REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8250845
¹Bárbara Júlia Queiroz Carvalho
¹Cynthia Ellen de Sousa
¹Gerdson Lima de Souza
¹Isabele Martins Bezerra da Cruz
¹Karolyne Conceição Lessa Paulino
¹Lívia Emiliane Pereira Santiago Nobre
¹Maria Eugênia Pereira Lima
¹Raquel Souza Caminha Bret
²Tadeu de Almeida Alves Junior
1. INTRODUÇÃO
O grupo etário com idade superior a 60 anos é o que apresenta maior índice de crescimento no Brasil, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população. Esse fato colocou o agrupamento em evidência nos estudos de diversas áreas, com o intuito de garantir melhor qualidade de vida dessa parcela da sociedade, por consequência, protagonizou o cenário da saúde pública atual, com o aumento nas demandas de doenças comumente encontradas em idosos (ALMEIDA, 1999).
Nessa perspectiva, os estudos sobre saúde mental com foco na pessoa idosa ganharam força, na medida em que transtornos psiquiátricos são encontrados nesse grupo de forma recorrente, chegando ao percentual de 15% (CHEQUER, 2020) e 13% na população entre os 60 e 64 anos de idade, de acordo com o IBGE (2019). Isso ocorre, entre outras causas, pelo acometimento do sistema cognitivo com o decorrer do tempo, bem como por problemas relacionados à autoestima e ideia de finitude que ganham força na terceira idade. Soma-se, ainda, a limitação física e o sentimento de impotência na realização de tarefas do dia a dia que tendem a contribuir para o cenário da depressão (PEREIRA, 2016).
Diante disso, a atividade física é vista como um dos fatores que influenciam no tratamento da depressão, por proporcionar melhor condicionamento para o desempenho de atividades cotidianas e pelo potencial de restabelecer parcial e consideravelmente a capacidade locomotora, além de proporcionar sensação de bem estar e socialização, aumentando a autoestima de seus praticantes (MENDES, 2020).
Diante disso, a atividade física é vista como um dos fatores que influenciam no tratamento da depressão, por proporcionar melhor condicionamento físico para o desempenho de atividades cotidianas e pelo potencial de restabelecer parcial e consideravelmente a capacidade locomotora, além de proporcionar sensação de bem estar e socialização, aumentando a autoestima de seus praticantes (MENDES, 2020).
2. JUSTIFICATIVA
Durante o processo de envelhecimento ou senescência é possível ocorrer a diminuição de diversos fatores fisiológicos e cognitivos, o que pode gerar uma maior dependência de terceiros para conseguir realizar atividades essenciais. Tal fato minimiza a autoestima do idoso e pode acarretar diversos prejuízos de ordem emocional. Além disso, a diminuição do ritmo de vida e redução do convívio social, aumenta as chances de idosos serem acometidos pela depressão. Nesse contexto, a implementação da atividade física pode ser uma forte aliada na saúde e qualidade de vida do idoso. Assim, este estudo se justifica por ser um instrumento para o entendimento das nuances que envolvem a prática de atividade física e sua relação no tratamento e controle da depressão.
3. OBJETIVOS
3.1. Geral
- Analisar o impacto da atividade física na saúde e qualidade de vida de idosos com depressão.
3.2. Específicos
- Compreender as principais alterações físicas e cognitivas na saúde do idoso.
- Identificar o papel da sociabilidade no contexto da prática de atividade física pelos idosos.
4. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa, sendo um método que proporciona a síntese de conhecimento e a agregação do mesmo, utilizando dados de outras pesquisas como forma de contribuir com investigações futuras (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Foram utilizadas nesta revisão integrativa, as seguintes ferramentas de pesquisa e bancos de dados acadêmicos: Google acadêmico e Scielo Foi delineado no âmbito temporal os artigos publicados entre o período de 2015 a 2021. As palavras-chaves utilizadas na pesquisa foram: “atividade física”, “idosos” e “depressão. A coleta dos estudos foi realizada no dia 22/05/2021.
Foram detectados um total de 9470 artigos nos bancos de dados acadêmicos Scielo e Google acadêmico, de acordo com as palavras chaves descritivas da pesquisa e por ano de publicação. Pelo elevado número de estudos encontrados no Google acadêmico preferiu-se selecionar os 50 primeiros artigos do idioma português. Após esta etapa foram selecionados 08 artigos. Em relação à verificação na base Scielo foram identificados 10 artigos, dos quais 04 contemplavam os critérios desta pesquisa
5. RESULTADOS
Após a etapa de identificação dos estudos, foi realizada uma triagem final, com base nos critérios metodológicos, sendo identificados 12 artigos que continham os requisitos necessários para o desenvolvimento deste trabalho.
Quadro 01: Fluxograma do plano para a obtenção dos artigos.
Fonte: Elaborada pelos autores, 2021
Desta forma, a quadro abaixo discrimina os estudos encontrados com base no ano de publicação, título do trabalho e autores.
Quadro 01: Apresentação dos artigos selecionados para o estudo
No | Título | Ano | Autores |
1 | Saúde mental em idosos brasileiros: efeito de diferentes programas de atividade física. | 2018 | ALMEIDA, Edivana; MOURAO, Isabel; COELHO, Eduarda |
2 | Relações entre atividade física e depressão: estudo de revisão. | 2017 | ANIBAL, Cíntia; ROMANO, Luis Henrique |
3 | Contribuições da atividade física no tratamento de idosos com transtorno depressivo. | 2018 | DA SILVA LAZZARIN, Sinara; DOS SANTOS RAMOS, Fernanda; PREDEBOM, Juliana Carmona. |
4 | Ação dos Neurotransmissores Envolvidos na Depressão. | 2020 | DINIZ, Júlia Pickina. |
5 | Exercício físico regular e depressão em idosos. | 2019 | HERNANDEZ, José Augusto Evangelho; VOSER, Rogério da Cunha. |
6 | Relação entre atividade física e depressão em idosos: uma revisão integrativa. | 2017 | Mendes GAB, Carvalho MV, Silva AMTC, Almeida. |
7 | Terapêuticas medicamentosas e exercícios físicos na prevenção e tratamento de depressão em idosos: revisão sistemática. | 2020 | Mendes, G. L. |
8 | O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisa. | 2016 | OKUMA, Silene Sumire. |
9 | Depressão e atividade física. | 2014 | OLIVEIRA, Viviane Ivanski Martins de. |
10 | Fatores intervenientes nos indicativos de depressão em idosos usuários das unidades básicas de saúde de Maringá, Paraná, 2017. | 2019 | OLIVEIRA, Daniel Vicentini de et al. |
11 | Aspectos gerais, sintomas e diagnóstico da depressão. | 2018 | RUFINO, Sueli et al. |
12 | Atividade física, autoestima e depressão em idosos. | 2016 | TEIXEIRA, C. M. et al. |
Fonte: Elaborada pelos autores, 2021
6. DISCUSSÃO
Os estudos voltados para a pessoa idosa têm ganhado relevância no Brasil na medida em que há um envelhecimento exponencial da população, ocasionando mudanças no sistema de saúde que precisou se reinventar para atender a grande demanda relacionada a esse grupo. Observa-se que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como idosos pessoas a partir de 60 anos em países em desenvolvimento (MENDES, 2017).
Dentre outras abordagens, a saúde mental do idoso, sobretudo relacionada à depressão, ganhou força no cenário nacional, isso porque aproximadamente 13% das pessoas com faixa etária de 60 a 64 anos de idade são acometidas por algum transtorno psiquiátrico (IBGE, 2019):
Os critérios explicativos para a associação metabólica da depressão em idosos estariam relacionados com a liberação de hormônios como a epinefrina, norepinefrina, somatotrofina, endorfina e cortiso. Entendem-se alterações no fluxo sanguíneo e no metabolismo de várias partes do cérebro correspondentes a atenção, psicomotricidade, capacidade executiva e decisão, ideias tristes e ao aprendizado emocional (MENDES, 2017)
6.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS INTERVENIENTES NA DEPRESSÃO
O processo de senescência causa inúmeras alterações fisiológicas no corpo humano, dentre as quais se pode citar a perda total ou parcial da mobilidade, modificações na estrutura óssea e surgimento de doenças clínicas. Somado a isso, tem-se as mudanças no estilo de vida, perdas de familiares e amigos, além de inúmeros estigmas da sociedade que condicionam o idoso a um estilo de vida passivo (TEIXEIRA, 2016).
A depressão acarreta inúmeras alterações fisiológicas no corpo humano, ocasionando mudança de humor, sonolência excessiva, aumento ou perda excessiva do apetite, diminuição do interesse sexual e do raciocínio, entre outros. Isso ocorre em virtude de fatores biológicos, genéticos ou psicossociais, que agem sobre a expressão genética, corroborando para mudanças fisiológicas no organismo humano (RUFINO, 2018).
Biologicamente, a depressão tem correlação com a desregulação na produção de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina. O hipocampo, localizado no lóbulo temporal do cérebro, é responsável por regular o hormônio cortisol, em que casos de sinais depressivos, é instável, ocasionando uma diminuição da ação dos neurotransmissores (DINIZ, 2020).
6.2. ATIVIDADE FÍSICA E PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
O envelhecimento não saudável predispõe à doenças cognitivas e sistêmicas, tendo em vista o próprio retrocesso da oxigenação do organismo. Nesse sentido, o uso de tratamentos alternativos, com destaque para a atividade física vem como complemento aos fármacos tradicionalmente utilizados na depressão, não substituindo-os (TEIXEIRA, 2016).
A irrisória prática de atividades físicas prejudica o equilíbrio corpóreo, possibilitando o agravo das sequelas da velhice:
No envelhecimento, as alterações dos processos neurofisiológicas podem levar a neurodegeneração significativa das estruturas e funções do sistema nervoso central. Estudos indicam redução do fluxo sanguíneo nas regiões cerebrais, degeneração em determinadas células do hipocampo, subiculum e córtex, assim como perdas de neurônios, redução de fatores neurotróficos, como o Brain Derived Neurotrophic Factor (BDNF) que atua como mediador na neurogênese no hipocampo, na neuroplasticidade cerebral e como um dos agentes neuroprotetores ao declínio cognitivo e demências (ALMEIDA etal., 2018).
A prática frequente de atividade física propicia uma composição corporal capaz de regular o bom funcionamento do corpo humano, com a diminuição de gordura, aumento de massa magra, regulação de hormônios, aperfeiçoamento do sistema imunológico, entre outros. Além do condicionamento físico, as atividades físicas colaboram para o desempenho hormonal, beneficiando as funções do corpo do idoso, podendo ser até mesmo considerada profilaxia ou tratamento para um distúrbio psicológico, como a depressão. (MENDES, 2020).
Nesse sentido, OLIVEIRA (2019) aponta que idosos que realizam atividade física periodicamente ostentam menores índices de depressão quando comparado àqueles sedentários, apontando, ainda, que a depressão está diretamente relacionada ao número de queda em idosos, alcançando o índice de 87%, decorrente da ingestão de medicamentos fortes e do sedentarismo. Por outro lado, ANIBAL (2017) traz que a atividade física tem mais eficácia como tratamento alternativo em casos de depressão leve e moderada.
Outrossim, a atividade física também atua na esfera social, isso porque demandam a interação positiva entre o grupo de praticantes, acarretando transformação no estilo de vida dos idosos, estendendo os cenários de contato com o outro e com o próprio corpo. Essa realidade resulta no desenvolvimento pessoal e na percepção da própria velhice como fase importante da vida, rompendo estereótipos de como o idoso deve se comportar perante a sociedade (OKUMA,2016). Soma-se, ainda, o aumento da autoestima e do humor, responsáveis por um bem estar psicológico que facilita inevitavelmente o aumento da qualidade de vida dessa categoria (ANIBAL, 2017).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os diversos aspectos concernentes à prática de atividade física e suas principais contribuições na saúde e qualidade de vida do idoso, percebe-se a grande relevância no enfrentamento da depressão.
Pode-se compreender que, além dos benefícios diretos no tratamento da doença, há outras vantagens, tais como o aumento da sociabilidade, redução do número de quedas, elevação da autoestima e, principalmente, redução ou controle no uso de medicamentos. O papel fisiológico, como resposta da atividade física, é outro ponto essencial, pois propicia uma sensação de bem- estar e equilíbrio orgânico, já que mantém em valores adequados hormônios e neurotransmissores muito importantes nesta etapa da vida.
É importante frisar que mais pesquisas devem ser direcionadas e publicadas sobre o tema, com o intuito de balizar melhor a conduta da equipe multiprofissional envolvida direta e indiretamente no tratamento da depressão em idosos. Ademais, no campo da medicina, cabe uma ampla discussão sobre o tema, propiciando ao acadêmico, já nas etapas iniciais da graduação, ser um promotor de saúde, partindo, sobretudo, do entendimento e enfrentamento das dificuldades em sua comunidade local, por meio do ensino, pesquisa e extensão.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Edivana; MOURAO, Isabel; COELHO, Eduarda. Saúde mental em idosos brasileiros: efeito de diferentes programas de atividade física. Psic.,Saúde & Doenças, Lisboa , v. 19, n. 2, p. 390-404, ago. 2018 . Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645- 00862018000200018&lng=pt&nrm=iso>.
ANIBAL, Cíntia; ROMANO, Luis Henrique. Relações entre atividade física e depressão: estudo de revisão. RevistaSaúdeemFoco–Edição, n. 9, 2017.
DA SILVA LAZZARIN, Sinara; DOS SANTOS RAMOS, Fernanda; PREDEBOM, Juliana Carmona. Contribuições da atividade física no tratamento de idosos com transtorno depressivo. In: XIX SalãodeIniciaçãoCientíficaeTrabalhosAcadêmicos.2018.
DINIZ, Júlia Pickina et al. Ação dos Neurotransmissores Envolvidos na Depressão. Ensaios e Ciência C Biológicas Agrárias e da Saúde, v. 24, n. 4, p. 437-443, 2020.
HERNANDEZ, José Augusto Evangelho; VOSER, Rogério da Cunha. Exercício físico regular e depressão em idosos. Estud. pesqui. psicol.,Rio de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 718-734, set. 2019 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 42812019000300010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 maio 2021.
IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal, Brasil e grande regiões. Rio de Janeiro: 2020.
MENDES, GAB, Carvalho MV, Silva AMTC, Almeida RJ. Relação entre atividade física e depressão em idosos: uma revisão integrativa. Rev. Aten. Saúde. 2017;15(53)110-116.
MENDES, G. L. , et al. Terapêuticas medicamentosas e exercícios físicos na prevenção e tratamento de depressão em idosos: revisão sistemática. Arq. Bras. Ed. Fís., Tocantinópolis, v. 3, n. 1, Jan./Jul., p. 43 – 56, 2020.
OKUMA, Silene Sumire. O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisa. Papirus Editora, 2016.
OLIVEIRA, Viviane Ivanski Martins de. Depressão e atividade física. Disponível em: http://www.listasconfef.org.br/comunicacao/banco_de_ideias/VivianeOliveira.pd f. Acesso em 25/08/2018.
OLIVEIRA, Daniel Vicentini de et al . Fatores intervenientes nos indicativos de depressão em idosos usuários das unidades básicas de saúde de Maringá, Paraná, 2017. Epidemiol. Serv. Saúde,Brasília , v. 28, n. 3, e2018043, set. 2019 . Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679497420190003 00016&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 31 maio 2021. Epub 22-Out-2019. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742019000300010.
RUFINO, Sueli et al. Aspectos gerais, sintomas e diagnóstico da depressão. Revista Saúde em Foco, n. 10, p. 837-843, 2018.
SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de. Revisão integrativa: o que é e como fazer? Rio de Janeiro: 2010
TEIXEIRA, C. M. et al . Atividade física, autoestima e depressão em idosos. CPD, Murcia , v. 16, n. 3, p. 55-66, sept. 2016 . Disponivel em <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S157884232016000300 006&lng=es&nrm=iso>. accedido en 29 mayo 2021.
1 Discentes do Curso de Medicina da Faculdade Estácio de Sá/Quixadá.
Bárbara Júlia Queiroz Carvalho; barbara.juliaqc@gmail.com;
Cynthia Ellen de Sousa; jo_baresi@hotmail.com;
Gerdson Lima de Souza; gerdsonsouza@gmail.com;
Isabele Martins Bezerra da Cruz; belebezerra1@gmail.com;
Karolyne Conceição Lessa Paulino; kerol.paulino@hotmail.com;
Lívia Emiliane Pereira Santiago Nobre; liviaemilianepereirasn@hotmail.com;
Maria Eugênia Pereira Lima; mariapls81@outlook.com;
Raquel Souza Caminha Bret; raquelbret@hotmail.com
2 Docente do Curso de Medicina da Faculdade Estácio de Sá/Quixadá
Tadeu de Almeida Alves Junior: tadeu.alves@estacio.br