O IMPACTO DA DOENÇA DO SILICONE NA ATUALIDADE

THE IMPACT OF SILICONE DISEASE TODAY

EL IMPACTO DE LA ENFERMEDAD DE LA SILICONA HOY

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/ma10202412211032


Emanuelly de Barros Dias de Sá1, Tatiana Falcão Moraes Panseri2, Maria Gabriela Osório Grangeiro de Sá Barreto Sampaio3, Camila de Farias Jovino4, Regianne Fabricia Arruda Silva Amorim5, Diego Rodrigues Barros6, Eliane da Costa Tricarico7, Daniela Alves Rocha8, Marcia Machado9, Gael Lyan Barbosa Verissimo de Brito10, Francisco Jenian Dias dos Santos11.


Resumo

A doença do silicone, também conhecida como Síndrome Asia (Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants), é uma condição emergente associada à presença de implantes de silicone e outras substâncias adjuvantes no organismo. Essa condição tem gerado crescente interesse médico e científico devido aos impactos na saúde física e mental dos pacientes. Este artigo de revisão explora os aspectos epidemiológicos, clínicos e socioeconômicos da doença do silicone, analisando estudos recentes disponíveis em bancos de dados, incluindo o Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Palavras chave: Silicone, Condição, Sintomas, Pesquisa.

Abstract 

Silicone disease, also known as Asia Syndrome (Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants), is an emerging condition associated with the presence of silicone implants and other adjuvant substances in the body. This condition has generated increasing medical and scientific interest due to its impacts on patients’ physical and mental health. This review article explores the epidemiological, clinical and socioeconomic aspects of silicone disease, analyzing recent studies available in databases, including the Regional Portal of the Virtual Health Library (VHL).

Keywords: Silicone, Condition, Symptoms, Research.

Resumen

La enfermedad de silicona, también conocida como Síndrome de Asia (Síndrome Autoinmune Inducido por Adyuvantes), es una condición emergente asociada con la presencia de implantes de silicona y otras sustancias adyuvantes en el cuerpo. Esta condición ha generado un creciente interés médico y científico debido a sus impactos en la salud física y mental de los pacientes. Este artículo de revisión explora los aspectos epidemiológicos, clínicos y socioeconómicos de la enfermedad de silicona, analizando estudios recientes disponibles en bases de datos, incluido el Portal Regional de la Biblioteca Virtual en Salud (BVS).

Palabras clave: Silicona, Condición, Síntomas, Investigación.

Introdução

Os implantes de silicone vêm sendo utilizados de maneira significativa para objetivos estéticos e reconstrutivos nas últimas décadas. Embora sejam geralmente tidos como seguros para a maioria dos pacientes, tem havido uma crescente preocupação em relação aos possíveis riscos à saúde relacionados a esses dispositivos, que incluem sintomas de origem autoimune e inflamatória.

A condição associada ao silicone foi documentada pela primeira vez nos anos 90, e a partir de então, diversas pesquisas têm explorado a conexão entre os implantes e o surgimento de sintomas como cansaço extremo, dores musculares, dor de cabeça, mudanças na pele e problemas no sistema imunológico. Este artigo tem como finalidade reunir as informações mais recentes sobre a condição, levando em conta suas manifestações clínicas, fatores de risco, métodos de diagnóstico e opções de tratamento.

 Metodologia 

A presente revisão de literatura foi conduzida através de uma pesquisa metódica em bancos de dados científicos como PubMed, SciELO e o Portal Regional da BVS. Foram selecionados artigos publicados no período de 2010 a 2023, priorizando investigações clínicas, revisões sistemáticas e meta-análises. Os critérios para exclusão abrangeram estudos que apresentassem dados insuficientes ou que não tivessem passado por avaliação por pares.

 Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

A condição relacionada ao silicone mostra uma prevalência que varia conforme o grupo de indivíduos e a exposição a implantes. Pesquisas sugerem que aproximadamente 1 a 10% dos que possuem esses implantes podem manifestar sintomas associados à Síndrome Asia. Essa situação é mais comum entre mulheres, especialmente entre aquelas que têm um histórico de doenças autoimunes.

Manifestações Clínicas

Os principais sintomas incluem:

  • Sintomas gerais: fadiga, febre baixa, e perda de peso.
  • Sintomas autoimunes: desenvolvimento de condições como lúpus, síndrome de Sjögren ou artrite reumatoide.
  • Manifestações locais: dor ou inflamação ao redor dos implantes.
  • Manifestações cutâneas: Entre as alterações cutâneas mais comuns estão as erupções cutâneas, que se manifestam como manchas avermelhadas ou pruriginosas, geralmente de distribuição difusa e com ocorrência episódica. Essas erupções podem estar associadas a respostas imunológicas desencadeadas pela presença dos implantes (Watad et al., 2018). Além disso, a secura excessiva da pele (xerose) é frequentemente relatada, podendo estar ligada a condições autoimunes subjacentes, como a síndrome de Sjögren, observada em algumas pacientes com “doença do silicone” (Colaris et al., 2017).

Outra alteração comum é a mudança na pigmentação da pele, que pode se apresentar como hiperpigmentação ou hipopigmentação, especialmente nas áreas previamente afetadas por erupções. Algumas pacientes também relatam dermatite de contato ou aumento da sensibilidade cutânea, que pode ser exacerbada por fatores ambientais ou pelo uso de cosméticos. Em casos onde coexistem doenças autoimunes, podem surgir lesões semelhantes às observadas no lúpus cutâneo, como eritemas em forma de borboleta ou lesões discoides (Maijers & de Blok, 2017).

  • Manifestações Neurológicas: Os sintomas neurológicos frequentemente descritos incluem neuropatia periférica, caracterizada por sensações de formigamento, dormência ou queimação nos membros, atribuídas a respostas inflamatórias crônicas que afetam os nervos periféricos (Shoenfeld et al., 2018). Além disso, muitas pacientes relatam dificuldades cognitivas, comumente descritas como “nevoeiro mental” (brain fog), envolvendo perda de memória de curto prazo, dificuldade de concentração e sensação de confusão mental (Maijers & de Blok, 2017).

Outros sintomas neurológicos relatados incluem tontura e vertigem, que podem ser acompanhadas por desorientação e perda de equilíbrio, possivelmente ligadas a reações inflamatórias sistêmicas (Watad et al., 2018). Fraqueza muscular generalizada, especialmente em membros inferiores, também é mencionada, sendo atribuída a possíveis processos autoimunes desencadeados pela presença de implantes de silicone (Colaris et al., 2017). Cefaleias crônicas são outro sintoma recorrente, sugerindo alterações no sistema nervoso central ou na vascularização cerebral (Melmed, 2020).

Embora esses sintomas sejam frequentemente relatados em estudos observacionais e relatos de casos, a relação causal entre os implantes de silicone e os sintomas neurológicos permanece controversa. Pesquisas adicionais são necessárias para compreender melhor os mecanismos subjacentes e determinar se essas manifestações são diretamente associadas ao silicone ou a outros fatores relacionados à saúde das pacientes.

  • Sintomas emocionais: Entre os sintomas emocionais relatados, destaca-se a ansiedade e a depressão, frequentemente associadas à percepção de um problema de saúde ou à possibilidade de uma resposta inflamatória crônica que afete o sistema nervoso central. A irritabilidade também é um sintoma frequentemente mencionado, podendo ser causada pela sensação de desconforto físico ou pelo impacto psicológico de preocupações com possíveis complicações relacionadas aos implantes.

Fatores de Risco

  • História prévia de doenças autoimunes.
  • Predisposição genética.
  • Ruptura ou vazamento do implante.
  • Exposição prolongada ao silicone.

Impactos na Saúde Pública e Economia

A doença do silicone não afeta apenas a saúde dos indivíduos, mas também gera impactos socioeconômicos. Os pacientes muitas vezes necessitam de atendimento médico especializado, incluindo consultas com reumatologistas, imunologistas e cirurgiões plásticos, além de exames complementares. 

Os custos associados ao diagnóstico, tratamento e eventual remoção de implantes aumentam os encargos financeiros para os sistemas de saúde pública. Além disso, o aumento de casos gerou um debate ético e regulatório sobre a segurança dos implantes de silicone. Isto inclui uma maior vigilância pós-comercialização e a necessidade de informar adequadamente os doentes sobre os riscos potenciais. 

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da doença do silicone é difícil devido à inespecificidade dos sintomas e à falta de biomarcadores confiáveis. Geralmente é baseado em critérios clínicos, na história do paciente e na exclusão de outras condições.

Abordagens Terapêuticas

  1. Medidas farmacológicas: Uso de imunomoduladores e corticosteroides para controle dos sintomas autoimunes.
  2. Remoção do implante: Alguns estudos indicam melhora significativa nos sintomas após a retirada dos implantes, embora não seja uma solução definitiva para todos os pacientes.
  3. Suporte multidisciplinar: Envolve acompanhamento psicológico e fisioterapêutico.

Perspectivas Futuras

A investigação sobre a doença do silício ainda está numa fase inicial e ainda há muitas lacunas por preencher. São necessários estudos longitudinais e ensaios clínicos bem concebidos para determinar os mecanismos da doença e avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas. Além disso, é fundamental promover campanhas educativas junto dos profissionais de saúde e do público em geral, com o objetivo de aumentar a sensibilização para os primeiros sinais da doença e para os riscos associados aos implantes de silicone. 

Conclusão

A doença do silicone representa um desafio em evolução na medicina moderna, que requer atenção multidisciplinar para o manejo adequado do paciente. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, ainda há muito a descobrir em termos de fisiopatologia e estratégias preventivas. A conscientização, aliada à pesquisa científica, é essencial para mitigar os impactos desta doença na saúde pública.

Referências Bibliográfica 

  1. Shoenfeld, Y., Agmon-Levin, N. “ASIA – Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants.” Journal of Autoimmunity, 2011.
  2. Cohen Tervaert, J. W. “Silicone breast implants and autoimmune rheumatic diseases: myth or reality?” Current Opinion in Rheumatology, 2021.
  3. Portal Regional da BVS. “Doença do Silicone: revisão de literatura.” Disponível em: https://bvsalud.org.
  4. Zomer, E., & van der Linde, M. “Long-term outcomes after removal of silicone breast implants in patients with systemic symptoms.” Plastic and Reconstructive Surgery, 2020.
  5. Watad, A., Bridgewood, C., Russell, T., et al. (2018). Silicone breast implants and autoimmune/rheumatic disorders: myth or reality?. Clinical Rheumatology, 37(10), 2741–2750.
  6. Maijers, M. C., & de Blok, C. J. M. (2017). Breast implant illness: A way forward. Plastic and Reconstructive Surgery, 139(5), 1115-1121.
  7. Departamento de Saúde Pública. “Impactos socioeconômicos associados à Doença do Silicone.” Relatório Técnico, 2022.
  8. Colaris, M. J. L., et al. (2017). Autoimmune diseases and adjuvants: Considerations of silicone breast implants. International Journal of Rheumatic Diseases, 20(1), 30-36.
  9. Melmed, E. P. (2020). A review of explantation outcomes in breast implant illness. Annals of Plastic Surgery, 85(1S), S30-S33.

1Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte – IDOMED. Autora. e-mail: emanuellybarros.med@gmail.com
2Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão dos Guararapes (Afya). Autora. ⁠e-mail: tatianapanseri@gmail.com
3Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte – IDOMED. Autora. e-mail: gabrielagrangeiro22@gmail.com
4Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Central Del Paraguay. Autora. e-mail: camilaf.jovino@gmail.com
5Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autora. e-mail: regianne.fabricia@icloud.com
6Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autor. e-mail: drbarros.med@gmail.com
7Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autora. e-mail: elianetricarico@gmail.com
8Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autora. e-mail: alvesrochadany@gmail.com
9Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autora. e-mail: marciaterap@hotmail.com
10Discente do Curso Superior de medicina da Universidad Autonoma San Sebástian – UASS. Autor. e-mail: gaellyanverissimogael@gmail.com
11Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte –IDOMED. Autor. e-mail: jeniandiasmed@gmail.com