O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA VIDA SOCIAL, PSICOLÓGICA E ALIMENTÍCIA DA POPULAÇÃO DE MACAPÁ – AP.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8040859


Natasha Correia Batista¹, Fernanda Louise Ferreira Dias², Fernanda Lambert de Andrade Freire³, Fabricio Oliveira Pacheco⁴, Maria Yasmin Ribeiro da Cruz⁵, Erinalva Gomes Lima⁶, Priscila Barros Pereira⁷, Eliane da Silva Lima⁸, Brenda Ludmilla Braga Vieira⁹, Rhaiza dos Santos Pinheiro¹⁰, Carlos Eduardo Amaral Paiva¹¹, Larissa Ribeiro Cardoso¹², Weliton dos Santos Lima¹³, Lidiane Cruz Garcia¹⁴, Elianderson Emanoel Monteiro de Melo¹⁵.


RESUMO

A pandemia por COVID-19 representa um dos maiores desafios da saúde, causando impactos na saúde e nas condições de vida das populações em todo o mundo. No Brasil, a pandemia amplifica as desigualdades sociais. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo analisar o impacto da pandemia de COVID-19 na vida social, alimentícia e psicológica dos habitantes da cidade de Macapá – AP. Trata-se de um estudo de caráter quantitativo, desenvolvido com habitantes do município de Macapá – AP, avaliando-se o impacto da pandemia de COVID-19 na vida social, alimentícia e psicológica da população. Para tanto, foi aplicado um questionário eletrônico por meio da plataforma digital Google Forms. Foi possível identificar mudanças de comportamento e hábitos das pessoas, ou seja, houve a transformação da vivência nas áreas social, psicológica e alimentar. Aliada à crise econômica e social em virtude da pandemia de COVID-19, observa-se o consequente aumento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais durante a pandemia. Destes, pode-se destacar a ação direta do vírus da COVID-19 no sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas, o estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social ou pelas consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações afetivas e, por fim, a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso.

Palavras-chave: Covid-19. Pandemia. Alimentação. Impactos. Vida social.

ABSTRACT

The COVID-19 pandemic represents one of the greatest public health challenges, impacting the health and living conditions of populations around the world. In Brazil, the pandemic amplifies existing social. In this context, this work aims to analyze the impact of the COVID-19 pandemic on the social, food and psychological life of the inhabitants of the city of Macapá – AP. This is a quantitative study, developed with inhabitants of the city of Macapá – AP, evaluating the impact of the COVID-19 pandemic on the social, nutritional and psychological life of the population. For that, an electronic questionnaire was applied through the digital platform Google Forms. Changes in people’s behavior and habits were identified, that is, there was a transformation in the experience in the social, psychological and food areas. Allied to the economic and social crisis caused by the COVID-19 pandemic, there is a consequent increase in psychological symptoms and mental disorders during the pandemic. Of these, one can highlight the direct action of the COVID-19 virus on the central nervous system, the traumatic experiences associated with the infection or death of close people, the stress induced by the change in routine due to measures of social distancing or economic consequences, in the work routine or in affective relationships and, finally, the interruption of treatment due to access difficulties.

Key Words: Covid-19. Pandemic. Food. Impacts. Social life.

INTRODUÇÃO

A pandemia da COVID-19 é um dos maiores desafios atuais de saúde, causando impactos na saúde, na alimentação e nas condições de vida das populações em todo o mundo. No Brasil, a pandemia amplia as desigualdades sociais, raciais e de gênero já existentes. Evidências científicas e clínicas sobre os efeitos subagudos e de longo prazo da COVID-19, mostram que o vírus é letal e afetam vários sistemas orgânicos. A crise sanitária, social e econômica provocada pela pandemia da COVID-19 ocorreu em muitos países e refletiram na capacidade científica, técnica e logística das organizações governamentais em adotarem diretrizes e ações práticas relevantes ao combate, controle e mitigação dos problemas gerados pela pandemia da COVID-19 em curto, médio e longo prazos (AQUINO; SILVEIRA; PESCARINI et al., 2020).

A pandemia da COVID-19 é considerada uma emergência mundial, pois sua rápida disseminação e alta taxa de mortalidade causaram graves interrupções. Pacientes com COVID-19 podem desenvolver pneumonia, sintomas graves de síndrome da angústia respiratória aguda (SDRA) e falência de múltiplos órgãos (CHEN, 2020; HUANG, 2020; WANG, 2020; ZHU, 2020).

Em virtude do avanço da maior campanha de vacinação da história do Brasil, o Brasil fechou o mês de outubro registrando o menor número de mortes por COVID-19 desde abril de 2020. Dados divulgados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, mostram que 11 mil pessoas morreram pela doença no mês de setembro, cujo levantamento foi realizado na segunda- feira – 1º de novembro. Em abril de 2020, o Brasil registrou 5,7 mil mortes pela doença. O número de outubro também é inferior ao totalizado em abril deste ano, quando a pandemia atingiu o pico de casos e óbitos, e 82,2 mil brasileiros perderam a vida para este vírus.

A queda no número de óbitos é registrada desde junho de 2021, quando o Programa Nacional de Imunizações (PNI) avançou na vacinação dos grupos prioritários previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19 (PNO). Os dados divulgados apontam a eficácia da campanha de vacinação no combate à crise pandêmica.

Atualmente, o Ministério da Saúde já enviou doses suficientes para imunizar todos os grupos prioritários, todos os brasileiros adultos com ao menos uma   dose   e   segue   nas   novas etapas da campanha, com a dose de reforço para idosos acima de 60 anos, pessoas imunossuprimidas e profissionais de saúde, além da imunização de adolescentes e as segunda e terceira doses da população (BRASIL, 2021).

Diante do maior número de pessoas vacinadas contra a COVID-19 no país, o processo de retomada das atividades está acontecendo gradualmente. Para entender às expectativas e aos aprendizados dos brasileiros para o cenário pós‐pandemia, o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) realizou a pesquisa “Vacina. TOMAR para RETOMAR” a pedido da Pfizer Brasil e da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). O questionário online foi respondido por 2000 internautas com 16 anos ou mais das regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro‐Oeste, entre os dias 19 e 29 de outubro de 2021.

O sentimento de segurança gerado com o aumento na taxa de imunização é o grande achado deste levantamento, em que 75% dos respondentes afirmaram que se sentem muito seguros ou seguros, contra 20% de inseguros ou muito inseguros. Apesar disso, a preocupação com uma nova onda de COVID-19 é real, já que 86% afirmam ter muito ou um pouco de medo de que isso aconteça. Além disso, as sensações despertadas pela ampliação da vacinação no país são de impacto positivo: esperança em primeiro lugar com 29%; seguida por otimismo com 24%; e alívio com 16%.

Só esses três sentimentos somam 69%, do total de 11 opções elencadas no questionário.

A maioria dos entrevistados mostra entender a importância da imunização contra a COVID- 19 e afirma que incentivou outros a se vacinarem. Quando questionados sobre os grupos que encorajaram a tomar a vacina, 85% responderam familiares, 61% amigos, 38% colegas de trabalho e/ou funcionários e 36% vizinhos. Nesta questão os respondentes podiam citar mais de uma resposta (SBIM, 2021).

No dia de hoje – 06 de dezembro de 2021 às 22:47 já foram contabilizadas 266.396.192 milhões de casos de pessoas infectadas, 5.261.867 milhões de mortes no mundo inteiro, sendo no Brasil 22.147.476 milhões de infectados e 615.744 mil mortes e no estado do Amapá 124.990 mil pessoas infectadas e 2005 mil mortes contabilizadas (Center for Systems Science and Engineering (CSSE) at Johns Hopkins University (JHU, 2021).

Diante desse cenário, cabe ressaltar o grande impacto da pandemia da COVID-19 na economia brasileira, na qual vem afetando toda a população. Uma queda de 4,3%, como prevista por analistas, a colocaria em patamar similar ao dos dois piores anos do PIB nacional: 1990 (-4,35%) e 1981 (-4,25%). Mesmo para um país que acumula resultados medíocres desde 2014, o desempenho de 2020 foi fora da curva (VALOR ECONÔMICO, 2021).

Reforça-se que o primeiro semestre de 2020 foi especialmente marcante nessa crise econômica. De março a junho, 1,6 milhão de empregos com carteira assinada foram eliminados. O impacto da pandemia no mercado formal não foi pequeno: mais de 4% dos postos com carteira no país deixaram de existir em apenas quatro meses (VALOR ECONÔMICO, 2021).

Em relação ao Estado do Amapá, os dados apontam que ao final de 2020, 59 mil pessoas estavam desempregadas e 30 mil desistiram de procurar emprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também pontuou que estado tem maior percentual de pessoas trabalhando por conta própria (36,7%) (GLOBO, 2021).

Adicionalmente, aliada à crise econômica e social em virtude da pandemia de COVID-19, observa-se o consequente aumento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais durante a pandemia. Destes, pode-se destacar a ação direta do vírus da COVID-19 no sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas, o estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social ou pelas consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações afetivas e, por fim, a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso (BRASIL, 2020).

Esses cenários não são independentes, ou seja, uma pessoa pode ter sido exposta a várias destas situações ao mesmo tempo, o que eleva o risco para desenvolver ou para agravar transtornos mentais já existentes. O distanciamento social alterou os padrões de comportamento da sociedade, com o fechamento de escolas, a mudança dos métodos e da logística de trabalho e de diversão, minando o contato próximo entre as pessoas, algo tão importante para a saúde mental (BRASIL, 2020).

Diante do exposto, o presente estudo objetivou analisar o impacto da pandemia de COVID- 19 na vida social, alimentícia e psicológica dos habitantes da cidade de Macapá – AP.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de caráter quantitativo, desenvolvido com habitantes do município de Macapá – AP, avaliando-se o impacto da pandemia de COVID-19 na vida social, alimentícia e psicológica da população. Para tanto, foi aplicado um questionário eletrônico por meio da plataforma digital Google Forms, contendo questionamentos visando: identificar como está o convívio domiciliar entre as pessoas durante a pandemia; analisar como está a alimentação dos participantes na pandemia; verificar com base nos resultados obtidos como as pessoas julgam estar com sua saúde mental e como isso tem afetado as relações sociais e o desempenho na atividade laboral.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Plataforma Brasil, obtendo-se aprovação (CAAE nº 52121521.8.0000.5021), obedecendo o disposto nas resoluções 466/2012 e 510/2016 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Aqueles que concordaram em participar da pesquisa assinaram eletronicamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) considerando o item: “Li e concordo em participar da pesquisa”. A fim de garantir a confiabilidade dos dados e sigilo dos participantes, estes foram identificados pela sigla PART seguida por ordem numérica crescente, conforme preenchimento do formulário.

O questionário utilizado nesta pesquisa foi elaborado com base nos trabalhos de Almeida et al. (2020), Verticchio e Verticchio (2020) e Triguis, Soares e Silva (2020). Nesse âmbito, foram investigados diferentes aspectos, por meio de perguntas relacionadas a características sociodemográficas, infecção pelo novo coronavírus, adesão às medidas de restrição social, estado de saúde, estado de ânimo e estilo de vida antes e no decorrer da pandemia, alimentação durante a pandemia (Apêndice I). Para tanto, os participantes fizeram uso de telefone celular, computador ou tablet com acesso à internet.

Posteriormente, os dados obtidos do questionário foram transcritos para o Microsoft Word e analisados na íntegra, considerando as três principais grandes áreas do estudo: social, psicológica e alimentícia. Para melhor visualização, os dados foram interpretados e descritos considerando valores absolutos de média e frequência (%), bem como, foram representados por meio de gráficos e tabelas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta de dados pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 20 de novembro de 2021, totalizando 323 participantes. Para análise dos dados, as perguntas foram divididas segundo as três grandes áreas de interesse: (1) Social, contemplando 16 perguntas; (2) Psicológica, contemplando 5 perguntas e (3) Alimentícia, contemplando 5 perguntas.

Impacto social da pandemia de COVID-19 em Macapá – AP

Por meio dos questionários e perguntas aplicados no estudo, foi possível verificar a forma e maneira como as pessoas enfretaram e estão enfretando os problemas relacionados a COVID-19 em Macapá – AP.

No grupo da área Social, foram realizadas 16 perguntas, entretanto, foram selecionadas 6 perguntas mais relevantes para análise e discussão detalhadas.

Na Tabela 1 observa-se que a renda familiar de 38,2% das pessoas diminuiu um pouco, de 29,5% manteve-se a mesma, 22,7% diminuiu muito, 6,8% aumentou e de 2,5% das pessoas não apresentaram rendimentos durante a pandemia.

Já no Gráfico 1, analisamos como pandemia afetou a ocupação/trabalho dos participantes, 161 pessoas (50%) responderam que continuaram trabalhando, 53 pessoas (16,5%) começaram a trabalhar durante a pandemia, 40 pessoas ( 12,4%) ficaram sem trabalhar e 15 pessoas (4,7%) perderam o emprego.

No Gráfico 2 perguntamos qual era/é a situação de trabalho dos participantes, em 39,7% afirmou que trabalha por conta própria, 25,4% como servidores públicos, 19,9% com carteira assinada, e 14,7% relataram trabalhar sem carteira assinada.

Em relação ao estado de saúde, foi possível observar que 205 (63,9) das pessoas pioraram o estado de saúde, 96 (29,9%) das pessoas permaneceram com o estado de saúde igual, e 19 (5,9%) melhoraram o seu estado de saúde (Gráfico 3).

Adicionalmente, a Tabela 2 apresenta os resultados considerando o seguinte questionamento: no período da pandemia, você teve alguma dificuldade relacionada aos cuidados a sua saúde? – em que 60,7% responderam que sim e 39,3% responderam que não.

Por fim, o Gráfico 4 traz as respostas em relação ao isolamento social, mostrando que das respostas coletadas, 298 (92,5%) das pessoas ficaram em isolamento social dentro de casa e 24 (7,5%) informaram não ter realizado isolamento social.

Tabela 1 – Renda familiar

P1- Como a Pandemia afetou a renda da família: 322 respostas

123 (38,2%) diminuiu um pouco.
95 (29,5%) manteve-se a mesma.
73 (22,7%) diminuiu muito.
22 (6,8%) aumentou.
8 (2,5%) não houve rendimento.

Gráfico 1 – Ocupação/Trabalho

Grafico 2 – Situação de Trabalho

Gráfico 3 – Mudanças no estado de saúde

Tabela 2 – Dificuldade com cuidados à saúde: 321 respostas

No período da pandemia, você teve alguma dificuldade relacionada aos cuidados à saúde?

Sim – 60,7% (195 pessoas)
Não – 39,3% (126 pessoas)

Gráfico 4 – Isolamento Social

Aspectos psicológicos da pandemia de COVID-19 em Macapá – AP

No grupo da área Psicológica, foram realizadas cinco perguntas objetivando verificar questões como: sentimentos recorrentes nas pessoas; ansiedade; depressão; ociosidade; influência e interferência na alimentação.

No Gráfico 5 são apresentados os cincos sentimentos mais recorrentes que os participantes afirmaram apresentar. Destes, os principais citados foram: medo de parentes e amigos; preocupação; ansiedade; incerteza em relação ao futuro; angústia. É possível constatar que esses sentimentos citados são inerentes ao momento vivido na pandemia da COVID-19, o medo como o principal sentimento, visto que a pandemia ceifou milhares de vidas, o medo de ter contato com o outro era vísivel, pois, com um simples contato poderia pegar ou transmitir o vírus fatal. Nesse sentido, fica evidente que mortes e doença provocam medo, sobretudo considerando que o novocoronavírus é bastante letal e ainda não completamente esclarecido, o que pode provocar medo, ansiedade, angústia, preocupação e incerteza, conforme relatado pelos participantes do estudo.

Em relação a ociosidade, a maioria das respostas obtidas mostraram que independente de estarem em casa, a maioria das pessoas continuaram a trabalha e, ainda que em regime remoto continuaram a sua rotina, em que 71,7% das pessoas afirmaram continuar ocupadas.

Além disso, foram apresentados questionamentos específicos sobre ansiedade, pânico e depressão diagnosticados por profissional de saúde habilitado. Nesse item, identificou-se que 73,5% das pessoas não apresentaram tais condições, dados bastante interessantes frente ao grande impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental da população brasileira (Gráfico 7).

Em relação ao impacto da pandemia na saúde mental e física, observou-se que 45,2% afirmou considerável impacto na saúde física e mental, uma vez que, as pessoas tiveram que mudar radicalmente seus hábitos. A saúde física mudou em relação aos sintomas apresentados pela pandemia da COVID-19, pessoas que apresentavam um quadro mais vulnerável para adquirir o vírus, começaram a modificar seus hábitos alimentares e físicos, fizeram isso para tentar criar uma resistência maior em relação ao vírus. A saúde mental mudou completamente, uma vez que a pandemia mexeu com o psicológico das pessoas, deixando elas vulneráveis para desenvolver facilmente sentimentos de medo, angústia, ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Os Gráficos 5, 6, 7 e 8 a seguir apresentam as informações discriminadas em relação aos dados, bem como as porcentagens (%) e os números de pessoas que responderam as perguntas e questionamentos realizados no grupo da área psicológica.

Gráfico 5 – Sentimentos recorrentes em razão da pandemia de COVID-19

Gráfico 6 – Ociosidade

Gráfico 7 – Quadro de síndrome do pânico, ansiedade ou depressão diagnosticados

Gráfico 8 – Impacto saúde física e mental

Impacto na vida alimentícia da população de Macapá – AP em razão da COVID-19

No grupo da área Alimentícia foram realizadas sete perguntas a fim de verificar questões como: consumo de alimentos; peso corporal; aumento ou diminuição do consumo de alimentos; hábitos alimentares, consumo de alimentos industrializados.

Em relação à compulsão alimentar, os participantes foram questionados acerca de compulsão por alimentos em virtude da pandemia de COVID-19, conforme apresentado no Gráfico 9. Dentre os participantes, 46% responderam que não são ou não estão compulsivos em relação a alimentos, bem como não descontam na comida as emoções e sentimentos provocados pela pandemia. Entretanto, um percentual considerável de pessoas (34,2%) relatou compulsão por alimentos em virtude da pandemia.

Outro questionamento versava sobre mudanças no peso corporal durante o período de isolamento social. Nesse item, 59% afirmou ganho de peso corporal, possivelmente devido ao sedentarismo/inatividade física, além de mudanças em suas rotinas e hábitos neste período de isolamento social. Apenas 24,2% relatou manutenção do peso anterior à pandemia e ao isolamento social.

Além disso, 37,9% relatou mudança nos hábitos alimentares, afirmando piora nos hábitos em relação à alimentação, apresentando maior consumo de alimentos considerados não saudáveis, o que impacta diretamente na saúde (Gráfico 11).

No que se refere ao consumo de alimentos industrializados, foi possível identificar que uma parte considerável da população (37,4%) relatou redução na ingestão desses alimentos. Em contrapartida, registrou-se elevado percentual (36,4%) de participantes que afirmaram aumento no consumo desses alimentos, o que reforça o impacto da pandemia na vida alimentícia da população residente em Macapá – AP.

Nos gráficos 9, 10, 11 e 12 abaixo são apresentados os questionamentos, perguntas e respostas obtidas em relação aos hábitos alimentares praticados pelos participantes do estudo no período de pandemia e isolamento social.

Gráfico 9 – Compulsão por alimentos

Gráfico 10 – Peso corporal

Gráfico 11 – Hábitos alimentares

Gráfico 12 – Alimentos industrializados

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação ao impacto social frente a pandemia de COVID-19, observou-se que a pandemia impactou consideravelmente na renda familiar dos habitantes de Macapá – AP, apesar de muitas pessoas terem conseguido manter seus empregos. Porém, a maioria dos participantes relatou ter dificuldades relacionadas aos cuidados com a saúde, provocando mudanças diretas na condição de saúde dessa população.

As perguntas realizadas na área psicológica apresentaram questionamentos relacionados à pandemia da COVID-19, contemplando perguntas sobre sentimentos, abalo psicológico, saúde mental e física. Foi possível perceber como as pessoas foram afetadas diretamente com a situação da pandemia, apresentando uma gama de sentimentos: medo, depressão, angústia, preocupação, incertezas

No que tange aos aspectos alimentares, identificou-se que o consumo de alimentos e os hábitos alimentares da população residente em Macapá – AP passaram por intensas transformações em virtude da pandemia e do isolamento social. Foram relatadas mudanças ocorridas na forma e consumo de alimentos no geral, na educação alimentar, no consumo compulsivo de alimentos e no consumo de alimentos industrializados. Sugere-se que a maior permanência das pessoas em casa, aliada ao fechamento de bares, restaurantes e outros estabelecimentos que comercializam alimentos/refeições para consumo no local poderia contribuir para a melhoria da alimentação, impactando em maior consumo de alimentos saudáveis e como consequência, fortalecimento das defesas imunológicas contra o coronavírus.

Ademais, os participantes relataram fatores que levaram a comportamentos alimentares menos saudáveis, sendo os mais prevalentes, a maior dificuldade em obter alimentos frescos e a redução na renda familiar por perda de emprego ou impossibilidade do exercício de determinadas ocupações, limitando a compra de alimentos. Sob essa perspectiva, ressalta-se que o comportamento alimentar pode ser determinado por características culturais, educacionais e econômicas das populações e dos indivíduos, corroborando com os achados desta pesquisa.

Por fim, diante de uma situação atípica como a pandemia de COVID-19, percebeu-se impacto significativo nas três grandes áreas da pesquisa – social, alimentícia e psicológica da população de Macapá – AP. Sendo assim, faz-se importante o fortalecimento de políticas públicas voltadas para essa população, a fim de promover reestruturação econômica e melhor qualidade de vida da população.

REFERÊNCIAS

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1 Fernanda Louise Ferreira Dias; Nutricionista formada pela Faculdade Estácio de Macapá, Macapá – AP.
² Natasha Correia Batista; Nutricionista formada pela Faculdade Estácio de Macapá, Macapá – AP.
³ Fernanda Lambert de Andrade Freire; Nutricionista Mestre em Nutrição (UFRN).
4 Fabricio Oliveira Pacheco; Nutricionista residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao câncer pela Universidade do Estado do Pará.
5 Maria Yasmin Ribeiro da Cruz; Nutricionista residente em atenção em alta complexidade pela Universidade Federal do Piauí.
6 Erinalva Gomes Lima; Nutricionista formada pela Faculdade Estácio de Macapá, Macapá – AP.
7 Priscila Barros Pereira; Nutricionista com Pós-graduação em Nutrição Clínica e Hospitalar pelo GANEP.
8 Eliane da Silva Lima; Nutricionista formada pela Faculdade Estácio de Macapá. Macapá – AP.
9 Brenda Ludmilla Braga Vieira; Nutricionista Pós-graduada em Nutrição Clínica pela Faculdade Metropolitana.
10 Rhaiza dos Santos Pinheiro; Nutricionista Pós-graduada em Fitoterapia Clínica e Nutrição Clínica pela IPGS.
11 Carlos Eduardo Amaral Paiva; Fisioterapeuta residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao câncer pela Universidade do Estado do Pará.
12 Larissa Ribeiro Cardoso; Nutricionista Pós-graduada em Nutrição Comportamental pela IPGS.
13 Weliton dos Santos Lima; Mestrando no Programa de Pós-graduação Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida (PPGSAQ – UFOPA).
14 Lidiane Cruz Garcia; Nutricionista Pós-graduada em Nutrição Clínica e Esportiva (FACUMINAS).
15 Elianderson Emanoel Monteiro de Melo; Nutricionista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).