THE MUNICIPAL MUSEUM PROF. CÍCERO PINTO DO NASCIMENTO AS A SPACE FOR PRESERVING THE HISTORY OF THE CITY OF BOA VIAGEM – CEARÁ.
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411151608
Eliel Rafael da Silva Júnior1
Adriane Maria Raimann2
RESUMO
Este artigo tem por finalidade cumprir com as exigências da UNIASSEVI ao que se refere a conclusão do curso de bacharelado em Museologia. Nele abordaremos a importância do Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento para preservação da história da cidade de Boa Viagem, no Estado do Ceará. Nesse museu existem peças que contam um pouco dos ciclos econômicos que prenderam o europeu ao solo cearense, falando também de sua formação romântica, conteúdo muito abordado para alavancar o turismo na região. O artigo aborda ainda os desafios enfrentados pelo museu, que busca a cada dia se reinventar em sua missão de servir como centro de preservação, exposição e pesquisa.
Palavras-chave: História regional; Memória; Educação museal.
ABSTRACT
This article aims to comply with the requirements of UNIASSEVI regarding the completion of the bachelor’s degree in Museology. In it we will address the importance of the Professor Cícero Pinto do Nascimento Municipal Museum for preserving the history of the city of Boa Viagem, in the State of Ceará. In this museum there are pieces that tell a little about the economic cycles that tied Europeans to Ceará soil, also talking about their romantic formation, content that is often discussed to boost tourism in the region. The article also addresses the challenges faced by the museum, which seeks to reinvent itself every day in its mission to serve as a center for preservation, exhibition and research.
Keywords: Regional history; Memory; Museum education.
1 INTRODUÇÃO
Os museus são espaços de diálogo entre gerações e, ao contrário daquilo que muitos pensam, não estão paralisados no passado, pois promovem regularmente com os seus acervos uma análise de épocas na percepção de seus visitantes, conforme Silva (2021, p. 6) eles “possuem o papel imprescindível na manutenção de determinados hábitos, costumes, tradições, gerando elos de conexão entre as pessoas”.
Neles o público, aquele que regularmente absorve a sua mensagem, ao observar suas peças, promove uma espécie de dialética pois, tendo o seu olhar direcionado ao passado, logo faz comparação ao presente, para em seguida construir uma perspectiva do futuro. Esse rápido diálogo visual possui três perguntas que logo se fixam na imaginação do visitante, sendo elas, como era? como é? como será?
Os museus vinculam o processo de existir em três tempos, cumprem um importante papel atuando como mediadores entre a cultura local e a cultura dos visitantes, como lugares de representação dos modos de saber e fazer dos povos, um lugar de expressão do passado, do presente e do futuro, servindo à sociedade como máquinas do tempo, produzindo cada peça de seu acervo o testemunho de uma época.
Neles cada objeto possui a capacidade de construir, ou tem construída uma narrativa temporal sobre si e sobre as suas relações de uso, conforme Silveira (2022: p. 3) os “objetos acompanham ciclos de vida. Eles se relacionam com ancestralidades, memórias, identidades, lembranças, esquecimentos de vivências individuais e coletivas.”
Cada objeto musealizado abre uma janela para o passado, cada um tem o seu começo, meio e fim, pois contam a sua própria história, falam da cultura onde estavam inseridos, de que material eram feitos, quem os fabricou, para quem e para o que serviu, e finalmente por que perdeu a sua utilidade.
São os objetos que dão sentido aos museus, revertidos para o interesse dos públicos… entender as coisas nos leva a entender as pessoas. O uso do objeto, pelo museu, torna didáticas, ou não, a comunicação e a narrativa do museu. Antes de expor, disponibilizar o objeto, o museu estuda, pesquisa, analisa a relação dele com a produção humana (SILVEIRA, 2022: p. 4)
Ao que se pode perceber, a função primária de um museu é contar a história da humanidade como sociedade, mostrando como o ser humano evoluiu em seu ambiente ao longo dos anos, algo que pode ser percebido pelas ferramentas e utensílios produzidos dentro de cada época.
É importante destacar que, de certa forma, todos os museus trabalham com uma perspectiva histórica, mesmo que não o sejam. Independentemente da tipologia que ocupam, os objetos remetem às ações humanas na natureza e sobre as relações, sobre os tempos em diferentes espações de experiências (SILVEIRA, 2021: p. 8).
Nos museus, que possuem a sua dimensão educacional, o visitante recebe a oportunidade de refletir e compreender as transformações ocorridas pelo tempo e o espaço em sua volta, servindo como locais não formais para produção do conhecimento pois, nas palavras de Silveira (2022, p. 9), “o conhecimento se constrói na troca e nas relações”.
Consciente do papel de importância desse equipamento para o fortalecimento da cultura, turismo e o desenvolvimento da pesquisa da história local, por força da lei nº 898, de 23 de dezembro de 2004, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, foi criado o museu do Município de Boa Viagem, momento em que recebeu também o nome do seu patrono.
Figura 1: Imagem do local onde no presente se encontra o
Museu Municipal Prof. Cícero Pinto do Nascimento
Fonte: Eliel Rafael da Silva Júnior
No presente o Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento está provisoriamente localizado na Rua José Leal de Oliveira, nº 371, esquina com a Rua Antônio Domingues Álvares, no Centro da cidade de Boa Viagem, no Município de Boa Viagem, no Sertão do Estado do Ceará.
Localizado no Centro de Boa Viagem, na Rua José Leal, antigo prédio da Cadeia Pública, é um museu ainda novo, inaugurado no dia 28 de dezembro de 2004. O museu é de suma importância para o Município. Serve como ponto de pesquisa para estudantes e demais interessados que querem saber um pouco mais sobre a história de nossa cidade. Tem ainda como objetivo levar a cultura do Município aos pontos mais distantes do Centro. O museu é bastante importante porque está reavivando e mantendo a nossa cultura. O museu tem esse nome em homenagem ao escritor e professor Cícero Pinto do Nascimento… O museu realmente tem um valor cultural e é bastante importante para as crianças e os adolescentes, porque mostra as novas gerações como era o nosso Município no passado (FRANCO & CAVALCANTE VIEIRA, 2007: p. 110-111).
Esse museu se constitui em um valioso e agradável espaço de visitação, para pessoas residentes ou não, que tem por intuito expor objetos e modos de fazer da cultura local onde, desde a sua criação, o seu compromisso está em se dispor a preservar, pesquisar e divulgar os elementos materiais e imateriais da história e da cultura do povo do Município de Boa Viagem. Sobre os objetos do acervo de um museu, nas palavras de Silveira (2022: p. 23), cada “objeto estabelece a relação existente entre as pessoas a partir de uma ressignificação de sentidos.”
Prestes a completar vinte anos de prestação de serviço, este artigo pretende contar um pouco da história desse museu, bem como tratar sobre a sua importância para preservação da história local, não esquecendo ainda de mencionar as suas dificuldades administrativas e motivos para continuar a existir.
2 METODOLOGIA
Este artigo se constitui em uma pesquisa bibliográfica na linha de pesquisa da história dos museus, tendo por finalidade aprimorar e atualizar conhecimentos através da investigação científica de literatura já publicada.
A leitura é uma das maneiras mais utilizadas para de conhecer a realidade. Ao ler, a pessoa tem possibilidade de conhecer mais sobre o mundo. A leitura é fundamental para a busca do conhecimento. Trata-se, pois, do pré-requisito para quem deseja dedica-se as lides da pesquisa. O gosto pela leitura é condição básica para formação do espírito científico (MARTINS, 1994: p. 11).
A sua abordagem é qualitativa, exigindo um estudo amplo do objeto de pesquisa considerando o seu contexto e as características da sociedade a que pertence. Segundo Oliveira (2011, p. 28), uma pesquisa qualitativa servirá “para uma reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico”.
Devido ao seu caráter subjetivo, faz-se necessário a complementação dessa pesquisa com um trabalho de campo, onde o pesquisador realizará visitas técnicas ao local de estudo no intuito de observar e construir as suas percepções dentro de sua revisão de literatura.
2.1 Referencial Teórico
A literatura específica sobre esse tema é inexistente, pois o assunto abordado tratando de um museu de uma pequena cidade do interior do Nordeste não é bem atrativo ao mercado de produção bibliográfica.
Ao buscar esse referencial teórico local, e não o encontrar, precisamos de início considerar duas proposições: a primeira delas é que o Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento não se constitui em um dos principais museus regionais do nosso Estado, portanto não desperta atenção de pesquisadores que não tenham ligação afetiva com o Município; a segunda hipótese está relacionada ao baixíssimo número de acadêmicos do curso de museologia no Município de Boa Viagem.
Diante desse fato, considerando a baixa produção de artigos sobre esse museu, a produção desse texto é algo inovador e ao mesmo tempo perigoso.
Devem ser evitados assuntos sobre os quais já existem vários estudos, bem como aqueles assuntos que são extremamente inovadores. Os primeiros sugerem repetições, enquanto os novos… especulações (MARTINS, 1994: p. 20).
Enfrentado esse desafio, acreditamos que mais tarde esse artigo, ao ser concluído, venha a se constituir em um importante subsídio para quem pretende desenvolver pesquisa similar nesse ou em outra unidade museológica do país dada a sua relevância social, onde consideramos que os conhecimentos produzidos aqui possam dar solução a alguns dos mesmos problemas encontrados em outro local.
3 RESULTADOS
3.1 O Município de Boa Viagem e o seu lugar na história do Estado do Ceará
Ao tratarmos do Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento precisamos compreender o tipo de acervo sob a sua guarda, bem como a sua classificação, onde o referido pode ser facilmente identificado como sendo de território que, segundo Silveira (2021: p. 6), “pode ser visto como um lugar onde o patrimônio cultural e natural já é, em si mesmo, a exposição”.
O seu acervo é composto basicamente, em sua maioria, por peças que contam a forma como os colonizadores europeus dominaram essa região, estando o local que compreende o território do Município de Boa Viagem no âmago do contexto histórico da colonização do Estado do Ceará.
Como já foi dito o Município de Boa Viagem está localizado no Sertão, distante pouco mais de 217 quilômetros da cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, possuindo fartos registros de seus primeiros colonos portugueses nessa região já no início do século XVIII, época em que estava inserido no território do Município de Quixeramobim.
Desde a chegada dos portugueses ao Brasil, o seu solo foi importante para o desenvolvimento dos ciclos econômicos do Nordeste, que já nessa época atendia aos interesses europeus com a produção da cana-de-açúcar, servindo esse local por Ordem Régia de 1699 durante décadas apenas para criação do gado de corte, sendo os habitantes dessa região conhecidos pela produção de um tipo de cultura isolada que foi denominada pelo historiador cearense Capistrano de Abreu como a “Civilização do Couro”.
A cidade de Boa Viagem surgiu assim, e desde cedo a sua economia vinha da agricultura e pecuária. Em seus primórdios, serviu como um criatório de gado a céu aberto, que produzia as charqueadas. O Ceará era um grande curral, o nosso solo não servia ao plantio da cana-de-açúcar, e a coroa portuguesa não permitia a criação de gado no litoral. Com essa decisão, a saída encontrada pelos criadores foi trazer os rebanhos para a parte central do Nordeste, onde não era possível produzir em grande escala a preciosa planta. As boiadas cearenses eram “tangidas” pelas estradas do Sertão com destino ao porto do Aracati no intuito de alimentar os vastos canaviais com a sua carne, que eram beneficiadas na indústria salaideril existente na vila (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 161).
Como é fácil de se deduzir com essa denominação, do gado se extraia quase todos os objetos necessários à vida do sertanejo através da produção do artesanato, que utilizava além da carne, o couro e até os ossos do preciso animal para sua subsistência.
Embora o Sertão seja uma região muito rica, também é frágil, especialmente pelas constantes secas, motivo pela qual dentro de algum tempo a criação de gado deixou de ser viável e lucrativa, obrigando aos moradores da região a investir em outro produto, o algodão, sendo esse o seu segundo ciclo econômico.
No primeiro ciclo, a região que compreende o Município Boa Viagem produzia apenas para o consumo do mercado interno existente no litoral canavieiro, já no segundo, o algodão daqui servia para mover a indústria de tecidos inglesa, que espalhava os seus produtos pelo mundo.
Em 1777-1778, a seca reduz o rebanho a 1/8 do que era. Em 1790-1793, a Seca Grande desmantela, de vez, a economia, até então sentada na pecuária. Entra em declínio a Civilização do Couro. O algodão ganha terreno. Nasce a economia do binômio boi-algodão e, com ela, o Ceará ingressa diretamente na economia-mundo (LIMA, 2008: p.39).
Diante desse potencial produtivo e percebendo a grande evasão de divisas existente por conta da sonegação de impostos, no dia 21 de novembro de 1864, por meio da lei provincial nº 1.128, o Município de Boa Viagem recebeu a sua tão desejada autonomia política da Assembleia Legislativa da Província, momento em que passou a tomar suas próprias decisões político-administrativas.
Gradativamente, a vila de Boa Viagem chamou a atenção do Governo da Provincia devido às safras e à boa qualidade de sua terra para produção dessa fibra, fato que despertou os governantes para aprimorar os mecanismos de arrecadação de impostos. Nesse tempo, início do século XIX, esta região chegou à terceira colocação como produtora de algodão no mundo. Desempenho econômico que mais tarde lhe permitiu emancipar-se do Município de Quixeramobim, na época o principal Município da Província na região (SILVA JÚNIOR, 2015: p. 162)
Antes disso, no início do século XVIII, por essa região chegou um casal fugitivo cujo amor era proibido pelos pais da donzela, tipo o do romance de Shakespeare Romeu e Julieta, e neste local, durante algum tempo, fizeram o seu esconderijo onde, nas palavras de Lira (1984: p. 47), “semelhantemente à cidade de Roma – Boa Viagem tem uma versão lendária e outra histórica quanto ao seu nascimento”.
Algumas pessoas afirmam que a proibição desse amor era motivada por questões religiosas, pois eram descendentes de judeus que queriam esconder suas origens, outros por questão de colocação social.
O romance desse casal, Antônio Domingues Álvares e Agostinha Sanches de Carvalho, começou em Portugal, de onde os pais da moça migraram para Olinda, em Pernambuco, local em que permaneceram por pouco tempo, partindo depois disso para vila do Icó, no Sertão cearense, lugar em que os dois combinaram uma fuga.
Figura 2: Imagem da Lagoa do Cavalo Morto
Fonte: Eliel Rafael da Silva Júnior
Da vila do Icó seguiram por caminhos errantes no meio da mata para Marvão, hoje Oeiras, no Piauí, onde pretendiam se casar e, por falta dos documentos necessários, não conseguiram efetivar esse desejo, seguindo depois disso para o Sertão de Quixeramobim, novamente no Ceará.
Conforme Nascimento (2002), ao chegarem a esse local, onde hoje se encontra a cidade de Boa Viagem, depois de muitos dias cavalgando por caminhos perigosos em meio a caatinga, temerosos também por estarem sendo perseguidos por jagunços a mando do pai da moça, o jovem casal foi surpreendido pela morte de seu cavalo ao lado de uma lagoa, fatos angustiantes que entristeceram a jovem donzela que, de joelhos, prometeu a Nossa Senhora da Boa Viagem edificar uma capela em sua homenagem caso conseguissem a graça do livramento.
Algum tempo depois desse episódio, por volta de 1772, já cessando a perseguição e formalizada as pazes no seio familiar, a promessa foi finalmente cumprida, sendo acompanhada de uma gorda doação para formação do patrimônio dessa capela, que no presente é a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Escritura de patrimônio e doação que faz o Capitão Antônio Domingues Álvares à capela de Nossa Senhora da Boa Viagem que pretende erigir nessa sua fazenda do Cavalo Morto de meia légua de terra, cinquenta vacas e seu touro. Saibam quantos este público instrumento de patrimônio e doação virem que sendo no ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de 1772, aos 22 dias do mês de julho do dito ano, nesta fazenda do Cavalo Morto, ribeira do Quixeramobim, onde eu tabelião, adiante nomeado ali vivendo perante mim apareceu o Capitão Antônio Domingues Álvares, morador nesta mesma fazenda, pessoa que reconheço pela própria de que trato e de que dou fé e logo por ele me foi dito em presença das testemunhas abaixo nomeadas e assinadas, que ele pretendia erigir nesta sua fazenda do Cavalo Morto, uma capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, para o que de três léguas que possuía nessa fazenda daria e dava por esta mesma escritura de doação a dita capela para seu patrimônio meia légua de terra pegando das extremas da fazenda Defunto Cruz para cima com a mesma largura de uma outra banda do rio Quixeramobim, como fazia doação também de 50 vacas com seu touro para se situarem na dita terra para o mesmo patrimônio da dita capela (BARROS LEAL, 1996: p. 166-167)
Durante os seus anos de existência, primeiramente essa capela e depois a igreja serviu de referência urbana aos habitantes da região que, de acordo com Lira (1984: p. 47), “no Brasil, quase todas as cidades nasceram em torno de igrejas, [onde] ambas as versões sobre a criação de Boa Viagem têm um cunho religioso”.
Figura 3: Imagem da Igreja Matriz, tendo ao seu lado a Lagoa do Cavalo Morto
Fonte: Eliel Rafael da Silva Júnior
Diante de tudo isso que foi relatado, não é difícil de compreender o tipo da maior parte do acervo existente nesse museu municipal, onde se busca preservar equipamentos e utensílios utilizados pelo sertanejo em seus ciclos econômicos; objetos e equipamentos de arte sacra; material arqueológico; ferramentas e outros equipamentos agrícolas.
4 DISCUSSÃO
4.1 O museu na cidade
O interesse em criar um museu no Município de Boa Viagem era um sentimento antigo, tendo surgido pela primeira vez nos primeiros anos da década de 1980, momento em que o Professor Manoel Barbosa de Sousa, um carioca que era professor de inglês radicado na cidade reuniu algumas peças de valor histórico e colocou em exposição em uma das salas do antigo CSU – o Centro Social Urbano Deputado José Vieira Filho.
Esse projeto infelizmente não recebeu o apoio necessário de continuidade nas gestões que se seguiram, sendo esse acervo totalmente perdido.
Mais tarde, na gestão do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, no dia 28 de dezembro de 2004, graças ao interesse do Professor Cícero Pinto do Nascimento, patrono da instituição, algumas peças foram reunidas através de doações, que logo foram postas para exibição em um pequeno espaço existente nos fundos do Edifício Dr. Nicéforo Fernandes de Oliveira, a sede da Promotoria Estadual, tendo a sua entrada pela Rua José Rangel de Araújo, nº 171, Centro, a antiga sede do Cartório Eleitoral.
Desde cedo a intenção de criar esse museu não era apenas para servir a curiosidade dos moradores da cidade de Boa Viagem com mais uma opção de lazer, mas também para favorecer ao turismo local e a cadeia de economia criativa que com o tempo pode surgir no entorno dessa instituição.
Além dos profissionais e das empresas de turismo, existem outros agentes como professores, escolas, igrejas, restaurantes, lanchonetes, bares, cafés, centros comerciais, artesãos e pequenos produtores, órgãos municipais e estaduais que estão envolvidos e são potencialmente parceiros com vistas a assegurar condições favoráveis de infraestrutura e segurança, para que o turismo se fortaleça como atividade econômica dessa região (IBRAM, 2014: p. 17).
Antes disso o referido professor fez inúmeros apelos nas emissoras de rádio, sendo paulatinamente atendido por várias pessoas da cidade e zona rural que entregaram peças de valor afetivo para formação de seu primitivo acervo.
Na gestão seguinte, entre 2005 e 2008, sob o governo do Prefeito José Vieira Filho – o Mazinho, depois da criação da Secretaria da Cultura, Turismo e Lazer, os trabalhos, os funcionários e todos os equipamentos do museu passaram aos cuidados dessa secretaria, pois antes eram coordenados pela Secretaria da Educação, momento que dispunha de mais recursos e pessoal para execução de seus trabalhos.
Nessa mesma época o seu acervo foi transferido para um espaço maior, uma casa de valor histórico localizada também no Centro da cidade que pertencia ao Governo do Estado e que durante muitos anos serviu como Casa de Detenção, tendo nesse espaço funcionado na época do Império a Casa de Câmara e Cadeia.
Esse prédio, cuja data de construção é ignorada, foi reformada na gestão do Prefeito Aluísio Ximenes de Aragão. Serviu, por anos, de cadeia e dormitório para os soldados solteiros. Em fevereiro de 1975, com a inauguração da nova Casa de Detenção, o aludido prédio passou a abrigar a CODAGRO. Em 1999, o Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, após uma ampla reforma, transformou-o num Centro Cultural, inaugurando-o no dia 29 de maio do mesmo ano. Ao seu lado ficava o salão (Fórum) para o julgamento dos delinquentes, servindo também para as apresentações artístico-culturais e festas dançantes. Tornou-se, com o passar dos tempos, o prédio da Câmara Municipal, passando por várias reformas, sendo a maior delas feita, em 2000, pela Presidenta Rosa Vieira Fernandes (NASCIMENTO, 2002: p. 41).
Na gestão seguinte, que se estendeu de 2009 a 2016, por conta da reeleição do Prefeito Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, o acervo do museu passou para outro imóvel, dessa vez uma casa alugada que durante anos serviu como a sede do Poder Executivo, porém o museu só dispunha de duas pequenas salas, estando o resto do imóvel sob ocupação da Secretaria da Infraestrutura e Recursos Hídricos.
Figura 4: Imagem da “Prefeitura Velha”
Fonte: Eliel Rafael da Silva Júnior
Esse espaço, não diferente dos outros, era bastante pequeno para o tamanho de seu acervo, algo que dificultava no acolhimento das turmas escolares que regularmente frequentavam a instituição no intuito de fazer as suas pesquisas de história.
Por meio da pesquisa que o museu amplia o repertório dele e aumenta as possibilidades de atuação, ao construir, assim, as bases necessárias para a estruturação de processos. O museu que não desenvolve pesquisa não consegue desenvolver atividades museológicas (SILVA, 2022: p. 03).
Depois disso, entre 2017 e 2020, na gestão da Prefeita Aline Cavalcante Vieira, o acervo do museu retornou à Casa de Detenção, que nesse período encontrou o seu espaço diminuído por conta de uma reforma e ampliação ocorrida alguns meses antes na Câmara Municipal de Vereadores a mando da Vereadora Maria Alzira Lima Vieira.
Nessa época o seu acervo ficou distribuído em 7 salas, sendo uma delas dedicada à sua direção e pesquisa, permanecendo nesse mesmo local na gestão do Prefeito José Carneiro Dantas Filho – o Régis Carneiro, que, por meio da lei nº 1.548, de 4 de outubro de 2023, assinou lei tombado o seu espaço como patrimônio histórico do Município.
PARAGRÁGO ÚNICO: Deve ser preservado também suas salas frontais, que serviam de gabinete para o delegado e o dormitório para os praças, bem como uma das celas e o Brasão da República contendo o nome “Estados Unidos do Brasil”.
4.2 A cidade no museu
A cidade de Boa Viagem pulsa o seu glorioso e sofrido passado, a sua história, toda ela é lugar de memórias, de episódios, alguns pessoais e outros coletivos, alguns mais recentes, outros mais distantes no tempo, sendo esses temas regularmente expostos aos visitantes de seu museu como se observassem de fora uma cápsula do tempo.
Figura 5: Imagem da planta baixa do museu
Fonte: Eliel Rafael da Silva Júnior
O futuro está em constante processo de construção, sendo o dia de hoje o material que dará origem ao dia de amanhã. Esse é o sentimento que permeia os sentidos de quem frequenta um museu, o de transitoriedade, pois somos a matéria prima que dará origem ao que está no futuro.
Caminhando pela cidade encontramos locais que marcaram e ainda marcam os seus habitantes, dentre eles destacamos o Mercado Público Municipal Jessé Alves da Silva, que começou a ser construído em 1893 e só foi concluído em 1915 graças a mão-de-obra dos flagelados da seca; o prédio da Casa de Câmara e Cadeia, que começou a ser construído em 1877 também com a mão-de-obra dos flagelados dessa seca; a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, fruto da promessa de Agostinha Sanches de Carvalho que começou a ser construída por volta de 1772; o Obelisco do Centenário, que marca a passagem do centenário da emancipação política do Município ocorrida no dia 21 de novembro de 1864; os bustos dos vários vultos da história local; a Lagoa do Cavalo Morto, local onde ocorreu o episódio que trata da formação romântica da cidade; a parede do Açude da Comissão e Socorros Públicos, uma pequena represa construída com a mão-de-obra dos flagelados da seca de 1877 que durante muito tempo serviu aos moradores da cidade e que durante o seu processo de construção ocorreu um surto de beribéri que vitimou muitas pessoas; o Encontro das Pedras, atrativo de potencialidade turística que está relacionada a história política local, entre outros.
Todos esses lugares são espaços de memórias que pulsam vida para os moradores de Boa Viagem, são locais simbólicos, referências materiais resultantes da ação e do pensamento de diversos grupos sociais que habitaram e ainda habitam o seu território, são pontes que ligam épocas.
4.3 Esse museu e o turismo local
Os museus são portas de entrada para o turismo, sendo locais onde temos a oportunidade para conhecer um pouco da história, e consequentemente da cultura local, refletindo as transformações humanas do lugar em determinada época.
Eles não atraem apenas os visitantes locais, mas conseguem atrair pessoas de outras culturas e cercanias que buscam conhecer um pouco mais do local que visitam, em resumo, os museus são espaços de encontro, de aprendizado, de lazer e de turismo.
São espaços de relação dos indivíduos e das comunidades com seu patrimônio e elos de integração social, tendo em conta em seus discursos e linguagens expositivas os diferentes códigos culturais da comunidade que produziram e usam os bens culturais, permitindo seu conhecimento e sua valorização (IBERMUSEUS: Disponível em https://www.ibermuseos.org/pt/recursos/documentos/declaracao-de-caracas-1992-2/. Acesso no dia 20 de maio de 2024)
Ao possuírem espaços equipados e confortáveis, ações culturais diversificadas, exposições estruturadas e amplamente divulgadas, o museu servirá de forma direta como atrativo para o turismo, seja ele internacional ou doméstico, algo que certamente fortalecerá a economia local que, conforme Silveira (2021: p. 66), “os museus e seu entorno também possuem uma dimensão na produção econômica da sociedade. A instalação de um museu atrai investimentos no território que ocupa.”
Classificado como um espaço não formal de educação, algo que já foi mencionado anteriormente, os museus possuem um papel fundamental no estímulo à reflexão crítica sobre a sociedade e as transformações humanas, segundo Silveira (2022: p. 14) “o espaço educacional não formal é caracterizado pelos museus, arquivos, bibliotecas, teatro, parques, praias, ruas, cinemas, ou seja, não seguem um padrão de institucionalização, mas são qualificados pela sua organização diferenciada”.
Assim como não faz sentido um museu sem público, não existe turismo sem cultura. Dessa forma, os museus possuem um papel importante a cumprir atuando como mediadores entre a cultura local e a cultura dos visitantes, como lugares de representação dos modos de saber e fazer dos povos, um lugar de expressão do passado, do presente e do futuro.
4.4 Os seus desafios
Ao tratar desse tema não pretendemos construir juízo de valor negativo, julgar ou fazer críticas sobre qualquer um dos governos que já passou pelo Município de Boa Viagem depois da criação do Museu Professor Cícero Pinto do Nascimento, podemos afirmar inclusive que esse museu está passando por um momento de transição e até de permanência de sua existência depois do afastamento para aposentadoria de seu patrono, que se constituiu durante muitos anos em uma referência do local como pesquisador da história e cultura local.
A nossa intenção visa construir um pouco de sua história nesses últimos 20 anos, propondo caminhos para sua sobrevivência institucional, que é de grande importância para preservação e divulgação da história do Município de Boa Viagem.
4.4.1 O seu investimento
Desde a sua criação nunca houve por parte de qualquer um dos governantes de Boa Viagem a iniciativa de dar autonomia financeira para o Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento, que regularmente necessita de recursos para manutenção de seu espaço e de seu valioso acervo, hoje constituído por 367 peças registradas em seu livro de tombo.
Durante todos os seus anos de existência todas as suas demandas dependem exclusivamente da Secretaria da Cultura, Turismo e Lazer, onde nem sempre os gestores dessa pasta possuem a sensibilidade para perceber as suas necessidades.
Para 2024, segundo o portal da transparência do Município, o orçamento da Secretaria da Cultura, Turismo e Lazer é de R$ 1.512.163,87 (Um milhão, quinhentos e doze mil, cento e sessenta e três reais e oitenta e sete centavos).
Desse valor, mais de R$ 374.928,47 (Trezentos e setenta e quatro mil, novecentos e vinte e oito reais e quarenta e sete centavos) foram gastos no Sertão Junino de 2023, evento que é promovido anualmente pela Prefeitura de Boa Viagem.
Para o museu, fora as despesas correntes, ou seja, aquelas que são fixas, a manutenção preventiva dos espaços culturais está orçada em apenas R$ 3.000,00 (três mil reais), lembrando que esse valor é dividido ainda para o Núcleo de Arte e Cultura José Assef Fares e para Biblioteca Municipal Venceslau Vieira Batista.
Os valores mencionados deixam bem claro que o investimento do Município naquilo que é classificado como cultura erudita é muito baixo, onde mesmo com esse baixo investimento o museu consegue devolver muito mais do que recebe.
Um fator a se questionar também é o fato da Secretaria da Cultura no Município de Boa Viagem ser autônoma da Secretaria da Educação, que possui mais recursos e funcionários ao seu serviço.
4.4.2 O seu espaço
Em acordo ao que já foi mencionado nesse artigo o atual endereço do museu municipal de Boa Viagem é um espaço pequeno e adaptado para o seu uso, estando esse edifício, segundo rumores, prestes a ser entregue à Câmara Municipal de Vereadores para servir de gabinete aos seus edis.
Dentre as características dos ambientes museais brasileiros, a grande maioria foi criada em prédios adaptados. Normalmente, alguma edificação antiga vinculada a um personagem ou acontecimento de natureza histórica. São prédios que podem ser considerados como a peça número 1 do acervo. O prédio é adaptado ao uso, procurando respeitar o patrimônio construído, o que dificulta muitas vezes, a própria funcionalidade do museu (SILVEIRA, 2021: p. 71).
As suas adaptações pouco favorecem ao seu acervo, que necessitam de maior espaço para suas peças, onde o seu público, especialmente quando recebe caravanas escolares, disputam espaço e colocam em perigo tanto a si quanto ao seu acervo.
Esse edifício, embora não pareça, possui grande valor histórico para o Município que, no 4º artigo de sua lei de criação, determinava que “a villa só será inaugurada quando tiver Casa de Câmara e Cadeia.”
O espaço começou a ser construído por volta de 1877 e se estendeu até 1899 através da Comissão de Socorros e Serviços Público utilizando os recursos da lei Pompeu-Sinimbú, que investiu a mão-de-obra dos desvalidos pela seca para sua edificação, que foi feita em etapas.
Esse projeto pretendeu corrigir o desequilíbrio econômico entre o Norte e o Sul a partir da proposta de aproveitar a força de trabalho disponível durante as secas para realizar obras públicas, haja vista que elas significavam progresso material. Para tornar exequível essa proposta foi necessária elaborar uma política de socorros públicos, caracterizada por uma estrutura de assistência aos desvalidos que fosse centralizada em Fortaleza, capital do Ceará. Essa política de socorros evoluiu junto com o projeto de progresso, posto que ambos estavam interligados (FREITAS SOUZA, 2015: p. 179).
Passando todos esses anos esse local atravessou algumas reformas estruturais, sendo a maior delas a que ocorreu em 1950, que deixou em sua faixada em forma de obra de arte o brasão da república que identificava o nome oficial de nossa nação “Estados Unidos do Brasil”.
Algo a ser mencionado neste trabalho ainda é o fato desse museu não possuir reserva técnica, estando todo o seu acervo exposto.
4.4.3 O seu pessoal
Semelhantemente ao que ocorre em outros Municípios espalhados pelo nosso país esse museu nunca possuiu uma equipe especializada ao seu serviço, nunca tendo ocorrido concurso público direcionado ao seu quadro efetivo, que sempre foi formado por pessoas adaptadas em suas funções de outras pastas, muitas delas indicadas não por competência técnica e sim por indicação política.
É imprescindível que o corpo técnico de um museu seja interdisciplinar. Os museus não só podem como devem contratar profissionais das mais diversas áreas de qualificação tais como: historiadores, antropólogos, educadores, arte educadores, pedagogos, biólogos, arqueólogos, conservadores, restauradores, arquitetos etc. (SILVA, 2021: p. 143).
Em todos esses anos de existência a equipe do museu nunca recebeu cursos de qualificação profissional, algo que acontece comumente em outras secretarias da prefeitura de Boa Viagem, o que nos faz pensar se não seria melhor para SECULT local voltar a existir apenas como um setor da Secretaria da Educação.
A necessidade de pessoal qualificado para desenvolver as atividades desse museu é fundamental, onde vários fatores põem em risco o seu acervo, dentre eles os humanos, que favorecem nessa destruição, agindo muitas vezes por descaso, desconhecimento e até mesmo por puro vandalismo.
No museu, embora nem todos tenham essa concepção, as ações humanas deliberadas ou inconscientes contribuem com o aumento de chances predatórias de seu acervo.
No presente, conforme observamos na imagem abaixo, que recentemente foi exposta em uma das redes sociais do próprio museu, dois visitantes usam o genuflexório e o confessionário sem nenhum tipo de acompanhamento de um mediador, provando que o museu falha grotescamente em sua função educativa.
Figura 6: Imagem interna do museu
Fonte: https://www.instagram.com/museudeboaviagem/?img_index=1. Acesso em 21 de maio de 2024
É comum ao visitante tentar fazer das peças do museu apenas algo decorativo, não sendo difícil de imaginar que o próprio mediador do museu tenha feito a imagem e depois publicado nas redes sociais do museu.
Dessa imagem podemos tirar algumas conclusões, a primeira delas é que o museu não investe na educação museal de seu público ou de seus funcionários, sequer possui um pedagogo em seu quadro de servidores, e ainda tem estimulado o mau uso de seu acervo nas redes sociais, algo profundamente prejudicial ao seu futuro.
Cabe reforçar as três dimensões que fazem o sucesso do ensino aprendizado pelos museus: tempo, espaço e materialidade. Isso mostra que a educação em museus é atividade intencional e planejada, mas sem as amarras do formalismo escolar (SILVEIRA, 2022: p. 21).
4.4.4 A sua documentação
Como qualquer instituição humana os museus buscam excelência em sua prestação de serviço, para isso procuram aplicar ferramentas de gestão no intuito de atingir melhores resultados.
Para funcionar bem, buscando responder todas as perguntas que surgirem em seu cotidiano, tanto de seu público quanto de seus funcionários, um museu necessita de alguns documentos, dentre eles destacamos o plano diretor, o ato de criação, o regimento interno, o livro de tombo e, não menos importante, o livro de contagem de público.
Todo museu deve ter base legal, seja ele de natureza pública municipal, estadual, federal ou um espaço de iniciativa privada. Para o seu melhor entendimento, o museu precisa ter uma “certidão de nascimento, e ter regras de funcionamento (SILVEIRA, 2021: p.88)
O livro de tombo serve ao registro do patrimônio do acervo do museu, já o plano diretor responde as questões relacionadas a sua finalidade, define o tipo de público que quer atingir, quais as suas estratégias de trabalho, quem financia as suas ações e quais as suas perspectivas de futuro.
O plano diretor, também chamado de plano museológico, busca dar melhor eficiência a sua gestão com relação ao seu planejamento, gestão de pessoas, exposições, pesquisa, segurança, comunicação, organização, controle, acervo e economia, documento que precisa ser norteado por um profissional formado em museologia.
O regimento interno, que determina o comportamento cotidiano daqueles que compõem a instituição, o que se pode e o que não se pode fazer, é mais um dos documentos ausentes nessa unidade museológica.
O livro de contagem de público, que serve para fornecer informações sobre as exposições de maior público; as necessidades de adequação dos serviços oferecidos; as necessidades de ampliação de atendimento por perfil de visitante e ampliação de ações educativas.
Embora necessários, infelizmente o Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento dispõe de apenas três desses importantes documentos, o livro de tombo, o livro de registro de público e a sua lei de criação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do momento que essa unidade museal atravessa, quando seu patrono e principal pesquisador se encontra afastado para aposentadoria, o momento é de transformar crise em oportunidade.
O Museu Municipal Professor Cícero Pinto do Nascimento busca se reinventar para prosseguir em sua missão assegurar o acesso à informação para produção de conhecimentos históricos sobre o Município de Boa Viagem, apoiando as atividades de ensino e pesquisa das escolas municipais, assumindo a responsabilidade de salvaguardar o patrimônio histórico sob a sua custódia.
REFERÊNCIAS
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Acadêmico do curso de bacharelado em Museologia em Boa Viagem, Ceará, contato: eliel.rafael@bol.com.br1
Professora orientadora2