O PAPEL DA COLONOSCOPIA NO RASTREIO DO CÂNCER COLORRETAL

THE ROLE OF COLONOSCOPY IN COLORECTAL CANCER SCREENING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202502191323


Amanda Nogueira Salgado Cariêlo1
Beatriz Cristina Silva dos Reis2
Thayla Mascarenhas Pelayo3
Fernanda de Azevedo4


RESUMO

O Câncer Colorretal é uma das principais causas de mortalidade no mundo, sendo o terceiro tipo de câncer mais incidente globalmente. No Brasil, as projeções indicam que entre 2023 e 2025 surgirão, anualmente, cerca de 45.630 novos casos deste tipo de câncer. O rastreamento por colonoscopia tem sido amplamente utilizado e demonstrado ser eficaz tanto no diagnóstico precoce quanto na prevenção da progressão do câncer. O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia da colonoscopia como método de rastreamento do Câncer Colorretal, com vistas à redução da mortalidade e dos custos associados ao tratamento em estágios avançados da doença. Busca-se desenvolver categorias que contribuam para melhor compreensão deste método. O estudo adotou fontes secundárias e, tem como natureza, a revisão bibliográfica do tipo integrativa com abordagem qualitativa, pois relaciona duas principais variáveis – a colonoscopia e o Câncer Colorretal. O estudo resultou em 12 estudos que destacam a predominância de revisões científicas que reforçam a colonoscopia como o padrão-ouro no rastreamento, além de identificar a necessidade de assegurar a qualidade do procedimento, pois sua eficácia depende do preparo adequado e da qualificação dos profissionais. O estudo também discutiu alternativas à colonoscopia, como testes fecais, que podem ser úteis em populações de menor risco, embora menos eficazes. Conclui-se que, para reduzir a mortalidade por Câncer Colorretal no Brasil, é essencial padronizar e expandir o uso da colonoscopia no SUS, principalmente em pacientes assintomáticos. Pesquisas futuras podem contribuir para mais achados acerca do tema.

Palavras-chave: Câncer colorretal; Colonoscopia; Mortalidade; Rastreamento.

ABSTRACT

Colorectal cancer is one of the leading causes of mortality worldwide, being the third most common type of cancer globally. In Brazil, projections indicate that between 2023 and 2025, approximately 45,630 new cases of this type of cancer will arise annually. Colonoscopy screening has been widely used and proven effective in both early diagnosis and preventing the progression of cancer. The objective of this study is to evaluate the effectiveness of colonoscopy as a screening method for colorectal cancer, with a focus on reducing mortality and the costs associated with treating advanced stages of the disease. The aim is to develop categories that contribute to a better understanding of this method. The study utilized secondary sources and is characterized by an integrative literature review with a qualitative approach, as it relates two main variables—colonoscopy and colorectal cancer. The study resulted in 12 studies that highlight the predominance of scientific reviews reinforcing colonoscopy as the gold standard in screening, while also identifying the need to ensure the quality of the procedure, as its effectiveness depends on proper preparation and the qualification of professionals. The study also discussed alternatives to colonoscopy, such as fecal tests, which may be useful in lower-risk populations, although they are less effective. It is concluded that, to reduce mortality from colorectal cancer in Brazil, it is essential to standardize and expand the use of colonoscopy within the Brazilian Unified Health SystemSUS, especially in asymptomatic patients. Future research may contribute further findings on the topic.

Keywords: colorectal cancer; colonoscopy; mortality; screening.

RESUMEN

El cáncer colorrectal es una de las principales causas de mortalidad en el mundo, siendo el tercer tipo de cáncer más común a nivel mundial. En Brasil, las proyecciones indican que entre 2023 y 2025 surgirán anualmente aproximadamente 45,630 nuevos casos de este tipo de cáncer. El cribado mediante colonoscopia ha sido ampliamente utilizado y ha demostrado ser eficaz tanto en el diagnóstico precoz como en la prevención de la progresión del cáncer. El objetivo de este estudio es evaluar la eficacia de la colonoscopia como método de cribado del cáncer colorrectal, con el fin de reducir la mortalidad y los costos asociados con el tratamiento en etapas avanzadas de la enfermedad. Se busca desarrollar categorías que contribuyan a una mejor comprensión de este método. El estudio utilizó fuentes secundarias y tiene como naturaleza la revisión bibliográfica de tipo integrativa con enfoque cualitativo, ya que relaciona dos variables principales: la colonoscopia y el cáncer colorrectal. El estudio resultó en 12 investigaciones que destacan la predominancia de revisiones científicas que refuerzan la colonoscopia como el estándar de oro en el cribado, además de identificar la necesidad de asegurar la calidad del procedimiento, ya que su eficacia depende de una preparación adecuada y de la cualificación de los profesionales. El estudio también discutió alternativas a la colonoscopia, como los exámenes fecales, que pueden ser útiles en poblaciones de menor riesgo, aunque son menos eficaces. Se concluye que, para reducir la mortalidad por cáncer colorrectal en Brasil, es esencial estandarizar y expandir el uso de la colonoscopia en el SUS (Sistema Único de Salud), especialmente en pacientes asintomáticos. Las investigaciones futuras pueden contribuir con más hallazgos sobre el tema.

Palabras-clave: cáncer colorrectal; colonoscopia; mortalidad; cribado.

1. INTRODUÇÃO

O câncer tornou-se uma das causas de mortalidade precoce mais importantes do mundo e, tendo em vista a sua relevância epidemiológica, econômica e social, apresenta-se como um complexo problema para a Saúde Pública brasileira, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2011).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as Doenças Não Transmissíveis (DNT) causam as maiores complicações ao redor do mundo, segundo levantamento dos últimos 20 anos, levando os pacientes à incapacidade funcional e ao óbito, representando três em cada quatro mortes em todo o mundo, sendo o câncer compreendido como a segunda DNT de maior índice de mortalidade, precedida apenas das doenças cardiovasculares (Bray et al., 2021).

De acordo com os dados divulgados pela Global Cancer Observatory, no ano de 2020 e apurados pela International Agency for Research on Cancer:

Os dez principais tipos de câncer representam mais de 60% do total de casos novos. O câncer de mama feminino é o mais incidente no mundo, com 2,3 milhões (11,7%) de casos novos, seguido pelo câncer de pulmão, com 2,2 milhões (11,4%); cólon e reto, com 1,9 milhão (10,0%); próstata, com 1,4 milhão (7,3%); e pele não melanoma, com 1,2 milhão (6,2%) de casos novos (OMS, 2020, n.p. apud Sung, et al., 2020, n.p.).

Considerando-se que a estimativa mundial, para o ano de 2020, apontava mais de 1,9 milhão de casos novos de câncer de cólon e reto (10,0%), correspondendo, portanto, ao terceiro tumor de maior incidência entre todos os cânceres (Sung et al., 2020) é importante destacar a consequência deste carcinoma na vida dos enfermos, bem como seu impacto na

Gestão de Saúde Pública. Sobre os números estimados para os próximos anos, no Brasil, destaca-se que:

O número estimado de casos novos de câncer de cólon e reto (ou câncer de intestino) para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 45.630 casos, correspondendo a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 20,78 casos novos a cada 100 mil homens e de 21,41 a cada 100 mil mulheres (Brasil, 2022, p.41).

O Câncer Colorretal tem causado grande impacto nos gastos da Saúde Pública, com despesas de aproximadamente R$ 545 milhões entre 2018 e 2021. Projeções do INCA indicam que os custos podem alcançar R$ 1 bilhão até 2030 (Rocha, 2021). Embora os casos estejam em ascensão, estima-se que um terço deles poderia ser prevenido (Brasil, 2011). A prevenção eficaz envolve ações voltadas à detecção precoce, permitindo tratamento oportuno e redução de complicações graves (Frick et al., 2023). Neste contexto, em 2013, o Brasil incrementou a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) e que tem como objetivo precípuo:

(…) Redução da mortalidade e da incapacidade causadas por esta doença e ainda a possibilidade de diminuir a incidência de alguns tipos de câncer, bem como contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários com câncer, por meio de ações de promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento oportuno e cuidados paliativos (Portaria nº 874, de 16 de maio 2013, art. 2º).

Portanto, já consta, em texto legal, a demanda de articular, desde a atenção primária até a atenção quaternária, o uso de tecnologias propícias à prevenção e controle do câncer (Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013). Apesar das orientações, o Brasil ainda não estabeleceu o rastreamento assintomático específico do Câncer Colorretal, de forma protocolar. Ao contrário do que ocorre, por exemplo, com as ações de prevenção e diagnóstico de câncer de mama e colo do útero que, desde 2011, já contam com diretrizes especiais que versam sobre a qualificação do diagnóstico, bem como seus tratamentos (Portaria nº 1.472, de 24 de junho 2011).

Em relação ao Câncer Colorretal, a detecção da doença ocorre, na maioria das vezes, através de rastreamentos oportunísticos, que se fundem ao cotidiano clínico e por iniciativa do profissional de saúde (Pires et al., 2021). O caderno de Atenção Primária de Detecção Precoce do Câncer, lançado pelo Ministério da Saúde em 2021, recomenda o rastreamento de câncer de cólon e reto em adultos entre 50 e 75 anos de idade, podendo ser utilizado como método de pesquisa: o Teste de Imunoquímicos Fecais (FIT), a Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF) e a Colonoscopia e/ou Retossigmoidoscopia (Brasil, 2021). Porém a escolha do método de rastreio não se encontra em consenso na prática do SUS e desconhece-se programas operantes de rastreamento populacional que estejam efetivamente implementados para os usuários do Sistema único, sobretudo para os pacientes assintomáticos. Na prática, o diagnóstico de Câncer Colorretal tem sido obtido, principalmente, após o aparecimento dos sinais e sintomas da doença, indicando estágios patologicamente mais avançados e, consequentemente, implicando tratamentos mais dificultosos e invasivos ao paciente (Pires et al., 2021).

O rastreio precoce do Câncer Colorretal, com métodos científicos e equipamentos de qualidade, pode proporcionar diagnósticos rápidos e prevenir a formação de neoplasias, contribuindo para a redução da mortalidade. Quanto mais rápido o rastreio, menores as chances de progressão da doença (Melo et al., 2019). Assim, a colonoscopia, apesar de invasiva, se destaca pela sua eficácia, especialmente quando associada à polipectomia, justificando sua ampliação no SUS, inclusive para pacientes assintomáticos e de alto risco.

Diante deste cenário, o estudo tem como objeto o papel da colonoscopia no rastreamento do Câncer Colorretal, uma das formas mais eficazes de prevenção e diagnóstico precoce desta doença, considerando que é uma das principais causas de mortalidade no mundo.

O estudo se justifica pelo fato de que o Câncer Colorretal está entre os tipos de câncer mais incidentes, sendo o terceiro mais comum globalmente, com impactos significativos na saúde pública e nos gastos do SUS. No Brasil, estima-se que entre 2023 e 2025 haverá cerca de 45.630 novos casos por ano (Brasil, 2022). A colonoscopia, apesar de ser um procedimento invasivo, tem se mostrado extremamente eficaz tanto para o diagnóstico precoce quanto para a prevenção por meio da remoção de pólipos antes que eles se tornem malignos. Dada a ausência de um programa organizado de rastreamento populacional no SUS, este estudo se faz necessário para avaliar a eficácia da colonoscopia como método de rastreamento e propor melhorias que possam aumentar a adesão e os resultados desse procedimento, especialmente entre pacientes assintomáticos.

Considerando-se esses fatores, o estudo busca responder a seguinte questão: que evidências a literatura apresenta acerca do papel da colonoscopia como método de rastreamento de Câncer Colorretal, visando aumentar a detecção precoce e a prevenção da doença? Neste contexto, o objetivo deste estudo é avaliar a eficácia da colonoscopia como método de rastreamento do Câncer Colorretal, com vistas à redução da mortalidade e dos custos associados ao tratamento em estágios avançados da doença. Busca-se desenvolver categorias que contribuam para melhor compreensão deste método.

2. METODOLOGIA

O presente trabalho utilizou, sobretudo, de fontes secundárias e, tem como natureza, a revisão bibliográfica do tipo integrativa com abordagem qualitativa, pois relaciona duas principais variáveis – a colonoscopia e o Câncer Colorretal – sobre as quais já existem numerosos conteúdos disponíveis. A classificação da revisão integrativa se dá pelo recurso que visa definir conceitos, revisar teorias e analisar problemas, constituindo uma ampla abordagem metodológica (Souza; Silva; Carvalho, 2008).

Inicialmente, o site dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) da biblioteca virtual em saúde, foi consultado a fim de definir os descritores que seriam utilizados para elaboração da estratégia de busca, a saber: (Colonoscopy) AND (Colorectal Neoplasm) AND (Neoplasms Screening) AND (Diagnostic Imaging). A partir dos descritores, ocorreu a seleção dos títulos pertinentes e início da leitura dos resumos dos artigos. A busca resultou em 1.902 artigos conforme as bases de dados utilizadas: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS (927), PubMed (416), e Scopus (559). O software EndNote permitiu o gerenciamento dos artigos e a identificação de 24 duplicatas.

De modo criterioso, foram selecionados para a pesquisa todos os artigos que mencionavam a anatomia básica das estruturas acometidas, a relação dos pólipos com a consolidação da doença, a fisiopatologia do Câncer Colorretal, os métodos diagnósticos e as falhas no rastreio. Posteriormente a elegibilidade dos artigos, foi executada a leitura minuciosa dos textos seletos, como estratégia complementar à triagem dos artigos, as referências bibliográficas dos artigos escolhidos também foram verificadas. Devido ao caráter descritivo e revisional de artigos previamente publicados, este estudo não exigiu submissão ao Comitê de Ética.

Desse modo, tornou-se possível recolher informações com nível maior de detalhamento e especificidade quanto às temáticas de escolha, possibilitando a construção da atual linha de pesquisa, bem como o levantamento de dados que corroboram com o arcabouço teórico do trabalho, além de desenvolver uma ampla visão teórica que sustenta nossa hipótese de aplicabilidade prática, dentro da realidade da saúde brasileira.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção apresenta os principais achados do estudo de acordo com a metodologia estabelecida para o trabalho. A tabela 1 apresenta a amostra final composta por 12 estudos relacionados ao rastreamento do Câncer Colorretal. Esses estudos foram selecionados com base em critérios rigorosos, garantindo a relevância e a qualidade das evidências analisadas.

Tabela 1 – Estudos incluídos na amostra final da RIL

A figura 1 apresenta a distribuição dos estudos de acordo com o tipo de metodologia utilizada, revelando uma predominância de revisões, seguidas por um número menor de ensaios clínicos randomizados, diretrizes clínicas e estudos de qualidade. Essa diversidade de abordagens reflete a variedade de formas com que o tema da colonoscopia e seu impacto no rastreamento do Câncer Colorretal tem sido estudado na literatura científica recente, destacando tanto a necessidade de revisões sistemáticas sobre o tema quanto a importância de evidências clínicas mais robustas para fundamentar a prática médica.

Figura 1 – Distribuição dos estudos de acordo com o tipo de metodologia

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

A análise da distribuição dos estudos revela uma predominância significativa de revisões, com um total de 10 estudos dessa categoria, o que corresponde à maior parte dos trabalhos analisados. Isso reflete a ênfase que a literatura recente tem dado à compilação e análise de dados existentes sobre colonoscopia e seu papel no rastreamento do Câncer Colorretal, especialmente considerando que revisões sistemáticas e integrativas são cruciais para consolidar o conhecimento e guiar práticas clínicas. A alta quantidade de revisões também pode indicar a necessidade de estudos adicionais que revisitem e atualizem as práticas com base em novas evidências.

Outros tipos de estudo, como ensaios clínicos randomizados, diretrizes clínicas e estudos de qualidade, estão representados de forma mais modesta, com apenas um estudo de cada tipo. Isso pode refletir a complexidade e o custo envolvidos na condução de ensaios clínicos e a necessidade de padrões mais rígidos de controle de qualidade. Apesar disso, os ensaios clínicos e diretrizes são fundamentais para a prática médica, pois fornecem evidências concretas sobre a eficácia das intervenções, além de orientar os profissionais da saúde sobre as melhores práticas para a colonoscopia.

O gráfico 2 apresenta a distribuição dos estudos por ano de publicação, oferecendo uma visão cronológica das pesquisas realizadas sobre colonoscopia e Câncer Colorretal. Observa-se uma maior concentração de estudos no ano de 2014, com produções distribuídas de maneira mais equilibrada nos anos subsequentes, até 2022. Essa distribuição temporal permite identificar tendências de interesse e evolução das pesquisas ao longo dos anos, destacando como a colonoscopia e seus impactos no rastreamento do Câncer Colorretal têm sido foco contínuo de investigação na última década.

Figura 2 – distribuição dos estudos por ano de publicação

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

A distribuição dos estudos por ano, conforme apresentado no segundo quadro, mostra uma concentração significativa de publicações em 2014, o que pode indicar um período de maior interesse e investimento em pesquisas sobre colonoscopia e Câncer Colorretal naquele ano. A partir de 2015, a quantidade de estudos se mantém mais uniforme, com uma produção contínua e regular até 2022. Esse padrão de distribuição sugere que, embora o pico de publicações tenha ocorrido em 2014, o tema permaneceu relevante ao longo dos anos, refletindo a importância contínua da colonoscopia como método essencial para o rastreamento do Câncer Colorretal.

Essa constância nos estudos também sugere que novos achados e avanços tecnológicos foram gradualmente sendo integrados à prática clínica, o que exige uma investigação científica constante para validar essas inovações. Além disso, a manutenção de publicações ao longo da década pode indicar um compromisso da comunidade científica em aprimorar as técnicas de rastreamento e melhorar os resultados clínicos, tanto na detecção precoce de Câncer Colorretal quanto no tratamento de condições não cancerígenas, como inflamações e pólipos benignos.

3.1 Categorização dos estudos

A categorização dos estudos revisados foi estruturada com base em uma análise detalhada das publicações incluídas na amostra final, facilitando a síntese dos achados em categorias. Essa metodologia permitiu identificar temas centrais discutidos nos artigos, tornando a análise mais eficiente.

3.1.1 Validação das Categorias

As categorias foram validadas por meio de uma revisão dos artigos, assegurando que cada um estivesse alocado corretamente. A coesão dos achados dentro de cada categoria garantiu uma análise clara e precisa dos principais temas abordados pelos estudos.

3.1.1.1 Leitura atentiva e análise dos títulos e resumos

A primeira etapa do processo de categorização envolveu uma leitura cuidadosa dos títulos e resumos dos artigos. Os títulos dos artigos facilitaram a categorização dos temas principais. Estudos que indicavam “rastreamento de Câncer Colorretal” ou “colonoscopia” foram agrupados na categoria de eficácia da colonoscopia. Aqueles que mencionavam termos como “qualidade” foram colocados na categoria de qualidade do desempenho. Os que exploravam métodos substitutivos foram inseridos na categoria “alternativas ao rastreamento”. Já os que forneciam orientações sobre quando e como implementar o rastreamento compuseram a categoria “Diretrizes e Recomendações”. Os resumos também contribuíram para a categorização dos artigos. Após separação dos artigos pelo título e pelo resumo, cada artigo foi lido na íntegra a fim de certificar-se de que o estudo entraria na categoria proposta.

3.1.1.2 Agrupamento de Achados

Após a identificação dos temas principais, os achados dos estudos foram agrupados de acordo com sete autores que compuseram com quatro categorias distintas, a saber:

a) Eficácia da Colonoscopia no Rastreamento do Câncer Colorretal: Estudos como os de Triantafillidis et al. (2017), Rex (2020), Stracci et al. (2014), Montminy et al. (2020) e Bretthauer et al. (2022) demonstram que a colonoscopia é o padrão-ouro no rastreamento de Câncer Colorretal, proporcionando alta eficácia na detecção e remoção de lesões pré-cancerosas. Esses estudos reforçam a importância da colonoscopia na prevenção, com resultados relacionados à redução da mortalidade ao longo do tempo.

b) Qualidade e Desempenho na Colonoscopia: Pesquisas como as de Robertson et al. (2015), Bronzwaer et al. (2019), Bevan e Rutter, (2018), Caserras 2014 e Sinagra (2017) discutem a necessidade de garantir a alta qualidade no desempenho das colonoscopias, abordando aspectos como a preparação adequada do paciente e a formação dos endoscopistas. Esses estudos destacam que, sem a qualidade garantida, a colonoscopia pode ser menos eficaz, e o risco de cânceres de intervalo aumenta.

c) Alternativas à Colonoscopia no Rastreamento: Leung et al. (2016) e Pox (2014) exploram alternativas ao rastreamento baseado em colonoscopia, como exames de fezes imunohistoquímicos (FIT) e a sigmoidoscopia, que podem ser mais acessíveis para populações de menor risco. Essas alternativas têm suas limitações, mas são vistas como viáveis em situações onde a colonoscopia é inviável.

d) Diretrizes e Recomendações: As diretrizes clínicas propostas por Rex et al. (2017) e Rex (2020), fornecem orientações sobre quando e como implementar o rastreamento, ajustando a frequência das colonoscopias de acordo com o histórico familiar e outros fatores de risco e recomendam a colonoscopia como uma das principais estratégias de rastreamento do Câncer Colorretal​.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais achados desta revisão destacam a relevância da colonoscopia como a principal ferramenta no rastreamento do Câncer Colorretal, devido à sua alta eficácia na detecção precoce de lesões pré-cancerosas e na redução da mortalidade. Os estudos incluídos evidenciaram que a colonoscopia continua sendo o padrão-ouro por permitir não apenas a identificação, mas também a remoção de adenomas e outras lesões durante o mesmo procedimento. Compreendeu-se que a qualidade da execução do exame é fundamental para garantir resultados mais eficazes e evitar o surgimento de cânceres de intervalo, sendo necessária a padronização de práticas e treinamentos para os profissionais de saúde envolvidos.

A categorização dos estudos ofereceu uma visão clara sobre os principais temas relacionados ao uso da colonoscopia no rastreamento do Câncer Colorretal. A eficácia da colonoscopia, a qualidade no desempenho, as alternativas viáveis e as diretrizes clínicas foram identificadas como as principais categorias, proporcionando uma estrutura sólida para compreender os avanços e desafios na implementação desse método preventivo.

Apesar dos avanços identificados nesta revisão, ainda há desafios no que diz respeito ao acesso e à adesão ao rastreamento. Alternativas à colonoscopia, como testes de fezes imunohistoquímicos e sigmoidoscopia, oferecem opções viáveis para populações de menor risco ou com menor acesso a recursos, embora apresentem limitações em comparação com a colonoscopia completa. Portanto as diretrizes clínicas, baseadas em evidências, recomendam a personalização dos intervalos de rastreamento de acordo com o histórico familiar e fatores de risco individuais, reforçando a necessidade de uma abordagem preventiva e eficaz no combate ao Câncer Colorretal.

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1Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA
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