O IMPACTO PSICOLÓGICO NOS FAMILIARES DE PACIENTES COM ESQUIZOFRENIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411262053


Jéssica Antônia Aparecida Soares[1]
Rosângela Regina Arruda[2]
Maria das Graças de Oliveira Sales Costa[3]
Damiao Evangelista Rocha[4]


RESUMO

Este trabalho investigou o impacto da esquizofrenia na vida dos familiares cuidadores e a relevância de estratégias de suporte para reduzir a sobrecarga emocional e física enfrentada por esses cuidadores. O objetivo deste artigo foi compreender esse impacto e, a partir da revisão de literatura atualizar os estudos sobre o tema descrito. O método teve como base, uma revisão bibliográfica, em um estudo exploratório com delineamento de pesquisa descritiva. Cabendo destacar que os estudos foram realizados com plataformas cientificas que são seguras: Scielo, Google Acadêmico, livros científicos concernentes direcionados para o tema de pesquisa, a metodologia seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão para selecionar estudos que abordam o papel da enfermagem, a importância da psicoeducação e as políticas públicas voltadas para o suporte aos cuidadores. Os resultados mostraram que a psicoeducação se destaca como uma ferramenta essencial para capacitar os familiares, ajudando-os a compreender melhor o transtorno e a desenvolver habilidades de enfrentamento que diminuem o estresse diário. A atuação dos profissionais de enfermagem, quando associada a políticas públicas integradas e inclusivas, é fundamental para proporcionar um suporte contínuo e de qualidade. No entanto, limitações no sistema de saúde e na continuidade dos programas de apoio indicam uma lacuna importante que precisa ser preenchida. A conclusão do estudo enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada que combine psicoeducação, assistência de enfermagem e políticas públicas para garantir um suporte adequado aos cuidadores, promovendo seu bem-estar e a eficácia do cuidado oferecido aos pacientes. Com isso, sugere-se a ampliação das políticas de saúde mental que considerem os desafios enfrentados pelos familiares.

Palavras – Chave: Esquizofrenia; Psicoeducação; Políticas Públicas; Saúde Mental.

1       INTRODUÇÃO

A esquizofrenia é um transtorno mental grave que impacta diretamente não apenas a vida dos pacientes, mas também a de seus familiares, que frequentemente assumem o papel de cuidadores principais. Esse papel traz inúmeros desafios, que vão desde o comprometimento da rotina familiar até o enfrentamento de estigmas sociais, resultando em sobrecarga física e emocional para esses familiares (Soares et al., 2019).

O cuidado prolongado e as dificuldades em lidar com a doença contribuem para uma diminuição na qualidade de vida dos cuidadores, pois eles frequentemente enfrentam situações de stress, isolamento social e sobrecarga emocional. Estudos destacam a importância de estratégias que promovam a resiliência e o apoio psicológico aos familiares, pois o suporte adequado pode amenizar os efeitos do estresse crônico e melhorar a qualidade de vida dos cuidadores (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

A presença de um membro da família com esquizofrenia altera significativamente a dinâmica familiar, muitas vezes gerando sentimentos de medo, insegurança e desgaste emocional. Essa situação torna evidente a necessidade de intervenções direcionadas para o suporte dos familiares, que frequentemente se encontram desamparados no enfrentamento das crises e na gestão dos sintomas da esquizofrenia (Trento; Souza; Picolo, 2018).

Nesse contexto, a psicoeducação tem sido apontada como uma ferramenta valiosa para auxiliar os familiares a lidarem com o impacto do transtorno na convivência e no ambiente familiar. Ao compreender melhor a doença e suas implicações, os familiares podem adotar estratégias mais eficazes de cuidado, o que contribui para uma redução significativa da sobrecarga e promove maior estabilidade emocional (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

Além disso, a percepção dos familiares sobre a esquizofrenia desempenha um papel crucial na forma como eles enfrentam os desafios associados ao cuidado. Uma visão mais positiva e informada sobre a condição pode facilitar a adaptação às demandas do cuidado e minimizar o estresse familiar, ajudando na construção de uma rede de apoio mútua e na melhoria do bem-estar coletivo (Branco et al., 2019)

O estudo sobre os impactos da esquizofrenia no âmbito familiar e o papel dos familiares como cuidadores é fundamental devido às implicações sociais, emocionais e econômicas que essa realidade impõe. A esquizofrenia, por ser uma condição que requer atenção constante e manejo complexo, coloca os familiares em situações de extrema sobrecarga, comprometendo sua qualidade de vida e muitas vezes levando ao adoecimento psíquico. Além disso, a literatura revela a carência de suporte psicoeducacional e de políticas públicas que atendam a essas necessidades específicas, o que justifica a importância de aprofundar a compreensão sobre o apoio necessário para promover a saúde e o bem-estar desses cuidadores (Oliveira; Casanova; Ferro, 2023).

Este estudo tem como objetivo principal analisar a sobrecarga enfrentada pelos familiares cuidadores de pessoas com esquizofrenia e investigar as estratégias de suporte e psicoeducação que podem minimizar os impactos negativos desta condição. Especificamente, busca-se identificar os principais desafios enfrentados no cotidiano dos cuidadores, compreender o papel da psicoeducação como ferramenta de apoio e explorar possíveis intervenções de enfermagem e políticas públicas voltadas para o amparo desses familiares.

2       REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sobrecarga emocional e física dos familiares cuidadores de pacientes com esquizofrenia.

A sobrecarga emocional e física experimentada pelos familiares cuidadores de pacientes com esquizofrenia é um fenômeno amplamente discutido e documentado na literatura, devido à intensidade e complexidade das demandas que essa condição impõe. O papel do cuidador familiar, frequentemente assumido por necessidade e não por escolha, envolve lidar com os sintomas muitas vezes imprevisíveis da esquizofrenia, que podem incluir alucinações, delírios e comportamentos desorganizados (Soares et al., 2019).

Essa dinâmica coloca os cuidadores em um estado constante de alerta, exigindo adaptações frequentes na rotina e um investimento emocional significativo para garantir o bem-estar do paciente. Essa situação leva à exaustão física, pois a assistência contínua afeta o tempo disponível para as atividades pessoais e sociais dos cuidadores, impondo um impacto negativo em sua saúde e qualidade de vida (Soares et al., 2019).

Além do desgaste físico, a dimensão emocional da sobrecarga é uma das consequências mais desafiadoras para esses familiares. A convivência prolongada com uma doença crônica e estigmatizante, como a esquizofrenia, tende a intensificar sentimentos de isolamento social, frustração e até culpa, uma vez que os cuidadores frequentemente sentem que suas ações não são suficientes para evitar as crises ou minimizar os sintomas do paciente (Trento; Souza; Picolo, 2018).

A falta de conhecimento e preparo para lidar com o quadro psicótico agrava ainda mais a situação, pois muitos familiares se sentem incapazes de compreender e gerenciar os sintomas, o que pode aumentar o nível de ansiedade e a sensação de impotência. A constante exposição ao estresse também contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde mental entre os cuidadores, como depressão e ansiedade, especialmente quando eles não recebem apoio psicológico adequado (Trento; Souza; Picolo, 2018).

A sobrecarga emocional também está associada à ausência de suporte social e de políticas públicas adequadas, que poderiam proporcionar assistência contínua e especializada aos cuidadores de pacientes com esquizofrenia. Muitas vezes, esses cuidadores se deparam com um sistema de saúde que oferece poucos recursos para ampará-los, deixando-os desamparados no enfrentamento dos desafios cotidianos (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

A ausência de programas de suporte e acompanhamento contribui para o agravamento dos impactos negativos da sobrecarga, pois o cuidado com o paciente se torna uma atividade solitária e desprovida de reconhecimento ou suporte institucional. Os familiares frequentemente experimentam um sentimento de negligência por parte do sistema de saúde, o que reforça o isolamento social e intensifica os efeitos do estresse prolongado (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

Por outro lado, a sobrecarga física imposta pela necessidade de auxiliar em atividades básicas do cotidiano, como alimentação e higiene, é um fator de desgaste constante. Esses cuidados exigem que os familiares reorganizem suas vidas para atender às demandas do paciente, sacrificando, muitas vezes, suas próprias atividades, compromissos e até relacionamentos pessoais (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Essa rotina de cuidados contínuos e sem descanso adequado pode levar ao esgotamento físico e à exaustão, além de favorecer o surgimento de doenças relacionadas ao estresse, como problemas cardiovasculares e distúrbios musculoesqueléticos. Os impactos físicos e emocionais tendem a se acumular e se retroalimentar, levando a um ciclo de sobrecarga que afeta negativamente a saúde global dos cuidadores (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Dessa forma, a sobrecarga emocional e física dos familiares cuidadores de pacientes com esquizofrenia representa uma questão de saúde pública que necessita de atenção e intervenção. A falta de suporte especializado para esses familiares evidencia uma lacuna importante no atendimento de saúde mental, pois sem o devido amparo, o papel do cuidador se torna insustentável e prejudicial tanto para o cuidador quanto para o paciente. Intervenções que incluam o oferecimento de programas de apoio em psicoeducação e suporte psicológico podem ser essenciais para minimizar os impactos negativos da sobrecarga e promover uma convivência mais saudável e sustentável entre os cuidadores e os pacientes (Branco et al., 2019).

A literatura aponta que a implementação de políticas públicas voltadas ao suporte dos cuidadores familiares, como programas de orientação e aconselhamento psicológico, podem ajudar a aliviar os efeitos da sobrecarga. Além disso, o desenvolvimento de redes de apoio que incluam profissionais da saúde capacitados para orientar e acompanhar os cuidadores se revela fundamental para a construção de um sistema de suporte mais eficaz (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

Esse suporte contínuo é indispensável, considerando que a esquizofrenia é uma condição que exige um acompanhamento a longo prazo, e os cuidadores, sem o devido auxílio, tendem a sofrer com o acúmulo de exaustão e desgaste emocional, que comprometem não apenas o cuidado oferecido ao paciente, mas também a qualidade de vida do próprio cuidador (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

2.2 Qualidade de vida dos cuidadores e impacto na dinâmica familiar

A qualidade de vida dos cuidadores de pessoas com esquizofrenia é significativamente afetada pelo peso das responsabilidades assumidas e pela exigência de atenção constante às necessidades dos pacientes. O impacto dessas responsabilidades é perceptível em várias áreas da vida dos cuidadores, incluindo sua saúde física e mental, vida social e bem-estar econômico (Soares et al., 2019).

A dedicação diária ao cuidado do familiar com esquizofrenia frequentemente leva os cuidadores a priorizarem o bem-estar do paciente em detrimento de suas próprias necessidades. Esse processo de auto cancelamento pode resultar em problemas de saúde a longo prazo, como depressão, ansiedade e doenças psicossomáticas, criando um cenário de desgaste contínuo que reduz drasticamente sua qualidade de vida e os coloca em risco de adoecimento (Soares et al., 2019).

Outro fator importante que afeta a qualidade de vida dos cuidadores é o impacto que o cuidado com o paciente exerce na dinâmica familiar. Com frequência, o cuidador acaba assumindo uma posição central dentro do núcleo familiar, o que pode gerar um desequilíbrio nas relações interpessoais, especialmente quando outros membros da família não compreendem ou não colaboram com o cuidado do paciente (Soares et al., 2019).

Esse desajuste relacional pode provocar conflitos familiares, o que agrava ainda mais o estresse do cuidador e contribui para o seu isolamento social. Muitos cuidadores acabam se distanciando de atividades e relações que antes valorizavam, o que, por sua vez, afeta sua qualidade de vida e reforça o ciclo de isolamento e estresse associado ao cuidado com o familiar esquizofrênico (Trento; Souza; Picolo, 2018).

A sobrecarga e o impacto na dinâmica familiar também afetam diretamente a percepção dos cuidadores sobre sua própria qualidade de vida. À medida que enfrentam o estresse crônico e a pressão de atender às exigências constantes do cuidado, muitos cuidadores começam a questionar sua própria capacidade de continuar desempenhando esse papel (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Tal questionamento surge tanto pela exaustão física e mental quanto pela falta de reconhecimento social e apoio institucional. A ausência de políticas públicas que ofereçam suporte adequado aos cuidadores acentua a sensação de desamparo e torna o papel de cuidador ainda mais desafiador, impactando negativamente a autopercepção de qualidade de vida e bem-estar desses indivíduos (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Ademais, a pressão constante sobre o cuidador pode levar a uma diminuição na qualidade das interações familiares, resultando em relações marcadas pela tensão e pela falta de comunicação efetiva. Em muitas situações, os membros da família podem não compreender as dificuldades enfrentadas pelo cuidador, o que pode gerar uma atmosfera de incompreensão e solidão (Branco et al., 2019).

O suporte familiar, quando existe, muitas vezes é limitado, e os cuidadores acabam sobrecarregados com a responsabilidade principal pelo paciente. Esse desequilíbrio relacional tende a afastar os cuidadores do convívio familiar e das interações sociais, prejudicando ainda mais sua saúde mental e seu bem-estar (Branco et al., 2019).

Além disso, a falta de apoio social e emocional impacta diretamente na percepção de qualidade de vida dos cuidadores, que, sem recursos para lidar com as pressões cotidianas, veem-se em uma situação de vulnerabilidade emocional. O apoio social é fundamental para oferecer um espaço de expressão e compreensão das experiências vividas no cotidiano de cuidado com a pessoa esquizofrênica (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

No entanto, o isolamento, muitas vezes reforçado pelo estigma social que circunda a esquizofrenia, dificulta o acesso dos cuidadores a essas redes de apoio, levando-os a vivenciar o processo de cuidado como uma experiência solitária e desgastante (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

2.3  Psicoeducação como estratégia de apoio e redução da sobrecarga

A psicoeducação surge como uma abordagem essencial no suporte aos familiares cuidadores de pacientes com esquizofrenia, oferecendo conhecimento sobre o transtorno e estratégias para lidar com seus desafios diários. Esse processo envolve o treinamento dos cuidadores, capacitando-os a entender melhor a doença e a responder de forma mais eficaz às situações de crise, reduzindo a sensação de impotência e ansiedade que frequentemente acompanham o papel de cuidar (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

Através da psicoeducação, os familiares têm acesso a informações sobre a esquizofrenia, como as manifestações mais comuns, os tratamentos disponíveis e as formas de comunicação com o paciente. Esse conhecimento diminui o medo e a incerteza que envolvem o convívio com o transtorno, permitindo que o cuidador atue de forma mais segura e confiante no cotidiano, o que consequentemente reduz a sobrecarga emocional (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

Além do conhecimento técnico sobre a esquizofrenia, a psicoeducação proporciona o desenvolvimento de habilidades práticas e emocionais que ajudam os cuidadores a lidarem com o estresse associado ao cuidado. Os programas de psicoeducação muitas vezes incluem treinamentos para o manejo do estresse e técnicas de relaxamento, que auxiliam os cuidadores a manterem o equilíbrio emocional, mesmo diante das adversidades (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

Essa capacitação contínua permite que os familiares cuidadores melhorem sua resiliência e lidem com a sobrecarga de maneira mais saudável, reduzindo o impacto do estresse crônico e evitando o desenvolvimento de problemas de saúde mental como depressão e ansiedade. Ao sentir que possuem ferramentas para enfrentar os desafios, os cuidadores experimentam uma maior sensação de autonomia e controle sobre a situação, o que promove uma melhora significativa na qualidade de vida (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

A psicoeducação também contribui para melhorar a comunicação entre os cuidadores e os pacientes, promovendo uma convivência mais harmônica e menos marcada por conflitos. Entender a natureza da esquizofrenia e as peculiaridades de seus sintomas permite que os familiares ajustem suas expectativas em relação ao comportamento do paciente, evitando interpretações equivocadas e reações impulsivas que podem intensificar os conflitos (Branco et al., 2019).

Dessa forma, o relacionamento se torna mais compreensivo e empático, favorecendo um ambiente familiar mais acolhedor e estável. Esse processo de aprendizado conjunto fortalece a relação entre o paciente e o cuidador, contribuindo para uma redução da sobrecarga, uma vez que o cuidador passa a se sentir mais preparado e apoiado no enfrentamento das situações difíceis (Branco et al., 2019).

Outro aspecto relevante da psicoeducação é o incentivo à criação de redes de apoio e suporte social, essenciais para o enfrentamento dos desafios impostos pelo cuidado com uma pessoa esquizofrênica. Os programas de psicoeducação promovem o encontro entre familiares que vivenciam experiências semelhantes, proporcionando um espaço para a troca de vivências, conselhos e apoio mútuo (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

A participação em grupos de apoio de psicoeducação auxilia na quebra do isolamento e do estigma social que os cuidadores frequentemente enfrentam, oferecendo-lhes uma rede de suporte emocional e prático. Esse apoio coletivo é fundamental para a redução da sobrecarga, pois os cuidadores sentem-se compreendidos e fortalecidos pela partilha de experiências, o que contribui para uma melhor gestão emocional e enfrentamento dos desafios diários (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Adicionalmente, a psicoeducação tem se mostrado eficaz ao sensibilizar os cuidadores para a importância do autocuidado e da manutenção de atividades de lazer e relaxamento. A rotina de cuidados intensivos com um paciente esquizofrênico pode fazer com que os familiares negligenciem sua própria saúde e bem-estar (Trento; Souza; Picolo, 2018).

Nesse sentido, os programas psicoeducacionais enfatizam a necessidade de os cuidadores incluírem momentos para si mesmos em suas rotinas, valorizando práticas que promovam relaxamento e recuperação emocional. Essa conscientização sobre o autocuidado não só contribui para a diminuição da sobrecarga emocional, mas também fortalece a saúde mental e física dos cuidadores, tornando-os mais preparados para enfrentar os desafios do dia a dia (Trento; Souza; Picolo, 2018).

2.4 O papel da enfermagem e das políticas públicas no suporte aos familiares

O papel da enfermagem no suporte aos familiares de pacientes com esquizofrenia é crucial para garantir que esses cuidadores recebam o apoio e as orientações necessárias para enfrentar os desafios diários que o cuidado exige (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021). Os autores ainda indicam que a enfermagem atua como um elo essencial entre o sistema de saúde e as famílias, promovendo intervenções que facilitam o manejo do transtorno e orientam os cuidadores em relação às melhores práticas de cuidado.

Esse suporte inclui instruções sobre como lidar com as crises e como identificar os primeiros sinais de descompensação do paciente, aspectos que ajudam a prevenir episódios graves e a promover uma convivência mais harmoniosa. A presença do profissional de enfermagem é vital para o entendimento do quadro clínico, uma vez que o contato frequente permite uma abordagem mais humanizada e prática para os cuidadores, oferecendo um alívio na sobrecarga que frequentemente enfrentam (Spagolla; de Oliveira Costa, 2021).

Além das intervenções diretas, os profissionais de enfermagem desempenham um papel fundamental na educação dos familiares sobre a esquizofrenia e suas particularidades. A orientação contínua e personalizada sobre os sintomas, as variações no comportamento e os efeitos colaterais dos medicamentos permite que os familiares se sintam mais preparados para lidar com as adversidades do cuidado, o que é essencial para a prevenção do estresse e da exaustão (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Esse trabalho educativo envolve não só explicações sobre a doença, mas também o desenvolvimento de habilidades para lidar com situações complexas, reduzindo o impacto emocional sobre os cuidadores. Com informações mais detalhadas e acessíveis, os familiares têm maior controle sobre a situação e sentem-se mais aptos a enfrentar as demandas do cotidiano de cuidado com a pessoa esquizofrênica (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

As políticas públicas de saúde mental também têm um papel importante no suporte aos familiares, oferecendo recursos e criando estruturas que possibilitem um atendimento contínuo e de qualidade (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022). A implementação de políticas voltadas para a saúde mental, que envolvam não apenas o paciente, mas também os familiares, é essencial para garantir um acompanhamento adequado e minimizar os efeitos da sobrecarga. Essas políticas, quando bem estruturadas, proporcionam acesso a redes de apoio e a serviços especializados, como centros de atenção psicossocial, que desempenham um papel de apoio estratégico (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

A falta de políticas públicas abrangentes ainda é um desafio significativo, uma vez que muitos familiares enfrentam dificuldades para obter recursos e informações, o que aumenta o nível de estresse e impacta negativamente na qualidade de vida dos cuidadores (Menegalli; Silva; Oliveira, 2022).

No entanto, a efetividade das políticas públicas depende diretamente da capacitação e atuação dos profissionais de enfermagem que estão em contato direto com as famílias e com os pacientes. A enfermagem, ao ocupar essa posição estratégica, é fundamental para que as políticas implementadas no papel se traduzam em ações práticas no cotidiano (Trento; Souza; Picolo, 2018).

A aplicação de programas de orientação e apoio psicoeducacional direcionados aos familiares é um exemplo de como a enfermagem pode intervir de maneira assertiva, fortalecendo o suporte oferecido aos cuidadores. Esses programas buscam promover não só a compreensão sobre o transtorno, mas também a conscientização sobre a importância do autocuidado, garantindo que o cuidador não se veja em situação de exaustão emocional e física, o que é essencial para a manutenção de um ambiente familiar saudável e funcional (Trento; Souza; Picolo, 2018).

Além do apoio direto, a enfermagem desempenha um papel ativo na articulação entre diferentes setores e serviços de saúde, facilitando o acesso dos familiares a programas de assistência e redes de apoio. Esse papel articulador permite que os cuidadores tenham acesso mais fácil a serviços de saúde mental e suporte social, fortalecendo uma rede de apoio que beneficia tanto o paciente quanto os familiares (Branco et al., 2019).

A articulação entre os setores público e privado é uma estratégia fundamental para otimizar os recursos e proporcionar uma assistência mais completa e personalizada aos familiares, que muitas vezes dependem exclusivamente do sistema de saúde pública para obter o suporte necessário. Dessa forma, a enfermagem assume um papel de protagonismo na integração das políticas públicas e na oferta de um cuidado ampliado e acessível (Branco et al., 2019).

Em última análise, tanto a enfermagem quanto as políticas públicas precisam atuar de forma integrada para oferecer um suporte efetivo e contínuo aos familiares de pacientes com esquizofrenia (Soares et al., 2019). A estruturação de programas de atenção e apoio psicoeducacional, associada à capacitação dos profissionais de enfermagem, permite que os cuidadores se sintam respaldados e preparados para lidar com os desafios impostos pelo transtorno (Soares et al., 2019).

Essa integração é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e adaptadas às necessidades dos familiares, garantindo que o cuidado com o paciente seja uma atividade menos desgastante e mais eficiente. A união entre as políticas públicas e a atuação da enfermagem no suporte aos familiares representa, portanto, um avanço significativo na promoção da saúde mental e na redução da sobrecarga dos cuidadores (Soares et al., 2019).

3       MÉTODO

Como referência para o tema em foco de pesquisa definiu-se uma revisão bibliográfica, qualitativa com informações teóricas sobre pesquisas de familiares de portadores de esquizofrenia não se atendo a dados numéricos, um estudo que possui caráter exploratório por trazer familiarização do tema de pesquisa, com delineamento de pesquisa descritiva.

Cabendo destacar que os estudos foram realizados com plataformas cientificas que são seguras: SciELO, Google Acadêmico, livros científicos concernentes direcionados para o tema de pesquisa, a metodologia seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão para selecionar estudos que abordam o papel da enfermagem, a importância da psicoeducação e as políticas públicas voltadas para o suporte aos cuidadores.

A coleta de dados nesta pesquisa foi no período de outubro a novembro de 2024. Os resultados alcançados foram relevantes sobre esse tema, sendo possível identificar que a pesquisa mostrou explanação sobre o sofrimento de familiares de pessoas com esquizofrenia.

4       RESULTADO E DISCUSSÃO

Essa pesquisa chegou no resultado de que a os familiares e cuidadores sofrem uma sobrecarga tanto emocional como física e que pode assumir vários graus de sofrimento a esse cuidador do paciente com esquizofrenia.

Mostrou-se nessa pesquisa pontos positivos e em concordância dos escritores sobre a importância da psicoeducação destacando como uma ferramenta essencial para capacitar os familiares, ajudando-os a compreender melhor o transtorno e a desenvolver habilidades de enfrentamento que diminuem o estresse diário (refefência).

Segundo (Batista; Bandeira; Andrade, 2023), afirmando a necessidade da qualidade de vida dos cuidadores e familiares. A atuação dos profissionais de enfermagem, quando associada a políticas públicas integradas e inclusivas, é fundamental para proporcionar um suporte contínuo e de qualidade. O cuidado prolongado e as dificuldades em lidar com a doença contribuem para uma diminuição na qualidade de vida dos cuidadores, pois eles frequentemente enfrentam situações de stress, isolamento social e sobrecarga emocional.

Estudos destacam a importância de estratégias que promovam a resiliência e o apoio psicológico aos familiares, pois o suporte adequado pode amenizar os efeitos do estresse crônico e melhorar a qualidade de vida dos cuidadores (Batista; Bandeira; Andrade, 2023).

Por fim, no entanto, limitações no sistema de saúde e na continuidade dos programas de apoio indicam uma lacuna importante que precisa ser preenchida. O estudo enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada que combine psicoeducação, assistência de enfermagem e políticas públicas para garantir um suporte adequado aos cuidadores, promovendo seu bem-estar e a eficácia do cuidado oferecido aos pacientes. Com isso, sugere-se a ampliação das políticas de saúde mental que considerem os desafios enfrentados pelos familiares.

5       CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados alcançados notasse que a pesquisa no brasil frente ao tema do impacto nos familiares de pacientes com esquizofrenia está dentro de um estudo satisfatório.

Foi satisfatório contribuir com esse tema porque contribui com o olhar teórico da psicologia no tratamento desses familiares e cuidadores de portadores de esquizofrenia. 

Ainda, segundo Zanetii, Vedana, Gherardi-Donato, Galera, Martin, Tressoldi e Miasso, os pacientes portadores de esquizofrenia não tem um suporte efetivo para o entendimento da esquizofrenia e seus familiares apresentam níveis maiores de sobrecarga em relação ao cuidado.

De acordo com Francisquini, Soares e Machado, confirmam que cuidadores que possuem um maior grau de escolaridade com maior compreensão da doença auxiliam de melhor forma e cuidado assim ajudando no bem estar do paciente.

Tais autores afirmam que o cuidador e familiares poderiam ser incluídos como grupo de vulneráveis para que possam receber acompanhamento necessário para seu bem estar, assim, refletindo diretamente no tratamento e bem estar do paciente com esquizofrenia. Ao final, enfatizam também a importância do bem estar do cuidador e famílias para prevenir o sofrimento e a sobrecarga que geram sofrimento psíquico.

Contudo, os resultados revelam que os familiares e cuidadores sofrem enorme sobrecarga, isto é, a partir do demonstrado no artigo, ainda que haja uma conclusão, visa demonstrar a extrema necessidade de uma piscoeducação e acompanhamento de perto dos terceiros envolvidos.

6       Referências Bibliográficas

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[1] Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São Roque. E-mail: jaas.soares.1@uni9.edu.br

[2] Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São Roque. E-mail: gracacosta166@uni9.edu.br

[3] Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São Roque. E-mail: roearruda@uni9.edu.br

[4] Mestre em Psicogerontologia pelo Instituto Educatiehoog de Ensino e Pesquisa. Docente de Graduação no Centro Universitário São Roque. E-mail: damiao.rocha@unisaoroque.pro.br