THE IMPACT OF EXCESSIVE USE OF VIRTUAL SOCIAL NETWORKS ON MENTAL HEALTH
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10199429
Letícia Gonçalves da Costa1
Lademir Renato Petrich2
RESUMO
O presente artigo objetiva analisar o impacto das redes sociais virtuais no comportamento humano. Seres humanos são seres inerentemente sociais, criamos sociedades e nos conectamos com outras pessoas. E essa tendência social está sendo colocada a prova com a emergência e ascensão das redes sociais virtuais. Estas representam uma evolução para a comunicação no mundo moderno, e caso sejam utilizadas com moderação podem ser positivas como meio de entretenimento, comunicação e aprendizagem, todavia, quando usadas de forma excessiva podem desencadear malefícios em potencial e alterar o comportamento humano. O propósito dessa pesquisa é buscar de maneira bibliográfica e exploratória os impactos das redes sociais na saúde mental. Verificou-se, que após o advento, desta forma de interação as pessoas passaram a se isolar do mundo real.
Palavras-chave: Saúde mental; comunicação; Redes Sociais,
1. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da humanidade, os seres humanos têm sido seres inerentemente sociais, impulsionados pela necessidade de se conectar com os outros para garantir sua sobrevivência e prosperidade. Esse instinto fundamental de união foi vital para a formação de tribos e comunidades que compartilhavam recursos e conhecimentos, pavimentando o caminho para o crescimento da espécie. Ao longo do tempo, a linguagem e a capacidade de contar histórias contribuíram para a construção de laços mais fortes entre os indivíduos, permitindo-lhes cooperar em grande escala.
O historiador Yuval Noah Harari propõe que a ascensão da ficção e a crença em mitos compartilhados foram cruciais para a cooperação bem-sucedida entre estranhos, possibilitando a formação de comunidades complexas e sociedades vastas. Essa evolução contínua trouxe consigo regras, religiões e culturas, todos projetados para promover o bem-estar coletivo.
Como fruto da evolução e aprimoramento das ferramentas criadas pelo homo sapiens no sentido de impulsionar o bem-estar da coletividade para além da linguagem, foi criada a Internet. Uma rede de conexões globais de computadores, que possibilita a troca de dados e mensagens de maneira instantânea. A Internet foi um marco decisivo para a evolução tecnológica que dura até os dias atuais.
A internet favoreceu diversas mudanças na sociedade, dentre elas maior possibilidade de comunicação e socialização de forma imediata, construindo assim novas formas de dialogo, identificação e aprendizagem. Com o advento das redes sociais a comunicação passou a não depender mais de contato ou interação físico ao vivo. (CRUZ, 2020).
Acompanhando a evolução das tecnologias de informática, o dia-a-dia dos estudantes vem mudando cada vez mais, já que o uso de smartphones, computadores e tablets se faz muito presente no ambiente acadêmico atual. Com isso, tem-se também a presença constante do uso das redes sociais, que consomem uma grande parte do dia do público jovem.
Ainda que, as redes sociais sejam utilizadas para manter o indivíduo informado e se constituam como sendo um forte meio de compartilhamento de informações e conhecimento de maneira democrática e horizontal, o impacto do uso excessivo desta ferramenta vem sendo pauta frequente de profissionais da saúde e educação. (CRUZ, 2020).
No cenário atual, o surgimento das redes sociais virtuais é testemunha do contínuo desejo humano de conexão e interação. Essas plataformas democratizaram as relações humanas, facilitando o compartilhamento de informações e a formação de laços em escala global. No entanto, embora tenham se originado como ferramentas de comunicação, as redes sociais se tornaram sedutoras demais, prendendo os usuários em ciclos viciosos de uso excessivo.
Esses dilemas apontam para a importância de equilibrar o uso das redes sociais com a vida offline, para mitigar os impactos negativos e preservar o bem-estar físico e emocional. Em meio à era digital, é crucial conscientizar-se dos riscos e estabelecer limites saudáveis para o uso pessoal e familiar das redes sociais. (FREITAS, 2022).
Com surgimento da tecnologia nos últimos tempos, e principalmente o início da pandemia de Covid-19 em 2020, com a subsequente imposição do distanciamento social, provocou uma mudança significativa nas relações virtuais que as pessoas mantêm. Como resultado, as redes sociais passaram a ter um impacto mais pronunciado sobre os indivíduos, influenciando tanto de forma positiva quanto negativa.
Haja visto a atual força das redes sociais virtuais na sociedade contemporânea, fica explicita a necessidade de aprofundar os estudos direcionados aos impactos destas nas pessoas, e é disto que este trabalho se trata, focando nos impactos psicológicos que toda a exposição e comparação presentes nas redes podem trazer às realidades psíquicas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. REDES SOCIAIS E SAÚDE MENTAL
Compreender as implicações do uso excessivo das redes sociais na saúde mental requer uma incursão no campo da psicologia, incluindo a definição de saúde mental e a identificação de sintomas que indicam o impacto desse uso desenfreado. (SOUZA & CUNHA, 2019)
De acordo com a OMS, “A saúde mental se define como um estado de bem-estar, no qual cada individuo realiza seu próprio potencial pode lidar com o estresse normal da vida, pode trabalhar de maneira produtiva e é capaz de contribuir com sua comunidade. (WHO, 2014).
Segundo Karlla Souza & Mônica da Cunha (2019), o cyberbullying e a depressão surgem como principais riscos associados ao uso excessivo de tecnologias digitais, e os sintomas predominantes de distúrbios na saúde mental envolvem mudanças no comportamento e no humor, junto a necessidade constante de estar conectado.
As redes sociais empregam tecnologia que retém a atenção dos usuários, tornando-as viciantes e dificultando a interrupção do uso. Esse padrão pode levar à dependência, desencadeando sintomas de abstinência, como inquietação e irritabilidade, quando o acesso é interrompido. Adicionalmente, o uso noturno dessas plataformas afeta negativamente o sono, impactando o desempenho cotidiano e a qualidade de vida. (FREITAS, 2022)
Sean Parker, ex-presidente do Facebook, revela que as redes sociais foram criadas para explorar uma fragilidade na psicologia humana. Ele argumenta que o objetivo é manter as pessoas constantemente envolvidas, liberando dopamina no cérebro através de interações como likes e comentários em postagens. Esse mecanismo visa capturar toda a atenção possível, criando assim uma experiência viciante para os usuários. (DESMURGET, 2023)
O Brasil se destaca como um dos países com maior uso diário da internet e das redes sociais (Kochenborger & Zavatti, 2021). Inicialmente concebidas como facilitadoras, essas plataformas agora apresentam desafios preocupantes, associados a distúrbios do sono, ansiedade, depressão e sentimentos de isolamento. (DESMURGET, 2023; ABJUDE ET AL., 2020 APUD FREITAS, 2022).
“Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários: a de drogas e a de software.” (O dilema das redes, 2020). Ainda nesse contexto, emerge a questão do narcisismo e da busca incessante por reconhecimento nas redes sociais, onde a exposição excessiva é encorajada. Essa dinâmica pode alimentar sentimentos de inadequação e desencadear uma constante comparação com as vidas aparentemente perfeitas dos outros. (ROCHA & SOUZA, 2019).
À medida que exploramos esse cenário, surge uma comparação entre a toxicomania e a dependência das redes sociais. A toxicomania proporciona uma fuga do sofrimento da realidade, e o uso excessivo das redes pode funcionar de forma semelhante. A sensação de satisfação no mundo virtual pode levar à dificuldade de encontrar contentamento no mundo real, estabelecendo um ciclo perigoso de dependência. (ALTER, 2018 APUD FREITAS, 2022)
A dinâmica das redes sociais frequentemente leva a comparações entre as vidas dos usuários, incluindo bens materiais, estilos de vida e estética, mesmo que essa aparência seja muitas vezes editada para parecer melhor. Isso pode resultar em sentimentos de inferioridade e insegurança, especialmente quando a quantidade de curtidas e interações nas postagens não atende às expectativas. (FREITAS, 2022).
Por outro lado, as redes sociais oferecem uma plataforma para a expressão de opiniões, compartilhamento de informações e conexão com outras pessoas. No entanto, essa liberdade também pode levar à disseminação de desinformação e conflitos. Assim, embora as redes sociais proporcionem interação e engajamento, também apresentam desafios relacionados à qualidade da informação e ao impacto na formação de opiniões. (FREITAS, 2022).
Nesta era tecnológica, o individualismo predomina, de maneira que os indivíduos são vistos como entidades separadas, sendo as relações reais desvalorizadas, levando a um distanciamento cada vez maior entre os seres humanos. Indubitavelmente, essa tendência leva a um intenso sofrimento psíquico, o que pode incorrer em solidão, depressão, vícios dos mais diversos, além da ansiedade e do estresse. (ARCANJO, 2018)
De acordo com Diniz (2023), as mídias sociais têm sido associadas ao sentimento de solidão, pois ainda que o sujeito tenha conexões virtuais, a escassez de interações sociais significativas e genuínas pode acarretar sentimento de isolamento emocional. O indivíduo pode ficar refém de um ciclo infinito de atualizações e notificações deixando de lado outros aspectos importantes da sua vida.
As identidades modernas estão menos centralizadas, de modo que se apresentam fragmentadas. Suas características principais são rápidas abrangentes e contínuas mudanças, que podem ser influenciadas pelo contexto das redes sociais virtuais, além de serem fruto de uma sociedade globalizada e multicultural refinada por padrões capitalistas. (ARCANJO, 2018)
2.2. TRANSTORNOS ATRELADOS AO USO EXCESSIVO DE REDES SOCIAIS
Os especialistas denunciam que a criação das redes sociais representa uma evolução para a comunicação no mundo moderno, e que utilizadas com moderação podem ser positivas como meio de entretenimento, comunicação e aprendizagem, todavia quando usadas de forma excessiva podem desencadear malefícios em potencial e alterar o comportamento humano.
As redes sociais e a saúde mental estão mais atreladas a cada dia. (O’Reilly et al., 2018 apud Abadia et al., 2023). É possível notar essa tendência devido a prevalência de patologias psíquicas. Dentre as razões que favorecem essa tendência estão o tempo excessivamente gasto nas redes sociais. Esse tempo gasto nas redes podem levar o individuo a expor detalhes pessoais e alterar seu comportamento social. (ABADIA ET AL., 2023)
Além disso, as redes sociais trazem à tona o problema das Fake News, que podem impactar negativamente a saúde mental ao evocar respostas emocionais intensas. A crescente imersão nas mídias digitais, incluindo as redes sociais, também levanta preocupações quanto ao desenvolvimento da linguagem, especialmente em crianças que podem sofrer com interações digitais em detrimento das interações reais. (DESMURGET, 2023)
Um dos desafios decorrentes do tempo excessivamente dedicado online é o fenômeno da alienação tecnológica. Isso ocorre quando uma pessoa perde a capacidade de pensamento crítico e ação autônoma devido à sua dependência ou uso excessivo das redes, resultando no isolamento social e na desconexão das atividades do dia a dia. (SILVA, 2021 APUD ABADIA ET AL., 2023)
O modo de organização das redes sociais tende a enfatizar a importância de possuir bens materiais e certos estilos de vida, fomentando assim comportamentos exibicionistas nos quais os indivíduos buscam incessantemente demonstrar suas conquistas como troféus, em um ciclo contínuo de competição para estabelecer quem possui mais. Isso cria uma dinâmica na qual o foco está no materialismo e na busca de validação através da ostentação. (ROCHA & SOUZA, 2019)
Os sujeitos que, se exibem constantemente por meio das redes, podem demonstrar traços narcisistas, estes sentem necessidade de serem vistos, de se sentirem desejados e importantes. É possível que quando não haja esta reafirmação tenham estados de tristeza profunda e sentimentos de não pertencimento. (ROCHA & SOUZA, 2019)
O uso desenfreado e constante das redes sociais por parte dos jovens tem preocupado muitos especialistas da saúde. Um exemplo disso são os médicos, os quais já encontram relações de doenças de transtornos mentais ao uso de tecnologias digitais. (GOMES, GOMES, SILVA, 2016 APUD CRUZ, 2020).
Há alguns anos vem se multiplicando os estudos que demonstram a estreita ligação nas novas gerações entre consumo digital e sofrimento psíquico (depressão, ansiedade, dor de cabeça, suicídio, etc.). Ademais, a exposição as mídias tem ligação com o descontentamento das mulheres com seus próprios corpos, maiores investimentos em aparência e maior incidência de desordens alimentares. (DESMURGET, 2023)
Um outro ponto de vista, em relação ao vicio em redes e um dos mais preocupantes, se trata da comparação entre o uso da Internet e da cocaína […] essa comparação foi feita dada a semelhança de sintomas em ambos os vícios. Como por exemplo: palpitações, sombras diante dos olhos, tremores, confusão mental, além de delírios, alucinações e ideias de perseguição. (RECUERO; SOARES, 2013 APUD ARCANJO, 2018)
“A perda do tempo é a mais irreparável, e a que menos preocupa.” Conde D’ Oxenstiern. Segundo Elhai (2016), em um estudo citado por Moromizato et al (2017), este sugere que em muitos casos o principal fator negativo do uso excessivo de internet consiste no tempo gasto de forma exagerada e descontrolada que consome o tempo necessário para o desenvolvimento de outras atividades. (apud Cruz, 2020).
Segundo um estudo feito por Susan M. Snyder (2015) The Effect of U.S. University Students’ Problematic Internet Use on Family Relationships: A Mixed-Methods Investigation, mais de 40% da população já sofre de algum tipo de vício ligado à internet, podendo ser em e-mails, jogos ou pornografia. O estudo demonstrou que 48% dos universitários americanos estavam “viciado sem internet”, ao serem questionados sobre sua relação com a internet, a maioria dos alunos afirmou que as consequências são de que em seus trabalhos, nos relacionamentos e na vida familiar as relações empobreceram devido ao excesso de tempo utilizado na internet. (ALTER, 2018, P. 10-11 APUD FREITAS, 2022)
Existem várias implicações de ordem pessoal, social e psicológica provenientes do isolamento do mundo real para o vício no mundo virtual. O uso contínuo da Internet pode estimular e até impulsionar transtornos de ansiedade; distúrbios de comportamento e/ou atitudes antissociais; transtornos obsessivo-compulsivos; depressão e até suicídio. (EVELYN & ESTEFENON, 2011 APUD CRUZ, 2020)
Ademais, Dashevsky (2013) aponta que existem oito doenças relacionadas ao uso de telas digitais: Síndrome do toque fantasma; a Nomophobia, Náusea Digital (Cybersickness); Depressão de Facebook; Transtorno de dependência de Internet; Vício de jogos online e a Cibercondria ou hipocondria Digital, além do Efeito Google. (apud Cruz, 2020). Já existem projetos com finalidade de ajudar no tratamento de nomofobia (dependência tecnológica), o Instituto DELETE e o Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (GREAT), oferecem suporte no tratamento do uso excessivo.
3. METODOLOGIA
A metodologia adotada nesta pesquisa se baseia na pesquisa bibliográfica, que consiste em um conjunto de procedimentos para buscar respostas relacionadas ao objeto de estudo. Com um caráter exploratório-descritivo, esta pesquisa visa expor detalhadamente os métodos e procedimentos metodológicos que orientarão a sua execução, permitindo uma demonstração abrangente do processo completo de investigação e análise do tema. (LIMA & MIOTO, 2007)
Este tipo de pesquisa implica uma investigação mais aprofundada em relação ao conhecimento acumulado sobre o objeto de pesquisa, envolvendo uma reflexão crítica e a construção de uma síntese. A pesquisa bibliográfica possibilita a obtenção de informações diversas, abrangendo uma variedade de fontes, mas requer atenção aos objetivos estabelecidos e aos pressupostos subjacentes ao estudo. (LIMA & MIOTO, 2007)
Além disso, o presente estudo é caracterizado como uma pesquisa descritiva, que tem como objetivo principal descrever as características de um determinado fenômeno. Essa pesquisa é de natureza qualitativa, concentrando-se no entendimento de um grupo social, ou fenômeno sem a necessidade de representação numérica. O foco recai sobre a compreensão dos aspectos qualitativos e na busca por elementos da realidade que não podem ser quantificados (GIL, 2008).
As buscas ocorreram por meio de artigos bibliográficos de língua portuguesa pela base de dados Google, Google Acadêmico e livros, no período estipulado entre os anos 2022 até 2023, a partir das seguintes sentenças: “impactos psicológicos das redes sociais”, “impactos psicológicos das redes sociais virtuais” “redes sociais e saúde mental”, “saúde mental”, “vicio em redes sociais”, “dependência de tecnologia”, “superficialidade das relações na contemporaneidade”, “uso excessivo de redes sociais”. A seleção de artigos para a composição foi constituída por critérios de exclusão e inclusão, ao todo foram encontrados XXXX artigos e XXX livros. Foi necessária a leitura dos textos na íntegra devido a títulos e resumos poucos compreensíveis, obedecendo mais uma vez os critérios de exclusão e inclusão.
A presente pesquisa tem como objetivo responder à questão: “Quais os impactos na saúde mental do uso excessivo das redes sociais virtuais?”. Deste modo, para alcançá-lo, os critérios principais de inclusão utilizados na construção desta pesquisa foram data de publicação, com preferência a artigos mais recentes, além de procurar por artigos feitos por estudantes de áreas da saúde. Não houve preferência por tipos de pesquisa, tendo sido utilizados tanto estudo de campo, quanto bibliográficos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As redes sociais têm se revelado como uma ferramenta poderosa de conexão, pois permite que as pessoas estejam virtualmente ligadas umas às outras em tempo real, independentemente da distância geográfica. Elas proporcionam um ambiente para a expressão de opiniões e a construção de laços sociais. Além disso, as mídias sociais oferecem um acesso facilitado a recursos de saúde mental, possivelmente desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde no geral.
Conforme os precedentes dados nesta pesquisa, sabe-se que a interação e o agrupamento social foram um fator essencial para o desenvolvimento da nossa espécie. Instintivamente os seres humanos se juntam conforme seus interesses formam sociedades, famílias, organizações e implementam regras de condutas, formas de comunicação e outros diversos meios. E, sentem prazer ao fazer isso.
Atualmente, a tendências sociais dos seres humanos estão sendo colocadas a prova com a emergência e ascensão das redes sociais virtuais. Cada vez mais a necessidade social de aceitação vem sendo explorada pelos criadores dessas tecnologias por meio de likes, comentários e compartilhamentos, de modo que quando estes não são o número desejado podem causar enormes aflições aos usuários.
Essas aflições não são as únicas presentes online, além da preocupação acerca do número de likes, curtidas e compartilhamento, as imagens propagadas nas redes causam comparações entre estilos de vida emergindo sentimentos de inferioridade e de não-pertencimento, baixa autoestima, entre outros. Ainda que, muitas das vezes as imagens sejam editadas para parecerem melhores do que são.
Apesar disto, as redes sociais aparecem como “vitrines” de tempo integral de pessoas e produtos. Os impactos negativos na autoestima podem não ser pautas importantes para os donos das empresas dessas redes sociais, uma vez que alguém satisfeito e feliz com seu próprio corpo e imagem e vida possivelmente não compre diversos produtos para melhorá-los.
Além disto, um fator recentemente estudado é a superficialidade das relações online, uma pessoa pode ter inúmeros amigos no Facebook ou em qualquer outra rede social e ainda assim, não ter amigos na vida real, ou se sentir sozinho.
Por meio desta pesquisa, ficou evidente que maioria dos estudos atuais sobre os impactos das mídias sociais na saúde mental, são feitas com base na população jovem. Este público está mais vulnerável a influências externas pois essa fase é determinante na formação de auto imagem, identidade e autoestima. O que pode ser extremamente perigoso devido à capacidade das redes sociais de causarem uma distorção da percepção da realidade e a tendência dos jovens a testarem seus limites.
A conexão exagerada aumenta o sentimento de solidão, visto que as pessoas quando estão conectadas estão apenas com seus celulares, refletindo uma perda das relações sociais e reais. Deste modo, sabe-se que em países industrializados quatro em cada dez pessoas, podem estar vivendo se sentindo solitárias, o que traz muitos malefícios para a saúde. (MENDONÇA, 2011 APUD ARCANJO, 2018)
Nesta era tecnológica, o individualismo predomina, de maneira que os indivíduos são vistos como entidades separadas, sendo as relações reais desvalorizadas, levando a um distanciamento cada vez maior entre os seres humanos. Indubitavelmente, essa tendência leva a um intenso sofrimento psíquico, o que pode incorrer em solidão, depressão, vícios dos mais diversos, além da ansiedade e do estresse. (ARCANJO, 2018)
As mídias sociais utilizam dos mesmos métodos de jogos de azar para se tornarem altamente viciantes, como o reforço positivo intermitente, que seria uma recompensa imprevisível. Ademais, utilizam-se também da Psicologia das cores ao incluir o azul no botão de curtir ou vermelho. O feed de rolagem infinita, e o mecanismo “arrasta pra cima” são todos construído e estudados milimetricamente para serem fáceis de usar e principalmente, viciantes.
Em conjunto a isso, as redes sociais privilegiam o engajamento, de modo que quanto mais as pessoas curtirem, comentarem e compartilharem um conteúdo mais este será amplamente divulgado para diferentes pessoas, criando assim mais um problema quando o assunto o conteúdo compartilhado trata-se de uma noticia falsa.
As notícias falsas, popularmente conhecidas como “Fake News”, têm a tendência a serem compartilhadas de forma rápida nas mídias, devido aos conteúdos frequentemente sensacionalistas, clickbaits, imagens apelativas, ou que envolvam temas políticos ou religiosos. Estas notícias falsas muitas vezes atuam como reforços para determinadas correntes ideológicas ou políticas.
Apesar disto, as redes sociais podem atuar como forma de fortalecer vínculos, fazer amizade com pessoas de diferentes culturas, troca de experiências e compartilhamento de ideias. Como fenômeno coletivo, as redes propiciam o relacionamento de grupos e formação de comunidades. (NANNI E CAÑETE, 2010 APUD CRUZ, 2020)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As redes sociais são feitas de diversos tipos de conteúdos, de maneira que alguns podem contribuir para a disseminação de conhecimentos e ao reconhecimento de diferentes identidades e a flexibilidade de pensamentos que compõem a coletividade.
Aponta-se que, apesar do entretenimento e das sensações boas que as redes sociais podem proporcionar, é importante usá-las com moderação, tendo em vista que seu tempo de uso deve ser equilibrado e não sobrepor o tempo para outras atividades importantes como por exemplo o estudo, atividade física e o convívio social.
Por fim, verificou-se que o uso indiscriminado das redes sociais e internet, tem grande impacto na vida e convívio social, principalmente, quando se trata de crianças e adolescentes, esse impacto tem sido mais maléfico que benéfico exigindo uma atenção de toda a sociedade, principalmente, dos profissionais que tratam da saúde mental, para que esses prejuízos não se tornem ainda maiores.
REFERÊNCIAS
ABADIA, Ana et al. Influência das Redes Sociais na Saúde Mental, Autoestima e Autoimagem de Jovens Universitários; Anápolis, Goiás. Junho de 2023. Disponível em:< http://45.4.96.19/bitstream/aee/20537/1/IC%203%20Influencia%20das%20redes%20sociais%20na%20saude%20mental%20autoestima%20e%20autoimagem.pdf>.Acesso em: 22/09/2023.
ARCANJO, Brianna. Solidão E As Redes Sociais: Uma Revisão De Literatura. 2018. Disponível em: <https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/42531/1/2018_tcc_bcarcanjo.pdf>. Acesso em: 20/08/2022.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação – artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
CRUZ, Maria do Socorro. Redes Sociais Virtuais: percepção, finalidade e a influência no comportamento dos acadêmicos. Brazilian Journal of Development. Curitiba. V.6, N.3. P. 12433 – 12446. Mar. 2020. Disponível em: <https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/7681/6660>. Acesso em: 25/09/2022.
CUNHA, Mônica; SOUZA, Karlla. Impactos do Uso Das Redes Sociais Virtuais na Saúde Mental dos Adolescentes: Uma Revisão Sistemática Da Literatura. Rev. Educação, Psicologia e Interfaces. V.3 N. 3 P. 204-217. Set/Dez, 2019. Disponível em: <file:///Users/macbookair/Downloads/156-Texto%20do%20artigo-793-9-10-20200203%20(1).pdf.> Acesso em: 20/08/2022.
DESMURGET, Michel. A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças / Michel Desmurget; tradução Mauro Pinheiro. – 1. Ed.; 4. Reimp.—São Paulo : Vestígio, 2023.=
DINIZ, George. O Impacto das Mídias Sociais na Saúde Mental: Desafios e Perspectivas. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, V. 9. 2023. Disponível em: <https://revista.unipacto.com.br/index.php/multidisciplinar/article/view/1387/1374> Acesso em: 20/08/2023.
FREITAS, Bárbara. O Impacto Das Redes Sociais Na Saúde Mental. Uberaba, MG, 2022. Disponível em: <https://dspace.uniube.br/bitstream/123456789/2046/1/BARBARA%20GOMIDE.pdf>. Acesso em 16/06/2023.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HARARI, Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade, tradução Jorio Dauster- 1 Ed. São Paulo. Companhia das letras, 2020.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LIMA, Telma; MIOTO, Regina. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Rev.Katalysis, Florianópolis V.10 N. Esp. P. 37-45. Abril, 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rk/a/HSF5Ns7dkTNjQVpRyvhc8RR/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 07/05/2022.
O DILEMA DA INTERNET. Direção: Jeff Orlowski. Estados Unido:Netflix, 2020.(94min.).
PEREIRA, Maurício Gomes. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: GEN, Guanabara Koogan, 2014.
ROCHA, Camila; SOUZA, Pricila. Uma Visão Psicanalítica Sobre o Excesso de Exposição nas Redes Sociais. Psicologia.pt O Portal dos Psicólogos. Junho de 2019. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1302.pdf. Acesso em: 26/05/2023.
WHO. World Health Organization. 2014. In: Mental health: a state of well-being.
1 Acadêmica do Curso Superior de Psicologia do Centro Universitário Univel (2023)
2 Professor do Curso de Psicologia do Centro Universitário Univel, Mestre e Doutor em Ciência da Religião.