O FUTURO DAS CIDADES: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DAS SOLUÇÕES DIGITAIS EM AMBIENTES URBANOS 

THE FUTURE OF CITIES: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES OF DIGITAL SOLUTIONS IN URBAN ENVIRONMENTS 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411122322


Anthony Silveira dos Santos1
Prof. ME. Napoleão Póvoa Ribeiro Filho2


Resumo 

As cidades inteligentes (smart cities) representam uma evolução no conceito de planejamento e gestão urbana, integrando tecnologias de ponta para enfrentar os desafios impostos pelo crescimento acelerado das populações urbanas. Para tal, utilizam tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), big data e inteligência artificial para otimizar e interconectar sistemas essenciais, como mobilidade urbana, consumo de energia elétrica, segurança pública e saúde. A relevância das cidades inteligentes no cenário atual é destacada devido aos desafios ambientais, sociais e econômicos encontrados em grandes centros urbanos ao redor do mundo. Considerando essa problemática, este artigo apresenta uma revisão bibliográfica sobre as cidades inteligentes, apresentando soluções tecnológicas implementadas em áreas urbanas densamente povoadas e identificando possíveis lacunas que podem ser exploradas para melhorar a eficiência dos serviços públicos, ampliar a sustentabilidade e promover uma maior inclusão social nas metrópoles. 

Palavras-chave: cidades inteligentes, soluções digitais, cidades de inovação, desenvolvimento urbano sustentável. 

ABSTRACT 

Smart cities represent an evolution in the concept of urban planning and management, integrating cutting-edge technologies to face the challenges posed by the accelerated growth of urban populations. To this end, they use technologies such as the Internet of Things (IoT), big data and artificial intelligence to optimize and interconnect essential systems, such as urban mobility, electricity consumption, public safety and health. The relevance of smart cities in the current scenario is highlighted due to the environmental, social and economic challenges found in large urban centers around the world. Considering this problem, this article presents a bibliographic review on smart cities, presenting technological solutions implemented in densely populated urban areas and identifying possible gaps that can be explored to improve the efficiency of public services, increase sustainability and promote greater social inclusion in metropolises. 

Key-words: smart cities, digital solutions, innovation cities, sustainable urban development.

1. INTRODUÇÃO 

As cidades inteligentes emergem como uma resposta inovadora aos crescentes desafios urbanos, combinando tecnologia, infraestrutura e soluções digitais para promover uma gestão urbana mais eficiente, sustentável e inovadora (CARAGLIU; DEL BO; NIJKAMP, 2011). 

Brandão e Gonçalves (2018) afirmam que o interesse por cidades inteligentes vem crescendo consideravelmente no Brasil e em outros países, motivado pela necessidade de melhorar a qualidade de vida, utilizar recursos de forma otimizada e responder de maneira eficiente às demandas ambientais e sociais. 

Cidade Inteligente é aquela cidade que utiliza da tecnologia da informação e comunicação (TIC) para integrar e gerenciar os sistemas urbanos de forma inteligente. Isso inclui coleta e análise de dados para otimizar serviços públicos, como transporte, energia, água e saneamento. Essas cidades não apenas melhoram a sua eficiência operacional, mas também promovem sustentabilidade e a inclusão social, atendendo melhor às necessidades dos cidadãos (COHEN, 2012). 

Segundo Zanella et al. (2014), as cidades inteligentes são essenciais para enfrentar os complexos problemas urbanos, como o tráfego, a poluição, o consumo elevado de energia e a segurança. Elas propõem soluções sustentáveis, promovendo a eficiência no uso dos recursos e reduzindo o impacto ambiental. Dessa forma, tecnologias como sistemas de transporte inteligentes ajudam a minimizar congestionamentos e emissões de carbono, enquanto redes elétricas inteligentes (smart grids) permitem uma gestão mais eficiente da demanda de energia. 

Este trabalho destina-se a explorar a evolução das soluções digitais em cidades inteligentes, destacando como essas tecnologias estão sendo implementadas e quais os impactos elas têm sobre a eficiência urbana, a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento econômico da cidade. Através de uma revisão bibliográfica da literatura, busca-se uma compreensão abrangente dos elementos-chave que compõem o conceito de smart city, bem como os desafios e oportunidades que surgem com sua implementação. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Definição e Evolução do Conceito de Cidades Inteligentes 

O conceito de cidade inteligente (smart city) surgiu como uma resposta às crescentes demandas urbanas e aos desafios apresentados pelo rápido crescimento populacional nas áreas urbanas. Segundo Caragliu, Del Bo e Nijkamp (2011), uma cidade pode ser considerada inteligente quando há investimentos em capital humano e social, assim como um desenvolvimento econômico sustentável e uma boa qualidade de vida, com uma gestão estratégica dos recursos naturais por meio de um governo participativo. 

Durante o ano de 1990, a atenção estava voltada para as infraestruturas tecnológicas. De acordo com Hollands (2008), cidades inteligentes são aquelas que fazem uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) com o intuito de aprimorar a eficiência operacional e melhorar a qualidade de serviços públicos e também a qualidade de vida dos habitantes. 

Já no início dos anos 2000, a sustentabilidade e a qualidade de vida tornaram-se o foco principal. Nam e Pardo (2011) destacam que as cidades inteligentes não são apenas tecnológicas, mas também sustentáveis e bastante inclusivas, promovendo o bem-estar dos cidadãos e a sustentabilidade ambiental. A partir de 2010, a governança e a participação cidadã ganharam destaque. Governança refere-se à tomada de decisões e sua implementação de forma participativa. Albino, Berardi e Dangelico (2015) afirmam que uma cidade inteligente envolve não apenas infraestrutura tecnológica, mas também governança participativa, inovação social e engajamento da sociedade. 

Em suma, o conceito de cidades inteligentes evoluiu de uma visão centrada na tecnologia para uma abordagem que integra sustentabilidade, qualidade de vida, governança e a participação ativa dos cidadãos. Esse desenvolvimento reflete uma compreensão crescente de que a tecnologia, quando combinada com políticas inclusivas e sustentáveis, pode transformar as cidades em espaços mais eficientes, habitáveis e resilientes. 

A Figura 1 apresenta os três pilares fundamentais das cidades inteligentes: Humano, Infraestrutura e Planejamento e Gestão. Esses pilares são representados visualmente para destacar os principais elementos que contribuem para a construção de uma cidade inteligente e sustentável. 

Figura 1: Pilares das Cidades Inteligentes 

Fonte: autor (2024).

2.2 Aplicação de Indicadores de Sustentabilidade da NBR 37122 em Cidades Inteligentes 

A NBR 37122 é uma norma brasileira que fornece diretrizes para o desenvolvimento de cidades e comunidades sustentáveis. A NBR 37122 estabelece diretrizes e indicadores que ajudam as cidades a implementarem políticas e projetos de cidades inteligentes, focando na melhoria da sustentabilidade social, econômica e ambiental (ISO 37122:2019, p. 3). 

Governança é medida pela participação cidadã nos processos decisórios, pela transparência nas ações governamentais e pela eficiência administrativa. Já o planejamento urbano é avaliado pelo acesso à infraestrutura urbana, pela gestão e uso do solo e pela sustentabilidade dos projetos de desenvolvimento. 

Em termos de mobilidade urbana, os indicadores envolvem a qualidade e extensão do transporte público, a infraestrutura para meios de transporte não motorizados e a gestão do tráfego, visando reduzir congestionamentos. Na área de meio ambiente, a qualidade do ar e da água, a gestão de resíduos sólidos e a preservação das áreas verdes são monitorados. 

Para a tecnologia, os indicadores incluem o acesso à internet de alta velocidade, a implementação de tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a infraestrutura de suporte para IoT (Internet das Coisas). No campo da economia, a diversidade econômica e a inovação são analisadas, juntamente com o nível de emprego e renda e os investimentos em tecnologia e infraestrutura. 

Por fim, a qualidade de vida é avaliada considerando o acesso a serviços de saúde e educação, a segurança pública e a inclusão social e equidade. 

2.3 Aplicações de Cidades Inteligentes em Diferentes Setores 

As cidades inteligentes transformaram as áreas urbanas através da utilização de novas tecnologias para melhorar a eficiência, a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos. As principais áreas de aplicação incluem mobilidade urbana, gestão de recursos, segurança pública, saúde e governança. A seguir, cada uma dessas áreas será analisada de forma mais detalhada.

2.3.1 Mobilidade Urbana 

Um dos setores mais impactados pela tecnologia é a mobilidade urbana, de acordo com Tripathi et al. (2021): 

Neste sentido, as soluções inteligentes possibilitadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e pela Internet das Coisas (IoT) são fundamentais para proporcionar uma melhor compreensão dos padrões de mobilidade. Tais soluções podem influenciar positivamente as decisões tomadas relativas ao setor dos transportes, tais como a necessidade de reduzir a dependência automóvel e de aumentar a segurança através da criação de ciclovias e da melhoria do ambiente pedonal, entre outros. (TRIPATHI;FEROZ; CASALINO, 2021) 

No sistema de transporte inteligente os veículos utilizam sensores, redes de comunicação e análise de dados para otimizar o fluxo de tráfego, reduzir congestionamentos e melhorar a segurança rodoviária. 

2.3.2 Gestão de Recursos 

A gestão eficiente de recursos é fundamental para a sustentabilidade das cidades inteligentes. Isso inclui a gestão de água, energia e resíduos. Ghafarian Hosseini et al. (2013) mostram que as redes inteligentes de energia (smart grids) podem monitorar e gerenciar a distribuição de energia, ajudar a reduzir o consumo e instalar fontes de energia renováveis. 

Já nos sistemas de gestão de água inteligente são utilizados sensores para detectar vazamentos, monitorar o consumo e otimizar a distribuição, evitando grandes desperdícios dos recursos fornecidos. 

2.3.3 Segurança Pública 

É sabido que a segurança pública é um setor bastante importante dentro de um espaço urbano e ele assim como os demais é bastante beneficiado pelas tecnologias de cidades inteligentes. Sistemas de monitoramentos com câmeras de alta qualidade e performance conectadas a uma rede permitindo uma resposta rápida a incidentes, melhorando de forma significativa a segurança dos cidadãos. Sistemas de alerta com notificação para emergências e situações de riscos, permitindo que os cidadãos e autoridades ajam de uma forma mais rápida e eficaz de acordo com a situação atual (CHOURABI et al.,2012). 

2.3.4 Saúde 

Na área da saúde, a tecnologia é implementada para melhorar o acesso aos serviços e a eficiência dos cuidados médicos. As iniciativas incluem o uso de dispositivos usados para monitoramento remoto de pacientes, sistemas de agendamentos para consultas e exames médicos e plataformas de telemedicina. O monitoramento remoto de pacientes permite que os profissionais de saúde acompanhem condições crônicas e agudas à distância, utilizando dispositivos como monitores de pressão arterial, medidores de glicose e oxímetros de pulso, que transmitem dados automaticamente para os profissionais de saúde. Esse tipo de monitoramento tem mostrado eficácia na redução de internações hospitalares e na melhoria da gestão de doenças crônicas, proporcionando cuidado contínuo e personalizado (BMJ OPEN, 2021; J MED INTERNET RES, 2023). 

2.3.5 Educação 

As tecnologias de cidades inteligentes são aplicadas no setor educacional para criar ambientes de aprendizagem mais conectados e interativos para os alunos. Plataformas de e-learning, que são sistemas digitais projetados para fornecer educação online, permitem que alunos e professores interajam virtualmente, com recursos como vídeos, fóruns e exercícios interativos. Esse modelo amplia o acesso ao ensino e facilita a personalização do aprendizado, atendendo às necessidades individuais dos estudantes. Além disso, sistemas de gestão escolar e infraestrutura digital dentro das salas de aula possibilitam um ensino mais adaptativo e acessível. Segundo estudos, a educação inteligente envolve o uso de tecnologias da informação para apoiar a aprendizagem personalizada, colaborativa e adaptativa, proporcionando acesso ubíquo e interativo (NOH et al., 2011; SPECTOR, 2014) 

2.4 Desafios e Barreiras para a Implementação de Cidades Inteligentes 

A implementação de cidades inteligentes, embora promissoras, enfrenta uma série de desafios e barreiras que precisam ser superados para que iniciativas possam atingir seu pleno potencial. Esses obstáculos são variados e abrangem questões tecnológicas, econômicas, sociais e políticas. A seguir, cada uma dessas barreiras será abordada com maior profundidade.

2.4.1 Desafios Tecnológicos 

Um dos principais desafios tecnológicos para a implementação de cidades inteligentes é a integração de sistemas heterogêneos. De acordo com Jurairat Phuttharak e Seng W. Loke(2023), em seu estudo, a criação de aplicações para cidades inteligentes frequentemente enfrenta dificuldades significativas, incluindo a integração de diversas fontes de dados e a coordenação entre diferentes infraestruturas e serviços urbanos. 

Outro desafio é a segurança cibernética, pois com o aumento da digitalização e a interconexão de dispositivos e sistemas, as cidades inteligentes tornam-se alvos atraentes para ataques cibernéticos. Segundo Coufalikova et al. (2023), o processo de digitalização das cidades, exemplificado pelo uso de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), aumenta os riscos de segurança, exigindo medidas robustas de proteção cibernética para prevenir e mitigar ataques. A (IoT) refere-se a uma rede de dispositivos físicos interconectados que coletam, compartilham e agem sobre dados. Esses dispositivos, que incluem desde eletrodomésticos e veículos até sensores industriais e wearables (como os smartwatches, que são relógios conectados à internet), são equipados com sensores, software e outras tecnologias para se comunicar e interagir com o ambiente e com outros dispositivos pela internet. 

Além disso, enfrenta-se também a questão da coleta massiva de dados pessoais, que é necessário para o funcionamento eficiente das cidades inteligentes. Com isso, levanta-se a preocupação sobre onde esses dados são armazenados, utilizados e de que forma são protegidos. Conforme discutido por Coufalikova et al. (2023), essa coleta massiva de dados pessoais exige medidas robustas para garantir a privacidade e a segurança dos cidadãos, bem como para prevenir o uso indevido dessas informações. 

2.4.2 Desafios Econômicos 

Implementar tecnologias para se criar uma cidade inteligente envolve investimentos muito altos. E de acordo com o relatório da McKinsey (2020), os altos custos iniciais de implementação de tecnologias inteligentes se tornam uma barreira significativa. A adoção de tecnologias avançadas requer investimentos consideráveis em infraestrutura e capacitação tecnológica, o que pode ser um desafio para muitas cidades que buscam se tornar mais inteligentes.

A viabilidade econômica também depende de um modelo de financiamento sustentável. Parcerias público-privadas (PPP) são frequentemente necessárias para compartilhar os custos e riscos associados à implementação dessas tecnologias. 

2.4.3 Desafios Sociais 

As diferenças socioeconômicas podem ser agravadas pela implementação desigual de tecnologias. Em muitas cidades, há uma divisão desigual significativa onde comunidades de baixa renda têm menos acessos a tecnologias avançadas. Uma pesquisa apresentada pela IntechOpen revela que as transformações urbanas impulsionadas por novas economias digitais frequentemente não resultam em maior igualdade. Pelo contrário, esses avanços tendem a aumentar a desigualdade de renda e social nas cidades, especialmente à medida que a tecnologia e a globalização mudam a dinâmica econômica e social (INTECHOPEN, 2023). 

A resistência à mudança também é uma grande barreira. As inicializações de novas tecnologias e as alterações de processos já existentes podem encontrar um grande índice de rejeição tanto pelos cidadãos quanto até mesmo por funcionários públicos. A pesquisa da McKinsey descobriu que 74% dos esforços de transformação do setor privado não conseguem atingir os seus objetivos, enquanto no setor público, a taxa de insucesso é ainda maior (80%). Em ambos os setores, as práticas pessoais são um fator decisivo, muitas vezes fazendo a diferença entre o sucesso e a decepção (MCKINSEY,2023). 

2.5 Critérios de Inclusão e Exclusão 

Para a seleção dos estudos incluídos na análise deste artigo, foram aplicados critérios específicos de inclusão e exclusão. Foram consideradas publicações que abordam diretamente o conceito de cidades inteligentes, incluindo estudos empíricos, revisões de literatura, e artigos teóricos, desde que revisados por pares. O período de publicação considerado abrange estudos publicados entre 2008 e o presente, de modo a garantir a relevância e atualidade dos dados. Excluíram-se publicações que não tratassem do tema central, artigos de acesso restrito e sem possibilidade de obtenção, bem como publicações duplicadas.

2.6 Estudos de Caso de Cidades Inteligentes no Brasil e no Mundo 

A implementação de cidades inteligentes ao redor do mundo oferece uma rica fonte de aprendizado e exemplos práticos que podem ser adaptados para diferentes realidades. A seguir serão apresentados alguns casos bem-sucedidos de implementação de diferentes tipos de tecnologias em diferentes contextos públicos das cidades inteligentes. 

2.6.1 Estudos de Caso no Mundo 

Barcelona, Espanha 

A cidade de Barcelona é constantemente citada como um modelo de cidade inteligente, pois a mesma implementou diversas iniciativas na qual elas incluem infraestrutura de sensores IoT (Internet das Coisas) para monitorar o tráfego, a qualidade do ar e o consumo de energia. O projeto “Barcelona Digital City” é um exemplo de como essas tecnologias agregam valor para se criar cidades com maior eficiência e sustentabilidade. Barcelona também utiliza plataformas digitais para melhorar a governança, proporcionando assim maior transparência e participação cidadã (BAKICI; ALMIRALL; WAREHAM, 2013). 

Cingapura 

Cingapura é reconhecida por sua abordagem completa e integrada para se tornar uma cidade inteligente. Existe um projeto chamado “Smart Nation” no qual visa transformar a mesma através da digitalização em todas as esferas da vida urbana. As iniciativas incluem o uso de sensores para gerenciar eficientemente o tráfego e a energia, além de sistemas de saúde conectados que permitem o monitoramento e o acompanhamento de forma remota dos pacientes. Cingapura também investiu em tecnologias de segurança, tais como câmeras de vigilância que ajudam a reduzir a criminalidade e melhorar a resposta em uma atitude de emergência (LEE; HANCOCK; HU, 2014). 

Amsterdam, Países Baixos 

Amsterdam é outra cidade que se destaca no cenário mundial de cidades inteligentes. Através do projeto “Amsterdam Smart City”, no qual envolve a colaboração entre governo, empresas, instituições de pesquisas e cidadãos para desenvolver soluções inovadoras e eficazes para a cidade. Alguns exemplos são: o uso de dados em tempo real para otimizar o transporte público, projetos de energia renovável e iniciativas de economia circular, um modelo que visa reduzir o desperdício, promovendo a reutilização e reciclagem de materiais.. Amsterdam também promove a participação cidadã através de plataformas digitais que permitem aos seus moradores contribuir com o planejamento urbano (VAN WIJK; KOLKMAN; DE BRUIJN, 2016). 

2.6.2 Estudos de Caso no Brasil 

Para entender como os conceitos de cidades inteligentes são aplicados no Brasil, apresentamos estudos de caso de cidades que se destacam por suas iniciativas em eficiência, sustentabilidade e qualidade de vida. 

Rio de Janeiro 

O Rio de Janeiro tem se destacado por suas iniciativas, especialmente no campo de gestão de desastres naturais. O Centro de Operações Rio (COR) é um exemplo do uso da tecnologia avançada para monitorar e gerenciar situações de emergências, como enchentes e desmoronamentos de terra. O COR integra dados de diversas fontes, incluindo sensores, câmeras e relatórios meteorológicos para coordenar a resposta das autoridades em tempo real. Esta iniciativa tem melhorado significativamente a capacidade da cidade lidar com crises e proteger seus cidadãos (FREIRE, 2014). 

Curitiba 

Curitiba é conhecida por suas inovações em mobilidade urbana e planejamento sustentável. A cidade implementou um sistema de transporte público eficiente e acessível, conhecido como BRT (Bus Rapid Transit), que se tornou um modelo para várias outras cidades ao seu redor. Além disso, a cidade tem investido fortemente em tecnologias verdes e práticas sustentáveis, como a gestão inteligente de resíduos e programas de reciclagem. A cidade também utiliza dados para monitorar a eficiência dos serviços públicos, assim ajudando no melhor planejamento para constantes melhorias (RABINOVITCH, 1996). 

São Paulo 

São Paulo, a maior cidade do Brasil, tem optado por diversas iniciativas para se tornar uma cidade inteligente. Projetos que incluem o uso de sensores para monitorar a qualidade do ar, sistemas inteligentes de gerenciamento de trânsito e plataformas digitais para melhorar a interação entre o governo e os cidadãos. Um exemplo notável é o projeto “SP156”, uma plataforma que centraliza diversos serviços municipais e permite que cidadãos façam solicitações e denúncias online promovendo maior eficiência e transparência na gestão pública (SPINOLA, 2018). 

A seguir, é apresentada uma tabela que resume os estudos de caso discutidos, destacando as principais iniciativas e características de cada cidade no contexto de cidades inteligentes. 

Tabela 1 – Comparativa dos Casos de Uso 

Fonte: autor (2024). 

Os casos apresentados demonstram como diferentes cidades ao redor do mundo têm utilizado tecnologias digitais para promover eficiência, sustentabilidade e qualidade de vida. Independentemente do contexto, iniciativas como IoT, plataformas de participação cidadã e gestão inteligente de recursos mostram-se eficazes na criação de cidades mais conectadas e responsivas. Esses exemplos oferecem lições valiosas e inspirações para que outras cidades, inclusive no Brasil, adaptem essas práticas de acordo com suas próprias necessidades e desafios.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS 

A leitura dos artigos selecionados permitiu chegar a algumas conclusões sobre as cidades inteligentes. Nos exemplos analisados, destacaram-se os principais benefícios decorrentes da adoção de determinadas tecnologias. Além disso, essas leituras também revelaram questões pendentes que podem ser interpretadas como lacunas na implementação de tecnologias urbanas. Esses pontos serão discutidos a seguir. 

3.1 Principais Categorias de Soluções Digitais para Cidades Inteligentes 

A revisão bibliográfica realizada conseguiu identificar vários estudos relacionados às soluções digitais em cidades inteligentes no Brasil e em outros países também. Após a análise, os estudos incluídos nesse trabalho foram categorizados conforme apresentado a seguir. 

Tabela 2 – Principais Categorias das Cidades Inteligentes 

Fonte: autor (2024). 

A tabela acima apresenta as principais categorias de soluções digitais para cidades inteligentes, demonstrando o uso de tecnologias para enfrentar desafios urbanos variados. Cada categoria busca otimizar serviços essenciais, como mobilidade, recursos, segurança, saúde e educação, por meio de redes inteligentes e plataformas digitais, promovendo um ambiente urbano mais eficiente e interativo.

3.2 Benefícios e Desafios das Soluções Digitais para Cidades Inteligentes 

A tabela a seguir apresenta uma visão geral dos principais benefícios e desafios associados aos aspectos fundamentais de uma cidade inteligente 

Tabela 3 – Resumo dos Benefícios e Desafios das Cidades Inteligentes 

Fonte: autor (2024). 

A tabela acima destaca os principais benefícios e desafios que acompanham as soluções digitais em cidades inteligentes. Em cada categoria, percebe-se um potencial para aprimorar o funcionamento urbano e a qualidade de vida, como o aumento da eficiência operacional e o estímulo à sustentabilidade. No entanto, há desafios significativos a serem enfrentados, incluindo questões de integração tecnológica, custos elevados, desigualdade de acesso e preocupações com a privacidade e segurança dos dados, que exigem estratégias robustas para garantir o sucesso dessas iniciativas.

4. CONCLUSÃO 

As cidades inteligentes surgem como uma resposta necessária aos desafios impostos pelo rápido crescimento urbano e pela demanda por eficiência, sustentabilidade e qualidade de vida. Ao longo deste trabalho, foram apresentados os benefícios das soluções digitais aplicadas em ambientes urbanos, mostrando como tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e sistemas de governança digital têm potencial para transformar a gestão das cidades. 

Por outro lado, também foram discutidas as barreiras e os desafios enfrentados na implementação dessas soluções, incluindo a integração de sistemas, o custo inicial elevado e questões de desigualdade social e de acesso à tecnologia. Estes aspectos ressaltam a importância de uma abordagem planejada e inclusiva que considere não apenas os aspectos tecnológicos, mas também os fatores humanos e de governança. 

Conclui-se que, para que as cidades inteligentes sejam verdadeiramente efetivas, é fundamental que o desenvolvimento tecnológico seja acompanhado por políticas públicas que promovam a inclusão social, a sustentabilidade e a participação ativa dos cidadãos. Dessa forma, será possível construir cidades que não apenas empreguem tecnologias avançadas, mas que também atendam às necessidades de todos os seus habitantes, garantindo um futuro urbano mais sustentável e igualitário.

5. REFERÊNCIAS 

CARAGLIU, A.; DEL BO, C.; NIJKAMP, P. Smart cities in Europe. Journal of Urban Technology, v. 18, n. 2, p. 65-82, 2011. 

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COHEN, B. The top 10 smart cities on the planet. Fast Company, 2012. ZANELLA, A. et al. Internet of Things for smart cities. IEEE Internet of Things journal, v. 1, n. 1, p. 22-32, 2014 

Hollands, R. G. (2008). Will the real smart city please stand up? Intelligent,progressive or entrepreneurial?. City, 12(3), 303-320. 

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COUFALIKOVA, Aneta; FRANTIS, Petr; VAVRA, Jiri. The Future Possibilities and Security Challenges of City Digitalization. Smart Cities, v. 6, n. 1, p. 137-155, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.3390/smartcities6010008. Acesso em: 25 maio 2024. 

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1Discente do Curso Superior de Sistema de Informação da Universidade Estadual do Tocantins Campus Palmas e-mail: anthonysilveira@unitins.br
2Docente do Curso Superior de Sistema de Informação da Universidade Estadual do Tocantins Campus Palmas. Mestre em Modelagem Computacional (UFT). e-mail: napoleao.pr@unitins.br