O ESTADO PSICOLÓGICO DO ENFERMEIRO DURANTE A ATUAÇÃO NA PANDEMIA DA COVID- 19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8226558


Ana Paula Oliveira Monzoli1
Josiene Andrade De Jesus


RESUMO

A relação entre o trabalho e a saúde mental do profissional da saúde necessita de cuidados, principalmente no período da pandemia, onde os enfermeiros representaram a maior parte daqueles que estão atuando diretamente no auxílio das vítimas. Por isso, esses profissionais tendem a serem os principais a sofrerem com os efeitos da pandemia. Diante disso, quais as consequências a pandemia da COVID 19 trouxe para a saúde mental do enfermeiro? O presente trabalho possui como objetivo geral analisar o impacto que a pandemia causou na saúde mental do enfermeiro durante sua atuação, e através dos objetivos específicos, contextualizar o profissional da enfermagem diante dos desafios da COVID 19, identificar os efeitos gerados pela COVID 19 na saúde mental do enfermeiro atuante na pandemia, e compreender os desafios do profissional da enfermagem com relação à saúde mental diante da pandemia. A pesquisa será desenvolvida por meio da pesquisa bibliográfica e documental utilizando artigos científicos encontrados nas bases de dados como o Google Acadêmico, a Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil (BDEF), e livros. A abordagem será qualitativa e de natureza descritiva. Por fim, espera-se entender as consequências geradas pela pandemia na saúde mental dos profissionais de enfermagem, visando relacionar o que os diversos autores afirmam sobre o tema.

Palavras Chave: COVID 19. Enfermeiro. Saúde Mental

INTRODUÇÃO

A relação entre o trabalho e a saúde mental do profissional da saúde necessita de cuidados, principalmente no período da pandemia, onde os enfermeiros representaram a maior parte daqueles que estão atuando diretamente no auxílio das vítimas, e consequentemente, estão em maior contato com o vírus.

É fundamental que existam condições melhores de trabalho, acompanhamento psicossocial para todos aqueles que se sentirem em esgotamento mental, e reconhecimento do trabalho prestado pelos enfermeiros não somente na pandemia da COVID-19, mas em todos os âmbitos.

Diante do cenário em que os profissionais se encontram é necessário abordar a seguinte questão: quais as consequências à pandemia da COVID 19 trouxe para a saúde mental do enfermeiro? Diante da pandemia, vários profissionais da saúde assumiram as posições na linha de frente no combate ao viver SARS – COV 2. E com isso estiveram mais expostos aos impactos causados pela COVID-19, principalmente com relação ao trabalho excessivo, o estresse, o desenvolvimento de problemas psíquicos como ansiedade e depressão, além do medo de contaminar parentes e pessoas próximas.

O seguinte estudo possui como objetivo geral analisar o impacto que a COVID 19 causou na saúde mental do enfermeiro durante sua atuação. Já como objetivos específicos têm-se: contextualizar o profissional da enfermagem diante dos desafios da COVID 19; identificar os efeitos gerados pela COVID 19 na saúde mental do enfermeiro atuante na pandemia; e compreender os desafios do profissional da enfermagem com relação à saúde mental diante da pandemia.

A relevância da pesquisa para a sociedade se dá, pois é importante compreender e mostrar que além de serem expostos ao vírus durante a pandemia, os enfermeiros podem sofrer de problemas relacionados à saúde mental, devido ao excesso de trabalho, temor pela possibilidade de transmitir o vírus a pessoas próximas. Além disso, é necessário refletir sobre as situações de trabalho, e as maneiras ou projetos que podem auxiliar o enfermeiro nas suas questões mentais, e incentivar os profissionais da enfermagem que podem e devem procurar ajuda através da assistência à saúde do trabalhador para reduzir a influência da pandemia na saúde mental.

Na revisão de literatura que é a primeira etapa da pesquisa, será retratado no primeiro tópico será abordado o contexto histórico da relação da saúde mental com a atuação do profissional da enfermagem, identificando outros momentos da História, que assim como o COVID-19, afetaram o estado e a saúde mental dos enfermeiros.

 No segundo tópico sobre a COVID-19, como iniciou, quando chegou no Brasil, os sintomas, a forma de contaminação, entre outros. No terceiro tópico será apresentado o conceito de saúde mental, sobre a saúde do trabalhador, a relação entre a saúde mental e o trabalho dos profissionais da saúde com o enfoque nos enfermeiros, e como a pandemia afetou a saúde mental dos mesmos. Já no último tópico serão identificados e apresentados os métodos de intervenção existentes para auxiliar os profissionais da saúde.

Os resultados esperados do estudo são compreender a saúde mental, de que forma o trabalho pode afetá-la, como a pandemia atinge os profissionais da saúde, principalmente, os enfermeiros, e quais os efeitos da pandemia da COVID-19 na saúde mental dos profissionais da enfermagem.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa será necessário estudar e analisar todos os documentos, artigos, ou seja, o acervo bibliográfico selecionado que esteja relacionado ao tema, e explorar de forma detalhada para o tema estudado seja compreendido de forma profunda.

A abordagem da pesquisa é qualitativa. Lozada e Nunes (2018) afirmam que a pesquisa qualitativa é de cunho investigativo, e destaca a parcela subjetiva do problema a ser discutido. Já a tipologia da pesquisa é descritiva, e conforme Zanella (2013), a pesquisa descritiva retrata a realidade do tema estudado, quanto suas características e seus problemas.

O local de estudo definido é o contexto brasileiro, desenvolvendo um estudo em relação à saúde mental do enfermeiro que atuou durante o período da pandemia, contextualizando o profissional da enfermagem perante as dificuldades impostas pela COVID-19.

A amostra será recolhida de materiais bibliográficos que refletem a realidade do enfermeiro que atua diante das adversidades da pandemia no âmbito brasileiro, com o enfoque na saúde mental. Segundo Almeida (2014), a amostra se dá a partir da população que é responsável por proporcionar os dados para a pesquisa.

A pesquisa se iniciou em março, e foram pesquisados em média 30 artigos, e para compor a revisão de literatura foram selecionados 20 artigos. Para o critério de seleção tem-se: 1) foram utilizados apenas aqueles que retratam melhor o assunto pesquisado; 2) serem em português ou inglês; 3) serem datados de 2010 até 2022.

A pesquisa será desenvolvida no modelo de pesquisa bibliográfica utilizando artigos científicos encontrados nas bases de dados como o Google Acadêmico, a Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem do Brasil (BDEF), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e livros.

Segundo Gil (2002, p.45), “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.

IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

A revisão de literatura dessa pesquisa iniciará contextualizando a relação entre a saúde mental e o trabalho dos enfermeiros, identificando outros períodos da História em que os profissionais de enfermagem sofreram consequências no âmbito da sua saúde mental por sua atuação.

Logo após, será explicado e a definido como surgiu à pandemia da COVID-19 apresentando os sintomas, as mudanças que trouxe para a vida das pessoas, e a influência da pandemia no exercício da profissão da enfermagem.

No terceiro tópico será abordado como a saúde mental do enfermeiro que atua na linha de frente da pandemia foi afetada com a nova realidade, destacando o excesso de trabalho como fator para gerar ansiedade, depressão e estresse nos enfermeiros, além de informar a importância de cuidar da saúde como um todo, principalmente mental. Por último, é indicado quais são as estratégias ou métodos de intervenção existentes para auxiliar os profissionais da saúde.

A enfermagem é praticada desde o início da humanidade, contudo, era desenvolvida de diversas maneiras, dependendo das relações sociais existentes de cada contexto histórico. Os enfermeiros, segundo Toescher et al. (2020), identificaram influência traumática na saúde mental advindas da atuação em surtos globais como SARS, MERS e Ebola, observando-se então, o quanto os profissionais da enfermagem são propícios a desenvolver problemas psiquiátricos durante ou/e após atuarem em pandemias, surtos e epidemias.

Os autores ainda apontam exemplos históricos de como esses surtos afetaram os profissionais de enfermagem:

Em 2003, durante o surto de SARS-CoV em Cingapura, 27% dos profissionais de saúde relataram sintomas psiquiátricos. A equipe de enfermagem que prestou serviços relacionados ao MERS mostrou sintomas de transtorno de estresse pós-traumático após o surto coreano de 2015, especialmente relacionado a sensação de isolamento interpessoal e o medo de contágio e transmissão entre familiares. […] Ainda, em setembro de 2009, 469 profissionais de saúde de um hospital-escola, na Grécia, completaram um questionário de 20 itens sobre preocupações e inquietações sobre a nova pandemia de gripe A/H1N1. Como resultado, mais da metade desses profissionais, incluindo enfermeiros (56,7%) relataram preocupação com a pandemia de influenza com um grau de ansiedade moderadamente alto. A preocupação mais frequente foi a infecção de familiares e amigos e as consequências da doença para a saúde (54,9%). (TOESCHER ET AL., 2020)

Por fim, apesar da COVID-19 ser uma doença nova, os sentimentos e os distúrbios psíquicos que os enfermeiros desenvolveram a partir da atuação no cuidado dos pacientes, já não é algo novo. Pode ser visto, por todo o mundo, e por toda a história.

SURGIMENTO DA COVID-19

A COVID-19 surgiu em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan na China, e os primeiros casos no Brasil manifestaram-se em fevereiro de 2020. Em março do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), caracterizou a COVID-19 como pandemia por existirem surtos da doença por todo o mundo.

Causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, a COVID-19 segundo Brasil (2021) é uma infecção respiratória que pode ser transmitida através do contato com o infectado, pelas gotículas respiratórias expelidas e as gotículas menores ou aerossóis. As pessoas que forem infectadas podem apresentar sintomas como tosse, febre, diarreia, dor na garganta, coriza, fadiga, dor de cabeça, além de convulsões, insuficiência respiratória grave, pneumonia grave, entre outros, em casos mais graves. Por fim, existem ainda aqueles que não apresentam sintomas, portanto são caracterizados por serem assintomáticos. (BRASIL, 2021)

A pandemia gerada pela COVID-19 afetou diversos segmentos, principalmente o de saúde, por ser uma questão de urgência médica. Além disso, modificou horários, formas de trabalho, intensificou o cuidado, o trabalho e a pressão sobre os profissionais responsáveis pela linha de frente no combate da COVID-19.

Segundo Caliari et al (2022), a pandemia acarretou mudanças, como o aumento no número de pacientes, a dificuldade dos casos, o medo de contaminar a si e aos que estão em volta no convívio do dia a dia, e a habituação com o estresse psicológico e físico.

O vírus por ser algo novo ocasionou nos profissionais de saúde o sentimento de invalidez diante da atual situação, causando o desespero nos enfermeiros afetando tanto em sua vida profissional com os pacientes, quanto na pessoal perante a família.

Já Silva et al (2021) em sua pesquisa evidenciou que a COVID-19 influenciou os enfermeiros em múltiplas dimensões, como o emocional, físico, psicológico e até mesmo no âmbito social, gerando consequências relacionadas à prática. 

A mudança repentina no processo de vivência afeta a zona de conforto habitual, e essa alteração faz com que ocorram mudanças na forma de pensar e agir, influenciando o indivíduo como um todo. Portanto, a pandemia influenciou os profissionais de enfermagem diretamente, principalmente quando se trata do trabalho, onde afetou a relação do enfermeiro com a sua saúde, dificultando o cuidado mental e físico, devido aos estresses gerados pela COVID-19.

SAÚDE MENTAL DO ENFERIMEIRO NA PANDEMIA

A saúde mental de acordo com Alves e Rodrigues (2010) é o resultado de diversas relações profundas entre os fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ou seja, a saúde mental das pessoas depende de como as partes biológicas, psicológicas e sociais de cada indivíduo interagem entre si.

A relação entre o trabalho e a saúde mental do profissional da saúde necessita de cuidados, visto que, o trabalho excessivo, a exposição a doenças, e entre outros, podem afetar a saúde mental dos profissionais que atuam na área da saúde.

Conforme afirmam Moura et al. (2022), a jornada de trabalho na área da saúde representa:

[…] um cenário onde diversos fatores contribuem para o adoecimento dos profissionais, seja em decorrência da complexidade da assistência, das condições de trabalho, o não reconhecimento profissional, baixos salários, além das jornadas longas e exaustivas exigidas pelas instituições de saúde. (MOURA ET AL., 2022)

O trabalho desenvolvido pela equipe de enfermagem se baseia no cuidado com o cliente, prestando assistência como: medir a temperatura, aplicando injeções, fazendo curativos, entre outros.

Ventura et al. (2019) postulam que o cuidado da enfermagem se faz importante em diversas situações, e é algo que está evidente no cotidiano do trabalho, visto que existe uma intimidade entre o enfermeiro, a família e o paciente. Portanto, quando o paciente apresenta risco de morte ou piora no quadro, pela proximidade gerada através do cuidado, o enfermeiro poderia desenvolver sentimentos como tristeza, sensação de fracasso e ineficácia.

Já segundo Dantas (2021), os profissionais de saúde vivem situações estressantes durante sua atuação no trabalho, gerando assim, desgaste emocional, como a depressão, ansiedade, falta de concentração, entre tantos outros, principalmente quando lidam com pandemias e epidemias. A sobrecarga e a pressão psicológica no trabalho afetam diretamente o profissional da enfermagem, por serem protagonistas na linha de frente atuando não só com o conhecimento técnico e cientifico, mas prestando um atendimento humanizado e rotineiro fazendo com que o desempenho no trabalho reduza propiciando a ocorrência de falhas.

Assim como afirmam Aguiar et al. (2009), a capacidade do profissional da enfermagem, seja ela funcional, moral ou psíquica, é afetada diretamente pelos problemas com a escala e o excesso da jornada de trabalho, gerando assim, a redução da satisfação do profissional – o que ocasiona a falta de interesse em continuar no ambiente de trabalho, risco do surgimento de depressão e sofrimento, assim como, falta de apetite, e nervosismo.

Os autores ainda afirmam que além de terem que lidar com as extensas cargas de trabalho e a falta de profissionais especializados, os profissionais da saúde sofrem com as situações que geram tensão, desgastando o psicológico e o emocional. (AGUIAR et al., 2009)

Com isso, os enfermeiros já sentem a pressão das atividades regulares no dia a dia, quando a pandemia surge, esses profissionais que já vem desenvolvendo problemas físicos, psíquicos e emocionais ao longo do tempo, acabam sofrendo as consequências de não cuidarem de si mesmos.

Os autores Toescher et al. (2020) afirmam que no início da pandemia da COVID-19, os profissionais estavam concentrados em evitar espalhar ainda mais o vírus e prevenir que ocorressem as mortes, porém, identificou-se que a partir da pandemia desenvolveu-se uma crise psicológica que afetou o sistema de saúde mental. O profissional para poder prestar um serviço com qualidade deve estar bem fisicamente quanto mentalmente, quando há o esgotamento mental o risco de falha aumenta, pois não há o raciocínio necessário para a atuação e a agilidade é afetada, com isso, o profissional de saúde não cumpre o trabalho da mesma maneira que se estivesse mentalmente bem.

Pereira et al (2022) postulam que devido o surgimento da pandemia, o dia a dia da rotina de trabalho dos profissionais da saúde se modificou trazendo para a realidade uma nova postura, em que é necessário se manter afastados da  família, com uma carga de trabalho intensa, e tendo ainda que conscientizar a população dos novos protocolos exigidos, por isso, acabam desenvolvendo estresse, medo do novo, insegurança para atuar por ser um vírus desconhecido, e o sentimento de cobrança, por às vezes entender que não fez o suficiente pelo paciente.

A sensação de incapacidade é o que provoca o sentimento de insegurança para o profissional, onde suas tentativas para que o vírus não se espalhe e os pacientes não venham a óbito se tornam falhas, deixando assim, o indivíduo frustrado diante a pandemia.

Assim como Bezerra et al. (2020) afirmam em sua pesquisa que a pandemia afetou a saúde mental dos enfermeiros de forma que apresentaram sinais de depressão, associados a dificuldade de dormir, ansiedade, angústia, Transtorno   de   Estresse   Pós-Traumático, distúrbios do sono, síndrome de Burnout, Transtorno Compulsivo Obsessivo, e cansaço.

A saúde do trabalhador da enfermagem está exposta a diversos riscos principalmente ao risco ergonômico, com a pandemia este risco foi ainda mais evidenciado, o necessário seria o suporte psicológico e melhoria nas condições de trabalho.

Já em sua pesquisa, Queiroz et al (2021) constata que os profissionais da enfermagem vivenciaram novos sentimentos relacionados ao trabalho durante a pandemia da COVID-19, como a insegurança, apreensão, medo, exaustão física e mental, ansiedade, depressão, entre outros. Além disso, o autor ainda afirma que a falta de conhecimento sobre a doença, e a falta de equipamentos de segurança necessários afetam o trabalho dos enfermeiros e consequentemente os sobrecarregam fisicamente e mentalmente.

O COVID-19 por ser um vírus novo, onde ainda não se tem muito conhecimento no tratamento, e em como ele reage no corpo, gera incerteza ao profissional no que fazer, pois existe o medo de não saber como agir diante do atendimento devido à responsabilidade que é adquirida. A falta de suporte mecânicos, equipamentos e EPIs ocasiona limitações para atuação do enfermeiro.

A falta de suporte aos trabalhadores, afeta significativamente as condições de trabalho e a forma como é prestado o atendimento ao público. A pandemia, por ser algo recente, o profissional fica sem saber como atuar diante de diversas situações novas, sem os equipamentos necessários e o conhecimento teórico-prático, gerando assim medo e insegurança na hora da prestação do serviço.

Penna e Rezende (2021) afirmam em sua pesquisa que o enfermeiro deveria ter tido apoio da saúde do trabalhador para que não fossem tão afetados com relação à pressão existente sobre os atuantes da linha de frente da pandemia da COVID-19.

É de extrema importância à assistência com o trabalhador, pois os enfermeiros são expostos a situações extremas tanto emocionalmente, quanto fisicamente, em consequência da grande carga horária de trabalho e a falta de suporte estrutural e de materiais de trabalho, principalmente no setor público.

A sobrecarga de trabalho dos enfermeiros foi apresentada na pesquisa de Fernandez et al (2021), onde uma respondente do questionário dos autores descreve que a carga de trabalho se intensificou gerando estresses e problemas de saúde, principalmente mentais.

A carga horária do enfermeiro já é extensa no trabalho do dia a dia por conta das escalas, e a partir do surgimento da pandemia ocorreram mudanças no ambiente de trabalho, principalmente nos horários de cada profissional, se acentuando a carga de horário extensa, gerando a sobrecarga de trabalho e o esgotamento físico e psicológico afetando diretamente a saúde do trabalhador.

Ainda segundo Montelo et al. (2021), o excesso da jornada de trabalho para o profissional da enfermagem pode afetar no trabalho, e ser o motivo do estresse e da ansiedade desenvolvidos durante a atuação, gerando o esgotamento físico e emocional. Além disso, há a possibilidade dos erros no processo do tratamento para a cura, gerados por essa pressão, trazendo assim prejuízos para o paciente, e para o profissional, visto que se cometerem muitas falhas dificulta os procedimentos e consequentemente, a cura do cliente.

A saúde do profissional precisa ter a devida importância no local de trabalho, visto que é necessário existir a assistência para com o profissional, garantindo a promoção e a prevenção de saúde interina do indivíduo. Um funcionário saudável exerce suas atividades com melhor desempenho e atenção do que aquele que se encontra em situação de esgotamento físico e psicológico.

Conforme postula Faria et al (2021) na análise dos estudos, a ansiedade aparece como a principal consequência na saúde mental dos enfermeiros devido a atuação no período da pandemia. A ansiedade segundo as autoras é presente no dia a dia dos profissionais de enfermagem, porém, nas situações em que há a possibilidade de morte do paciente devido a COVID-19, essa ansiedade aumenta em até 40%.

A ansiedade aumenta com a sensação de incapacidade e inutilidade devido à insegurança gerada na falta de conhecimento sobre o vírus. Quando ocorre a morte do paciente, o profissional vê se na posição de inábil, visto que se doou por inteiro para o melhor atendimento ao seu cliente que não conseguiu resistir ao processo de cura.

Já de acordo Nazar et al. (2022, p.52), além das grandes cargas de trabalho, a COVID-19 exigiu “um desdobramento e uma dedicação maior de parte dos profissionais da saúde, fatos que podem gerar sentimentos de estresse, de depressão e sinais de ansiedade.”

Na pesquisa dos autores foi relatado que os profissionais apresentaram estresse elevado, a grande maioria dos respondentes afirmaram que possuem sinais de ansiedade, além da questão dos protocolos estarem mais rígidos. (NAZAR et al., 2022)

Portanto, é necessário existir o atendimento especializado na saúde mental dos profissionais da saúde que são da linha de frente para aliviarem as consequências da pandemia, porém, esses tratamentos precisam ser idealizados, criados e divulgados para que todos aqueles que se sentirem estressados, ansiosos e cansados, sejam renovados e continuem o trabalho que é tão importante para a saúde.

ESTRATÉGIAS OU MÉTODOS DE INTERVENÇÃO PARA AUXÍLIO DO PROFISSIONAL

As principais estratégias de intervenção para o auxílio do profissional da saúde com relação ao impacto da COVID-19 na saúde mental estão relacionadas às “capacitações sobre psicoeducação, manejo do estresse, construção de momentos de escuta e cuidados coletivos durante os plantões são essenciais para o fortalecimento da equipe e da sensação de cuidado para com trabalhadores.” (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2020, p. 44)

Os profissionais da saúde foram os mais afetados psicologicamente durante o período da COVID-19, precisando assim de ajuda para se adequar a nova realidade vivida por muitos.

Da mesma maneira, Toescher et al. (2020) afirmam que:

As lições sobre os impactos da COVID-19 na saúde mental de profissionais de enfermagem atuantes em outros países, em conjunto com a percepção da própria realidade, tornaram evidente, a relevância da implementação de serviços estratégicos de atenção psicossocial, baseados em evidências, como forma de mitigar o estresse e o sofrimento intenso, além de prevenir futuros agravos. (TOESCHER et al., 2020)

Por isso, a implementação de serviços estratégicos de atenção psicossocial se tornou relevante para os profissionais de enfermagem, visto que são utilizados para diminuir o estresse e o sofrimento intenso mais observados durante a pandemia da COVID-19.

Ainda segundo os autores, o Conselho Federal de Enfermagem (CFE) disponibilizou, no início da pandemia, um canal para atendimento dos profissionais da enfermagem que se sentissem emocionalmente afetados na fase de crise, essa ferramenta foi direcionada pelos enfermeiros que são especialistas em saúde mental, criando assim uma forma dos profissionais expressarem os sentimentos, temores e medos com relação à COVID-19. (TOESCHER et al., 2020)

Com a intenção de melhorar a saúde mental dos profissionais de enfermagem em um período sensível como a pandemia, o CFE e os enfermeiros que são especialistas em saúde mental desenvolveram um canal, assim como existe para a população em geral, para que os profissionais da enfermagem que se encontrassem com dificuldades, pudessem aliviar a ansiedade, depressão, o estresse, e também a tristeza por presenciarem tantas mortes.

Outros métodos para auxiliar os profissionais da saúde seriam: reestruturação nas atividades exercidas, mesclando as atividades de alta pressão no dia a dia (preparação dos corpos em óbito) e as de baixa pressão (trabalhos administrativos em geral; planejamento do tempo e da intensidade do trabalho). (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2020, p. 44)

Portanto, apesar das intensas jornadas de trabalho, é necessário que o profissional tenha períodos específicos para descansar, respeitando seus limites, além disso, reuniões grupais com curta duração antes do início das escalas de trabalho, auxiliam a reduzir os níveis de estresse e ansiedade. Se os métodos não forem eficazes para o profissional, o ideal é procurar ajuda de um profissional qualificado e iniciar um tratamento medicamentoso.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Perante o exposto, pode-se observar que os profissionais de enfermagens durante e após a pandemia sofreram com o excesso de trabalho, e com os sentimentos de estresse, ansiedade e até mesmo depressão, constatando-se que a pandemia da COVID-19 influenciou diretamente na saúde mental dos enfermeiros.

O trabalho apresentado possuiu o objetivo geral de analisar o impacto que a COVID 19 causou na saúde mental do enfermeiro durante sua atuação, no qual, foi alcançado. Assim como, os objetivos específicos também foram alcançados, visto que, houve uma contextualização do profissional da enfermagem diante dos desafios da COVID 19, além da, identificação dos efeitos gerados pela COVID 19 na saúde mental do enfermeiro atuante na pandemia, gerando assim, uma compreensão dos desafios enfrentados pelo profissional da enfermagem com relação à saúde mental diante da pandemia.

A questão que norteou essa pesquisa foi: quais as consequências à pandemia da COVID 19 trouxe para a saúde mental do enfermeiro? A pergunta foi respondida na revisão de literatura ao ser apresentado os problemas psíquicos adquiridos com a pandemia, como: ansiedade, depressão, Transtorno   de   Estresse   Pós-Traumático, síndrome de Burnout, e Transtorno Compulsivo Obsessivo. Além disso, foram identificados também dificuldade de dormir, angústia, distúrbios do sono e cansaço.

A relevância da pesquisa para a sociedade se deu, pois é importante compreender que os enfermeiros também podem sofrer de problemas relacionados à saúde mental, devido ao excesso de trabalho, temor pela possibilidade de transmitir o vírus a pessoas próximas.

Portanto, a pesquisa cumpriu o papel de compreender a saúde mental, de que forma o trabalho pode afetá-la, como a pandemia atinge os profissionais da saúde, principalmente, os enfermeiros, e quais os efeitos da pandemia da COVID-19 na saúde mental dos profissionais da enfermagem.

REFERÊNCIAS

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Artigo apresentado à Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, em 2022.

1Graduada em Enfermagem na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA, em Itamaraju (BA). E-mail: anapaulamonzoli@hotmail.com.