O MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA: REVISÃO SISTEMÁTICA

AUTORES:
DAYANA MEDEIROS DA SILVA CANDIDO1, INGRYD DE SOUZA BREDA1; FRANCISCO JOSÉ SALUSTIANO DA SILVA 2; DANÚBIA DA CUNHA DE SÁ-CAPUTO2,3,4 BRUNO BESSA MONTEIRO-OLIVEIRA 2,3,5
FILIAÇÃO:
1 Faculdade Bezerra de Araújo (FABA). Rio de Janeiro, RJ, Brazil
2 Departamento de Fisioterapia. Faculdade Bezerra de Araújo (FABA), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
3 Laboratório de Vibrações Mecânicas e Práticas Integrativas, Departamento de Biofísica e Biometria e Policlínica Américo Piquet Carneiro. Universidade de Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
4 Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
5 Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.


RESUMO

Pilates é um complemento ao tratamento padrão da incontinência urinária. É uma forma de exercício que envolve uma variedade de movimentos que fortalecem e aumentam a flexibilidade de todo o corpo e está cada vez mais integrado em programas de reabilitação fisioterapêutica. É seguro, simples e com poucas contraindicações. O objetivo desta revisão sistemática foi avaliar os efeitos do Pilates no tratamento da incontinência urinária em homens e mulheres. A busca foi realizada nas bases de dados PubMed, Scopus e Embase (em 5 de novembro de 2020). Dois revisores examinaram independentemente títulos, resumos e estudos irrelevantes foram excluídos com base nos critérios de elegibilidade. Foram identificados 153 estudos, dos quais 3 estudos foram incluídos, envolvendo homens e mulheres, utilizando o Pilates como forma de tratamento. Vários resultados foram avaliados nos estudos incluídos: resistência e força muscular do assoalho pélvico e melhora da incontinência urinária com o Método Pilates os benefícios do fortalecimento do assoalho pélvico são comprovados e podem ser usados tanto para prevenir disfunções perineais quanto para tratá-las. Concluindo, o Pilates é eficaz no tratamento da incontinência urinária, melhorando a qualidade de vida dessa população. No entanto, mais estudos são necessários para reforçar os achados relatados.

Palavras-chave: Pilates. Incontinência Urinária. Fisioterapia. Assoalho Pélvico.

ABSTRACT

Pilates is a complement to the standard treatment of Urinary Incontinence; it is a form of exercise that involves a variety of movements that strengthen and increase the flexibility of the entire body and is increasingly integrated into physical therapy rehabilitation programs. It is safe, simple and with few contraindications. The aim of this systematic review was to assess the effects of Pilates in the treatment of Urinary Incontinence in men and in women. The search was carried out in the PubMed, Scopus and Embase databases (on November 5, 2020). Two reviewers independently examined titles and abstracts and irrelevant studies were excluded based on the eligibility criteria. A total of 153 studies were identified, of which 3 studies were included, involving men and women, using Pilates as a form of treatment. Several results were evaluated in the included studies: resistance and muscle strength of the pelvic floor and improvement of urinary incontinence with the Pilates Method the benefits of strengthening the pelvic floor are proven and can be used both to prevent perineal dysfunctions and to treat them. In conclusion, Pilates is effective in the treatment of urinary incontinence, improving the quality of life of this population. However, further studies are needed to reinforce the reported findings.

Keywords: Pilates. Urinary Incontinence. Physiotherapy. Pelvic Floor

  1. INTRODUÇÃO

A Incontinência Urinária (IU) é definida pela International Continence Society(ICS) como a queixa de perda involuntária de qualquer quantidade de urina e é classificada de acordo com os sintomas apresentados (ABRAMS et al., 2003, 2010). A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1988 considerou a IU como uma doença e não mais uma condição, levando em consideração seus efeitos debilitantes, relacionados à saúde e ao bem-estar, foi incluída apenas na Classificação Internacional e Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (ICIDH-2) de 2001, passando a fazer parte da Classificação Internacional de Doenças (CID10) (DELARMELINDO et al., 2013). A IU pode ser classifica como: Incontinência urinaria de esforço (IUE) que é a perda de urina durante o esforço físico, tosse ou espirros; Incontinência urinaria de urgência (IUU), que é a perda de urina precedida ou durante a vontade de urinar e Incontinência urinaria mista (IUM), que é a associação de Incontinência urinaria de esforço com a Incontinência urinaria de urgência (D’ANCONA et al., 2019).

A IU representa um grande fardo na qualidade de vida (QV) física, mental e social das mulheres (VAN DER WOUDE; PIJNENBORG; DE VRIES, 2015). A IU mista impacta a QV das mulheres, esse tipo de IU é significativamente negativa na QV, principalmente no domínio da percepção geral de saúde em comparação com pacientes com IUE; os sintomas que mais afetam a QV das mulheres estão associados à urgência urinária, IU de esforço, frequência urinária. (KNORST; RESENDE; GOLDIM, 2011).

Baixa autoestima, constrangimento e desamparo são comumente relatados (SINCLAIR; RAMSAY, 2011). Mesmo assim, poucas mulheres procuram ajuda profissional e recebem tratamento, apesar da disponibilidade de métodos para melhorar e curar esses distúrbios (BROWN et al., 2015).

As principais causas da IU são gravidez e parto em mulheres e pós- prostatectomia (PR) em homens, pois acabam diminuindo o tônus da musculatura pélvica (HEIN et al., 2020). Fatores de risco em homens estão relacionados à idade avançada, obesidade, sintomas urinários anteriores e ressecção transuretral anterior da próstata, o que acaba afetando negativamente a QV, levando a constrangimento, diminuição da atividade e isolamento social (HEIN et al., 2020).

A fisioterapia em uroginecologia previne e trata essas disfunções miccionais, disfunções sexuais femininas e dores pélvicas por meio de técnicas e recursos (RETT et al., 2007). O tratamento fisioterapêutico de mulheres com IU por meio de exercícios perineais apresenta as melhores evidências científicas (CASTRO et al., 2008).

Um exemplo clínico de cuidado para IUE é o treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP), que beneficia positivamente mulheres com sintomas leves a moderados de IUE (PAIVA et al., 2017). Com base no escore de qualidade de vida, os programas TMAP podem desempenhar um papel fundamental como intervenção de primeira linha em mulheres com IU (DUMOULIN; CACCIARI; HAY-SMITH, 2018). O TMAP são \”exercícios de resistência, potência, para melhorar a força e promover o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico ou uma combinação destes\” (BO et al., 2017).

Pilates é uma técnica de manutenção corporal criada pelo alemão Joseph H. Pilates (1880-1967) durante a Primeira Guerra Mundial (DA SILVA; MANNRICH, 2009). O Pilates é uma adição recente ao tratamento padrão da IU, que tem uma abordagem mente-corpo, envolvendo movimentos controlados e lentos, com foco na postura e na respiração, e está cada vez mais integrado aos programas de reabilitação fisioterapêutica (KLOUBEC, 2011).

Ao invés de ter um foco muscular específico, o Pilates é um tipo de exercício que envolve uma variedade de movimentos que fortalecem e aumentam a flexibilidade de todo o corpo (BØ; HERBERT, 2013). Os exercícios são realizados em conjunto com a contração do grupo muscular, esses exercícios visam a estabilidade pélvica, mobilidade e alinhamento corporal e podem trazer melhorias na força muscular do assoalho pélvico (GOMES et al., 2018).

Com o Método Pilates os benefícios do fortalecimento do assoalho pélvico são comprovados e podem ser usados tanto para prevenir disfunções perineais quanto para tratá-las (ANDREAZZA; SERRA, 2009). Com ênfase no que Joseph chamou de casa de força (ou centro de força), os exercícios que compõem o método Pilates envolvem contrações isotônicas (concêntricas e excêntricas) e, principalmente, contrações isométricas. O centro de força é composto pelos músculos abdominais,

assoalho pélvico, abdômen transverso e multífido, os quais são responsáveis pela estabilização estática e dinâmica do corpo. Assim, durante o exercício, a expiração está associada à contração desses músculos e do diafragma (DA SILVA; MANNRICH, 2009). A expiração máxima é realizada pelo abdômen transverso, músculos retos abdominais, músculos oblíquos internos e externos. Estudos mostram ativação muscular durante os exercícios de Pilates, principalmente no músculo reto abdominal (DE SOUZA et al., 2012).

Os exercícios de Pilates são relativamente baratos e acessíveis, na maioria das vezes são ensinados em grupos, promovendo o vínculo social e a responsabilidade, o que pode facilitar a sua prática (HEIN et al., 2020). Mais pesquisas são necessárias para avaliar a prevalência de IU, para que os resultados possam ser comparados, por meio de questionários padronizados, confiáveis e validados, a fim de evitar viés de seleção e obter uma alta taxa de resposta (CERRUTO et al., 2013).

O objetivo desta revisão sistemática é avaliar os efeitos de um programa de força muscular utilizando o método Pilates para TMAP em pacientes do sexo masculino e feminino com IU.

  1. METODOLOGIA

Esta revisão foi escrita com base nas diretrizes do Preferred Reporting Itemsfor Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) (LIBERATI et al., 2009) e os métodos desta revisão foram pré-especificados em um protocolo que foi registrado, com o PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews) sob o número CRD42021241671 (PACHECO et al., 2018).

2.1 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

2.1.1 CRETÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram considerados artigos que analisaram o método Pilates em pacientes mulheres e homens com IU evidenciando os efeitos do método Pilates no fortalecimento do assoalho pélvico, com artigos publicados na língua inglesa. Nenhuma restrição de data de publicação foi definida.

2.1.2 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO

Os critérios de exclusão permitiram a eliminação de publicações desnecessárias. Artigos foram excluídos se: (i) publicados em um idioma diferente do inglês; (ii) com achados não relacionados à IU; (iii) editoriais, resumos, comentários ou comunicações breves; e (iv) sendo conduzido com animal, (V) tratamento convencional (VI).

2.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Foi realizada busca nas bases de dados Pubmed, Scopus, Embase. Usando as seguintes palavras-chave de pesquisa (((Pilates) e (urinary incontinence) e (pelvicfloor)))em 05 de novembro de 2020.

As palavras-chave utilizadas na busca foram definidas com base na estratégia PICO, enfoque PICOS, com P= pacientes com IU, I= pilates, C= sem restrições de comparações permitindo comparações com placebo, cuidados habituais ou intervenção e O= todos os resultados relatados.

2.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A revisão foi conduzida seguindo quatro fases: (i) registros foram identificados por meio de pesquisa de banco de dados e triagem de referência (Identificação), (ii) dois revisores (ISB, DMSC) examinaram independentemente títulos e resumos e estudos irrelevantes foram excluídos com base em critérios de elegibilidade (Triagem),

(iii) textos completos relevantes foram analisados para elegibilidade (Elegibilidade), e todos os estudos relevantes foram incluídos na revisão sistemática e (iv) a discordância foi resolvida por um terceiro revisor (BBMO). Os mesmos pesquisadores foram responsáveis pela extração de dados dos estudos incluídos.

Foram extraídos os dados referentes às informações do estudo (autor, ano e país), população (tamanho da amostra, idade e sexo), protocolo, prescrição, tipo de estudo, etiologia, variável avaliada e resultados.

A escala PEDro (MAHER et al., 2003) foi aceita quando uma escala PEDro foi considerada em uma pontuação de quatro ou menos como de qualidade \’ruim\’, aqueles com uma pontuação de cinco a seis seriam de qualidade \’regular\’ e acima de seis pontos de qualidade metodológica de \’alta\’ (WALSER; MESERVE; BOUCHER, 2009), a ferramenta de colaboração Cochrane (HIGGINS et al., 2011) para avaliar o risco de viés nos estudos incluídos para ensaio clínico randomizado (RTC) e para avaliar o risco de viés em ensaio clínico não randomizado, o instrumento ACROBAT- NRSI (A Cochrane bias risk assessment tool for non-randomized studies) foi usado, que compara os efeitos das intervenções de saúde. ACROBAT-NRSI cobre sete domínios divididos em pré-intervenção, intervenção e pós-intervenção. Cada item foi classificado como risco de viés baixo, moderado, grave ou crítico e é necessário informar quando nenhuma informação estiver presente (STERNE; HIGGINS; REEVES, 2014).

Dois revisores usaram essas ferramentas para avaliar a qualidade e o risco de viés para estudos não randomizados e estudos randomizados (ISB, DMSC) e o terceiro pesquisador foi usado para resolver todas as discordâncias (BBMO).

O nível de evidência da seleção de cada publicação selecionada foi avaliado individualmente por meio da hierarquia de evidências do National Health and MedicalResearchCouncil(NHMRC) (MERLIN; WESTON; TOOHER, 2009), conforme definido na Tabela 1.

Tabela1– Definição dos níveis de evidências com base no NationalHealth andMedical ResearchCouncil HierarchyofEvidence

Nível de EvidênciaDefinição
IRevisão sistemática de estudos de nível II.
IIEnsaio clínicio randomizado.

III-1

Ensaio pseudo-randomizado controlado (alocação alternativa, como um estudo cruzado ou algum outro método semelhante).

III-2
Estudo comparativo com controles concorrentes (ensaio experimental não randomizado, estudo de coorte, estudo de caso-controle, série temporal interrompida com um grupo controle).

III-3
Estudo comparativo sem controle concorrente (controle histórico, dois ou mais estudos de braço único, séries temporais interrompidas sem um grupo de controle paralelo).
IVSérie de casos com resultados pós-teste ou pré-teste/pós-teste.
Fonte: Merlin, Weston e Tooher, (2009)

  1. RESULTADOS

A busca inicial levou à identificação de 153 estudos potencialmente relevantes, dos quais 34 estudos foram analisados detalhadamente. Após a leitura completa desses 34 artigos, 31 foram excluídos. Artigos foram excluídos se: publicados em um idioma diferente do inglês; com achados não relacionados à IU; editoriais, resumos, resenhas, comentários ou comunicações breves; e sendo conduzido com animal, tratamento convencional. Portanto, foram 3 artigos a serem analisados. Os itens de relatório preferidos para revisões sistemáticas e diagrama de fluxo de meta-análise dos estudos nesta revisão podem ser encontrados na Figura 1.

Figura1– Fluxograma do processo de seleção de literatura com base no PRISMA

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Fonte: Liberati et al. (2009)

Considerando a qualidade metodológica com a escala PEDro, as publicações incluídas tiveram pontuação média de 5,6 evidenciando qualidade metodológica razoável (Tabela 2), com mínimo de 3 pontos (CHMIELEWSKA et al., 2019) e máximo de 7 (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016). Dois estudos (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016) foram considerados de \”alta\” qualidade e um estudo (CHMIELEWSKA et al., 2019) foi considerado de \”baixa\” qualidade (WALSER; MESERVE; BOUCHER, 2009).

Considerando o risco de viés para um ensaio clínico não randomizado, um risco de viés sério foi encontrado (CHMIELEWSKA et al., 2019) (Tabela 3) e considerando o risco de viés para um ensaio clínico randomizado, foi encontrado baixo risco de viés (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016) (Figura 2).

As características dos participantes, os objetivos, os resultados e o nível de evidência dos estudos selecionados são apresentados na tabela 4. Em relação ao nível de evidência (MERLIN; WESTON; TOOHER, 2009) dos três estudos incluídos nesta revisão, foi considerado o maior nível de evidência II e o menor o III-2.

Tabela2– Avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos com escala PEDro.

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Figura 2: Avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos com a escala PEDro. (2) Os sujeitos foram alocados aleatoriamente em grupos (em um estudo cruzado, os sujeitos foram alocados aleatoriamente em uma ordem em que os tratamentos foram recebidos); (3) a alocação foi ocultada;

(4) os grupos eram semelhantes no início do estudo em relação aos indicadores prognósticos mais importantes; (5) houve cegamento de todos os sujeitos; (6) houve cegamento de todos os terapeutas que administraram a terapia; (7) houve cegamento de todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave; (8) medidas de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85%; das disciplinas inicialmente alocadas aos grupos; (9) todos os indivíduos para os quais medidas de desfecho estavam disponíveis receberam o tratamento ou condição de controle conforme alocado ou, quando este não foi o caso, os dados para pelo menos um desfecho chave foram analisados por

“intenção de tratar”; (10) os resultados das comparações estatísticas entre os grupos são relatados para pelo menos um resultado chave; (11) o estudo fornece medidas pontuais e medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave.

Figura1– Resumo do risco de viés: avaliação dos autores para cada critério de risco de viés.

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Fonte: Higgins et al. (2011)

Tabela3– Risco de viés ACROBAT-NRSI

EstudoDomínioAvaliações por resultado

Viés devido a confusãoModerado

Viés na seleção de participantesModerado

Viés na medição das intervençõesBaixo

Chmielewsk et
Viés devido a desvios das intervenções pretendidasModerado
al. (2019)Viés devido a dados ausentesSério

Viés na medição dos resultadosModerado

Viés na seleção dos resultados relatadosModerado

Julgamento RoB geralSério
Fonte: Sterne, Higgins e Reeves (2014)

Vários resultados foram avaliados nos estudos incluídos: resistência e força muscular do assoalho pélvico e a melhora da incontinência urinária por meio da International Consultation on Incontinence Short Form (ICIQ-SF) (CHMIELEWSKA et al., 2019; GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016); 24-hour pad test (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016); Bladder Diary (PEDRIALI et al., 2016); Pelvic FloorMuscle Strength Protocol (PFMS) (GOMES et al., 2018); Surface Electromyographic(sEMG) (CHMIELEWSKA et al., 2019); KingsHealthQuestionnaire(KHQ) (CHMIELEWSKA et al., 2019); InventoryofUrogenitalDistress(UDI) (CHMIELEWSKA et al., 2019); As características dos estudos incluídos são apresentadas na Tabela 2.

Considerando os parâmetros em geral, o Pilates foi realizado no chão, na esteira de Pilates. (GOMES et al., 2018) combinaram sessões de TMAP com estimulação elétrica anal (AES) com eletrodo (CHMIELEWSKA et al., 2019) combinaram o treinamento dos músculos do assoalho pélvico com biofeedbackeletromiográfico de superfície (sEMG) ou exercícios de Pilates.

Os parâmetros do Pilates analisados foram incluídos por meio de exercícios integrados e controlados dos protocolos utilizados (tempo de exercício, número de sessões e tempo de tratamento). As características dos estudos incluídos podem ser encontradas na Tabela 3.

Pedriali et al. (2016) utilizaram um protocolo no qual os participantes realizaram dez sessões, uma vez por semana durante quarenta e cinco minutos. Gomes et al. (2018) utilizaram um protocolo no qual os participantes realizaram dez sessões de esteira de Pilates, aos pares, por quarenta e cinco minutos e outro grupo dez sessões de PFMT por quarenta e cinco minutos combinadas com AES com eletrodo. Chmielewska et al. (2019) utilizou um protocolo no qual os participantes realizavam vinte e quatro sessões três vezes por semana, durante seis meses.

Chmielewska et al. (2019), observou que as medições feitas durante uma tentativa de relaxamento de 10 segundos no grupo BF revelaram uma diminuição significativa nas amplitudes médias e amplitudes de pico entre os pontos de tempo. Não foram encontradas diferenças entre os grupos com relação ao pico médio e amplitude média no teste de relaxamento de 10 segundos. Pedriali et al. (2016), observou que o programa de exercícios Pilates utilizado provou ser tão eficaz quanto

o PFME convencional no tratamento conservador de pacientes com prostatectomia pós-incontinência urinária. Também alcançou uma taxa mais elevada para pacientes do continente inteiro quando comparada ao grupo controle em curto prazo. Gomes et al. (2018), observaram melhorias nos parâmetros de força muscular do assoalho pélvico diferentes entre os grupos de tratamento ativo versus controles, mas não previram a recuperação da continência urinária ao final da avaliação. O método Pilates promoveu resultados semelhantes na proporção de pacientes totalmente continentes em comparação com o TMAP convencional 4 meses após a prostatectomia.

Tabela4– Descrição das características dos estudos selecionados


Estudo
Desenho do Estudo
População

Etiologia

Protocolo
Variáveis avaliadas
Resultados

NE





Pedriali et al 2016 Brasil






ECR

Pacientes com idade entre 50 e 75 anos. Exercícios de Pilates para um protocolo convencional de PFME no tratamento conservador da PPUI. G1 = 26 pacientes (Idade Média: 66,07 ± 5,77a) G2 = 28 pacientes (Idade Média: 66,32 ± 5,48a) G3 = 31 pacientes (Idade Média: 62,61 ± 7,26a)






IU pós prostatectomia


G1 = 10 sessões 1x com 45 m. G2 = 10 sessões 1x com 40 -50 m. (G3) Não recebeu tratamento ou orientação para realizar exercícios de assoalho pélvico em casa.




Teste de almofada de 24 horas Diário da Bexiga ICIQ -SF
57,7% dos voluntários do G1, 50% dos indivíduos do G2 e 22,6% do G3 pararam de usar tampão ao final do período de tratamento. Além disso, 38,5% dos participantes do G1, 28,6% do os voluntários do G2 e 6,5% do G3 atingiram pontuação zero (perda de urina nas últimas quatro semanas) na escala de QV após o tratamento. Em ambas as variáveis descritas acima, houve diferença estatística entre os grupos um e três (P <0,05).






II





Gomes et al 2017 Brasil







ECR
Pacientes do sexo masculino com idades entre 50 -75 anos. Exercício de Pilates comparado ao PFMT na força muscular do assoalho pélvico em pacientes com IU pós – prostatectomia. G1 = 34 pacientes (Idade Média: 66,62 ± 5,66a) G2 = 35 pacientes (Idade Média: 65,83 ± 5,64a) G3 = 35 pacientes (Idade Média: 63,11 ± 7,19a)






IU pós prostatectomia.


G1 = 10 sessões de esteira de Pilates, em duplas, por 45 min. G2 = 10 sessões de PFMT por 45 min combinado com AES com eletrodo. G3 = não foi orientado a realizar o PFMT em casa. A avaliação final foi realizada 4 meses após a cirurgia.





PFMS Teste de almofada de 24 horas ICIQ -SF
A análise entre os grupos mostrou melhora estatisticamente significativa na força máxima do G2, aumento da resistência no G1 e G2 e aumento na musculatura em todos os três grupos após o tratamento. A análise pós- tratamento mostrou uma redução estatisticamente significativa no uso de absorventes nos três grupos. A análise entre os grupos mostrou melhorias nas pontuações do ICIQ-SF em todos os grupos após 4 meses.






II
Chmielew sk et al 2019 Polônia Experime nto não randomiz ado Mulheres com 45 anos ou mais. GP e AM = 13 pacientes (Idade Média: 51,5 ± 5,2a) Mulheres com IU de estresse. 24 sessões 3x w por 8 w. Precedido por 3 sessões de instrução. Por 6 meses. (biofeedback sEMG ou exercícios de Pilates) Eletromiográfico gravidade dos sintomas (número médio por 3 dias) episódios de incontinência, micção e noctúria KHQ ICIQ-UI SF UDI. As pontuações do ICIQ-UI SF foram significativamente reduzidas após o treinamento, bem como no início do estudo em comparação com o acompanhamento de seis meses. Uma diminuição significativa foi observada entre a linha de base e pós-Pilates ICIQ – pontuações UI SF. Uma comparação das amplitudes da EMGs usando o mesmo teste demonstrou diferenças significativas entre as posições supina e ortostática em ambos os grupos. Não foram encontradas diferenças entre os grupos com relação ao pico médio e amplitude média no teste de relaxamento de 10 segundos. III-2
Fonte: Dados coletados pelos autores. Abreviações: Ensaio controlado randomizado (RCT); Estimulação Elétrica Anal (AES); Exercícios para os músculos do assoalho pélvico (PFME); Incontinência urinária (IU); Incontinência Urinária de Esforço (IUE); Incontinência Urinária Pós-Prostatectomia (IUPP); InternationalConsultationonIncontinenceShortForm(ICIQ-SF); InternationalConsultationonIncontinenceQuestionnaire—ShortForm(ICIQ-UI SF); InventoryofUrogenitalDistress (UDI);Kings Health Questionnaire (KHQ) Músculo do assoalho pélvico (MAP); Protocolo de Força Muscular do Pavimento Pélvico (PFMS); Treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT); Treinamento da musculatura do assoalho pélvico com eletromiografia de superfície (sEMG);

4 – DISCUSSÃO

Esta revisão sistemática tem como objetivo avaliar o tratamento da IU. Após análise dos estudos incluídos e considerando suas limitações, os resultados sugerem que o Pilates pode ser eficaz na melhora da força muscular, reduzindo o uso de absorventes, diminuindo significativamente os escores do ICIQ – SF e melhorando a qualidade de vida.

4.1 – EFEITOS NA FORÇA MUSCULAR

No estudo de Gomes et al. (2018) e Pedriali et al. (2016), não houve fortes correlações entre melhorias nos parâmetros de FMAP. De acordo com (L.H.S. et al., 2010), a melhoria significativa na PFMS em comparação com a linha de base foi detectada no grupo PFMT. Este estudo teve resultados semelhantes indicando que o treinamento aumentou a força desses músculos do assoalho pélvico um ano após a cirurgia. Parekh et al. (2003) avaliaram 38 homens e relataram que o grupo de pacientes submetidos a exercícios do assoalho pélvico antes e depois da PR mais instruções para continuar os exercícios duas vezes ao dia no pós-operatório recuperou a continência urinária mais cedo do que os pacientes do grupo sem tratamento formal de fisioterapia (grupo de controle). Zachovajevienė et al. (2017) avaliaram a dinâmica da força e resistência dos músculos do assoalho pélvico e a incontinência urinária ao longo de um período de 6 meses em homens após a prostatectomia radical e descobriram que a força dos músculos do assoalho pélvico causou uma diminuição mais significativa na incontinência urinária do que na resistência. Nilssen et al., (2012) afirmaram que não houve diferença estatística na incontinência urinária após a PR foi encontrada entre os pacientes que receberam ajuda do fisioterapeuta e aqueles que não receberam.

4.2 – EFEITOS NA QUALIDADE DE VIDA

Dois estudos (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016) avaliaram a incontinência urinária usando o Formulário Curto de Consulta Internacional sobre Incontinência (ICIQ-SF). As análises mostraram uma melhora na qualidade de vida dos pacientes que participaram do grupo Pilates. Nestes estudos, foi observada diminuição significativa do ICIQ-SF em ambos os momentos após a intervenção. Rotar et al. (2009) encontraram uma correlação positiva entre o ICIQ-SF e os achados urodinâmicos em homens e mulheres com sintomas do trato urinário inferior. No estudo de Chmielewska et al. (2019), os escores do KHQ foram melhores para o grupo Pilates em seis meses de acompanhamento. Outro estudo utilizando o Kings HealthQuestionnaire(KHQ) demonstrou, em um seguimento de um ano, que a QV permaneceu significativamente melhor após o tratamento da IU com diversos recursos fisioterapêuticos (NEUMANN et al., 2005).

Dois estudos (GOMES et al., 2018; PEDRIALI et al., 2016) avaliaram a IU por meio do pad test de 24 horas, as análises mostraram uma melhora na qualidade de vida dos pacientes que participaram do grupo Pilates. O peso médio da almofada (g) diminuiu. Karantanis et al. (2004) encontraram uma correlação positiva entre o teste do absorvente de 24 horas em mulheres. Nitti, Mourtzinos e Brucker, (2014) descobriram que a descrição do paciente do número, tamanho e nível de umidade ao longo de um período de 24 horas e seu impacto na qualidade de vida correlacionou- se bem com o peso do travesseiro de 24 horas.

Nos estudos de Gomes et al. (2018) e Pedriali et al. (2016), o número de absorventes diários melhorou em todos os grupos. Bradley et al. (2011) consideraram o diário miccional uma ferramenta importante na mensuração objetiva da perda urinária, com boa correlação com o relato da paciente sobre seus sintomas. Yamanishi et al. (2014) observaram que o número de vazamentos / semana no diário vesical, bem como o volume esvaziado e o número de urgências / 24 h, foram todos significativamente reduzidos em 101 mulheres com IU urgente.

Chmielewska et al. (2019) nesse estudo, após oito semanas de treinamento de biofeedback sEMG, houve uma diminuição na atividade bioelétrica de repouso dos músculos do assoalho pélvico e durante o relaxamento após a contração sustentada, mas apenas na posição supina. Neste relato de caso, o paciente apresentou redução dos episódios de noctúria, resolução do vazamento e melhor qualidade de vida após

sessões de fisioterapia de seis horas em um período de seis semanas. No geral, os sintomas de IU do paciente diminuíram e sua qualidade de vida e percepção da limitação de participação melhoraram durante e após a fase de intervenção de biofeedback sEMG (RETT et al., 2007). As pontuações dos questionários de medida de desfecho do paciente melhoraram durante a fase de intervenção de biofeedbacksEMGe, embora haja uma falta de literatura sobre o exame de biofeedbacksEMGno períneo para o manejo da IU, foi relatado que complementar o treinamento de PFM com biofeedbackpode levar para melhores resultados em mulheres com IU (HERDERSCHEE et al., 2011).

O ponto forte desta revisão foi demonstrar o benefício do Pilates como uma ferramenta eficaz no tratamento da IU para homens pós-prostatectomia e para mulheres.

Embora importantes achados tenham sido apresentados, algumas limitações desta revisão sistemática devem ser apontadas, por exemplo, a utilização de apenas três bases de dados, sendo necessária a utilização de mais bases de dados para avaliação dos artigos e, assim, melhorar a qualidade desta revisão, como há uma escassez de estudos que avaliam o efeito do Pilates na IU. Embora alguns termos de pesquisa sejam usados, uma estratégia de pesquisa mais ampla com a adição de outros termos poderiam ter sido usadas para fornecer mais resultados. Além disso, os trabalhos incluídos apresentam diferenças em termos de tempo de tratamento e tempo de serviço, um dos grupos não recebeu tratamento ou orientação para realizar exercícios de assoalho pélvico em casa, além de apresentar alguns protocolos incompletos. Portanto, é necessária cautela ao interpretar os resultados desta revisão sistemática.

5 – CONCLUSÃO

Em conclusão, as publicações incluídas tiveram qualidade metodológica razoável, sendo 2 estudos considerados de alta qualidade e um estudo de baixa qualidade. O risco de viés para ensaio clínico não randomizado foi considerado sério e para ensaio clínico randomizado foi encontrado baixo risco de viés. O trabalho avaliou os efeitos do Pilates na IU em homens pós-prostatectomia e mulheres. O tratamento foi eficaz, pois reduziu a perda urinária, melhorou a força do assoalho pélvico e, consequentemente, melhorou a qualidade de vida dessa população.

6 – REFERÊNCIAS

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