THE IMPACT OF RECURRENT VULVOVAGINITIS ON WOMEN’S QUALITY OF LIFE: A INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505150042
Ana Vitória de Sousa Quaresma1
Thiago da Silva Dias2
Suelem Beatriz Costa Ripardo3
Orientador: Profº M.Sc. Frederico Augusto Rocha Neves4
RESUMO
Este artigo tem como objetivo discutir, por meio de um levantamento bibliográfico integrativo, o impacto das vulvovaginites e vaginoses na vida das mulheres, destacando como a recorrência dessas condições afeta seu bem-estar físico, emocional e social, além de influenciar diretamente sua qualidade de vida. Trata-se de um estudo descritivo que aborda a composição da microbiota vaginal e como seu desequilíbrio pode comprometer a saúde feminina, diferenciando os tipos de vaginoses e seus agentes causadores para promover um entendimento mais amplo e ações efetivas em saúde da mulher.
A revisão da literatura evidencia a importância do Exame Preventivo de Câncer de Colo Uterino (PCCU), do acompanhamento ginecológico regular e dos cuidados com o equilíbrio da microbiota vaginal. Esse desequilíbrio pode ser desencadeado por agentes etiológicos, como fungos, protozoários e bactérias, que alteram o pH vaginal, ou por fatores não etiológicos, como práticas de depilação íntima, contato com substâncias alergênicas ou uso de cosméticos inadequados. Tais desequilíbrios facilitam o desenvolvimento de doenças recorrentes em mulheres de todas as idades, com maior incidência naquelas abaixo de 60 anos e com vida sexual ativa, como candidíase (associada à Candida spp.) e vaginose bacteriana (causada por Gardnerella vaginalis), além de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HPV e HIV.
A sintomatologia dessas condições como dor, desconforto vaginal, odor, corrimentos e prurido não apenas causam incômodo físico, mas também afetam a autoestima, as atividades cotidianas, a vida íntima e as interações sociais, gerando constrangimento e sofrimento emocional. Diante disso, reforça-se a necessidade de ampliar a prevenção, com abordagens educativas mais humanizadas, acesso facilitado à saúde, promoção de hábitos saudáveis, além de diagnósticos precisos e tratamentos eficazes. Essas medidas são fundamentais para reduzir o impacto das vulvovaginites e vaginoses, contribuindo para uma melhoria abrangente na saúde e no bem-estar das mulheres.
Palavras-chave: Vulvovaginite. Vaginoses. Microbiota vaginal. Saúde feminina. Candidíase.
1 INTRODUÇÃO
As vulvovaginites e vaginoses são doenças infecciosas muito comuns e que impactam significativamente a saúde e o bem-estar das mulheres brasileiras. Estudos recentes mostram que essas condições, como a candidíase vulvovaginal e a vaginose bacteriana, tem uma maior recorrência em mulheres na idade fértil, sendo causadas pela Candida albicans e Gardnerella vaginalis (RESENDE et al., 2025; CARTAXO et al., 2025).
Muitas mulheres desconhecem essas infecções ou não recebem o diagnóstico correto, o que agrava os sintomas e afeta diretamente a qualidade de vida, comprometendo desde a autoestima até a vida sexual (GALILEU, 2022).
O estudo reforça a importância da educação em saúde, ao acesso regular à exames citopatológicos, acompanhamento ginecológico e uma melhor atenção ao equilíbrio da microbiota vaginal como medidas fundamentais para a prevenção e o cuidado com a saúde íntima feminina (AMORIM DA SILVA et al., 2022; RESENDE et al., 2019).
Definimos as vulvovaginites e vaginoses, como condições que afetam o tecido do epitélio da vulva e da vagina, segundo a Febrasgo essas doenças são as causas mais frequentes de corrimento vaginal anormal e correspondem a cerca de 40% das consultas ginecológicas (FEBRASGO, 2010).
Logo buscamos compreender e analisar através do estudo, qual impacto o desequilíbrio da microbiota vaginal pode comprometer a saúde e o bem estar das mulheres relacionado com a prevalência das vulvovaginites, com ênfase na candidíase vulvovaginal e a vaginose bacteriana. Com isso, investigar as principais causas das alterações na microbiota vaginal e os fatores que favorecem o surgimento dessas doenças, relacionando com a eficácia de estratégias preventivas e terapêuticas no manejo das doenças, promovendo à educação em saúde feminina.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Definimos as vulvovaginites e vaginoses, como condições que afetam o epitélio da vulva e da vagina, segundo a Febrasgo esses acometimentos ginecológicos são as principais causas de corrimento vaginal anormal e “corresponde a cerca de 40% das consultas ginecológicas” (FEBRASGO, 2010). Além disso, sua origem está relacionada a mudanças no ambiente natural da vagina, que normalmente é dominado por bactérias benéficas como o Lactobacillus. Dessa forma, essas alterações favorecem o crescimento de outros microrganismos, que podem ou não resultar em sinais evidentes de inflamações na região, chamadas vaginites, conforme explicado por Linhares (LINHARES et al., 2018). Além do que, fatores como uso de acessórios sexuais, práticas de higiene inadequadas, início precoce da vida sexual e falta de acompanhamento ginecológico estão entre os principais agravantes (SILVA & BARROS, 2022). Ademais, sua origem está relacionada a mudanças no ambiente natural da vagina, que normalmente é dominado por bactérias benéficas como o Lactobacillus. Desse modo, essas alterações favorecem o crescimento de outros microrganismos, podendo resultar em inflamações na região, chamadas vaginites ou, em alguns casos, não apresentarem sinais evidentes de inflamação, denominadas vaginoses, conforme explicado por Linhares (LINHARES et al., 2018).
Além disso, os principais causadores das vulvovaginites incluem fungos, bactérias anaeróbias e protozoários, como o Trichomonas vaginalis. Isso porque, um crescimento excessivo dos Lactobacillus, normalmente benéficos na flora vaginal, também pode levar a desordens. Embora nem sempre esteja disponível, o diagnóstico microbiológico é essencial, já que a presença de mais de um microrganismo pode dificultar a identificação precisa dos sinais e sintomas (FEBRASGO, 2010).
As infecções no trato reprodutivo feminino são preocupantes não apenas pela frequência com que ocorrem, mas também pelos sintomas desconfortáveis, os impactos psicológicos e as complicações possíveis, como aumento da vulnerabilidade a outras infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HPV e HIV. Microrganismos, como os associados à vaginose bacteriana, podem enfraquecer a imunidade local no trato vaginal, agravando a situação. Casos recorrentes ou graves de infecções podem, inclusive, estar relacionados a doenças crônicas imunossupressoras, o que torna essencial a atenção às queixas das pacientes (LINHARES et al., 2018; FEBRASGO, 2010).
A candidíase vulvovaginal (CVV) é considerado uma vulvovaginite infecciosa fúngica e é uma das mais comuns que acomete a mucosa da vulva e da vagina, e tem como agente etiológico, o fungo Candida albicans que se faz presente na flora vaginal, de forma comensal e assintomática em 15 a 20% das mulheres (WILLEMS et al., 2020). Dentes eles, os mais comuns são os fungos, bactérias anaeróbicas e protozoário, como Candida sp., Gardnerella Vaginalis, Trichomonas vaginalis e em casos mais graves, Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Além do que, o aumento exacerbado de Lactobacillus que compõem a microbiota normal, também pode causar desordens. Embora nem sempre disponível, o diagnóstico microbiológico é necessário, pois a presença de mais de um patógeno pode mascarar sinais e sintomas (FEBRASGO, 2010).
Constata-se que aproximadamente 75% das mulheres em idade reprodutiva apresentaram pelo menos um episódio de vulvovaginite causada por fungos ao longo da vida e 50% terão um segundo episódio e 5% irão apresentar infecções de repetição (mais de 3 episódios por ano). Mulheres próximas aos 20 anos de idade, que fazem uso de antibióticos, de contraceptivos orais com alto teor de estrogênio, de inibidores de SGLT2, que tem vida sexual ativa, que usam DIUs ou diafragma, que possuem diabetes mellitus descontrolada ou que estejam gestantes, possuem maior risco para desenvolver a candidíase vulvovaginal (PASSOS et al., 2017). Já a Vaginose bacteriana é considerada uma vulvovaginite infecciosa bacteriana, pois ocorre um desequilíbrio das bactérias presentes na flora vaginal, bem comum em mulheres em idade reprodutiva, com corrimento vaginal e odor fétido como principal sintoma (FEBRASGO, 2010). A patologia afeta tanto mulheres férteis quanto estéreis, e está associada à redução da resposta imunológica vaginal, aumentando o risco de infecções por HPV, neoplasias, infecções pós-cirúrgicas, doenças sexualmente transmissíveis, abortamento, prematuridade e baixo peso ao nascer (LINHARES et al., 2018).
A alteração na microbiota envolve a diminuição de Lactobacillus e o aumento de Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluncus spp. e Streptococcus agalactiae. A redução de Lactobacillus, responsável pela produção de peróxido de hidrogênio, favorece o aumento de aminas voláteis, causando odor desagradável, intensificado após relações sexuais ou menstruação. Assim como, o contato com novos microrganismos, fumo e uso de anticoncepcionais orais podem desencadear o quadro. Os sintomas incluem corrimento perolado, odor característico, piorando após sexo ou menstruação, e ao teste de Schiller, as paredes vaginais apresentam-se marrons homogêneas (FEBRASGO, 2010). A tricomoníase é considerada uma vulvovaginite infecciosa parasitária, provocada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, configura-se como uma das infecções sexualmente transmissíveis não virais de maior prevalência global. Dados epidemiológicos indicam que, apenas nos Estados Unidos, foram registrados aproximadamente 7,4 milhões de casos no início do século XXI. Esta parasitose representa significativo risco para a saúde reprodutiva feminina e atua como fator predisponente para coinfecções, particularmente com Neisseria gonorrhoeae. Embora possa infectar ambos os sexos, a manifestação sintomática é predominante em mulheres, pois nos homens é assintomática (GOJE & MUNOZ, 2017). O mecanismo patogênico envolve a adesão do parasita ao epitélio vaginal através de lipofosfoglicanos de superfície, seguida de nutrição por absorção de compostos extracelulares e fagocitose de microrganismos e células do hospedeiro. A captação de ferro proveniente de eritrócitos fagocitados potencializa sua virulência, desencadeando processos inflamatórios que aumentam a suscetibilidade a outras infecções, incluindo o HIV (LINHARES et al., 2018).
A Vaginite inflamatória descamativa é uma vulvovaginite infecciosa recentemente descrita, com pouco conhecimento disponível. Ela ocorre com menor frequência em comparação a outras infecções e está associada à presença de estreptococos do grupo B. Essa condição é mais comum em mulheres próximas ou durante a menopausa (PALADINE & DESAI, 2018; LINHARES et al., 2018). O quadro clínico é caracterizado por irritação vaginal persistente, corrimento esverdeado ou amarelado, e intenso eritema na vagina e colo uterino (SIMÕES, 1999).
As vaginoses irritativas são causadas por agentes químicos que quando entram em contato com a região genital, causam irritação. Esses agentes incluem sabonetes, tampões, dispositivos contraceptivos, produtos tópicos, duchas, medicamentos e até roupas íntimas. Os sintomas incluem prurido, ardência e eritema, com tendência a melhorar com a suspensão do contato com o fator irritativo (PALADINE & DESAI, 2018).
As vulvovaginites alérgicas são induzidas por contato e mediadas por fatores imunológicos, com causas como hipersensibilização a medicamentos, cosméticos íntimos, antígenos de fungos ou protozoários, látex de preservativos, diafragma, espermicidas, entre outros. A clínica é semelhante à vaginite irritativa, com ardor, prurido e eritema. O tratamento é eficaz quando o diagnóstico é correto, especialmente em pacientes atópicos, com o uso de anti-histamínicos e, se houver infecção, tratamento específico (FEBRASGO, 2010).
Na vaginose citolítica, há proliferação excessiva de Lactobacillus na microbiota vaginal, levando à citólise das células epiteliais da mucosa vaginal, cujos produtos causam os sintomas. A clínica se assemelha à candidíase vaginal, com corrimento esbranquiçado e prurido, que piora no período menstrual. Outros sintomas incluem disúria, queimação, ardor e dispareunia (LINHARES et al., 2018).
Por isso, as vulvovaginites são uma das principais queixas de mulheres nos consultórios ginecológicos, com sua fisiopatologia envolvida em alterações na flora vaginal. Os agentes etiológicos e a fisiopatologia podem variar, sendo o diagnóstico realizado por exames específicos, como a pesquisa de patógenos ou alterações no pH local. Mais que isso, as vaginoses causam desconforto, e as queixas das pacientes devem ser respeitadas. Além das consequências psicológicas, essas patologias enfraquecem o sistema imunológico da região vaginal, tornando-a mais suscetível a infecções e ao desenvolvimento de outras doenças sexualmente transmissíveis.
3 METODOLOGIA
O estudo foi estruturado como uma pesquisa bibliográfica que utilizou como método a revisão integrativa de literatura. Desse modo, para atingir o objetivo desta pesquisa, foi dividido o processo de pesquisa em quatro etapas, sendo a formulação da pergunta norteadora: “Qual o impacto das vulvovaginites e vaginoses na qualidade de vida das mulheres?”
Na seleção de descritores e bases de dados: foi realizado o processo de escolha das palavras-chave e das fontes de informação utilizadas ( Figura 1 ).
Coleta de dados e análise: na terceira etapa, os materiais selecionados foram coletados e revisados para avaliar sua relevância, utilizando critérios de inclusão. Por fim, documentou-se as fontes revisadas e a metodologia de amostragem da literatura que foi analisada na pesquisa.
FIGURA 1: Fluxograma de identificação dos artigos científicos para a revisão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em geral, esta pesquisa evidencia que os estudos apresentados acima convergem para a ideia de que são muitos os impactos das vulvovaginites recorrentes na qualidade de vida das mulheres.
Segundo o estudo de Santos, et al., (2017), através de uma pesquisa analítica quali – quantitativa, com mulheres atendidas na Unidade de saúde Horácio Nóbrega, foram analisados 22 laudos de exames citológicos, dentre eles, 19 laudos positivos para VB- Gardnerella Vaginalis, 1 laudo para Candida Albicans e 2 sem agentes etiológicos definidos, então, (87 %) de Vaginose bacteriana, (4%) de Candida e (9%) de Cocos. O estudo permite-se concluir que o agente etiológico de maior prevalência de vaginites nas mulheres foram por Gardnerella vaginalis representando 87% dos laudos de citologia cérvico-vaginal, sendo incidente em mulheres de várias faixas etárias de idade, exceto nas de idade superior a 60 anos. Conclui-se que, o exame citológico além de ser usado para a detecção de agentes infecciosos causadores de vaginites, representa um exame importante para o atendimento público de saúde na prevenção e no diagnóstico, por ser um exame de baixo custo.
O estudo de Fukazawa, (2018), mostra através de um estudo transversal analítico caso controle, foi realizado com 100 mulheres com diagnóstico de candidíase na região íntima e 101 mulheres saudáveis. Dessa forma, a pesquisa consistiu em dividir as mulheres em dois grupos, sendo o grupo 1, de mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente e o grupo 2, de mulheres sadias como controle. As médias etárias das mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente foram 34,0 e o grupo controle foi 32,2 anos. Os resultados da pesquisa, mostram os escores médios das dimensões do WHOQOL-bref para a percepção da qualidade de vida (59,7), satisfação com a saúde (46,7), físico (54,4), psicológico (56,8), social (51,5), meio ambiente (43,5) para mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente foram menores do que os do grupo controle: qualidade de vida (71,3), satisfação com a saúde (67,1), físico (68,5), psicológico (65,8), social (69,1) e meio ambiente (57,4). O coeficiente alfa de Cronbach resultou maior do que 0,8 para as questões gerais e maior do que 0,65 para questões específicas, indicando uma consistência interna quase perfeita e substancial respectivamente. Assim, a percepção da qualidade de vida e a satisfação com a saúde estiveram muito reduzidas nas mulheres com CVVR (p < 0,001). No domínio físico a percepção de dor, falta de energia, problemas com o sono, redução da atividade diária, dependência de medicações ou tratamentos apresentaram-se aumentados em mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente (p < 0,001). No domínio psicológico tais mulheres referiram pouca afetividade, baixa autoestima, dificuldade na cognição e depreciação da imagem corporal (p < 0,001). Todos os aspectos sociais, incluindo atividade sexual também se mostraram reduzidos. No domínio do meio ambiente apresentaram menor satisfação em seu local de moradia, poucos recursos financeiros, menos atividades recreativas e alto índice de desemprego (p < 0,001). Logo, a Candidíase vulvovaginal recorrente impactou de maneira negativa múltiplos aspectos do bem-estar das mulheres afetadas.
Nesse contexto, Felix, (2019) realizou um estudo transversal com 100 mulheres de 18 a 45 anos. Verificou-se, que os resultados de exame citológico que constaram alteração da microbiota vaginal, sendo o microrganismo mais frequente foi Gardnerella vaginalis (n=25/83,3%). Desse modo, os resultados destes estudos evidenciaram que as pacientes que tiveram resultados dos exames citológicos com microbiota alterada (p < 0,05), apresentaram associação com odor alterado (OR=4,69/ p=0,0155), o hábito de higienizar a genitália com papel higiênico no sentido de trás para frente (OR=4,9/ p= 0,0212), infecção ou reações cutâneas/dermatites em decorrência da depilação na genital (OR=3,3/ p=0,0438) e uso de calça jeans apertada (OR= 4,0526/ p= 0,0107). O que acarreta, na alteração na microbiota vaginal que pode impactar negativamente a qualidade de vida das mulheres. Essas alterações associadas a sintomas como odor alterado, infecções e desconforto genital, podem causar constrangimento social, prejuízos à autoestima e ao bem-estar psicológico. Além disso, hábitos inadequados, como higiene incorreta, uso de roupas apertadas e práticas de depilação que levam a dermatites, agravam o quadro, gerando maior vulnerabilidade a infecções e desconforto físico. Esses fatores, somados, podem limitar as atividades diárias, impactar a vida sexual e aumentar a necessidade de cuidados médicos, prejudicando o equilíbrio emocional e social das mulheres.
Já no estudo realizado por Campos, (2021) com mulheres entre 18 e 60 anos, revelou que em relação aos hábitos de vida das mulheres envolvidas no estudo, foi possível perceber que dentre as oito que estavam sexualmente ativas, quatro delas não faziam uso de preservativo nas relações sexuais. Além disso, a maioria delas utilizava roupas íntimas justas e/ou sintéticas, oito possuíam queixas de estresse e/ou ansiedade e cinco possuíam uma dieta com excesso de açúcares, o que está diretamente ligada com a qualidade de vida dessas mulheres. Além disso, o autor ainda destaca a utilização do LED azul 401 ± 5 nm em mulheres com queixas clínicas de vulvovaginites foi benéfico para o tratamento dos sintomas, como, prurido, dor, disúria e para melhorar a função sexual, em acompanhamento de curto prazo.
De acordo com Ximenes, et al., (2024), que realizou uma pesquisa descritiva, de corte transversal, observacional e retrospectivo, com 115 pacientes atendidas em consultório ginecológico. Sendo que, do total de pacientes, 30 (26%) apresentaram corrimento vaginal de repetição, já tendo sido realizados vários tratamentos, sendo 22 casos de Candidíase Vulvovaginal (19,1%), seis casos de Vaginose Bacteriana (5,2%) e dois casos de Vulvovaginite indeterminada. Ademais, das 22 pacientes com Candidíase Vulvovaginal de repetição, apenas 19 realizaram o tratamento específico para o microrganismo encontrado em exame de PCR, ficando 11 curadas, sete sem informações após o tratamento e quatro não curadas. Das seis pacientes com Vaginose Bacteriana de repetição, três pacientes ficaram curadas, duas pacientes estão sem informações e uma não ficou curada. O estudo demonstrou a existência de uma taxa elevada de mulheres que possuem algum microrganismo patogênico na secreção vaginal. Dessas mulheres, a grande maioria são jovens que não usam preservativos, atentando para a exposição comportamental que predispõe à aquisição de IST’s. Assim, um número alto desses pacientes, que corresponde a 26%, apresentou corrimentos de repetição e pelo menos 50% delas foram comprovadamente curadas desses corrimentos após tratamento da IST.
Portanto, diante do exposto, é evidente que as vulvovaginites recorrentes representam um significativo impacto na qualidade de vida das mulheres, influenciando aspectos físicos, emocionais e sociais. Os estudos analisados demonstram que essas condições estão associadas a fatores como hábitos inadequados, microbiota vaginal alterada e falta de prevenção, acarretando sintomas desconfortáveis e comprometendo a autoestima e o bem-estar e o convívio em sociedade em determinadas localidades. Além disso, essas infecções podem limitar as atividades diárias, prejudicar a vida sexual e aumentar a necessidade de intervenções médicas. Assim, torna-se essencial promover ações educativas, aprimorar o diagnóstico e implementar estratégias preventivas e terapêuticas acessíveis, visando minimizar os efeitos dessas patologias e melhorar a saúde e qualidade de vida das mulheres.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que as vulvovaginites recorrentes impactam negativamente a qualidade de vida das mulheres, abrangendo aspectos físicos, psicológicos e sociais. Os dados apresentados demonstram que fatores como a prevalência de agentes etiológicos, a exemplo da Gardnerella vaginalis e da Candida sp, bem como hábitos inadequados de higiene, uso de roupas íntimas inadequadas, práticas de depilação e ausência de medidas preventivas, são determinantes para o agravamento dessas condições.
Adicionalmente, os sintomas associados, como odor alterado, desconforto genital, prurido e dor, comprometem significativamente o bem-estar emocional e físico, limitando as atividades diárias, prejudicando a vida sexual e gerando constrangimento social. Estudos evidenciaram que tais infecções podem levar a um declínio na autoestima, dificuldades na cognição, insatisfação com a saúde e maior dependência de intervenções médicas.
Esses achados reforçam a importância de intervenções educativas voltadas à promoção de hábitos saudáveis e à prevenção das infecções, além da relevância do exame citológico na detecção precoce e acompanhamento clínico das pacientes. Tais estratégias são essenciais para minimizar os impactos das vulvovaginites recorrentes e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas, promovendo um cuidado mais abrangente e eficaz na saúde pública.
Por fim, destaca-se a necessidade de novos estudos para explorar abordagens inovadoras no diagnóstico e tratamento, além de políticas de saúde que ampliem o acesso a orientações preventivas e terapêuticas, favorecendo um impacto positivo na saúde feminina.
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