O PAPEL DA ENFERMAGEM FRENTE À PANDEMIA DO  COVID-19 EM PACIENTES EM UNIDADES DE TERAPIA  INTENSIVA E O AUMENTO DA PREVALÊNCIA DA SÍNDROME  DE BURNOUT NESTES PROFISSIONAIS 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7495201


Ana Vitória Rosa1
Adrielle Andrade de Lima Mendonça1
Marislei Brasileiro1
Paula  Souza Lage2,3 


RESUMO 

Desde o final de 2019, a pandemia do novo coronavírus infectou e provocou a morte de  milhares de pessoas em todo o mundo. O COVID-19 patologia apresenta uma  sintomatologia variada, desde casos assintomáticos, manifestações clínicas leves, bem  como casos de pneumonia grave, insuficiência respiratória, choque e falência múltipla  dos órgãos. Os enfermeiros foram os profissionais de saúde da linha de frente e, como  tal, apresentaram uma grande responsabilidade na prestação de cuidados especializados.  Como consequência da sobrecarga física e psicológica de trabalho, houve um  esgotamento mental resultando no desenvolvimento de uma gama de transtornos de  ansiedade, depressão e o desenvolvimento da Síndrome de Burnout. Dessa maneira o  objetivo deste estudo foi avaliar a importância dos profissionais de enfermagem durante  a pandemia do COVID-19 e o aumento da síndrome de Burnout nestes. Assim, foi  realizada uma revisão integrativa da literatura. Os resultados encontrados foram que os  enfermeiros foram peça chave na linha de frente e suas atuações foram determinantes  para salvar inúmeras vidas, a enfermagem além de diagnosticar, traçar metas e  intervenções, acompanhou e melhorou a qualidade do atendimento aumentando a  perspectiva de vida e melhoria da qualidade de inúmeras pacientes. Entretanto, a realidade  desses profissionais foi marcada pela dor, sofrimento e tristeza, com fortes sinais de  esgotamento físico e mental, o que provocou um aumento do número de enfermeiros com  a Síndrome de Burnout. Diante disso, foi possível concluir que a enfermagem apresentou  um papel importante e sua atuação foi fundamental para o desfecho clínico dos pacientes,  todavia, eles acabaram desenvolvendo patologias ligadas ao momento vivido.  

Palavras chave: Covid-19, Unidade de Terapia Intensiva, Enfermagem, Burnout

1. INTRODUÇÃO 

A pandemia de COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 é iniciada com os  primeiros casos observados em Wuhan (China) em dezembro de 2019, expandiu-se  dramaticamente em todo o mundo (LI Q et al., 2020, GARCÍA, 2020). Essa expansão  teve efeitos devastadores em muitos países devido à sua contagiosidade e ao elevado  número de pacientes com infecções graves e elevado risco de morte, necessitando de  atendimento médico especializado em Unidades de Terapia Intensivos (UTI). Por este  motivo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou Emergência Sanitária Global  em janeiro de 2020 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020).  

Porém, em maio de 2021, quase 6 milhões de casos de infecção por SARS-CoV-2 foram  relatados em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade de 6%. Essa porcentagem  aumentou quando os pacientes foram admitidos no hospital, com taxas de mortalidade  entre 23,4 e 33% no mundo. A ocupação de leitos em internação e UTI por COVID-19  foi superior a 80% do total, fazendo com que as UTIs ficassem sobrecarregadas em todo  o mundo (RUBIO et al., 2020, GARNACHO-MONTERO et al., 2021). O Brasil foi um  dos países com maior número de infectados, e com alto índice de casos graves, com um  número significativo de pacientes que necessitam de vaga em leitos de UTI,  principalmente pelo aporte ventilatório invasivo nos casos de síndrome respiratória aguda  grave (MOREIRA, 2020). Estes receberam um cuidado integral realizado por uma equipe  multidisciplinar e o papel da enfermagem a beira do leito demonstrou impactos positivos  e relevantes auxiliando em um melhor prognóstico (JUCÁ B, 2020).  

Todavia, os profissionais de saúde (PS) representaram um grupo de alto risco para  infecção por SARS-CoV-2 com um índice de soroprevalência de SARS-CoV-2 maior do  que o população geral (GALANIS et al., 2020). Vale ressaltar que um estudo de meta análise de 2020 observou que 25,3% das mortes por COVID-19 entre profissionais de  saúde eram enfermeiros, enquanto os enfermeiros de saúde mental eram o grupo de maior  risco para mortes (BANDYOPADHYAY et al., 2020). E ainda é provável que esses  números sejam provavelmente uma subestimação do verdadeiro número de mortes  (KAITELIDOU et al. 2021).  

Diversas revisões sistemáticas e meta-análises já mostraram que os enfermeiros  apresentam níveis moderados a altos de Síndrome de Burnout (ADRIAENSSENS et al.,  2015; PRADAS-HERNÁNDEZ et al., 2018; DE LA FUENTE-SOLANA et al., 2019;  LÓPEZ-LÓPEZ et al., 2019; WOO et al., 2020) e houve uma prevalência maior em enfermeiros da pediatria, oncologia e emergência. E este é um problema de saúde grave  e frequente, com sérias implicações negativas não apenas para os enfermeiros, mas  também para os pacientes, colegas e organizações de saúde (KAITELIDOU et al. 2021).  Neste contexto, o objetivo deste artigo é avaliar a importância dos profissionais de  enfermagem no enfrentamento da pandemia principalmente nos casos mais graves e o  aumento da síndrome de Burnout destes após este período.  

2. METODOLOGIA 

Para a construção deste artigo, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, no qual  foram selecionados artigos publicados de revistas indexadas nas bases de dados Centro  Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS),  Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-BIREME), Scientific Electronic Library Online  (SCIELO), National Library of Medicine/NLM (MEDLINE) e National Library of  Medicine/NLM (PUBMED) e sites oficiais como o Ministério da Saúde do Brasil e a  Organização Mundial de Saúde. 

Quanto ao delineamento do estudo, houve duas etapas que foram divididas em: busca por  artigos nacionais e internacionais que foram avaliados por meio de seus títulos e resumos,  tendo como base os critérios de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos. Os  artigos que mostravam relação ao tema, obedecendo aos critérios, foram adicionados ao  estudo. A busca pelos artigos foi realizada nos idiomas português, inglês e espanhol,  utilizando os Descritores em Ciências de Saúde (DeCS) utilizados na busca na LILACS  foram: COVID-19 AND Cuidados de Enfermagem AND Cuidados Críticos AND  Burnout. Para a busca na base Pubmed foram utilizados os seguintes termos do Medical  Subject Heading (MeSH): COVID-19 AND Nursing Care AND Critical Care AND  Nurses’ burnout. 

E na segunda etapa, os textos selecionados para a revisão foram lidos na íntegra,  interpretados e elaborou-se uma síntese das informações. Os artigos utilizados foram  todos de livre acesso. 

Foram definidos como critérios para a inclusão para o estudo artigos publicados de 2012  a 2022, que apresentaram um ou mais descritores contemplados e nos idiomas português,  inglês e espanhol. Foram considerados como critério de exclusão trabalhos com mais de  10 anos de publicação, após análise foram selecionados 44 artigos. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

3.1-O Covid-19, papel da enfermagem e efeitos como a Síndrome de Burnout após  pandemia 

3.1.1- A pandemia do novo coronavírus 

O século XXI presenciou várias epidemias que puderam ser contidas em algum nível  temporal ou geográfico, como as duas epidemias de coronavírus (pelo SARS-CoV e a  síndrome respiratória do Oriente Médio – MERS), as epidemias de Ebola na África e a  epidemia de gripe aviária (H5N1). Em conjunto elas provocaram menos mortes do que a  COVID-19. A pandemia de influenza H1N1 de 2009, para a qual uma vacina estava  disponível, foi devastadora, estimando-se que entre 150 mil a 575 mil pessoas morreram  de causas associadas à infecção (DAWOOD et al., 2012).  

A pandemia da COVID-19 apresentou-se como um dos maiores desafios sanitários em  escala global deste século. Na metade do mês de abril, poucos meses depois do início da  epidemia na China em fins de 2019, já haviam ocorrido mais de 2 milhões de casos e 120  mil mortes no mundo pela doença, e estão previstos ainda muitos casos e óbitos nos  próximos meses (WERNECK & CARVALHO, 2020).  

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde de novembro 2020, o número de  infectados foi de 5.590.025, com uma incidência de aproximadamente 2660 a cada 100  mil habitantes e foram a óbitos 161.106 pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO  BRASIL, 2020). Contudo, este panorama é incerto e as estimativas válidas e confiáveis  do número de casos e óbitos por COVID-19 esbarram na ausência de dados confiáveis,  seja dos casos ou da implantação efetiva das medidas de supressão, frente às  recomendações contraditórias das autoridades em cada nível de governo (WERNECK &  CARVALHO, 2020).  

Atualmente, segundo a WHO, em outubro de 2022, mais de 624 milhões de casos já foram  confirmados e mais de 6,5 milhões de mortes foram relatados mundialmente. Em relação  ao Brasil foram 34.815.258 casos confirmados, com 687.962 óbitos e uma  Incidência/100mil habitantes de 16567,1 (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL,  2022). 

Com relação à evolução clínica, esta apresentou um espectro clínico muito amplo,  podendo variar de casos assintomáticos, manifestações clínicas leves como um resfriado, bem como casos de pneumonia grave, insuficiência respiratória, choque e disfunção de  múltiplos órgãos (VASCONCELOS et al., 2022). 

Nesse contexto, os sinais e sintomas mais comuns atribuídos à síndrome clínica  consistiram em febre, mialgia ou fadiga, tosse seca e dispneia, que poderiam estar  acompanhadas de linfopenia, anormalidades na coagulação sanguínea ou opacidades  pulmonares bilaterais em vidro fosco na tomografia computadorizada de tórax,  responsáveis por um rápido incremento no número de hospitalizações em UTI para o  suporte artificial das funções orgânicas daqueles pacientes mais graves com síndrome  respiratória aguda grave (SARS) (LIPPI, PLEBANI, HENRY, 2019; CRODA et al.,  2020).  

O insuficiente conhecimento científico sobre o novo coronavírus, sua alta velocidade de  disseminação e capacidade de provocar mortes em populações vulneráveis, geram  incertezas sobre quais seriam as melhores estratégias a serem utilizadas para o  enfrentamento da epidemia em diferentes partes do mundo. No Brasil, os desafios são  ainda maiores, pois pouco se sabe sobre as características de transmissão da COVID-19  num contexto de grande desigualdade social, com populações vivendo em condições  precárias de habitação e saneamento, sem acesso sistemático à água e em situação de  aglomeração (WERNECK & CARVALHO, 2020). 

Um estudo de meta-análise de 2022 demonstrou que o número de casos graves de  COVID-19 diminuiu significantemente em todo o mundo após a vacinação da população.  Os resultados sugeriram que as vacinas atualmente aprovadas para uso têm um bom efeito  protetor contra os principais desfechos relacionados à patologia, especialmente para  desfechos críticos (ZHENG et al., 2022). 

3.1.2- Enfermagem e o atendimento aos pacientes em UTI com COVID-19 

O enfermeiro é o profissional capaz de agir com presteza e eficiência, de prestar os  primeiros socorros e o primeiro atendimento aos pacientes, de planejar, supervisionar,  orientar e comandar grupos de enfermagem e de otimizar o atendimento, pois realiza tanto  protocolos básicos como a triagem quanto procedimentos mais complexos, como uma  intubação, desfibrilação, etc. Outrossim, quanto mais capacitado for o profissional,  melhores são as chances de sucesso nos atendimentos prestados, pois o enfermeiro salva vidas (ARAÚJO, 2022). 

À medida que o novo coronavírus avançou mundialmente, e com o crescimento  exponencial do número de novos casos de COVID-19, cresceu também a demanda por  assistência à saúde, sobrecarregando os serviços e exigindo dos profissionais melhores  respostas às necessidades da população. Entre os profissionais que se encontram na  linha de frente de combate à COVID-19 estava a enfermagem, que representa a maior  força de trabalho presente nas instituições que prestam assistência à saúde, e é considerada atividade essencial na estrutura das profissões de saúde, tendo por essência  de sua atividade o cuidar embasado no conhecimento científico (MIRANDA et al., 2020). A atuação profissional da enfermagem fundamenta-se no cuidado e o modo como ela se  dá no cotidiano deve ser estudado. A preocupação da enfermagem em uma constante  busca pela expansão e concretização do corpo de um conhecimento específico, bem como  pelo aprimoramento de saberes técnico-científicos, objetiva oferecer um cuidado  respaldado nos princípios éticos e legais, embasado em fortes evidências científicas. O  foco de interesse da enfermagem na saúde das pessoas é o que a diferencia, dentre outras coisas, das demais profissões da área da saúde (BARROS et al, 2015). Existem diversos modos de sistematizar a assistência de enfermagem, incluindo os planos  de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o processo de  enfermagem. E estes constituem diferentes formas de se desenvolver o cuidado,  compreendendo diversos métodos que podem ser utilizados para que a enfermagem possa  solucionar uma situação real em um determinado tempo, a fim de alcançar resultados  positivos para a saúde dos pacientes. Essas modalidades de agir não são excludentes e  têm naturezas diferentes (SOARES et al., 2015). 

No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da Resolução No.  358/2009, regulamentou a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a  implementação do Processo de Enfermagem (PE) em ambientes públicos ou privados  regularizou as atividades. A SAE consiste em atividade profissional privativa do  enfermeiro, e se refere ao método pelo qual o profissional organiza o pessoal e os  instrumentos necessários à operacionalização do PE (COFEN, 2022; SOARES et al.,  2015). 

O diagnóstico de enfermagem, como parte integrante da SAE, consiste na interpretação  dos dados coletados na primeira etapa do PE, e constitui a base para a tomada de decisões  e seleção das ações ou intervenções a serem implementadas. Esse diagnóstico representa  uma resposta da pessoa, família ou coletividade em um dado momento do processo saúde doença (VASCONCELOS et al., 2022). 

Outra etapa essencial do PE consiste no planejamento de enfermagem. É nesta fase que  se determina os resultados que se espera alcançar, bem com as ações ou intervenções de  enfermagem que serão implementadas de acordo com as respostas do indivíduo, família  ou comunidade, identificadas na etapa de diagnóstico de enfermagem (BARROS et al.,  2015). 

Com relação à COVID-19 estudo de Ramalho Neto e colaboradores em 2020 observaram  o papel importante e fundamental da equipe de enfermagem frente assistência já que os  pacientes necessitaram de monitorização e avaliação contínua em ambiente apropriado,  com o objetivo de identificar alterações orgânicas precoces, bem como de cuidado de alta  complexidade técnica. Uma vez que pacientes infectados e com sintomas típicos de uma  síndrome gripal podem, ainda, desenvolver um quadro clínico de sepse, que sabidamente  é marcada por uma complicada teia fisiopatogênica e definida pela presença de disfunção  orgânica ameaçadora à vida decorrente de resposta imune desregulada do organismo à infecção. No entanto, quando há uma progressão para choque séptico, acentuadas  anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas refletem uma inadequada utilização  de oxigênio pelas células, capazes de aumentar substancialmente a mortalidade (SINGER  et al., 2020; MACHADO et al., 2020). 

Pelo fato da sepse se manifestar em distintos espectros de gravidade com o decorrer do  tempo, o enfermeiro intensivista é instigado a planejar, coordenar e implementar ações  para uma avaliação mais criteriosa à beira do leito no sentido de não somente assistir  casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus, mas também de  rastrear infecções relacionadas à assistência à saúde e provável sepse pelo  reconhecimento precoce de disfunções orgânicas (clínica ou laboratorial) ou durante as  discussões clínicas com a equipe multiprofissional de plantão. Para tanto, tais esforços  devem propiciar um tratamento ágil e adequado com base nas diretrizes internacionais da  Campanha Sobrevivendo à Sepse (CSS) e em uma terminologia clínica de enfermagem  (RAMALHO NETO et al., 2019; ALHAZZANI et al., 2020). 

Salienta-se que a enfermagem foi responsável pelo monitoramento ininterrupto dos  pacientes em ambiente hospitalar, e é a primeira a detectar sinais e sintomas de  agravamento ou de melhora no quadro clínico do paciente, e levando em conta que é a  única profissão de saúde que está 24 horas ao lado do paciente, conhecer que diagnósticos  e intervenções de enfermagem se aplicam aos pacientes com COVID-19 e isso contribuiu  para que a assistência prestada a estes se desse de forma mais eficaz e com qualidade  (VASCONCELOS et al., 2022).

Barros et al (2020), observou que a COVID-19 representou um grande desafio aos  profissionais de enfermagem, à medida que provocou um aumento significativo de  demandas por assistência à saúde, exigindo uma mudança nas estruturas dos serviços de  saúde. Essa nova realidade também foi descrita por Parreira et al. (2020), que descreveu  este momento como o de uma profunda metamorfose, tanto na estrutura quanto na  organização das equipes, alterando o funcionamento de vários serviços e da prestação de  cuidados de enfermagem. 

Um dos grandes desafios para os profissionais de enfermagem neste momento é de  oferecer um cuidado de qualidade, pautado em evidências científicas, e isto se  consubstancia na utilização de um instrumento capaz de organizar seu trabalho  profissional. Dessa forma o uso da SAE operacionaliza o PE, que consiste em uma  ferramenta intelectual que serve de orientação ao processo de raciocínio clínico do  enfermeiro, subsidiando a tomada de decisão diagnóstica, de resultados e de intervenções  (BARROS et al., 2015). 

Trabalho de Vasconcelos e colaboradores em 2022 descreveu, considerando a  Taxionomia NANDA-I, os diagnósticos de enfermagem mais prevalentes aplicadas aos  pacientes com COVID-19 foram: Padrão respiratório ineficaz, Risco de choque, Risco de  contaminação, Risco de infecção, Débito cardíaco diminuído, Troca de gases prejudicada,  Ventilação espontânea prejudicada, Desobstrução ineficaz das vias aéreas, Ansiedade  relacionada à morte, Diarreia e hipertermia.  

Barros et al. (2020), classificou a sintomatologia apresentada pelos pacientes com  COVID-19 e os resultados da equipe de enfermagem em quatro grupos: leve, moderado,  grave e crítico. O instrumento desenvolvido pelos autores agrupa os resultados a ser  alcançados pela assistência de enfermagem levando em conta essa classificação. Dessa  forma, para pacientes com quadro leve e moderado, os resultados de enfermagem dizem  respeito ao estado respiratório do paciente, garantindo a ventilação adequada, a troca  gasosa e a permeabilidade das vias aéreas, através de cuidados que envolvem o controle  das vias aéreas, oxigenioterapia e controle ácido-básico. O controle do processo  infeccioso, manutenção da termorregulação, equilíbrio eletrolítico, controle da dor,  manutenção do estado de conforto, controle hídrico e de eletrólitos, administração de  medicamentos, redução da ansiedade, apoio emocional e promoção da esperança, também  são resultados desejados na assistência a estes pacientes. 

Em relação a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) com a piora da  situação clínica do paciente o foco da enfermagem reside na manutenção da ventilação e da troca de gases. O suporte ventilatório invasivo e as manobras de recrutamento alveolar  com o posicionamento em prona são medidas terapêuticas necessárias, mas que podem  desencadear problemas de enfermagem que trazem a necessidade de traçar novas metas  a serem alcançadas com a assistência. O foco do resultado de enfermagem nestes  pacientes envolve a manutenção da integridade tissular de pele e mucosas, gravidade do  olho seco, autocuidado com higiene, manutenção do estado nutricional, reclamando a  implementação de intervenções que incluam cuidados que dão suporte ao funcionamento  físico e regulação homeostática do indivíduo. Dada a frequente necessidade de utilização  de drogas sedativas, analgésicas e vasoativas, é necessário que a enfermagem providencie  acesso venoso de bom calibre, e esteja atenta ao risco de extravasamento. As intervenções  relacionadas com a administração de mediação incluem os cuidados básicos de limpeza  e higiene do local de preparo, e do registro adequado (VASCONCELOS et al., 2022).  

Além dos resultados e intervenções apresentadas, Barros et al (2020) chamam atenção  para a necessidade de manutenção dos processos familiares, considerando que o paciente  com COVID-19 que se encontra hospitalizado experimenta grande uma mudança abrupta  nos seus relacionamentos, em virtude da necessidade de isolamento. A enfermagem deve  estar atenta para proporcionar apoio emocional e familiar, além da facilitação do contato  com membros da família, com a intermediação de suporte tecnológico, considerando a  não indicação de visitas pelo alto risco de contágio. 

É notório que os profissionais da enfermagem foram fundamentais na prevenção e  controle da COVID-19 no sistema público e privado de saúde. Seja em procedimentos  técnicos ou examinando, eles tiveram contato direto com muitos dos pacientes infectados,  enfrentaram longos plantões para suprir a alta demanda de casos, muitas vezes, sem  acesso aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários (GOMES et al.,  2021). 

É relevante ressaltar ainda que desde o início da pandemia a taxa de mortalidade de  enfermeiros foi maior em profissionais do sexo feminino, com faixa etária de 41 a 50  anos, no contexto atual com a descoberta da vacinação, o número de óbitos e profissionais  da área caiu cerca de 71% (GANDRA et al., 2021). 

Por fim, estudos revelaram que enfermeiros que trabalham em cuidados intensivos  durante a pandemia de COVID-19 descreveram uma carga de trabalho aumentada,  levando ao comprometimento da segurança do paciente e da qualidade do atendimento  (BERGMAN et al., 2021; VOGELSANG et al., 2022). 

3.1.3- Síndrome de Burnout em enfermeiros  

Não obstante a extrema relevância do exercício dessa obstinada e abnegada profissão, os  enfermeiros enfrentam condições precárias de trabalho – desvalorização da  Enfermagem, risco de adoecimento, funcionamento inadequado dos serviços assistenciais  e a dificuldade na proteção dos pacientes, porquanto o enfermeiro precisou administrar o  laboral, o psicológico e o emocional no atendimento aos enfermos e seus familiares  (OLIVIEIRA et al., 2021). Durante a pandemia associou-se, além dos estressores citados,  a preocupação acerca da escassez de EPIs que são uma medida indispensável de  prevenção e controle de infecção, juntamente ao isolamento social, que impossibilitou a  busca ao lazer em meios externos, o medo por conta da rotina hospitalar e a exposição  involuntária de familiares e a instabilidade empregatícia que vem se dando por  contaminação, além da morte ou afastamento de colegas de profissão (SOUZA et al.,  2021).  

Os profissionais da enfermagem, por agirem contínua e diretamente, aumentam a  exposição às enfermidades, ainda mais quando são altamente transmissíveis como a  COVID-19. Portanto, além do reconhecimento, melhores salários e condições laborais,  os enfermeiros urgem por cuidados da saúde em todos os âmbitos (ARAÚJO, 2022). 

A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é definida como uma  doença crônica de caráter ocupacional, sendo citada como Transtorno Mental e  Comportamento Relacionado com o trabalho no Regulamento da Previdência Social  (SOUZA et al., 2021), e atinge indivíduos que atuam constantemente com o público,  lidam com fortes emoções e possuindo frustrações acerca do ambiente e rotina de  trabalho. Observa-se a participação de três variáveis multidimensionais que caracterizam  o processo de adoecimento e desenvolvimento dessa síndrome, sendo elas: a exaustão  emocional, a despersonalização e a diminuição da realização pessoal (LEÃO; GOMEZ,  2014). 

Quanto aos profissionais de saúde, suas condições de trabalho desde a assistência na  atenção primária ao nível mais especializado de saúde são desafiadoras e suas ações  impactam diretamente na vida das pessoas. Sendo assim, observar os sinais de Burnout em profissionais da saúde requer atenção redobrada, pois a queda da qualidade da  assistência prestada é um dos primeiros sinais de alerta (FREITAS et al., 2019). Trabalho de Kaitelidou1 et al., 2020, avaliou um total de dezesseis estudos, incluindo  18.935 enfermeiros durante a pandemia e demonstrou que a prevalência geral de exaustão  emocional foi de 34,1%, de despersonalização foi de 12,6% e de falta de realização  pessoal foi de 15,2%. Os principais fatores de risco que aumentam o Burnout dos  enfermeiros foram: idade mais jovem, diminuição do apoio social, falta de preparo da  família e dos colegas para lidar com o surto de COVID-19, aumento da exposição, maior  tempo de trabalho em áreas de quarentena, trabalho em ambiente de alto risco, trabalho  em hospitais com material inadequado e insuficiente e recursos humanos, aumento da  carga de trabalho e menor nível de treinamento especializado em COVID-19. Estudos realizados com profissionais de saúde revelaram que a saúde mental se fragilizou  com o surgimento do COVID-19, em que passaram a atuar na linha de frente, lidando  com o “novo”, sem conhecimento técnico e científico. Vivenciando em um ambiente com  elevados números de morte, adoecimento de colegas, medo de morrer e transmitir para  entes familiares. Portanto, os profissionais da linha de frente mostraram maior frequência  de sinais de exaustão e Burnout em diferentes momentos da evolução da pandemia.  (HORTA et al., 2021).  

Outro trabalho de 2021 comprovou que a taxa de letalidade entre os profissionais da  enfermagem pela COVID-19 foi predominante por decorrência da alta exposição do  contato direto com pacientes infectados. E que este está envolto em uma atmosfera de  tensão permanente, mesmo mantendo todos os cuidados preconizados de segurança, eles  estavam cientes que suas chances de contaminação pelo vírus eram altas, e quando  somada a questões da vida pessoal, acabaram por não permitir nenhum momento de  descanso despreocupação mental a esses indivíduos (CAMPOS, LEITÃO, 2021). 

Recente estudo realizado com profissionais da saúde que prestaram assistência a  pacientes com coronavírus revelou que 50% dos profissionais apresentam sintomas  depressivos, 45% revelam sofrer de ansiedade, 34% apresentam alterações no sono e 72%  revelam sentir angústia no período da pandemia (ALMEIDA et al., 2021). 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Com base nos dados expostos é possível concluir que a enfermagem teve um papel crucial  na pandemia do covid-19, sendo responsável pelo diagnóstico, resultados e intervenções 

que mudaram os prognósticos de muitos pacientes. É possível observar ainda que por  situações muitas vezes desfavoráveis de trabalho ocorreu uma exaustão dos profissionais  tanto física quanto psicológica levando a um aumento do número de pessoas com Síndrome  de Burnout nestes profissionais.  

Tendo em vista o papel da enfermagem é aconselhável que as organizações devam criar  formas de auxiliar esses profissionais a identificar e lidar com os sinais da Síndrome  oferecendo todo suporte necessário para preservar a saúde, a qualidade de vida e a assistência prestada por esses. 

REFERÊNCIAS  

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1Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 
2Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 
3Faculdade de Medicina/Universidade Federal de Minas Gerais.