REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8366416
Andeson Carlos Santos Morais1
Resumo
A aprendizagem da Matemática tem sido historicamente um desafio para muitos estudantes. Muitos deles encaram a disciplina como difícil e abstrata, o que pode levar a desinteresse e frustração. No entanto, o uso do lúdico como ferramenta pedagógica tem se destacado como uma abordagem eficaz para tornar o ensino da Matemática mais envolvente e acessível. Este artigo explora a importância do lúdico na educação matemática, discutindo sua influência positiva no desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos estudantes. Abordamos como as atividades lúdicas podem melhorar a motivação, o engajamento, o desenvolvimento das habilidades matemáticas dos alunos e a compreensão conceitual dos discentes. Além disso, são apresentados fatores que auxiliam no desenvolvimento cognitivo e sócio emocional, que os jogos podem proporcionar aos estudantes, contribuindo para o progresso de habilidades matemáticas e para uma experiência de aprendizado mais enriquecedora. São apresentados estudos que demonstram como os jogos podem estimular o pensamento crítico, promovendo a resolução de problemas e tornando a matemática mais acessível e envolvente para os estudantes. Portanto, este artigo está ancorado em estudos e pesquisas que comprovam os benefícios dessa abordagem, e se deu por meio de uma revisão literária e bibliográfica sobre a temática.
Palavras-chave: Lúdico. Motivação e Engajamento. Desenvolvimento de Habilidades. Compreensão conceitual. Aprendizagem Matemática.
Abstract
The learning of mathematics has historically been a challenge for many students. Many of them perceive the subject as difficult and abstract, which can lead to disinterest and frustration. However, the use of playfulness as a pedagogical tool has stood out as an effective approach to make mathematics education more engaging and accessible. This article explores the importance of playfulness in mathematics education, discussing its positive influence on students’ cognitive, emotional, and social development. We address how playful activities can enhance motivation, engagement, students’ mathematical skills development, and conceptual understanding. Furthermore, factors that support cognitive and socioemotional development, which games can provide to students, are presented, contributing to the progress of mathematical skills and a more enriching learning experience. Studies demonstrating how games can stimulate critical thinking, promote problem-solving, and make mathematics more accessible and engaging for students are also presented. Therefore, this article is grounded in studies and research that confirm the benefits of this approach and was conducted through a literary and bibliographic review on the subject.
Keywords: Playful. Motivation and Engagement. Skill Development. Conceptual Understanding. Mathematical Learning.
Introdução
O termo “lúdico” refere-se a atividades que envolvem jogos, brincadeiras, desafios e elementos de diversão. Quando incorporado à educação, o lúdico pode transformar a experiência de aprendizagem, tornando-a mais atraente e envolvente para os alunos. Neste artigo, exploraremos como o lúdico contribui para o desenvolvimento das habilidades matemáticas dos estudantes.
A proposta do presente artigo é de analisar o quanto é importante o uso de recursos lúdicos como ferramentas para que o aluno possa compreender e aprender melhor os conceitos matemáticos, compreendendo o que ela quer dizer, percebendo-a não como um elemento abstrato, longe da realidade, mas como algo que está profundamente inserido na vida de cada um. Sabe-se que a Matemática há muito tempo é vista como uma disciplina difícil e odiada por muitos, tornando o ensino e a aprendizagem cercados de dificuldades. Seu estudo, muitas vezes, também é considerado desmotivador, apreciado por poucos estudantes. No entanto, sabemos que a Matemática é de suma importância para nossa vida, pois suas regras fazem parte do nosso cotidiano e quanto mais conhecermos ao seu respeito, melhor teremos uma leitura de mundo diferenciada.
Sabendo das dificuldades que enfrentamos com grande maioria dos alunos, foi preciso buscar novas descobertas para que o educando possa ter a oportunidade de compreender a disciplina como indispensável na nossa vida e procurar vivenciá-la de forma prazerosa e significativa. Por essa razão, encontramos o uso do lúdico como um ótimo recurso que utilizamos para ajudar no aprendizado.
Desde o início da vida escolar, muitos alunos têm pavor a matemática, e isso influencia negativamente a aprendizagem da disciplina, por isso houve a necessidade de inovar, buscando novas medidas que favoreçam e facilitem o entendimento do alunado. Os jogos são instrumentos lúdicos que proporcionam uma maneira segura e atualizada de ensinar. Dessa forma, os alunos passam a aprender de maneira diferenciada. O cenário dos dias atuais é que os pais não têm mais tempo para brincar com seus filhos, o que vemos é um grande número de escolinhas de esportes, de computação, de línguas, entre outras. Por esses e outros motivos, que se faz necessário o lúdico no processo pedagógico, pois o ambiente é fundamental desde o início, em que a criança tenha sua preparação para adquirir muitas experiências através das brincadeiras e de jogos. Assim, o problema de pesquisa elencado foi: como as ferramentas lúdicas se constituem em um recurso didático no ensino-aprendizagem da matemática?
Desde o início é importante que inclua a brincadeira e o jogo no ensino da criança, pois é através dela que começa a exploração e manuseio de tudo que está a sua volta, na qual contribui como um meio de fornecer à criança um ambiente agradável que lhe motiva a aprender possibilitando várias habilidades.
Podemos destacar como ferramentas lúdicas em matemática, os jogos de regras como sendo especial para o aluno, pois faz com que ele busque ou construa meios para conseguir um resultado desejado para o seu desenvolvimento cognitivo. Através do uso de jogos, o estudante pode melhorar seu desempenho nas aulas de matemática e pode também desenvolver o raciocínio e muitas outras habilidades. Mas como incluir o lúdico e os jogos no ensino de matemática desde as séries iniciais? Isso é realmente importante para ajudar no aprendizado do aluno?
Assim, se partiu da hipótese afirmativa que as brincadeiras e os jogos são ferramentas lúdicas, e um dos melhores recursos didáticos para o processo de ensino e aprendizagem na área de exatas, e seu uso pode efetivar e melhorar as dificuldades de aprendizagem em matemática.
A pesquisa se justifica na necessidade de mostrar meios que possam ser mais eficientes para solucionar as dificuldades do ensino da matemática nas séries iniciais, base do ensino e aprendizagem da matemática.
É dever da escola o ensino da aprendizagem, porém a instituição muito pode contribuir para a disciplina dos alunos, através da sistematização dos conteúdos nas variadas linhas do conhecimento, o que permitirá ao aluno o desvelar de sentido às experiências e ações crescendo intelectualmente, culturalmente e possibilitando um novo olhar sobre o mundo em que vive. Não só enquanto estudantes, mas ao longo da vida.
Assim, esta pesquisa contribui por apresentar uma forma transformadora de ensino na matemática. Através de uma prática lúdica com uso de jogos, esse conhecimento pode se tornar, principalmente, uma grande diversão, proporcionando um aprendizado mais prazeroso ao aluno. Na educação é de extrema importância trabalhar o lúdico em qualquer disciplina, especialmente na Matemática, pois com a ajuda do jogo e de aplicativos a criança desenvolve a percepção visual – motora, suas relações sociais e afetivas e seus valores morais e éticos. É por meio da brincadeira que surge a necessidade de partilhar e dividir as experiências vivenciadas. Assim, pode ser alcançado um desenvolvimento pleno do cognitivo e do comportamental, dialeticamente relacionados. Sendo de caráter bibliográfico, usando textos científicos, sobre a importância do jogo como modo lúdico no ensino da Matemática, trata-se, aqui, de uma contribuição para o melhor progresso do educando.
Motivação e engajamento
A Matemática é frequentemente percebida como uma disciplina desafiadora e intimidante para muitos estudantes. A falta de motivação e o medo da Matemática são obstáculos comuns que podem prejudicar o processo de aprendizagem. No entanto, o uso do lúdico como uma ferramenta pedagógica pode desempenhar um papel fundamental na superação dessas barreiras e na promoção do desenvolvimento da aprendizagem em Matemática.
Muitos professores que atuam no ensino de matemática nas séries iniciais não têm a formação adequada o que pode comprometer e influenciar a aprendizagem por parte dos alunos (SMOLE, 2014). No momento em que surgem as dificuldades, existe também a necessidade de propostas pedagógicas tanto para o professor na sua prática docente, quanto para os alunos na ajuda do seu conhecimento matemático, sendo de suma importância para o desenvolvimento do ser humano tanto na educação infantil, quanto para a sociedade.
A aplicação dos jogos lúdicos, por exemplo, já nas séries iniciais é fundamental, pois desenvolve no educando a motivação para aprender o conteúdo, o raciocínio lógico, o gosto pela disciplina e o interesse por desafios, procurando dessa forma, promover e facilitar o entendimento. Destacamos também que o jogo é um recurso didático que auxilia o professor na fixação de conteúdos propostos aos alunos. Também é necessário que o professor goste e aceite a atividade lúdica para o desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno. E ainda, ver que o jogo se torna um recurso que estimula e facilita a aprendizagem e desperta no estudante a curiosidade e o raciocínio.
Neste ponto, essas propostas pedagógicas podem vir a ser o uso do lúdico via brincadeiras e jogos no ensino. O lúdico está em todas as atividades que despertam o prazer, auxilia na descoberta da criatividade, em que a criança se expressa, cria estratégias, analisa e critica a transformação para uma realidade em sua volta.
Uma das maiores vantagens do uso do lúdico no ensino de Matemática é sua capacidade de aumentar a motivação e o engajamento dos alunos. Atividades lúdicas são naturalmente atrativas, pois muitas vezes envolvem desafios e competições amigáveis. Isso pode criar um ambiente de aprendizagem mais descontraído e menos ameaçador, em que os alunos se sentem mais à vontade para explorar conceitos matemáticos.
Segundo Rodrigues (2018)
A matemática, como as demais disciplinas, necessita de muita atenção, motivação e dedicação tanto por parte do estudante, quanto por parte do professor para se alcançar o conhecimento desejado. O jogo pode ser uma estratégia que proporciona uma maior motivação e interesse por parte dos estudantes nesse processo (RODRIGUES, 2018, p. 34).
Ainda de acordo com Rodrigues (2018)
[..] para trabalhar com jogos em sala de aula, temos que fazer com que todos os indivíduos envolvidos na atividade direta ou indiretamente tenham a consciência que, mesmo gerando diversão e entretenimento para os alunos que participarem do jogo, ele deverá ser tratado como uma ferramenta de ensino da matemática (RODRIGUES, 2018, p. 35).
Jogos são naturalmente envolventes e motivadores. Quando os alunos estão imersos em um jogo, eles estão mais propensos a se concentrar na tarefa e persistir na resolução de problemas matemáticos, no entanto, o professor deve apresentá-los com um caráter de aprendizado, para que os discentes não vejam as atividades realizadas apenas como diversão, mas também como um aprendizado significativo, que tenha relação com a vida cotidiana.
Na Matemática, o jogo é de grande importância para o procedimento da formação, pois muda a sala de aula para um espaço com uma grande produção de conhecimentos, na qual a criança presencia situações do seu dia a dia, se expressa através do lúdico e da infância leva consigo todas as brincadeiras que se modernizam a cada nova geração. Necessitamos da ludicidade em qualquer idade, mas de maneira prazerosa na infância, onde vivenciamos não só como diversão, com o intuito de desenvolver as suas potencialidades, para construir suas relações interpessoais e constantes trocas desenvolvidas durante toda a formação integral da criança (ANTUNES, 2013).
Temos alguns desafios no nosso método de educação, em se tratando de aprendizagem básica na Matemática, pois o ensino tradicional ainda prevalece em nossas salas de aula, em que alguns alunos memorizam fórmulas e se prendem apenas em assuntos visto na aula, não se preocupam com sua formação, mas apenas na nota suficiente para passar de ano. Esse é um dos motivos necessários para se criar uma nova maneira de estimular o educando a aprender com gosto e não apenas por obrigação.
É importante que eles se sintam motivados a interagirem com a disciplina tendo uma socialização entre os colegas de classe e leve em consideração todo um contexto social para crescer e ter suas limitações (FREIRE, 2019).
É preciso que ele aprenda a gostar dessa disciplina associando-a ao seu dia a dia, e que seja sujeito de uma aprendizagem que leve em consideração o seu contexto social e as suas motivações. Andrade (2019) apresentou a necessidade de inovação no ensino, onde busca substituir o aprendizado antigo por um novo, cheio de descobertas a procura de abordagens atuais no ensino da matemática, se preocupando com a contextualização do que é apresentado em sala de aula.
Jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e atividades interativas online são exemplos de estratégias lúdicas que podem capturar o interesse dos alunos. Quando os estudantes estão motivados, estão mais propensos a se dedicar ao aprendizado e a persistir em face de desafios matemáticos.
Desenvolvimento de habilidades
O lúdico não apenas motiva os alunos, mas também promove o desenvolvimento de habilidades matemáticas essenciais. Por meio de jogos e atividades lúdicas, os estudantes podem praticar e aplicar conceitos matemáticos de maneira prática e significativa. Além disso, essas atividades frequentemente envolvem raciocínio lógico, resolução de problemas e tomada de decisões, que são habilidades fundamentais na Matemática.
O universo do lúdico possui extrema importância no cotidiano tanto das crianças quanto dos adultos, através dele que acontece o desenvolvimento afetivo, social e cognitivo. A ludicidade possibilita a quem vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento de si e do outro (ANDRADE, 2019).
Deve-se salientar que o lúdico se utiliza de metodologias diversas que tem como cunho o estímulo da criatividade, do pensamento crítico e a imaginação de maneira bem natural. Para Andrade (2019):
Investigar o fenômeno da ludicidade como experiência interna, capaz de ressignificar o sentido do humano na educação e na vida; analisar a ludicidade a partir das contribuições conceituais da psicologia analítica; relacionar a ludicidade com a criatividade, compreendidos como elementos sinérgicos que constituem o modo de ser humano; apresentar as experiências lúdica e criativa como recursos conceituais e práticos para a ação educacional (ANDRADE, 2019, p.29).
As propostas lúdicas de investigação e ressignificação são fundamentais para o desenvolvimento integral das crianças, representando uma oportunidade de comunicação e expressão de forma livre e espontânea, as quais fortalecem as habilidades a serem trabalhadas e também fortalecendo os momentos de concentração e interatividade e ainda no convívio com os sujeitos no espaço escolar. Ainda nesse contexto, para Andrade (2019):
O lúdico surge como uma atividade capaz de fazer as pessoas conviverem em grupo, socializando vivências, a fim de tornar possível a vida social. Afinal, quando o ser humano encontra- se atrelado a um dado grupo, e que nesse ambiente são desenvolvidas ações que explorem o cotidiano desse ser, torna-se viável e compreensível as formas de como viver e agir em sociedade, entendendo que o lúdico encontra se presente em todas as formas de se expressar que a vida social nos oferece (ANDRADE, 2019, p.7).
Assim, o brincar é uma forma de ação lúdica. Em Kishimoto (2011, p. 148) também encontramos a afirmação de que:
O brincar também contribui para aprendizagem da linguagem. A utilização combinatória da linguagem funciona como instrumento de pensamento e ação. Para ser capaz de falar sobre o mundo a criança precisa saber brincar com o mundo com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação lúdica. [..] O que faz a criança desenvolver seu poder combinatório não é a aprendizagem da língua ou da forma de raciocinar, mas, as oportunidades que tem de brincar com a linguagem e o pensamento (KISHIMOTO, 2011, p.148).
Quando a valorização do brincar acontece e é respeitado pelo adulto durante as fases da criança, essa terá mais oportunidade de uma vida profissional bem qualificada, ao contrário daquela que não passou por esses momentos. É logo no início da vida escolar que o educador consegue estimular e perceber as habilidades e interesses dos alunos para algumas carreiras profissionais (DIAS, 2013). A criança deve ser livre para desenvolver condições de realização dos seus sonhos, de acordo com sua personalidade, sem que ninguém a impeça da sua escolha. Conforme indica Dias:
O brincar faz parte integral da formação da criança e os pais e a escola devem encarar isso de maneira a estar seriamente comprometido com o brincar de forma a desenvolver e educar a criança (…) É importante criar uma parceria entre escola, família e criança a fim de explicitar os benefícios do ato de brincar na educação infantil, visto que além de deixar as crianças mais alegres, possibilita o desenvolvimento de habilidades físicas, motoras, cognitivas etc (DIAS, 2013, p. 8)
A ludicidade é de extrema importância para o desenvolvimento mental da criança, essas atividades deixam-nas livres para criar seu mundo de fantasias e estimular a imaginação. A sala de aula fica muito mais leve e agradável, pois proporcionam às crianças a oportunidade de serem livres para criar.
A atividade lúdica jamais deverá ser imposta e muito menos obrigatória, ela deve ter um caráter livre. O professor deve ter a consciência de oferecer atividades adequadas a cada fase do desenvolvimento dos seus alunos para respeitar esta liberdade. A ludicidade possibilita também a criação, aflora a imaginação das crianças, elas se tornam capazes de transformar um objeto em algo real, quantas vezes encontramos crianças usando latinhas de refrigerante como se fossem um carrinho, ou também pode ser citado um brinquedo que é bem conhecido, o jogo de botão, na qual imaginam que os botões são jogadores (KISHIMOTO, 2017).
Jogos educativos, cantigas de roda, exercícios que estimulem a competição e cooperação, são exemplos bem simples de se trabalhar o lúdico na escola. O lúdico transforma o âmbito escolar menos cansativo, ele foge do ritual tradicional de chegada à escola, aprendizagem padrão na sala de aula, ida ao recreio, retorno a sala de aula, e enfim a volta para casa. Muitas vezes a criança não consegue falar de si mesmo, o lúdico é também uma maneira de interação social da criança com o mundo.
Atualmente, se faz observar instituições de ensino imobilizando as crianças atrás de uma mesa sentadas em uma cadeira, e assim restringindo o desenvolvimento motor e psicossocial, não levando em consideração a relevância do brincar e de que maneira ele seria capaz de transcender os sentimentos e emoções das crianças. Assim, Lopes (2016) diz:
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais (LOPES, 2016, p.110).
As atividades lúdicas são qualquer atividade que propicia a experiência por completo do momento vivenciado pela criança, com esse contexto a criança consegue assimilar melhor o seu ato, o seu sentimento e o seu pensamento. E para isso essa atividade deve ser coordenada e dirigida de forma correta, para que a vivência da mesma propicie novas experiências estimulantes para a criança (COSTA et. al, 2020).
Um exemplo notável, é o uso de quebra-cabeças matemáticos, nos quais os alunos precisam resolver problemas para avançar no jogo. Isso requer a aplicação de conceitos matemáticos de uma maneira divertida e desafiadora, ajudando os estudantes a internalizar estes conceitos de forma mais eficaz.
Compreensão conceitual
Além do desenvolvimento de habilidades, atividades lúdicas também contribuem para uma compreensão conceitual mais profunda da Matemática. Muitos jogos matemáticos exigem que os alunos explorem relações entre números e conceitos, em vez de simplesmente memorizar fórmulas e procedimentos. Isso promove uma compreensão mais sólida e duradoura dos princípios matemáticos.
De acordo com Ribeiro (2009) , nos últimos tempos o jogo se tornou objeto de interesse para psicólogos, educadores, pesquisadores, como decorrência da sua importância na educação infantil e por ser uma prática que auxilia o desenvolvimento da criança e a construção do seu potencial de conhecimentos. Na educação configurou-se um espaço natural de jogos e brincadeiras e muito tem favorecido o ensino e a aprendizagem e acredita que os jogos e as brincadeiras são condições favoráveis para a aprendizagem matemática. Com a participação ativa da criança e a atividade lúdica tem servido de argumentação para favorecer a concepção segundo a qual aprendem matemática brincando. Essa afirmação em parte está correta, para aprender matemática, é necessário um ambiente em que predomine a rigidez, a disciplina e o silêncio. Percebe-se também, certo tipo de euforia na educação infantil e nos níveis escolares posteriores, em os jogos, brinquedos e materiais didáticos são tomados de modo diferenciado nas atividades pedagógicas. Investigações feitas sobre o significado, o conteúdo dos jogos infantis e o conteúdo de aprendizagem em matemática, tem apresentado uma aproximação entre dois processos com características e alcances diferentes.
O primeiro é o de que o jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e significados que variam conforme a época, a cultura e o contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a atividade da criança. Sua intenção em brincar, a presença de regras que permite identificar sua modalidade, no qual o jogo infantil compreende brincadeiras, imaginação, jogos de construção, manipulação, composição e representação de objetos, jogos de regras, etc.
O segundo é considerado uma estratégia didática para facilitar a aprendizagem em que as situações são planejadas e orientadas pelo adulto, visando o aprender e proporcionando à criança a construção de um conhecimento em relação ao seu desenvolvimento e a sua habilidade. Mas esse objetivo não exclui a dimensão lúdica do jogo na preservação, disposição e intenção da criança em brincar.
De acordo com Ribeiro (2009), a noção de jogo aplicado à educação desenvolveu-se vagarosamente e penetrou, tardiamente, no âmbito escolar, sendo sistematizada com atraso, mas trouxe transformações significativas, fazendo com que a aprendizagem se tornasse divertida. Portanto, o jogo cumprirá com uma dupla função lúdica e educativa com finalidades de divertimento e prazer, também o desenvolvimento afetivo, cognitivo, físico, social e morais manifestadas em um grande número de competências, observação e respeito a regras.
Há a necessidade da consciência do resgate do brincar para aprender, utilizando jogos, desenhos, linguagens, técnicas, atividades estéticas diversificadas e temáticas culturais contemporâneas multifacetadas como possibilidades da evolução de sua expressão e criatividade.
Com isso, vemos que o jogo é de fundamental importância desde as séries iniciais, pois é educativo, introduz conteúdos escolares e habilidades por meio de ações lúdicas e, portanto, podemos afirmar que a matemática está presente no nosso dia a dia e pode ser aprendida através de jogos educativos. Kishimoto (2017, p. 41) diz que: “utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora”.
À medida que surgem as dificuldades no ensino ou na aprendizagem o uso de novas propostas pedagógicas e recursos didáticos que ajude ao professor na sua prática em sala de aula se faz necessário (KISHIMOTO, 2017).
Através das dificuldades apresentadas, surgem os jogos matemáticos que ajudam no contexto escolar como sendo um recurso didático muito importante no ensino-aprendizagem para se trabalhar de forma mais dinâmica possibilitando entendimento do educando de maneira atrativa e lúdica.
De acordo com Agranionih e Smaniotto (2002, p. 16), eles definem o jogo matemático como:
[…] uma atividade lúdica e educativa, intencionalmente planejada, com objetivos claros, sujeita a regras construídas coletivamente, que oportuniza a interação com os conhecimentos e os conceitos matemáticos, social e culturalmente produzidos, o estabelecimento de relações lógicas e numéricas e a habilidade de construir estratégias para a resolução de problemas (AGRANIONIH E SMANIOTTO, 2002, p.16).
Sabe-se que, quando utilizamos os jogos matemáticos de maneira certa, sendo planejada pelo professor, ajuda na construção do conhecimento do aluno, na qual ele passa a criar situações dando novos significados. Com o jogo no seu conhecimento acaba se tornando constantes desafios abrindo novos espaços para criação de novas estratégias envolvendo situações-problemas que ao serem resolvidas, permite um pensamento mais abstraído no seu conhecimento afetivo, durante a atividade desenvolvida (AGRANIONIH E SMANIOTTO, 2002).
O jogo nesse procedimento é mostrado como uma execução que apresenta suas habilidades por várias etapas, dando significado ao pensamento, pois no instante em que o aluno estabelece alguma relação com os jogos, também apresenta seus conceitos matemáticos com significado. Sendo este um trabalho em equipe bastante significativo, em que o educando mostra e amplia os conceitos matemáticos (ANTUNES, 2013).
As atividades com jogos matemáticos permitem situações vivenciadas pelo aluno através estratégias que permite que ele aprenda através de desafios, criando assim, novos saberes que se tornarão capazes de atuar como sujeitos na construção dos seus conhecimentos.
Considerações Finais
No momento em que pensamos em jogos e brincadeiras, aproximamos mais a educação do aluno que precisa ter conhecimento e também precisa-se mostrar que o jogo faz parte das ações pedagógicas que é de fundamental importância entre a teoria e a prática, não apenas na Educação Infantil, mas também no Fundamental.
A comunicação lúdica, sem aquele tom monótono tradicional, que estimula à criatividade ao invés da imposição de informações, que estimula a expressão ao invés da rispidez da imposição de conhecimentos, que estimula os sorrisos ao invés da crítica inerte, que estimula os elogios sinceros às atuações positivas intelectuais ao invés dos comentários depreciativos, enfim, essa relação sincera e profunda, é à base de uma educação concreta e eficaz.
Na Matemática, conseguimos compreender neste estudo que o jogo é de grande importância para o procedimento da formação, pois muda a sala de aula para um espaço com uma grande produção de conhecimentos. Necessitamos de ludicidade em qualquer idade, mas de maneira prazerosa na infância, onde vivenciamos não só como diversão, com o intuito de desenvolver as suas potencialidades, para construir suas relações interpessoais e constantes trocas desenvolvidas durante toda a formação integral da criança. Também foi apresentado, neste artigo, sobre a importância das atividades lúdicas desde as séries iniciais, que permite um desenvolvimento mais completo e racional, absoluto, que contribui para uma visão de mundo com elementos reais, concretos, mesmo que ainda venham de um mundo imaginário de fantasias.
Portanto, a inclusão dos jogos é de grande importância para as atividades escolares, onde desenvolvem a aprendizagem dos alunos capacitando-os para uma formação dinâmica no processo educativo.
Referências
AGRANIONIH, Neila Tonin; SMANIOTTO, Magáli. Jogos e aprendizagem matemática: uma interação possível. Erechim: EdiFAPES, 2002.
ANDRADE, Darly Fernando. Ludicidade. Editor Chefe Educação no Século XXI – Volume 29 –Organização: Editora Poisson Belo Horizonte – MG: Poisson, 2019.
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 19 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
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DIAS, Elaine. A importância do lúdico no processo de ensino: aprendizagem na educação infantil. Revista Educação e Linguagem.Vol.7,2013. Disponível em: https://silo.tips/download/a-importancia-do-ludico-no-processo-de-ensino-aprendizagem-na-educaao-infantil. Acesso em: 22 jul. 2023.
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LOPES, Vanessa Gomes. Linguagem do Corpo e Movimento. Curitiba, PR: FAEL, 2016.
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SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A Matemática na Educação Infantil. Revista Pátio: Educação Infantil, Porto Alegre, v. 1, n. 38, p. 41-43, jan./mar. 2014.
1Graduando em Matemática pela UVA (Sobral – CE). Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública, pela UFJF – MG (Caed/UFJF).