O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL DOS JOVENS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11581477


Antonia Doriana Araújo Veras¹;
Orientadora: Ana Carolina Donda².


RESUMO

Atualmente, a internet vem ganhando espaço e é considerado um dos principais meios de comunicação, sendo uma possibilidade de socialização à distância pelas redes sociais, especialmente pelos adolescentes. Apesar dos benefícios desse recurso em diversas áreas, seu uso excessivo tem gerado dependência e afetado as relações sociais, causando consequências na saúde mental dos indivíduos, principalmente dos adolescentes e jovens. Desse modo, o objetivo desse estudo buscou identificar os impactos da exposição às redes sociais na saúde mental dos jovens. Este estudo trata – se de uma revisão sistemática em que a coleta de dados se deu através da identificação e a seleção de estudos publicados em bases de dados disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e Scientific Electronic Library On-line (SciELO). Os resultados mostraram que existe uma ligação entre o uso das redes sociais e a saúde mental entre jovens. Também foi possível perceber que as redes sociais virtuais podem evidenciar problemas sociais e ter efeitos significativos na vida de todos, incluindo ansiedade, depressão e dependência. A enfermagem é essencial nas redes de apoio social na atenção à saúde para o enfrentamento dos problemas de saúde, também as intervenções tornam a prática mais complexa e fundamental para a qualidade de vida promovendo promoção de saúde.

Palavras-chave: Saúde Mental. Redes Sociais. Enfermagem.

ABSTRACT

Currently, the internet is gaining ground and is considered one of the main means of communication, providing a possibility for socializing remotely through social networks, especially for teenagers. Despite the benefits of this resource in several areas, its excessive use has generated dependence and affected social relationships, causing consequences for the mental health of individuals, especially adolescents and young people. Therefore, the objective of this study sought to identify the impacts of exposure to social networks on the mental health of young people. This study is a systematic review in which data collection took place through the identification and selection of studies published in databases available in the Virtual Health Library (VHL), Google Scholar and Scientific Electronic Library On line (SciELO). The results showed that there is a link between the use of social networks and mental health among young people. It was also possible to realize that virtual social networks can highlight social problems and have significant effects on everyone’s lives, including anxiety,  depression and addiction. Nursing is essential in social support networks in health care to face health problems. Interventions also make the practice more complex and fundamental for quality of life, promoting health promotion.

Keywords: Mental Health. Social media. Nursing.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a internet vem ganhando espaço e é considerado um dos principais meios de comunicação, sendo uma possibilidade de socialização à distância pelas redes sociais, especialmente pelos adolescentes. O acesso nesse público tornou-se um hábito comum, já que 81% dos jovens, entre 15 e 17 anos de idade usam internet todos os dias (SALES; COSTA; GAI, 2021).

Esse cenário vem crescendo e ampliando o acesso à informação na sociedade. A internet é considerada como uma ferramenta indispensável pelo uso em excesso contribuindo para o surgimento de ansiedade e danos à saúde física e mental gerando dependência digital, mudança na qualidade de vida e no sono, baixa autoestima e depressão (FREITAS et al., 2022).

Nessa perspectiva, o uso das redes sociais é um desafio e preocupação, principalmente por ainda estar em desenvolvimento físico e cognitivo estando mais susceptível as consequências desencadeasse pela exposição excessiva às redes sociais (SALES; COSTAS; GAI, 2021).

Segundo o estudo de Lima e Primo (2021), os brasileiros desbloqueiam seus celulares em média 78 vezes por dia com maior participação entre os jovens de 18 a 24 anos e esse número com média de 101 vezes por dia. Desse modo, é preocupante e desafiador a assistência a esses jovens, tendo em vista que a enfermagem é o primeiro contato na atenção primária de saúde, sendo esse profissional deve ter a capacidade de identificar fatores de risco, sofrimento que afeta sua qualidade de vida e a própria vida (PESSOA et al., 2020).

O uso indiscriminado das redes sociais pelos jovens faz questionamentos em torno do impacto ao redor. A questão norteadora consiste em: “quais agravos na saúde mental estão relacionados aos jovens?’

Desse modo, o objetivo desse estudo buscou identificar os impactos da exposição às redes sociais na saúde mental dos jovens. Portanto, este estudo busca contribuir e alertar a sociedade, pais e adolescentes que a exposição das redes sociais podem trazer sérios danos à saúde mental comprometendo a qualidade de vida e desempenho na escola e tarefas diárias.

2 MATERIAIS E MÉTODOS  

Este estudo trata – se de uma revisão sistemática em que a coleta de dados se deu através da identificação e a seleção de estudos publicados em bases de dados disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e Scientific Electronic Library On line (SciELO).

Os descritores para compor essa pesquisa estão presentes na lista dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e MeSH: “saúde mental”, “enfermagem, “enfermagem psiquiátrica’’. Foram considerados estudos publicados nos últimos 5 anos que tinham resultados relevantes para a temática proposta e publicados em periódicos nacionais e internacionais na língua inglesa e portuguesa.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Redes Sociais

A adolescência é definida como uma fase de transição de início na puberdade e termina quando atinge a independência e estabilidade na sociedade. Compreende faixa etária de idade de 11 e 19 anos com alterações físicas, cognitivas, emocionais e sociais (LORENZETI et al., 2021).

Nesse sentido, a inserção da internet nesse público permite a interação através de plataformas de redes sociais. As redes sociais ao mesmo tempo que permite a troca de informações pode alterar o humor de modo negativo (TABOGA; JÚNIOR, 2021).

Segundo Arirama, Reis e Ribeiro (2023) a rede social permite manter uma conexão social com amigos e familiares, mesmo que esteja distante podendo compartilhar momentos. 

As redes sociais fazem parte da vida dos jovens de forma intensa pela facilidade e possibilidades de comunicação com aparelhos de alta tecnologia e acesso à internet. No entanto, esse uso rotineiramente influência a interação social entre os adolescentes tornando prejudicial e até mesmo viciante (FREITAS et al., 2021).

Segundo Taboga e Júnior (2021) é importante os indivíduos identificarem o limite para o uso das redes sociais. Os jovens apresentam uma autoestima que é susceptível para influências podendo ser baixas e altas. Entretanto o uso exagerado pode interferir à saúde mental e levar sintomas de depressão e baixa autoestima, sendo observado o público feminino o mais vulnerável nessa questão.

Ademais vários aspectos influência os jovens a aderir as redes sociais de modo exacerbado, principalmente pela propagação de imagens de corpos e estilo de vida não condizente ao mundo real. Logo o jovem busca por esses padrões estabelecidos trazendo consequências como a frustação e desenvolver transtorno de ansiedade (LORENZETI et al., 2021).

Conforme Sales, Costa e Gai (2021) as mídias digitais persuade na autoestima do adolescente na busca pela imagem perfeita e aceitação do corpo. Desse modo, esses modelos impostos pela sociedade refletem nos jovens pela busca de padrões de beleza com maior frequência nos softwares crescendo à prática de cyberbullyinge e transtornos associados à imagem corporal.

As redes sociais ocupam espaço importante na vida dos jovens e interfere na construção de identidades e comportamentos. É um meio que é utilizado para diversos fins, entre eles relacionamento online por aplicativos de namoro, aumentando o risco para sexo desprotegido, múltiplos parceiros e violência sexual entre os jovens (FREITAS et al., 2021).

Outro atrativo pelos jovens são os jogos eletrônicos juntamente com as redes sociais sendo intenso essa procura, podendo desenvolver comportamento de dependência com impactos na saúde mental. Isso deve-se deficiência do controle do uso da internet, jogos provocando sofrimento intenso em outras áreas como relacionamentos interpessoais e nos estudos (SALES; COSTA; GAI, 2021).

Outrossim a preocupação com uso das redes sociais abarga bem-estar físico e psicológico com maior visibilidade aos transtornos mentais. Freitas et al. (2021) destaca a série “13 Reasons Why” e o jogo “Baleia Azul” que aborda questões emocionais ao público de jovens como depressão, prática de bullying e automutilação agravos estes que colaboram para o aumento da morbimortalidade.

3.2 Impacto do uso das redes sociais na Saúde Mental

Vale ressaltar que a internet quando usada de modo consciente e moderado não causa prejuízo, porém o uso abusivo pelos jovens vem sendo retratado como risco para saúde mental. Além disso, presente agressões verbais, mensagens mal interpretadas, mudanças de hábitos, falta de respeito com os pais e até desestruturação familiar. Isso tem elevado as taxas de incidências de depressão (SOUZA; CUNHA, 2019).

As redes sociais têm se tornado uma parte essencial da comunicação e interação social na vida dos jovens. No entanto, tem associado a efeitos negativos na saúde mental, como ansiedade, depressão, estresse, superexposição, comparações sociais, baixa autoestima e ao suicídio (ALENCIO, 2022). 

A vulnerabilidade dos jovens as redes sociais são grandes podendo rapidamente tornar-se um vício. Assim, a tecnologia propicia para o isolamento social, limitando capacidade de socialização não conseguindo distinguir a realidade do mundo virtual. Às vezes, o uso dessa tecnologia dificulta lidar com os problemas reais, usando como uma fuga e sem controle de uso (SANTOS et al., 2024).

Quanto mais precoce for a exposição as redes sociais, maior as chances de mudança de comportamentos, qualidade sono, assédio online, autoestima e imagens corporais. O público em destaque é o sexo feminino havendo associação com sintomas depressivos (TABOGA; JÚNIOR, 2021).

Segundo estudo de Broto (2024) ao analisarem cerca de 1,8 mil indivíduos com acesso diários as redes sociais, os mais viciados têm quase o triplo de chances de desenvolver depressão, já que que o abuso na interação virtual aumenta essa tendência.

Como visto, a fase da adolescência passa por diversas transformações e construção de identidade, sendo vulneráveis a sintomas de tristeza, ansiedade e depressão. Nesse víeis, é necessário ter consciência da gravidade do uso excessivo das redes sociais tendo maior propensão para desenvolvimento de transtornos mentais, especial a ansiedade, sendo importante maior controle dos pais para que não haja prejuízo (LORENZETTI et al., 2021). 

A internet pode ser entendida como um catalisador de fatores de risco para à saúde mental potencializando os comportamentos já existentes (LORENZETTI et al., 2021). Diante isso, as consequências são de ordem psíquica, socia, biológica como isolamento, agressividade, dificuldade de concentração, depressão, isolamento, ansiedade, alienação, intolerância e suicídio (FREITAS et al., 2021).

Sales, Costa e Gai (2021) destaca -se no estudo prejuízos relacionado à saúde mental tais como, baixa autoestima, conflito familiar, queda no desempenho escolar, depressão, ansiedade, isolamento, sentimento de culpa, sendo necessário a prevenção. Também, Lavalle et al. (2020) menciona os riscos dos conteúdos maliciosos e ao cyberbulling afetando a integralidade física, social e mental do adolescente.

Ferreira et al. (2019) aponta para grande impacto na autoestima dos jovens com distorções da autoimagem, principalmente as mulheres. Logo, a preocupação maior é quando afeta diversas áreas como a vida acadêmica, profissional, familiar e social (SILVA et al., 2022).

Dentre os transtornos, o mais comum é a ansiedade, que refere a sentimentos e inquietação interior, podendo acompanhar outros sintomas. Os jovens não interagem com outras indivíduos, apresenta ganha de peso, perda de sono e desempenho nas atividades diárias, torna -se mórbidos e depressivos. Indivíduos com esse transtorno apresentam-se tímidos e autocríticos em situações pela necessidade de interação social, o que leva a um comportamento rígido com aumento de tensão, além de dificuldades na comunicação verbal, o que pode prejudicar a atividade social. (LIMA; PRIMO, 2021).

Além disso, os jovens podem apresentar quadros depressivos podendo estar acompanhado ou não de irritabilidade e instabilidade de humor. Também apresentam humor deprimido, alterações significativas de peso (perda ou ganho), distúrbios do sono (insônia ou hipersonia), agitação ou retardo psicomotor, fadiga, perda de energia, sentimento de culpa e inutilidade, enfraquecimento da capacidade de pensar, distúrbios de concentração, pensamentos sintomas recorrentes relacionados à morte e pensamentos suicidas. Por conta dessas complicações, podem iniciar, inclusive, o uso de álcool e outras substâncias psicoativas (VALÊNCIO, 2022)

3.3 Assistência de enfermagem 

Mediante a explanação das redes sociais e as consequências na vida dos jovens, especialmente à saúde mental. É fundamental que busquem entender a dimensão dos danos e risco para si. A atenção Primária a Saúde (APS) é responsável por estimular práticas sociais atuando na prevenção de comportamentos de suicídio juntamento com a atuação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) fortalecendo a saúde mental dos adolescentes com grupos de apoio com participação da psicóloga (FREITAS et al., 2021).

Nesse sentindo, o enfermeiro como membro da equipe multiprofissional atua na assistência da saúde mental de forma holística e individualizada identificando os problemas e necessidades, bem como contribuindo para diminuição dos casos de adoecimento mental (FREITAS et al., 2021).

É importante esses profissionais estarem qualificados para prestar recursos de apoio com criação de organizações disseminando informações, apoio e estabelecendo vínculo (ARIAMA; REIS; RIBEIRO, 2023). A enfermagem trabalha com promovendo autonomia e a qualidade de vida, bem como, contribuindo para a promoção da saúde e o alívio do sofrimento. 

Figura 1: Autor Próprio

As atribuições do enfermeiro centram-se na promoção da saúde mental, na prevenção dos transtornos mentais, no auxílio ao enfrentamento do estresse causada pelas enfermidades mentais e na capacidade de ajudar o paciente, a família e a comunidade. Para cumprir as atribuições do enfermeiro, deve utilizar a percepção, formular interpretações válidas, delinear o campo de atuação por meio de decisões, planejar o cuidado, avaliar comportamentos e desenvolvimento do processo. Essas ações fazem parte do processo de cura e devem nortear as relações interpessoais e terapêuticas (SANTOS et al., 2024).

A capacitação dos profissionais na APS é essencial para atender esses jovens, principalmente a enfermagem que trabalha de forma holística podendo ser através da consulta de enfermagem, visitas domiciliares, grupos de apoio e ações educativas devendo estar preparado apar atender e fornecer segurança, conforme mostra a figura1 (PESSOA et al., 2020).

Desse modo, o profissional de enfermagem por ser o profissional de primeiro contato deve ser capaz de identificar problemas. Além de orientar e buscar a resolução desses problemas através da atenção integral, compreendendo o adolescente como um ser em desenvolvimento e com particularidades (FREITAS et al., 2021).

4 CONCLUSÃO

Os meios de comunicação como a internet possibilita a interação entres os indivíduos sendo saudável quando utilizado de forma limitada. No entanto, o uso de forma excessiva torna-se prejudicial em diversos aspectos dos jovens como social, familiar e mental. Esse abuso das redes sociais desconecta com o mundo real e distância das relações interpessoais. 

Desse modo, é crescente atualmente o número de jovens que gastam grande parte do tempo, destinado as redes sociais. O risco à saúde mental é nítido nesse público como desenvolvimento de ansiedade, tristeza, isolamento, depressão, desempenho baixo na escola e baixa autoestima repercutindo também nos laços familiares.

Portanto, equilibrar os efeitos do uso das redes social é um desafio sendo necessário a intervenção em conjunto da escola, dos pais através de uma linguagem clara. A atuação do enfermeiro na saúde mental desempenha papel fundamental na promoção da recuperação e do bem-estar dos pacientes com problemas, ajudando-os a adaptar ao mundo real e enfrentar os desafios emocionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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¹Acadêmica do 10ºperíodo do curso de enfermagem do Centro Universitário do Sudoeste Goiano, Rio Verde – Goiás.
²Professora Mestre do Centro Universitário do Sudoeste Goiano, Rio Verde – Goiás.