O ESTRESSE DE FINAL DE CURSO DO ESTUDANTE DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11514829


Jéssica Fiaux1,
Claudemir Santos de Jesus2


RESUMO

O estresse se define como esgotamento físico, mental ou emocional, que resulta na interação do indivíduo ao ambiente. Atualmente observa-se uma importante relação entre estresse e acadêmicos de enfermagem, fato resultante da convivência com pessoas enfermas no campo de estágio, agravando-se com problemas individuais. Este artigo teve como objeto analisar “a relação entre o estresse do final do curso e suas repercussões para a saúde do acadêmico de enfermagem”. Como metodologia foi usada à revisão bibliográfica e a pesquisa qualitativa. O que antes era apenas um ato de cuidar, hoje pode observar a importância que ganhou essa profissão aonde profissional que irá exercê-la devera estar muito bem preparado para auxiliar na recuperação do doente. Conclui-se que, o último ano da graduação é o período mais estressante para os alunos, fato este ocasionado devido ao primeiro contato do acadêmico com o campo de estágio, a realização do Trabalho de Conclusão de Curso, a insegurança quanto ao mercado de trabalho e outras questões de caráter pessoal.

Palavras-chaves: 1. Programas de Graduação em Enfermagem. 2. Estresse Psicológico. 3. Bacharelado em Enfermagem.

ABSTRACT

Stress is defined as physical exhaustion, mental or emotional, which results in the interaction of the individual to the environment. Currently there is a significant relationship between stress and nursing students, a fact resulting from living with sick people in the field of stage and deteriorated with individual problems. This article had at analyzing “the relationship between the stress of the end of the course and its impact on the health of nursing students.” The methodology used was the literature review and qualitative research. What was once just an act of caring, now can see the importance that won this profession where professional who will exercise it should be very well prepared to assist in the recovery of the patient. We conclude that the last year of graduation is the most stressful period for students, and this was caused due to the first contact with the academic training field, the performance of the Work Completion of course, the insecurity in the labor market and other issues of personal character.

Keywords: 1. Undergraduate Programs in Nursing. 2. Psychological Stress. 3. Bachelor of Nursing.

RESUMEN

El estrés se define como agotamiento físico, mental o emocional, lo que resulta en la interacción de la persona con el medio ambiente. Actualmente no existe una relación significativa entre el estrés y la enfermería a los estudiantes, lo que resulta de vivir con personas enfermas en el campo de la etapa y se deterioró con problemas individuales. Este artículo tuvo a analizar “la relación entre el estrés del final del curso y su impacto en la salud de los estudiantes de enfermería.” La metodología utilizada fue la revisión de la literatura y la investigación cualitativa. Lo que antes era sólo un acto de cariño, ahora se puede ver la importancia que ganó esta profesión en la profesional que la ejerce debe ser muy bien preparado para ayudar en la recuperación del paciente. Llegamos a la conclusión de que el último año de la graduación es el período más estresante para los estudiantes, y esto fue causado debido a la primera toma de contacto con el campo de la formación académica, el rendimiento de la finalización de tareas, por supuesto, la inseguridad en el mercado de trabajo y otras cuestiones de carácter personal.

Palabras-chave: 1. Programas de Licenciatura en Enfermería. 2. Estrés Psicológico. 3. Licenciatura en Enfermería.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Com a percepção do stress de final de curso, sendo acadêmica de enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior, tenho como objeto deste estudo “as repercussões para a saúde do acadêmico de enfermagem diante do estresse do final do curso”.

A motivação do estudo surgiu no momento em que pensei em desistir da faculdade de enfermagem, pois ao trabalhar em uma unidade de pronto atendimento com altos níveis de estresse, no qual o desgaste emocional foi um ponto determinante para o afastamento da vida acadêmica, observado e vivenciado situações, tanto na sala de aula como nos campos de estágios, ansiedades e angustias relacionada ao futuro profissional, e os afazeres acadêmicos dentre esses o trabalho de conclusão de curso, fatos que geraram inquietações desencadeantes no processo do estresse.

O estresse pode ser definido como o desgaste causado pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se vê diante de uma situação que a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo a faça extremamente feliz1.

Ao conceito de estresse soma-se sua definição como resposta (a nível fisiológico, cognitivo ou motor) do indivíduo frente um determinado estímulo ambiental (estressor). Tal resposta inclui dois componentes associados: um componente psicológico (condutas, padrões de pensamento e emoções) e um componente fisiológico que implica em elevação do tônus, manifestado por um aumento da atividade simpática. O estado de alerta caracteriza-se por níveis de atenção e concentração elevados, sendo que, mediante a ocorrência de eventos críticos, há o aparecimento de sinais e sintomas nos trabalhadores como agitação, sudorese e ansiedade, que podem aparecer e desaparecer em seguida 2.

Muitos autores reconhecem o estresse humano como um conjunto de reações físicas, psicológicas e sociais de adaptação do indivíduo diante de um estímulo, situação, que lhe provoque excitação ou sensação forte, tanto positiva quanto negativa3. Frente a esta realidade o objetivo deste estudo é descrever as repercussões para a saúde do acadêmico de enfermagem diante do estresse do final do curso.

Justifica-se o presente trabalho pelo problema de saúde que o estresse pode resultar, sendo as peculiaridades das atividades laborais ou não, sendo possíveis fatores desencadeantes deste processo de adoecimento, que é percebido quando o limiar de tolerância é superado pelo descontentamento e quando suas defesas mentais e físicas já não são suficientes para suportar os efeitos do estresse.

Este estudo tem um papel estimulador e de contribuição em cursos, palestras voltadas para a comunidade e/ou acadêmicos de enfermagem, buscando a ampliação do conhecimento sobre a área relacionada ao estudo.

Como contribuição para a pesquisa, esperamos que auxilie nos eventos e extensão no sentido de estímulo de cursos para a qualidade de vida do acadêmico de enfermagem e também, servindo como fontes bibliográficas em pesquisas futuras.  Com outros títulos, em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar na execução de tarefa4.

METODOLOGIA

Esta pesquisa qualitativa trata-se de uma atividade da ciência, que visa a construção da realidade, mas que se preocupa com as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o universo de crenças, valores, significados e outros construto profundos das relações que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Quanto ao tipo de pesquisa tem-se a revisão de literatura, que não se constitui em mera repetição do que já foi feito, dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema com novo enfoque ou abordagem baseado na busca de artigos científicos, livros e revistas indexadas. 6

Ao buscarmos os autores, para perceber a importância deste estudo, tivemos como parâmetro os critérios de inclusão, que foram: artigos, teses, dissertações, livros que retratassem a temáticaem português, sendo realizada uma leitura flutuante, em que foi observado o recorte temporal no período de 1994 a 2009, já os descritores da busca encontrar os textos publicados, foram baseados em Programas de Graduação em Enfermagem + Estresse Psicológico + Bacharelado em Enfermagem.

RESULTADO DA REVISÃO DE LITERATURA

Ao realizar a análise da revisão de literatura, foram encontrados livros (05), artigos (04), tese (02), dissertação (01) evidenciado no corte temporal de 1994 a 2011, totalizando 12 produções.

Quando observamos o ano de publicação, identificamos que foram consumidas relacionada a temáticas Enfermagem e a Qualidade de vida no trabalho 01 (1994), e 02 (1995), Educação em Enfermagem 01 (1998), 01(2003), 01 (2009) e 01 (2011), já obtivemos relacionado ao Estresse dos profissionais de Enfermagem,01 em (1996), 01 (2004), 03 (2006).

DISCUSSÃO
Educação em Enfermagem

Mas para alcançar o objetivo de se tornar enfermeiro, faz-se necessário o ingresso na universidade, para a maioria, que ocorre em uma fase de transição da adolescência para a fase adulta ou não, cujo ambiente escolar, por constituir uma mudança nos estilos de vida, exige também um período de adaptação, deparam-se muitas vezes com uma realidade nem sempre esperada, em relação ao curso e as condições de ensino e percepção de uma nova etapa de sua vida chamada responsabilidade10.

Durante a formação na universidade, os estudantes de enfermagem passam por processos de adaptação que podem gerar situações de crises, com o surgimento de depressões, alcoolismo, evasão escolar, dificuldades na aprendizagem, nos relacionamentos pessoais, e isolamento,sobrecarga de atividades acadêmicas teóricas e práticas e ao cursar o último ano de graduação sentem-se sobrecarregados com o conteúdo programático oferecido11.

No Brasil aspectos da graduação merecem atenção devido a expansão dos cursos de graduação em enfermagem, que pode criar expectativas e preocupações, no último ano de curso, que se deparam com o medo de sua atuação relacionada a insegurança quanto a sua formação, frente a competitividade no mercado de trabalho após a graduação13.

Outro fator relevante para esta discussão, confirmado por outros pesquisadores como fatores que podem levar a um nível de estresse, o desgaste percebido pelo estudante, concomitantemente ao exercer atividades profissionais, que pode desencadear o processo de estresse pela dificuldade de conciliar o trabalho e estudo, mediante a correria cotidiana de sua residência à universidade, limitando o tempo para o lazer e de estar com a família. 14,

Assim, a maioria dos alunos que estão matriculados na graduação de enfermagem exerce a profissão de auxiliar ou técnicos de enfermagem em hospitais da rede pública ou privada e que ao chegarem à sala de aula estão na maioria das vezes exaustos, irritados e dispersivos por acumularem uma jornada de trabalho a carga horária em sala de aula16.

No momento em que um graduando de uma instituição de ensino superior se depara com os trabalhos de final de curso, as datas de entregas dos trabalhos, as provas, todas as pressões viram uma sobrecarga, tanto quantitativa evidenciada pela responsabilidade de finalizar os estudos, quanto qualitativa verificada na complexidade das relações humanas, por exemplo, como exigências em excesso e diferentes opiniões entre colegas de trabalho, familiares e clientes11.

Estresse dos profissionais de Enfermagem

No Brasil, somente nas últimas décadas do século XIX, é que acontece o processo de profissionalização da enfermagem.  A partir dos anos 30, com a mudança no sistema econômico, o crescente aumento de doentes que necessitavam de internações e a formalização da enfermagem como profissão, concretiza-se a entrada maciça das mulheres nas instituições de saúde, confirmando que este trabalho tem característica essencialmente feminina. Nesta época, a caridade continuava tendo sua importância, mas as diferenças fundamentais foram exigências de treinamento e remuneração no ato de cuidar7.

O que antes era apenas o ato de cuidar incondicionalmente de uma pessoa que nunca se viu na vida pelo simples ato de caridade, passa a ser reconhecido no mundo moderno como uma profissão para qual existe campo para homens e mulheres, deixando-se assim de ser uma atividade meramente feminina.

O cuidado tornado profissão deixa de ser executado pela afetividade expressa e espontânea, seja na forma de carinho ou na forma de agressão, como pode ocorrer no ambiente doméstico8

O trabalhador de enfermagem é preparado para auxiliar na recuperação do doente ou assisti-lo em sua dor.  Ao remunerar o cuidado prestado, espera-se qualidade e para isso é necessário além do domínio das técnicas, afetividade, nem que a expressão deste afeto seja uma representação necessária.  Pois um dos códigos internalizados pela enfermagem são a devoção e generosidade em relação ao paciente9.

Enfermagem e a Qualidade de vida no trabalho

Múltiplos fatores contribuem para o surgimento e manutenção do estresse não só no ambiente, como também na vida social e familiar do homem.  O estresse parece poder ocorrer de duas formas, a primeira de natureza aguda, muito intenso, mas que desaparece rapidamente, e a segunda de natureza de natureza crônica, não tão intenso, perdurando por períodos de tempo mais prolongados e os recursos utilizados pelo indivíduo para enfrentá-los são escassos3

O acadêmico que tem uma vida cotidiana acelerada entre instituição de ensino e laboral pode, as vezes, se encontrar em um estresse crônico que contribui para uma pobre qualidade de vida e aumento do risco de diversas doenças, como coronarianas, hipertensão e baixa do sistema imunológico3.

Os problemas desencadeadores do estresse podem ser por medo de fracassar, por cansaço físico e emocional, apoio inadequado, pela falta de compreensão clara de como conduzir-se no ambiente, refletindo nas irritabilidades na família, que acaba gerando uma relação tensa e conflituosa12.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente a enfermagem é uma carreira que exige formação universitária e muita dedicação dos acadêmicos, podemos notar que partes desses enfrentam muitas dificuldades durante a sua formação, mais não devem deixar que esse fator influenciasse em sua formação acadêmica, eles deveram torna-se bons enfermeiros e ter foco no cuidado e no paciente.

Embora de todos os problemas enfrentados durante a sua formação, esses acadêmicos deverão estar preparados para atuarem em grupos e exercerem suas funções com respeito e confiança. Podemos observar alguns problemas evidenciados como o medo do fracasso, o cansaço físico e mental, e a falta de compreensão, causam conflitos e dificuldades no relacionamento interpessoal.

Os estudantes sentem-se sobrecarregados com o conteúdo programático oferecido, ao desenvolverem atividades acadêmicas teóricas e praticas, gerando assim preocupações com a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, preocupações relacionadas à inserção no mercado de trabalho. Dentre esses fatores observam-se tais situações vivenciadas na sua vida acadêmica, acabam refletindo na qualidade de vida.

De tal modo que a maioria dos alunos que convive com essas varias situações causadoras do desgaste físico como, por exemplo, a duplicidade de papeis, muitos deles acabam não conseguindo conciliar e muitas das vezes acabam desistindo da graduação.

Verifica-se que as situações potencialmente estressoras estão presentes no transcorre do curso de graduação em enfermagem, gerando um aumento de sua responsabilidade no ultimo período onde percebemos a misturas de varias emoções como o estresse dos últimos trabalhos, o cansaço de todos os anos, e as expectativas futuras.

REFERENCIAS

1 Miquelin, J.D.L. Estresse dos profissionais de enfermagem que atuam em uma unidade de pacientes portadores de HIV/AIDS. Jornal Brasileiro de doenças Sexualmente Transmissíveis: v.16, n.3; Rio de Janeiro, 2004. 24-31p.

2 Lautert, L. O desgosto profissional do enfermeiro. Doutorado em psicologia. Universidade Pontifícia de Salamanca, Espanha, 1995. 30p.

3 Lipp, M. Estresse: conceitos básicos. In: Lipp, editor. Pesquisas sobre estresse no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas: Papirus, 1996. 17-31p.

4 Silva, J.L.L; Melo, E.C.P. Estresse  e implicações para o trabalhador de enfermagem. 2006. Disponível em: <http://www.uff.br/promocaodasaude/informe>. Acessado em: 07/05/2012.

5 Minayo, M.C.S. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.

6 Leopardi, M.T. Metodologia da pesquisa na saúde. 2.ed. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.

7 Silva, G. B.  Enfermagem profissional: análise crítica.  São Paulo: Cortez, 1998. cap.3:  Medicina e enfermagem na sociedade brasileira, 73-81p.

8 Borsoi, I. C. F; Codo, W. Enfermagem, trabalho e cuidado. In: CODO, W. Sofrimento psíquico nas organizações: saúde mental e trabalho. Petrópolis, Vozes, 1995.

9 Rodrigues, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial. 2ª ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

10 Scherer ZAP, Scherer EA, Carvalho AMP. Reflexões sobre o ensino da enfermagem e os primeiros contatos do aluno com a profissão. Rev Latino-Am Enfermagem. 2006;14(2):285-91.

11 Serviços Jorge MSB, Rodrigues ARF de apoio ao estudante oferecido pelas escolas de enfermagem no Brasil. Rev. Latino-Am Enfermagem. 1995; 3(2):59-68.

12 Rios OFL. Níveis de stress e depressão em estudantes universitários [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica; 2006.

13 Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Educação em enfermagem. Rev COREN-SP. 2003; 46:9-12.

14 Santos VEP. O cuidar de si no contexto acadêmico da enfermagem e a segurança do paciente [tese de doutorado].Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2009.


1Graduando em enfermagem da Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro.

2Enfermeiro, mestrando em enfermagem EEAN, docente de enfermagem da Universidade Gama Filho Rio de Janeiro.