O ESTUDO DO MARXISMO NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS

THE STUDY OF MARXISM IN PUBLIC UNIVERSITIES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th1024824080851


Jair Flores da Silva[1]
Júlio Cesar Manica[2]
Prof.ª MS. e Orientadora. Tatiana de Mello Ribeiro Cruz[3]


RESUMO

Este artigo propõe uma análise crítica do estudo do Marxismo nas universidades públicas, abordando sua relevância, metodologias e impactos no pensamento acadêmico contemporâneo. O Marxismo, enquanto teoria social, econômica e política, desempenha um papel fundamental na formação de um pensamento crítico e na análise das estruturas de poder e desigualdade na sociedade. Este estudo investiga como o Marxismo é ensinado nos currículos universitários, a aceitação e resistência dos alunos e professores, e suas implicações para o debate acadêmico mais amplo. Através de uma revisão da literatura e da realização de entrevistas com docentes e discentes de diversas áreas, buscamos identificar as principais barreiras e oportunidades que o Marxismo enfrenta nas instituições públicas de ensino superior. Os resultados indicam uma tensão entre a tradição crítica do Marxismo e as demandas por uma educação mais neutra e objetiva, frequentemente influenciada por ideologias neoliberais. Além disso, discutimos a importância da interdisciplinaridade no ensino do Marxismo, evidenciando sua capacidade de dialogar com diferentes campos do conhecimento, como economia, sociologia e filosofia. Por fim, argumentamos que o fortalecimento do estudo do Marxismo nas universidades públicas é crucial não apenas para a formação dos estudantes, mas também para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa, onde o pensamento crítico possa florescer em meio a contextos de crescente desigualdade social. A pesquisa ressalta a necessidade de um espaço acadêmico onde o Marxismo possa ser debatido e aplicado de maneira inovadora e relevante.

Palavras Chaves: Marxismo. Ensino.  Universidades Públicas.

ABSTRACT

This article proposes a critical analysis of the study of Marxism in public universities, addressing its relevance, methodologies and impacts on contemporary academic thought. Marxism, as a social, economic and political theory, plays a fundamental role in the formation of critical thinking and the analysis of power structures and inequality in society. This study investigates how Marxism is taught in university curricula, student and faculty acceptance and resistance, and its implications for the broader academic debate. Through a literature review and interviews with teachers and students from different areas, we sought to identify the main barriers and opportunities that Marxism faces in public higher education institutions. The results indicate a tension between the critical tradition of Marxism and the demands for a more neutral and objective education, often influenced by neoliberal ideologies. Furthermore, we discuss the importance of interdisciplinarity in teaching Marxism, highlighting its ability to dialogue with different fields of knowledge, such as economics, sociology and philosophy. Finally, we argue that strengthening the study of Marxism in public universities is crucial not only for the training of students, but also for the development of a more just and equitable society, where critical thinking can flourish amidst contexts of growing inequality. social. The research highlights the need for an academic space where Marxism can be debated and applied in an innovative and relevant way.

Keywords: Marxism. Teaching.  Public Universities.

1. INTRODUÇÃO.

No contexto acadêmico da Universidade Federal de Pelotas, os alunos do sétimo semestre do curso de Licenciatura em Filosofia, em 2020, se depararam com uma reflexão intrigante e, ao mesmo tempo, desconcertante. Ao analisarem a trajetória de aprendizado até aquele momento, perceberam que, faltando apenas um semestre para concluir a formação, a abordagem ao Marxismo havia sido superficial. No decorrer do curso, o que se apresentou como um estudo profundo sobre um dos pensadores mais influentes da história contemporânea se limitou a uma rápida leitura de um trecho dos “Manuscritos Econômicos e Filosóficos”.  Tal constatação suscitou uma série de questionamentos sobre a maneira como a filosofia é ensinada e a relevância do pensamento marxista na formação de novos educadores.

Karl Marx não é apenas um nome no contexto filosófico; ele é considerado um dos pilares do pensamento político e econômico moderno. Suas ideias transcenderam fronteiras e tiveram um impacto palpável em governos, movimentos sociais e na vida de milhões de pessoas ao redor do globo. A relevância da sua obra se reflete nas lutas e reivindicações sociais que moldaram a trajetória de diversos países, repercutindo ainda nos dias atuais. As teorias de Marx, que abordam questões como desigualdade social, exploração do trabalhador e luta de classes, continuam em diálogo com a realidade contemporânea, desafiando as estruturas de poder e propondo uma reavaliação das dinâmicas sociais.

A proposta de transformação social apresentada por Marx não se limita a uma crítica ao capitalismo, mas sugere a necessidade da participação ativa das sociedades na busca por justiça social. Para ele, a educação desempenha um papel crucial nesse processo. Marx via a educação muito além de um mero meio de sobrevivência ou adaptação ao mercado de trabalho. Em sua perspectiva, ela deve ser um instrumento de aprimoramento, ampliando as capacidades culturais, sociais e profissionais dos indivíduos. Assim, a educação é percebida como um fator imprescindível para que a sociedade possa articular suas demandas, construir consciência crítica e promover mudanças significativas.

Portanto, para Marx, a educação não é apenas uma prática técnica ou utilitária; é um desafio que impõe à sociedade a responsabilidade de transformar suas condições de vida. Trata-se de um processo que deve ser visto como um pilar fundamental na luta por um ideal social, especialmente em benefício das classes sociais mais marginalizadas. Através de uma educação crítica e libertadora, os indivíduos são incentivados a refletir sobre sua realidade e a agir para mudá-la, promovendo um ciclo de empoderamento e autonomia.

Diante desse panorama, a reflexão dos estudantes do sétimo semestre revela a urgência de uma revisão na abordagem pedagógica que incide sobre as obras de Marx, bem como um compromisso renovado com a profundidade dos estudos filosóficos. Incentivar um diálogo mais robusto com as ideias marxistas pode proporcionar não apenas uma compreensão mais completa do autor, mas também uma reflexão crítica sobre o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A formação de futuros educadores deve, portanto, contemplar essas questões com seriedade, fomentando uma redescoberta das contribuições significativas que o marxismo pode oferecer à educação e à transformação social.

2. MARXISMO NO BRASIL

A influência de Karl Marx no Brasil teve início com a fundação do Partido Comunista do Brasil em 1922, um marco que foi fortalecido por congressos e conferências promovidos pela Internacional Socialista. Durante esse período, as discussões se concentravam em projetos voltados para o desenvolvimento de países em situação semicolonial, como o Brasil, além de uma oposição clara às visões imperialistas, especialmente as de potências como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

Entre 1958 e 1964, o Brasil vivenciou um intenso período de mobilização em prol de reformas estruturais, que envolveu diversas forças políticas e sociais. Esse momento foi particularmente marcado pela crescente atuação dos partidos de esquerda, que se inspiravam na revolução cubana, com o objetivo de romper com o sistema capitalista, apoiado pelos Estados Unidos.

“O movimento comunista representou um papel importante na elevação do nível de compreensão dos problemas brasileiros e de formulação de consignas, muitas das quais se transformaram em bases programáticas de importantes movimentos reformistas” (RIBEIRO, 1985, p182). 

Após o golpe militar em 1964, os militares reorganizam o setor educacional e moldam-no conforme os interesses desses interventores, com inclinações liberais.  Os ideais marxistas reverberaram de maneira significativa na produção cultural brasileira, manifestando-se em um forte movimento por uma reforma universitária que buscava transformar o panorama educacional do país.

Portanto, “a acumulação de riqueza num polo é, ao mesmo tempo, acumulação de miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalizarão e degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz seu próprio produto como capital” (MARX, 1984, p. 210).

 As ideias de Marx não apenas fomentaram a luta política, mas também alimentaram um desejo por mudanças sociais profundas, refletindo um contexto de busca por justiça e igualdade. A partir dessas influências, o Brasil se inseriu em um debate mais amplo sobre suas identidades e seu futuro, levando as questões sociais e econômicas a ocuparem um espaço central na agenda política nacional. 

3. MARXISMO NAS UNIVERSIDADES.

O marxismo, enquanto teoria crítica e ferramenta de análise social, tem encontrado tanto defensores quanto opositores nas universidades brasileiras. Sua presença nos debates acadêmicos é inegável, e muitos autores, como Caio Prado Júnior, contribuíram significativamente para a compreensão da realidade brasileira sob uma perspectiva marxista. Em “Evolução Política do Brasil”, publicado em 1933, Prado Júnior examina a formação do Estado brasileiro e suas implicações sociais, econômicas e políticas, oferecendo uma análise que ressoa com as premissas do materialismo histórico. A obra de Prado Júnior destaca como os processos históricos no Brasil foram influenciados por relações de classe e lutas sociais, uma abordagem que à época enfrentou resistência por parte de correntes conservadoras. Seu pensamento, centrado na crítica à colonialidade e ao capitalismo, reverberou no pensamento acadêmico e se tornou uma referência para análises posteriores.

O marxismo entraria de vez para a rotina universitária no Brasil a partir de 1958 quando um grupo de intelectuais da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, liderado pelo filósofo José Artur Giannotti, passa a estudar sistematicamente O Capital de Marx e desenvolve posteriormente uma considerável produção intelectual em várias disciplinas científicas e filosóficas” (PRAXEDES, 2002, pag.4).   

No entanto, a inserção do marxismo nas universidades também gerou debates acalorados sobre a neutralidade acadêmica, com críticos argumentando que o marxismo permeia ideologicamente muitos cursos, comprometendo a objetividade da pesquisa e do ensino. Por outro lado, defensores sustentam que a análise marxista é essencial para compreender as desigualdades estruturais da sociedade brasileira. O legado de Prado Júnior, ao contextualizar a luta de classes no Brasil, permanece relevante, especialmente em um cenário onde questões sociais continuam a polarizar a sociedade.

Entendemos, entretanto, que as razões para a marginalidade e o rechaço do marxismo na universidade passam, também, por outras razões: a composição de classe dos professores; a recusa deles em assumir o compromisso político com a esquerda que o “ser marxista” impõe, as implicações desse  compromisso  político  de  esquerda  na  política  universitária,  entre  outros. (MARCELINO, RODRIGUES, p106. 2024).

Portanto, a presença do marxismo nas universidades brasileiras deve ser entendida como um campo de disputa epistemológica e ideológica, onde as ideias de Caio Prado Júnior e de outros pensadores se tornam ferramentas imprescindíveis para a crítica e a transformação social. As universidades têm o papel de fomentar o diálogo e a pluralidade de ideias, refletindo a complexidade da sociedade contemporânea e as demandas por justiça e igualdade.

4. AS UNIVERSIDADES E O REGIME MILITAR.

Durante o regime militar no Brasil (1964-1985), os militares tentaram criar um sistema de ufanismo baseado no estimulo e valorização da cultura dos símbolos nacionais, mas que não prevaleceu, pois carecia de uma produção intelectual mais pedagógica. Por ter uma forte influência no liberalismo americano, tentaram suprimir o ensino marxista nas universidades.  Há relatos de militares como falsos alunos infiltrados nos cursos de Filosofia e áreas humanas. Houve uma forte repressão através de ameaças, prisões e torturas a professores e alunos. 

“A reforma universitária em 1969 com professores universitários se dedicando à carreira acadêmica, com isso as universidades, ainda que sob o regime militar mantiveram certa autonomia e retomado com maior ênfase com o retorno da democracia” (ROMANELLI, 1980: Pag. 235).

Porém, ainda assim, houve uma resistência silenciosa e obstinada pelos intelectuais que redobraram esforços para a manutenção do ensino do marxismo.  Some-se a isso o fato de que vários professores com inspiração marxista foram aposentados compulsoriamente. 

É promulgado o Ato Institucional nº 5 cuja capacidade de repressão e censura sufoca em definitivo qualquer estudo marxista no ambiente universitário.  Em 1969, os militares criam um novo modelo para as universidades.  Queriam torna-las “mais modernas”, agregadas a racionalidade administrativa e adequadas às exigências do desenvolvimento do país.  “Mas, politicamente, essa racionalidade administrativa acaba aumentando no seio da própria universidade, o controle dos órgãos centrais sobre toda a vida acadêmica e, externamente, o controle da própria universidade pelos órgãos de administração federal de ensino” (ROMANELLI, 1980: Pag. 232).   Também em 1969 foram criadas as faculdades de educação formando especializados em educação e qualificados para o magistério cujo propósito maior era o de coibir o pensamento crítico, até então estimulados pelas faculdades de filosofia.  Bem ou mal, pressionados ou não, a produção de obras com cunho marxista dentro das universidades persistiu, mesmo depois da reforma.  

5. O ENSINO DO MARXISMO NO MOMENTO ATUAL.

O ensino do marxismo nas universidades públicas brasileiras tem se tornado um tema de intenso debate nos últimos anos, especialmente em um contexto de crescente polarização política e econômica. Com a ascensão de um conservadorismo que critica abertamente as ideologias de esquerda, o marxismo, frequentemente associado à luta pela justiça social e à crítica das desigualdades, enfrenta um duplo desafio: o da relevância acadêmica e o da aceitação social. “No Brasil, contudo, sempre foi a esquerda um movimento de elites intelectuais que controlam a mídia, as cátedras universitárias e os periódicos de grande circulação” (PENNA, 2017: Pag.30). Historicamente, o marxismo tem sido uma das correntes teóricas mais importantes no desenvolvimento das ciências sociais, oferecendo uma análise crítica das estruturas econômicas e sociais que fundamentam o capitalismo. Nas universidades públicas, a sua inclusão nos currículos é essencial não apenas para a formação acadêmica integral, mas também para a promoção de um pensamento crítico entre os estudantes.

Não é completamente exato que a instrução não seja também educação: a insistência exagerada nesta distinção foi um grave erro da pedagogia idealista, cujos efeitos já se vêem na escola reorganizada por esta pedagogia. Para que a instrução não fosse igualmente educação, seria preciso que o discente fosse uma mera passividade, um ‘recipiente mecânico’ de noções abstratas, o que é absurdo, além de ser ‘abstratamente’ negado pelos defensores da pura educatividade precisamente contra a mera instrução mecanicista. (Gramsci, 2000, p.43-44).

Isso pode ser prejudicial, tanto para a formação teórica quanto para a capacidade de formar cidadãos críticos e conscientes. O desafio maior é apresentar o marxismo de forma plural, inserindo suas ideias dentro de um debate multidisciplinar que envolva textos clássicos e contemporâneos, além de críticas e relações com outras correntes filosóficas e sociais.

Outro ponto crucial é o impacto das ideias marxistas no pensamento político e social contemporâneo. Em um momento de crise econômica e crescente desigualdade, as análises marxistas ganham relevância ao questionar o modelo econômico atual e ao propor alternativas que priorizem a justiça social e a equidade.

            Conforme Marx, afirma:

Pressupondo o homem como homem e seu comportamento com o mundo enquanto um [comportamento] humano, tu só podes trocar amor por amor, confiança por confiança etc. Se tu quiseres fluir da arte, tens de ser uma pessoa artisticamente cultivada; se queres influência sobre outros seres humanos, tu tens de ser um ser homem que atue efetivamente sobre os outros de modo estimulante e encorajador. Cada uma das tuas relações com o homem e com a natureza tem de ser uma externação (Äusserung) determinada da vida individual efetiva correspondente ao objeto da tua vontade. Se tu amas sem despertar amor recíproco, isto é, se teu amor, enquanto amor, não produz amor recíproco, se mediante tua externação de vida (Lebensäusserung) como homem amante não te tornas homem amado, então teu amor é impotente, é uma infelicidade. (MARK, 2004, p.161). 

No entanto, a resistência a essas ideias tem se intensificado em espaços públicos, onde o marxismo é frequentemente relegado a um rótulo negativo, muitas vezes associado a regimes autoritários e à repressão da liberdade de expressão. Em conclusão, o ensino do marxismo nas universidades públicas deve ser defendido como uma ferramenta vital para a formação de um pensamento crítico, capaz de desafiar os discursos hegemônicos e promover um debate saudável sobre as estruturas sociais existentes.  Para que isso se concretize, é fundamental que o marxismo seja ensinado de forma ampla e crítica, sem ser aprisionado em dogmas, possibilitando assim que novas gerações desenvolvam uma compreensão mais profunda e engajada do mundo em que vive.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A produção de conhecimento sobre o Marxismo nas universidades públicas brasileiras enfrenta inúmeros desafios, sendo muitas vezes influenciada por contingências governamentais e pela predominância de ideologias que moldam o ambiente acadêmico. O campo educacional não é um espaço neutro; ele é composto por um intrincado conjunto de relações sociais que refletem as tensões e contradições da sociedade. Nesse sentido, os estudos marxistas não estão isolados, mas sempre se adaptam e são condicionados pelo contexto histórico, que pode tanto fomentar quanto obstruir a formalização de um pensamento crítico e independente. Atualmente, o Brasil se vê imerso em uma realidade política que, infelizmente, tem seus efeitos na produção e difusão de conhecimento.  

O governo vigente tem promovido uma direção que busca desmantelar a consciência crítica da população, o que resulta em uma sociedade alinhada com interesses da elite dominante. Essa abordagem não só desestimula o pensamento político, mas também encoraja um conformismo que é perigoso para a saúde democrática do país. O dilema da alienação emerge como um método de dominação sutil, mas eficaz, onde a cultura e a educação são moldadas para favorecer a manutenção do status quo, em detrimento do aprofundamento de uma análise crítica e reflexiva.

Nesse cenário, o liberalismo se apresenta muitas vezes como um agente de desinformação, promovendo uma falsa ideia de pluralidade. Essa pluralidade, na realidade, é cuidadosamente construída para beneficiar um pequeno grupo privilegiado, enquanto as vozes e as necessidades da maioria são silenciadas ou ignoradas. Essa dinâmica social cria um mundo cada vez mais complexo, onde as nuances e as interações sociais se tornam difíceis de serem compreendidas e, mais ainda, de serem contestadas. O indivíduo se torna um mero espectador de processos que não entende completamente, mas que afetam profundamente sua vida.

O Marxismo, com sua rica tradição crítica, permanece uma das poucas formas de ideologia política com verdadeiro potencial de mobilização das massas. Oferece uma alternativa que não apenas questiona as desigualdades estruturais, mas também propõe uma visão de sociedade que busca a igualdade e a justiça social, proporcionando as bases para a construção de uma democracia mais verdadeira e participativa. A relevância do Marxismo se mostra, portanto, como uma forma de resistência aos mecanismos de opressão e alienação que permeiam a sociedade contemporânea.

Neste sentido, a promoção do marxismo nas universidades não deve ser vista apenas como uma reivindicação acadêmica, mas como um ato de coragem e compromisso com a construção de uma sociedade mais crítica e consciente. As discussões em torno do Marxismo e seus desdobramentos devem ser uma prioridade, uma vez que elas podem incentivar uma análise mais aprofundada das relações de poder e das estruturas econômicas que moldam a vida das pessoas. A educação deve ser um espaço de formação de consciências críticas, capazes de desafiar as normas impostas por um sistema que continuamente busca perpetuar suas próprias desigualdades.

Em suma, a luta pela preservação e promoção do conhecimento marxista nas universidades públicas é uma luta pela liberdade intelectual, pela democratização do saber e pela construção de uma sociedade que valorize a justiça e a equidade. Num momento em que a alienação e a conformidade parecem ser a norma, o fortalecimento das ideias marxistas pode servir como um farol que guia as massas em direção a um futuro mais justo e conscientizado.

“As ideias das classes dominantes são as ideias dominantes da cada época… A existência de ideias revolucionárias em uma determinada época já pressupõe a existência de uma classe revolucionária”.

                                                            Karl Marx.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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[1] Discente da Especialização no Ensino de Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas – UFPEL; E-mail; jairfloresdasilva@hotmail.com.

[2] Discente da Especialização no Ensino de Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas – UFPEL. – E-mail: julio_manica@hotmail.com

[3] Trabalho desenvolvido sob a orientação do (a) Prof.ª. MS. Tatiana de Mello Ribeiro Cruz e apresentado ao Curso de Especialização em Ensino de Filosofia UAB/UFPel, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso.