silva Violência obstétrica: fatores desencadeantes e medidas preventivas de enfermagem. Revista Nursing, n. 279, p. 6015-6019, 2021.QualitativoO processo do parto é um acontecimento repleto de possíveis equívocos, condutas dolorosas e negligências, que podem gerar a violência obstétrica causando traumas físicos e psicológicos irreversíveis.
Produção de conhecimento sobre violência obstétrica: o lado invisível do parto / Knowledge productionAdriana Loureiro da Cunha Rafaela Batista Lopes Henriques, Thuane Rodrigues Donato da Silva, Maria Regina Bernardo da Silva, Kátia Tertulliano, Halene Cristina Dias de Armada eQualitativaEvidenciou-se como fator predominante a formação dos profissionais de saúde e a negligência como parte estruturante no desenho atual da assistência. Destacando em alguns artigos que a prática da violência institucional obstétrica ocorre por negligência, pela violência verbal, e a violência física.
on obstetric violence: the invisible side of the birth / Producción de conocimiento sobre violencia obstétrica: el lado invisible del parto (2020).Silva

A assistência do enfermeiro à parturiente no contexto hospitalar: um olhar sobre a violência obstétrica / The nursing care to the parturient in the hospital context: a look at obstetric violence / El cuidado de enfermería a la parturienta en el contexto hospitalario: una mirada a la violencia obstétricaRaphaela Correia do Nascimenti; S, Ana Carolina Ferreira de SouzaPesquisa qualitativaTrata-se de qualquer ato exercido por profissionais da saúde no que cerne ao corpo, aos processos reprodutivos e ao psicológico das mulheres, exprimido através de uma atenção desumanizada, abuso de ações intervencionistas, medicalização e a transformação patológica dos processos de parturição fisiológicos.
O papel do enfermeiro no parto humanizado: A visão das parturientes (2023)Déborah Pereira Santana, Renana de Souza Moreira, Patrícia da Silva Mueller, Katia Margareth Bitton de Moura, Marcela Delatore Guedes Pinheiro, Fabiano Fernandes de Oliveira, Hércules de Oliveira Carmo, Silvia Maria de Carvalho FariasPesquisa de campo qualitativa.De acordo com os dados obtidos na pesquisa14,28% das participantes reportaram que houve ameaça, foram impossibilitadas de caminhar, procurar posições mais confortáveis e aplicação de episiotomia, a presença do acompanhante foi impossibilitada em 28,6% das participantes. Os toques vaginais por diferentes pessoas aconteceram em 57,14% das participantes, 35,71% relataram o encaminhamento do bebê para sala de procedimentos sem nenhuma justificativa considerável.
Vivências sobre violência obstétrica: Boas práticas de enfermagem na assistência ao parto. / 2022David Ederson Moreira do Nascimento, Jessiane caetano Barbosa, Bruno barreto Isaias, Renato Bruno Holanda Nascimento, Emmanuel Martins Fernandes. / NursingMetodologia explorativa e descritiva, com abordagem qualitativa.E observando as narrativas, logo se percebe que a violência obstétrica não restringe apenas ao aspecto físico, mas envolve, também, a forma como a parturiente é tratada em um contexto geral, em como ela é recebida no serviço, percebida e escutada. Considerando os resultados obtidos para as duas categorias, percebe-se a necessidade de se discutir sobre a assistência ao parto, bem como, as formas e ferramentas que podem aprimorar o atendimento, tornando o evento mais sereno e, sobretudo, seguro, na tentativa de também minimizar os danos da violência obstétrica.
influência da Exposição Sentidos do Nascer na vivência das gestantes. / 2019Ventura de Souza,Eliane Rezende de Morais Peixoto, Bernardo Jefferson Oliveira, Carmen Simone Grilo Diniz, Nayara Figueiredo Vieira, Rosiane de Oliveira Cunha, Amélia Augusta de Lima Friche / Ciência & Saúde Coletivatransversal multicêntrico e multimétodos com componente quantitativo e Qualitativo, integrante da pesquisa Sentidos do Nascer.obsoletas. A proporção elevada de mulheres submetidas à posição litotômica no parto, à manobra de Kristeller, à episiotomia, à episiotomia sem informação e à separação do bebê após o nascimento revela a persistência de práticas questionáveis na atenção ao parto. A posição litotômica no parto, 46,4% das mulheres que tiveram parto vaginal, é exemplo emblemático, uma vez que desloca o protagonismo da mulher no parto e interfere de maneira determinante na fisiologia do parto normal.
O olhar de residentes em Enfermagem Obstétrica para o contexto da violência obstétrica nas instituições. / 2020Fabiana Ramos de Menezes, Gabriela Maciel dos Reis, Aline de Abreu Silvestre Sales, Danubia Mariane Barbosa Jardim, Tatiana Coelho LopesEstudo descritivo, exploratório e de abordagem qualitativa.Muitos movimentos sociais têm buscado soluções junto com o Ministério Público, por meio de recursos que visam impedir os abusos e regular as intervenções no parto. O resultado dessas ações é inúmeras audiências públicas sobre abuso de intervenções e VO no país. Apesar de ainda existir uma série de deficiências e fragilidades na assistência obstétrica, as ações dos movimentos sociais são fundamentais por se organizarem pela mudança do modelo de atenção ao parto.
Conhecimento de enfermeiros da atenção primária acerca da violência obstétrica. / 2020Mariana Isidoro da Silva, Ricardo Saraiva Aguiar. / NursingEstudo de caráter descritivo- exploratório com abordagem qualitativa,Portanto, a violência perpetrada nos corpos femininos fere categorias universais de direitos humanos, infringindo uma série de prerrogativas asseguradas pelo Estado brasileiro, tais como: a dignidade da pessoa humana, a igualdade, a saúde, o princípio da legalidade e ainda a proteção à maternidade e à infância.
Atenção à saúde no contexto do pré-natal e parto sob a perspectiva de puérperas Health care in the prenatal and childbirth context from puerperal women’s perspective Atención de salúd en contexto de prénatal y parto desde la perspectiva de las madres (2020)Bruna Rodrigues Monteiro, Nilba Lima de Souza, Priscilla Pâmela Silva, Erika Simone Galvão Pinto, Débora Feitosa de França, Ana Carla Alves de Andrade, Annelissa Andrade Virginio de Oliveira.Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa,Apenas 48,3% das puérperas receberam as oitos orientações referentes às boas práticas obstétricas no pré-natal, que não foram vivenciadas no processo parturitivo, sobretudo no aspecto do referenciamento e na conduta da equipe hospitalar. As condições socioeconômicas desfavoráveis apresentaram significância em relação às orientações do prénatal. C
Um olhar sobre a experiência do parto: trajetória, possibilidades e repercussões A look at the experience of childbirth: trajectory, possibilities and repercussions Una mirada sobre la experiencia del parto: trayectoria, posibilidades y repercusiones (2020)Maiumi Souza Cruz Ferreira Priscila de Lima Silva Vanderson Barreto PereiraQualitativaOs estudos demonstraram que, nos últimos vinte anos, o nascimento tem sido em sua primazia, institucionalizado e masculinizado, o que se justifica pela centralização do poder médico sobre fenômenos femininos e tem como consequência a perda do protagonismo das mulheres na experiência do parto
Cuidados de enfermagem na prevenção da violência obstétrica (2018)Rafaela Costa de Medeiros Moura, Thaynã Fonseca Pereira, Felipe Jairo Rebouças, Calebe de Medeiros Costa, Andressa Mônica Gomes Lernades, Luzia Kelly Alves da Silva, Karolina de Moura Manso da RochaQualitativaApós a leitura e análise dos artigos, surgiram as seguintes categorias temáticas: Medidas de prevenção a violência obstétrica; Experiências com a prevenção da violência obstétrica e Conhecendo os fatores de risco para a violência obstétrica. O enfermeiro buscar em sua assistência o vínculo com a parturiente para proporcionar um parto saudável, evitando assim a violência obstétrica.

Fonte: Dados da pesquisa em bases de dados e biblioteca, 2023.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os achados dos estudos possibilitam a compreensão sobre o papel da enfermagem na prevenção da violência obstétrica, bem como suas ações, intervenções e importância diante dos casos. Sabe-se que o processo de parir modificou-se ao longo do tempo, pois a institucionalização e a medicalização se fizeram presentes com mais frequência durante o parto, além disso, outros fatores como desumanização e despreparo dos profissionais estão atrelados em situações de violência obstétrica.

Sendo assim, as pesquisas evidenciaram o quanto a figura da enfermagem é essencial para o combate e conscientização sobre a violência obstétrica, pois é a área que atua, de maneira eficaz, na produção de educação em saúde, necessitando estar presente muito antes do parto, como é o caso do pré-natal. Evidencia-se a importância da ligação entre a gestante e o profissional de enfermagem para que ele possa acompanhar e entender a situação que a mulher se encontra, como questões sociais, psicológicas, questionamentos e aflições, fazendo uma escuta qualificada. Por fim, conclui-se que a violência obstétrica ocorre de forma rotineira e de diversas formas possíveis, fragilizando aquela que deveria ser acolhida. Espera- se que a pesquisa contribua para entendimento dos casos e que permita a melhora da assistência prestada à gestante e ao bebê.

REFERÊNCIAS

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