O IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE NA GESTÃO COLABORATIVA DE CUIDADOS CRÔNICOS

THE IMPACT OF HEALTH INFORMATION TECHNOLOGY ON COLLABORATIVE CHRONIC CARE MANAGEMENT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8140972


Carlos Alberto Lopes1; Débora Martins de Moura Lopes2; Patrick Martins Barbosa Brito3; Renan Moura Silva4; Flávio Salomão-Miranda5; José Leandro Santos da Silva Filho6; Evanio da Silva7; Gerciano Monteiro de Carvalho8; Paulo Reis Lião Silva9; Shayene Requieri Barreira Rosário Ribeiro10; Renata Araujo Silva11; Omilto de Souza Machado Filho12; Odirley Cavalli dos Santos13.


RESUMO 

Nos últimos anos, a tecnologia da informação vem desempenhando um papel cada vez mais importante na área da saúde, transformando a maneira como os cuidados são gerenciados e fornecidos aos pacientes. Em particular, a gestão colaborativa de cuidados crônicos têm se beneficiado significativamente do avanço tecnológico, proporcionando melhores resultados e qualidade de vida para os pacientes. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar o impacto da tecnologia da informação em saúde na gestão colaborativa de cuidados crônicos. Para a construção deste artigo foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e ScienceDirect, com auxílio do gerenciador de referências Mendeley. A utilização da tecnologia da informação em saúde oferece várias vantagens, como melhor acesso a informações médicas, compartilhamento eficiente de dados entre profissionais de saúde e pacientes, e possibilidade de intervenções preventivas e personalizadas. No entanto, é fundamental garantir a privacidade dos dados, promover a autonomia do paciente, abordar as desigualdades de acesso e garantir a responsabilidade no uso dos dados de saúde.

Palavras-chave: Saúde Telemental, Tecnologia da Informação em Saúde, Estratégias de Saúde, Atenção Primária à Saúde.

SUMMARY

In recent years, information technology has played an increasingly important role in healthcare, involving the way care is managed and delivered to patients. In particular, collaborative management of related care has significantly benefited from technological advancement, providing better outcomes and quality of life for patients. Given this context, the objective of this study is to analyze the impact of health information technology on the collaborative management of chronic care. For the construction of this article, a bibliographic survey was carried out in the SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo) and ScienceDirect databases, with the help of the Mendeley reference manager. The use of health information technology offers several advantages, such as better access to medical information, efficient sharing of data between health professionals and patients, and the possibility of preventive and personalized interventions. However, it is critical to ensure data privacy, promote patient autonomy, address access inequalities, and ensure accountability in the use of health data.

Keywords: Telemental Health, Health Information Technology, eHealth Strategies, Primary Health Care.

1. INTRODUÇÃO 

Nos últimos anos, a tecnologia da informação vem desempenhando um papel cada vez mais importante na área da saúde, transformando a maneira como os cuidados são gerenciados e fornecidos aos pacientes. Em particular, a gestão colaborativa de cuidados crônicos têm se beneficiado significativamente do avanço tecnológico, proporcionando melhores resultados e qualidade de vida para os pacientes (CONTRERAS PINOCHET; LOPES; SILVA, 2014).

Os cuidados crônicos referem-se a condições de saúde que requerem acompanhamento e gerenciamento contínuos, como diabetes, doenças cardíacas, doenças respiratórias crônicas e doenças mentais. Essas condições exigem uma abordagem abrangente e coordenada, envolvendo uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde. No entanto, o gerenciamento eficaz desses cuidados é um desafio, pois requer a comunicação e colaboração eficientes entre os diferentes profissionais de saúde envolvidos, bem como o monitoramento constante dos pacientes (MIRANDA et al., 2021).

A tecnologia da informação em saúde, incluindo sistemas eletrônicos de registro médico, telemedicina, aplicativos móveis e dispositivos de monitoramento remoto, tem o potencial de melhorar a gestão colaborativa de cuidados crônicos. Essas soluções tecnológicas permitem a troca rápida e segura de informações entre os membros da equipe de saúde, facilitando a tomada de decisões conjuntas e o acompanhamento do progresso do paciente  (CONTRERAS PINOCHET; LOPES; SILVA, 2014).

Além disso, a tecnologia da informação pode capacitar os pacientes a participarem ativamente de seu próprio cuidado, fornecendo acesso a informações relevantes, recursos educacionais e ferramentas de autogerenciamento. Isso permite que os pacientes monitorem seus sintomas, façam ajustes em seu tratamento e se envolvam em decisões compartilhadas com a equipe de saúde  (CONTRERAS PINOCHET; LOPES; SILVA, 2014; MIRANDA et al., 2021).

Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar o impacto da tecnologia da informação em saúde na gestão colaborativa de cuidados crônicos. Serão explorados estudos e evidências que demonstram os benefícios e desafios do uso da tecnologia no gerenciamento de condições crônicas, bem como os aspectos éticos, legais e de segurança relacionados a essa abordagem. A compreensão desses aspectos pode fornecer insights valiosos para aprimorar a implementação e adoção da tecnologia da informação em saúde, visando melhorar os resultados e a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas.

2. METODOLOGIA

Este artigo consiste em uma revisão integrativa de literatura de natureza qualitativa. A revisão de literatura permite uma investigação aprofundada de diversos autores e referências sobre um tema específico (PEREIRA et al., 2018).

Para a construção deste artigo, foi estipulado um plano metodológico composto por seis etapas, com o intuito de direcionar a estrutura da revisão integrativa. Essas etapas abrangem a concepção da questão direcionadora, a arrumação dos critérios de incorporação e exclusão, a investigação na literatura, a descrição dos dados extraídos de cada estudo, a avaliação dos estudos incluídos na pesquisa, a interpretação dos resultados e a exposição da revisão.

Foram realizadas buscas avançadas utilizando estratégias detalhadas e individualizadas em quatro bases de dados: SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online – Scielo e ScienceDirect. Os artigos foram coletados no mês de junho de 2023 e abrangeram o período de 2010 a 2023. 

A estratégia de pesquisa desenvolvida teve como objetivo identificar de forma precisa e abrangente os artigos relevantes para este estudo. Para isso, utilizou-se uma combinação estruturada de termos MeSH (Medical Subject Headings), considerando tanto o idioma português quanto o inglês. Essa abordagem permitiu uma busca abrangente e abrangente, abrangendo uma ampla gama de fontes de informação relevantes.

Foram adotados critérios de inclusão rigorosos para garantir a seleção dos artigos mais pertinentes para este estudo. Os critérios de inclusão abrangeram a inclusão de artigos completos, disponíveis na íntegra, provenientes das bases de dados mencionadas, nos idiomas inglês e português, desde que estivessem diretamente relacionados ao objetivo desta pesquisa. Por outro lado, foram aplicados critérios de exclusão para remover artigos incompletos, duplicados, resenhas, estudos in vitro e resumos, com base nos critérios predefinidos. Essa abordagem garantiu a seleção de artigos de alta qualidade e relevância para a análise e interpretação dos resultados obtidos.

A estratégia de pesquisa adotada baseou-se na avaliação dos títulos para identificar estudos relacionados ao tema em consideração. Em seguida, foram examinados os resumos e, se considerados pertinentes, os artigos completos foram selecionados para uma leitura detalhada. Na fase metodológica subsequente, foi realizada a investigação e a leitura abrangente dos artigos previamente selecionados, sendo cada um deles analisado de maneira criteriosa para determinar sua inclusão na amostra. Essa abordagem sistemática permitiu a identificação e seleção dos estudos mais adequados para integrar a revisão integrativa, garantindo a confiabilidade e validade dos resultados obtidos.

Dessa forma, a metodologia adotada neste estudo permite uma abordagem abrangente e sistemática da literatura existente sobre o tema, fornecendo uma base sólida para a discussão e conclusões apresentadas no artigo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Com base na exploração da literatura nas bases de dados eletrônicas mencionadas, foram encontrados 2795 artigos científicos, dos quais 324 apresentaram duplicações em dois ou mais índices. Após uma cuidadosa revisão dos títulos e resumos dos artigos restantes, 2390 foram excluídos. Em seguida, procedeu-se à leitura completa de 81 artigos, sendo que, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, apenas 22 artigos foram considerados adequados para serem incluídos neste estudo. Um fluxograma detalhado, representando todas as etapas de seleção, pode ser visualizado na figura 1.

Figura 1 Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.

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Fonte: os autores, 2023.

Os resultados desta pesquisa destacaram os impactos positivos da tecnologia da informação em saúde na gestão colaborativa de cuidados crônicos. Diversos estudos têm mostrado que a implementação de sistemas eletrônicos de registro médico e plataformas de comunicação entre profissionais de saúde melhora a coordenação e a colaboração na prestação de cuidados aos pacientes. Essas ferramentas permitem o compartilhamento rápido de informações relevantes, reduzindo erros de comunicação e melhorando a tomada de decisões conjuntas (LAWES-WICKWAR; MCBAIN; MULLIGAN, 2018; LIBERATI et al., 2021). 

Além disso, o uso de telemedicina e consultas virtuais têm demonstrado benefícios significativos, especialmente para pacientes com dificuldades de locomoção ou acesso limitado aos serviços de saúde. A teleconsulta permite a comunicação entre médicos e pacientes a distância, facilitando o monitoramento de sintomas, a revisão de resultados de exames e a realização de ajustes no tratamento, quando necessário. Isso resulta em maior comodidade para o paciente, redução dos custos com deslocamentos e diminuição do tempo de espera para atendimento (LAWES-WICKWAR; MCBAIN; MULLIGAN, 2018; LIBERATI et al., 2021).

A tecnologia da informação também tem promovido o empoderamento dos pacientes no gerenciamento de suas próprias condições crônicas. Aplicativos móveis e dispositivos de monitoramento remoto permitem que os pacientes monitorem seus sintomas, registrem suas medições, acompanhem sua adesão ao tratamento e acessem informações educativas relevantes. Essa abordagem centrada no paciente fortalece a autogestão, a participação ativa e a tomada de decisões compartilhadas entre os pacientes e os profissionais de saúde (PROUDFOOT et al., 2011).

No entanto, é importante destacar os desafios associados ao uso da tecnologia da informação em saúde. A segurança e privacidade dos dados são preocupações fundamentais, uma vez que as informações de saúde são sensíveis e devem ser protegidas contra acesso não autorizado. Além disso, a disparidade digital e a exclusão digital são obstáculos que precisam ser abordados, uma vez que nem todos os pacientes têm acesso igualitário à tecnologia ou habilidades para utilizá-la adequadamente (LAWES-WICKWAR; MCBAIN; MULLIGAN, 2018; PROUDFOOT et al., 2011)

Em termos éticos, é necessário estabelecer diretrizes claras sobre a responsabilidade e a autonomia na tomada de decisões baseadas em informações geradas pela tecnologia. Além disso, é essencial considerar a equidade no acesso aos recursos tecnológicos, para evitar a ampliação das desigualdades de saúde (HABY et al., 2016).

A proteção da privacidade dos pacientes é uma preocupação central. É essencial garantir que as informações de saúde sejam devidamente protegidas contra acesso não autorizado e que sejam utilizadas apenas para os fins pretendidos. Os profissionais de saúde e as instituições têm a responsabilidade de implementar medidas de segurança adequadas, como criptografia, autenticação de usuários e sistemas de controle de acesso, para proteger os dados de saúde contra violações (HABY et al., 2016).

Além disso, a autonomia e a tomada de decisões informadas são princípios éticos fundamentais no contexto da tecnologia da informação em saúde. Os pacientes devem ter o direito de consentir ou recusar o compartilhamento de suas informações de saúde e de tomar decisões informadas sobre seu próprio cuidado. É importante garantir que os pacientes sejam adequadamente informados sobre as implicações do uso da tecnologia, incluindo os riscos e benefícios, e que tenham a capacidade de tomar decisões informadas sobre o compartilhamento e o uso de seus dados de saúde (FIRTH et al., 2017).

A equidade no acesso à tecnologia da informação em saúde também é uma questão ética importante. É fundamental garantir que todas as pessoas, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico ou nível de educação, tenham acesso igualitário às ferramentas e recursos tecnológicos necessários para gerenciar suas condições crônicas. A exclusão digital, que se refere à falta de acesso ou habilidades para usar a tecnologia, pode ampliar as desigualdades de saúde, tornando crucial o desenvolvimento de estratégias para superar essa lacuna (FIRTH et al., 2017).

Outra consideração ética é a responsabilidade e a transparência no uso dos dados de saúde. Os profissionais de saúde e as instituições têm a obrigação de utilizar as informações de saúde dos pacientes de maneira responsável, garantindo que sejam usadas apenas para fins legítimos, como o diagnóstico, o tratamento e a pesquisa científica. Além disso, a divulgação transparente das políticas de privacidade e segurança de dados é essencial para promover a confiança dos pacientes na utilização da tecnologia da informação em saúde (FIRTH et al., 2017).

Em conclusão, a tecnologia da informação em saúde tem um impacto significativo na gestão colaborativa de cuidados crônicos. Ela melhora a comunicação entre os profissionais de saúde, permite a participação ativa dos pacientes em seu próprio cuidado e promove melhores resultados de saúde. No entanto, é necessário abordar os desafios relacionados à segurança dos dados, exclusão digital e questões éticas. A utilização responsável e efetiva da tecnologia da informação pode melhorar substancialmente a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas e otimizar a entrega de cuidados colaborativos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A utilização da tecnologia da informação em saúde oferece várias vantagens, como melhor acesso a informações médicas, compartilhamento eficiente de dados entre profissionais de saúde e pacientes, e possibilidade de intervenções preventivas e personalizadas. No entanto, é fundamental garantir a privacidade dos dados, promover a autonomia do paciente, abordar as desigualdades de acesso e garantir a responsabilidade no uso dos dados de saúde.

Para alcançar uma gestão colaborativa efetiva de cuidados crônicos, é necessário um enfoque ético que garanta a proteção dos dados dos pacientes e respeite a sua autonomia. Os profissionais de saúde devem implementar medidas de segurança adequadas para proteger as informações de saúde e devem obter o consentimento informado dos pacientes antes de compartilhar seus dados. Além disso, é importante promover a equidade no acesso à tecnologia da informação em saúde, considerando as barreiras socioeconômicas e digitais que podem impedir o acesso igualitário.

A transparência e a responsabilidade são elementos-chave para construir a confiança dos pacientes na utilização da tecnologia da informação em saúde. Os profissionais de saúde e as instituições devem divulgar de forma clara as políticas de privacidade e segurança de dados, fornecendo informações compreensíveis sobre como os dados são coletados, armazenados e compartilhados. Isso permitirá que os pacientes tomem decisões informadas sobre o uso de suas informações de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONTRERAS PINOCHET, L. H.; LOPES, A. D. S.; SILVA, J. S. Inovações e Tendências Aplicadas nas Tecnologias de Informação e Comunicação na Gestão da Saúde. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, v. 03, n. 02, p. 11–29, 2014. 

FIRTH, J. et al. The efficacy of smartphone-based mental health interventions for depressive  symptoms: a meta-analysis of randomized controlled trials. World psychiatry : official journal of the World Psychiatric Association (WPA), v. 16, n. 3, p. 287–298, out. 2017. 

HABY, M. M. et al. What are the best methodologies for rapid reviews of the research evidence for  evidence-informed decision making in health policy and practice: a rapid review. Health research policy and systems, v. 14, n. 1, p. 83, nov. 2016. 

LAWES-WICKWAR, S.; MCBAIN, H.; MULLIGAN, K. Application and Effectiveness of Telehealth to Support Severe Mental Illness  Management: Systematic Review. JMIR mental health, v. 5, n. 4, p. e62, nov. 2018. 

LIBERATI, E. et al. Remote care for mental health: qualitative study with service users, carers and  staff during the COVID-19 pandemic. BMJ open, v. 11, n. 4, p. e049210, abr. 2021. 

MIRANDA, A. DA S. et al. Intervenções Em Saúde Mental Mediadas Por Tecnologias De Informação E Comunicação No Contexto Da Atenção Primária À Saúde: Uma Revisão De Literatura. Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades – Volume 3, p. 227–247, 2021. 

PROUDFOOT, J. et al. Establishing Guidelines for Executing and Reporting Internet Intervention Research. Cognitive Behaviour Therapy, v. 40, n. 2, p. 82–97, 1 jun. 2011. 


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