O ENFRENTAMENTO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM RELACIONADO AO PROCESSO DE MORTE E MORRER: SUBSÍDIOS PARA ATENUAR O SOFRIMENTO PSÍQUICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7941466


Milena Marchese¹
Paola Miranda Sulis²
Silviane Galvan Pereira³
Beatris Tres4


RESUMO

Introdução: A presente pesquisa  constatou prováveis perceptivas geradoras de sofrimento psíquico relacionado ao trabalho da equipe de enfermagem que atua em ambiente hospitalar com demandas que lhes exigem uma intensa dedicação física e mental. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa onde foram entrevistados 12 profissionais de enfermagem de um hospital de médio porte no Município de Missal- PR. Objetivo: Por ser um fenômeno que provoca profundas emoções no profissional de enfermagem, planejamos este estudo com o intuito de conhecer os sentimentos vivenciados por esses profissionais diante do processo de morte e morrer de seus pacientes, bem como meios utilizados pelos profissionais para o enfrentamento dessa questão.  Metodologia: Como instrumento de coleta foi utilizado um questionário composto por perguntas sobre: Perfil da equipe de enfermagem, conceito de morte, Assistência de enfermagem ao paciente e familiar em processo de morte e morrer na emergência, A morte mais impactante, Sentimentos frente a processo morte e morrer do paciente, Sentimentos da Equipe de Enfermagem no Processo de Morte e Morrer do paciente, Sentimentos da equipe de enfermagem frente familiar do paciente, Enfrentamento da equipe de enfermagem no processo morte e morrer do paciente, Preparo da equipe de enfermagem para lidar com a morte do paciente. Conclusão: Diante dos resultados da pesquisa mostra o quanto o profissional da equipe deve estar preparado para lidar com a morte do paciente, ou melhor dizendo, criar um espaço de discussões com os profissionais enfermeiros, dando total e apoio a equipe de enfermagem.
Conclui-se que, apesar da situação visamos lidar com a morte, a mesma pode ser facilitada, sendo vista como algo vital, mas alguns profissionais ainda não estão preparados para lidar com a morte e morrer do paciente, observa-se que a morte de um paciente gera um abalo emocional mesmo que estão lidando com isso diariamente.  

Palavras-chave: Óbito; Sofrimento Psíquico; Enfermagem

SUMMARY

Introduction: The present research found probable perceptual generators of psychic suffering related to the work of the nursing team that works in a hospital environment with demands that require intense physical and mental dedication. This is a study with a qualitative approach where 12 nursing professionals from a medium-sized hospital in the city of Missal-PR were interviewed. Objective: Because it is a phenomenon that causes deep emotions in nursing professionals, we planned this study with the aim of knowing the feelings experienced by these professionals in the face of the process of death and dying of their patients, as well as the means used by professionals to cope with this question. Methodology: As a collection instrument, a questionnaire was used consisting of questions about: Profile of the nursing team, concept of death, Nursing care for patients and family members in the process of death and dying in the emergency room, The most impactful death, Feelings facing the process the patient’s death and dying, Feelings of the Nursing Team in the Process of Death and Dying of the patient, Feelings of the nursing team in front of the patient’s family, Coping of the nursing team in the process of death and dying of the patient, Preparation of the nursing team to deal with with the patient’s death. Conclusion: In view of the research results, it shows how much the professional team must be prepared to deal with the patient’s death, or rather, create a space for discussions with the professional nurses, giving full support to the nursing team.
It is concluded that, despite the situation we aim to deal with death, it can be facilitated, being seen as something vital, but some professionals are not yet prepared to deal with the death and dying of the patient, it is observed that the death of a patient generates an emotional upheaval even though they are dealing with it on a daily basis.

Keywords: Death; Psychic Suffering; Nursing

1 INTRODUÇÃO

O dia a dia hospitalar é um imenso causador de dor e sofrimento psicológico, em que se presenciam momentos de alegrias e conquistas, mas da mesma forma geram estresse, cansaço, conflitos tanto em equipe como com usuários do serviço. O trabalho de enfermagem pode ser prazeroso, porem as vezes causa sofrimento, gerando um desgaste na saúde física e mental, onde o trabalho no ambiente hospitalar acaba sendo doloroso e doentio para todos os profissionais da equipe (AVELLAR; IGLESIAS, 2007).

No domínio da saúde, o método e o saber, favorecem a continuidade da vida, com a utilização de métodos que possibilitam inúmeros e diversos métodos terapêuticos, causando desse modo, uma maior chance de sobrevivência até mesmo pacientes que não tem mais esperanças de vida. No entanto, os profissionais de saúde vivem a dificuldade frente a sua obrigação e competência, dentro de suas convicções e sentimentos diante da sua limitação da vida, junto ao paciente que passa por esse processo, refletindo imensamente a chance de morte (ARAÚJO; NASCIMENTO; PRAXEDES, 2018).

A morte pertence ao ciclo natural da vida, nascimento, desenvolvimento e morte. Em conformidade com os entendimentos biológicos, anteriormente ela era definida como a ausência de todos os sinais vitais. No tempo atual, é conhecida como um acontecimento que tem a capacidade de causar feedbacks emocionais, tanto na pessoa que esta partindo, quanto nos seus familiares e naqueles que se encontram a sua volta( MAGALHÃES; MELO, 2015).

Independentemente de encontrar-se frequentemente com o evento de morte de pessoas, os enfermeiros apresentam uma vulnerabilidade e muita resistência, em especial para aceitar esse acontecimento, que constantemente é encarado como o oposto da sua profissão. Ainda assim, os profissionais de saúde vivem muitas dificuldade diante da sua obrigação e competência, dentro de seus princípios e sentimentos diante a limitação da vida, junto ao paciente refletindo muito sobre a hipótese de morte (ARAÚJO; NASCIMENTO; PRAXEDES, 2018).

Porém, alguns profissionais tem uma maior intimidade com o evento de morte, é imposto que eles tenham mais preparação e plenitude na realização e amparo aos pacientes e familiares no momento em que vivenciam a dor e a perda. Contudo, mesmo a morte se fazendo presente em seu dia a dia, os profissionais de saúde, não se sentem capazes de lidar ou enfrentar esse acontecimento de forma natural, como parte de um ciclo de vida que se encera, fazendo assim gerar um sofrimento maior para si próprio (VASQUES et al., 2019).

Compreender óbitos a todo o momento, a morte física basicamente, tornou-se responsabilidade básica para os profissionais de saúde, em especial a profissionais da enfermagem, que por sua vez é quem da assistência diariamente ao paciente e seus familiares (MENEZES, 2003).

O convívio com a dor e o sofrimento aparenta gerar na enfermagem um sentimento de entendimento, que permite uma melhor assistência de enfermagem, mas ao mesmo tempo pode gerar um desgaste psicológico ligado a dificuldade de lidar com a terminalidade (CHAVES; MASSAROLLO, 2009).

Quanto a negação e a aceitação enfermeiros concordam ser normal o acontecimento de morte, no entanto, procuram alegações para de imortalidade da arma. Esse tipo de indeferimento cria no enfermeiro uma responsabilidade falsa, na qual ele deveria “salvar o paciente a todo custo” o que acaba sendo prejudicial para todos (SILVA, ABRÃO, 2015).

Acontecimentos de morte podem ser vivenciadas no ambiente hospitalar. Nesse acontecimento é notável as expressões de sentimentos da equipe de enfermagem, nota-se que alguns ficam em silêncio, outros se isolam ou choram, eles a todo momento buscam justificar a morte (MOTA et al., 2011).

É significativo acentuar que a morte, no que se sabe, é uma vivencia silenciosa no ver científico. Constantemente se esquece de dar relevância ao psicossocial, assim o enfermeiro acaba observando sua ligação com as questões relacionadas a morte de seus pacientes (NASCIMENTO et al., 2016).

Desse modo o presente estudo tem como questão de pesquisa norteadora quais são as experiências e sentimentos dos enfermeiros que enfrentam processos de morte de seus pacientes ?

O lidar com a morte é constante na rotina da enfermagem, ocasionando grande receio no ser humano. Esse sentimento é causado baseado na dificuldade de lidar com a finitude do paciente. Em consequência se provoca um sentimento de fraqueza diante da perda do paciente na enfermagem. Esse fato não se caracteriza apenas no fracasso dos cuidados, porém como a derrota perante a morte e o de cumprir a missão dos profissionais de saúde, de diminuir o sofrimento e sua dor, trazendo-o a vida, salvando o paciente (POLES, BOUSSO, 2006).

Os enfermeiros demonstram embaraços em lidarem com suas emoções diante a iminência da morte. No cotidiano cuidar, os profissionais mostram que a morte é acontecimento de dor e sofrimento, que acaba dificultando a sua aceitação (FERNANDES et al, 2013; SILVA et al, 2012; SHIMIZU, 2009)

Diante disso o trabalho tem como intuito de compreender o vinculo e vivencias de enfermeiros diante do processo de morte e morrer em seu dia a dia de trabalho expondo noções e conceitos sobre o tema, a fim de que os profissionais de enfermagem e a sociedade possam ter um olhar sobre a realidade do enfrentamento da enfermagem frente aos desgastes psicológicos e emocionais. O presente estudo tem como objetivo Identificar quais são as experiências e sentimento que a equipe de enfermagem enfrenta frente ao processo de morte.

2 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando o método qualitativo. Conforme Gerhardt (2009) a pesquisa do tipo exploratória tem como objetivo viabilizar a familiaridade com o problema e local de pesquisa, desenvolvendo hipóteses e também esclarecer conceitos. Na maioria dessas pesquisas envolvendo entrevista com pessoas vivenciaram experiências com o problema pesquisado, analisando e buscando resultados referentes ao pesquisado.

Referente à pesquisa descritiva, onde requer uma série de informações a respeito do que deseja ser pesquisado e descrever características de uma determinada população ou acontecimento.

O presente estudo dirigiu-se no hospital Nossa Senhora de Fátima. Localizado na Rua 7 de setembro N- 753 Centro no município de Missal- PR.

A população do presente estudo conduziu-se com  profissionais da enfermagem, sendo eles: (07 ) técnicos de enfermagem e (05) enfermeiros.  A pesquisa foi realizada  no Hospital Nossa Senhora de Fátima no Município de Missal no ano de 2023.

As especificações dos participantes foram :

a) Estar em atuação na instituição por um período de no mínimo 12 meses

b) aceitação para participar da pesquisa de acordo com a Res 196/96

Os Critérios de Exclusão forma:

a) Equipe de enfermagem que estejam em licença gestacional, afastamento do trabalho ou de férias no momento de coleta de dados;

b) Não aceitação para participar da pesquisa de acordo com a Res 196/96.

O instrumento de coleta constituiu-se  do instrumento desenvolvido por Borges (2011). Os dados foram coletados por meio de entrevista e questionários.

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário aplicado aos profissionais de enfermagem que foi lido e interpretado.

O instrumento conta com oito questões que caracterizaram os sentimentos dos  profissional frente o processo de morte, sendo elas: (01) Informações pessoais, (02) entendimento do assunto,(03) Assistência, (05) Impacto; (06,07) Sentimentos, (08) Apoio 

A coleta de dados se realizou  somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE- e através da entrevista ( APENDICE A.)  Foi usada a entrevista focalizada pela complexidade do tema de estudo. Podendo assim, os relatos e respostas serem ouvidos, anotados e reperguntados se o entrevistador tiver dúvidas.

A análise e interpretação dos dados será realizada pela classificação dos dados, através da ordenação, classificação e análise final dos dados pesquisados.

Conforme Minayo (2009) as classes são utilizadas para estabelecer classificações, significa associar elementos, ideias ou expressões em torno de um conceito capaz de compreender tudo o que pode ser utilizado em qualquer tipo de analise em pesquisa qualitativa.

Seguindo os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Do Oeste Do Paraná- Unioeste (CAAE 64907622.0.0000.0107 ) (Anexo B). Todos aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram, juntamente com o pesquisador, duas vias, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que uma via assinada ficou em posse do participante da pesquisa e a outra em posse do pesquisador responsável.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante a entrevista foi definido o perfil dos profissionais de enfermagem com levantamento de sexo; faixa etária; estado civil; tempo de formação; tempo de serviço na emergência; e atuação na enfermagem; seguindo das categorias norteadoras da entrevista:

  • Categoria 1: Perfil da equipe de enfermagem
  • Categoria 2: Conceito de morte
  • Categoria 3: Assistência de enfermagem ao paciente e familiar em processo de morte e morrer
  • Categoria 4: A morte mais impactante;
  • Categoria 5: Sentimentos frente ao processo morte e morrer do paciente;
  • Categoria 6: Sentimentos da Equipe de Enfermagem no Processo de Morte e Morrer do paciente frente ao Familiar;
  • Categoria 7: Enfrentamento doa Equipe de Enfermagem no processo morte e morrer do paciente;
  • Categoria 8: Apoio para o enfrentamento do processo de morte e morrer;

Para preservar o sigilo dos profissionais que aceitaram participar da entrevista, de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras da Res. 196/96 que envolvem pesquisa com Seres Humanos e Grupos Vulneráveis, utilizaremos na análise de dados as siglas (E) enfermeiro, (T) Técnico de enfermagem, seguida de um numero E1,E2, T3 e assim sucessivamente.

3.1 Categoria 1: Perfil da equipe de enfermagem

Aceitaram participar da pesquisa 12 profissionais de enfermagem, sendo eles (11) do sexo feminino e (1) do sexo masculino. A faixa etária variou entre 30 e 60 anos, maior parte dos profissionais são casados. O tempo de formação variou de 1 a 43 anos, já o tempo de emergência foi de 1 a 32 anos. ( Tabela 1)

Tabela 1:

3.2 Categoria 2: Conceito de morte

A morte é um tema que pode ser visto como um aspecto biológico, social e cultural. Ao questionarmos o que é morte, compreendemos que há uma linguagem singular em sua definição.  A ciência vê a morte como um acontecimento biológico, ou seja, “a morte consiste, simplesmente, na paralisação total da máquina-corpo” (CAPRA, 1998, p. 138).

E2= “Processo pelo qual todos irão passar, apesar de muitos não estarem preparados.”
T7= “Ultimo estagio da vida humana”
T8=  “Passagem da vida eterna”
E9= “É um processo irreversível em que se perde sua existência enquanto ser humano.”
T10= “Uma passagem, apesar de nunca estarmos totalmente preparados, é mais uma fase que passamos.”

Falar sobre morte, abstrata ou específica, apresenta varias reflexões, é algo que gera sentimentos muitas vezes angustiantes, pois através de uma visão sobre a morte é possível refletir sobre tudo na vida, o que já aconteceu, o que está acontecendo e sobretudo, sobre o que vai acontecer. Refletir sobre morte é pensar em incertezas, é não saber o dia de amanhã, porém mesmo assim continuar sonhando e planejando tudo o que da sentido a vida.  Pensar e falar sobre morte é saber que cada dia que passa é menos um dia de vida (SOUZA et. al., 2013).

3.3 Categoria 3: Assistência de enfermagem ao paciente e familiar em processo de morte e morrer

E3= “Dar os sentimentos, assistência em relação a parte burocrática, o conforto psicológico.”
T7= “Da melhor forma possível, respeitando e zelando pelo paciente em vida e pelo corpo após a morte.”
E9= “Prestar assistência diante do seu sofrimento, suas dores, seus sentimentos, seus medos, angustia, também passar segurança nesse momento em que se encerra o ciclo da vida.”
T10= “Dar toda assistência necessária como qualquer outro paciente, sempre prezando o melhor conforto possível”
T11= “Dar auxilio e conforto ao paciente.” 

Destaca-se que o cuidados dos profissionais de enfermagem vai muito além do cuidado técnico, decorre acima de tudo, em cuidar de alguém, uma profissão que demonstra o que é se importar e se envolver com uma pessoa. É desenvolver um trabalho terapêutico cuidando de todas as dificuldades de qualquer paciente que necessita dos seus serviços (SADALA; SILVA, 2009).

O Código de ética da enfermagem na Seção I das relações com a pessoa, família e coletividade, preceitua no Art. 19 – como responsabilidades e deveres respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser humano, em todo seu ciclo, vital, inclusive nas situações de morte e pós-morte (COREN, 2010).

3.4 Categoria 4: A morte mais impactante

No momento em presenciamos a morte de uma criança ou de um jovem por se tratar do início da vida, é retirada a esperança e considerada como um fim prematuro da existência (LIMA; COSTA JÚNIOR, 2015)

A morte de crianças foi a mais citada pelos profissionais:

E2, E3, T3, T10,= “De uma criança”
T11= “De uma criança, pois tem toda a vida pela frente.”

Outras mortes que causaram mais impacto nos profissionais foram morte por afogamento (E1), morte súbita  (T4), paciente que pede para falecer( T7), Conforme as falas:

E1= “Afogamento”
T4= “Morte súbita( acidente, infarto fulminante).”
T7= “Pessoa que pede pra morrer, pois não aguenta mais dor e sofrimento”

A morte associada à ideia de finitude, é possível vir junto a sentimentos de tristeza e revolta. Considerando que interrompe a vida, assim pensando-se na morte fora de hora. Dessa forma pode ser encarada como indiferença, fatalidade após ter-se cumprido uma missão  poderá ser chamada de morte na hora certa (OLIVEIRA, 2007).

“A experiência vivenciada pelos profissionais de enfermagem diante da morte incorpora inúmeros sentimentos e formas de enfrentamento” (Marques et al., 2013, p. 825).

3.5 Categoria 5: Sentimento da equipe de enfermagem frente ao processo de morte e morrer do paciente

O processo de morte e morrer do paciente no dia a dia dos profissionais de enfermagem estabelece os limites do saber e da ação, desencadeando muitas emoções negativas associadas à frustração que ameaça a assistência profissional. A dificuldade de enfrentar o processo de morte pode gerar necessidades de defesa e negação (SANTOS; HORMANEZ, 2013).

E1= Sentimento de tristeza e ao mesmo tempo de dever cumprido
E3= De perda
T5= Tristeza e dor
T10= Depende da situação, casos aonde o paciente já esta a muito tempo em sofrimento em situações pouco reversíveis a morte é um alivio, apesar do sofrimento da família. Outras situações como mortes inesperadas e pessoas jovens, uma mistura de tristeza e indignação.
T11= Tristeza e angustia.

O despreparo para lidar com a morte é um dos grandes motivos que gera frustração ao profissional de enfermagem. A falta de preparo para essas situações durante a graduação pode gerar grande sofrimento psicológico na sua pratica futura, pois estão instruídos a salvar vida (Santana JCB, et al, 2013)

3.6 Categoria 6: Sentimentos da equipe de enfermagem frente familiar do paciente

O profissional de enfermagem frente ao processo de morte do paciente deve estar pronto para enfrentar seus medos e sentimentos de dor, para oferecer seu apoio aos familiares no processo de luto.(ROSA, D.de S.S, COUTO, S.A, 2015)

T4= “Confortar a família, sempre lembrando que fizeram o melhor o melhor para o ente querido (paciente)”
T6= “Sentimento muito triste, desanimador.”
T7= “Acolhimento porque só quem já perdeu um ente querido sabe qual é a dor que os familiares estão sentindo”.
T8= “Procuro dar atenção e amparo aos familiares, para que se sintam bem e com muito respeito”
E9= “Principalmente respeito á dor dos familiar.”
E12= “De poder orientar e ajudar nesse momento difícil.”

Em relação a assistência de enfermagem ao familiar do paciente diante da perda de um familiar é desconfortável, os profissionais tentam dar assistência, mas é complicada a situação, pois o óbito de um paciente afeta a equipe toda e dar assistência e conforto a esses familiares torna o processo mais doloroso e angustiante, assim surgindo insegurança nesse momento, pois os profissionais da enfermagem estão preparados para salvar vidas e não para perde-las muito menos para dar assistência aos familiares do paciente falecidos.   (FERNANDES; KOMESSU, 2013).

Segundo Amestoy, Shwartz e Thofehen (2006; p.338), “a morte é um acontecimento difícil para todos, sejam filhos, sejam pais, familiares e profissionais da área da saúde, por gerar sentimentos de dor, inconformidade, negação e saudade”.

3.7 Categoria 7: Preparo da equipe de enfermagem para lidar com a morte do paciente

Encarar óbitos a todo momento, a morte física principalmente fez-se encargo basilar para os profissionais da enfermagem é quem presta cuidados diários ao paciente e a família (MENEZES, 2003).

Prontamente é exigido deles preparação e aperfeiçoamento para o atendimento e acolhimento desses pacientes e familiares diante da dor e sofrimento (HENNEZEL; LELOUP, 1999).

E2= “Com profissionalismo”
E3=  “Para mim como enfermeira é normal no contexto do meu ambiente de trabalho.”
E9= “Com o passar dos anos aprendi não absorver ou pelo menos tentar não absorver o processo de morte”
T11= “Hoje consigo lidar melhor, mas em alguns casos ainda abala o emocional”
E12= “Tento não absorver.”

Enfrentar o processo de morte do paciente estabelece  um  dever  natural diante a vida, mas a equipe de saúde enfrenta dificuldades e sofrimento em ao cuidar de pacientes nesse processo, encarando a morte como insucesso profissional, gerando muitas vezes sentimentos de angústia, frustrações e impotência, pois como a cura é priorizada este fenômeno é desmotivador e sem sentido algum para estes profissionais (LUNARDI et al., 2019)

Alguns dos profissionais fogem quando o assunto é sobre morte, pelo sofrimento e vulnerabilidade, e frustração que os acontece, tanto  pela  sensação  de  insucesso  quanto pela  empatia  sentida  ao  presenciar  tanta  dor  e sofrimento  do  seu  paciente, já outros profissionais utilizam esse momento para olhar e aproveitar a vida de forma mais leve e plena possível (HEINZEN et al., 2019).

3.8 Categoria 8: Apoio para o enfrentamento do processo de morte e morrer do paciente

E2= “Não temos apoio de um profissional psicólogo, mas nós apoiamos nos colegas e nossa família”
T4= “Da equipe”
E9= “Somente nosso Deus, para nos dar forças e seguir em frente”
T9= “Não temos apoio profissional psicológico, mas temos o apoio uns dos outros profissionais da saúde com quem trabalhamos, que cada um com sua experiência na profissão nos dá palavras de apoio”
T11= “Não temos apoio de profissional psicóloga, mas sempre tentamos entre os colegas um apoiar o outro”

Trabalhar numa instituição hospitalar se configura em assistir o outro, em colaborar, em cuidar. Assim, para lidar com as dores, ansiedades, angústias, medos e sofrimentos dos pacientes, para conviver com o desespero, a revolta e a incompreensão dos familiares, é preciso que a equipe tenha respaldo de um trabalho psicológico capaz de oferecer o suporte emocional necessário (FISCHER et al, 2007, p. 6).

4 CONCLUSÃO

O enfrentamento do processo de morte e morrer estabelece  uma situação bastante delicada e que, consequentemente, necessita uma abordagem sempre cercada de cautela e sensibilidade 

Sugere-se a partir dos dados coletados em entrevista que o auxilio de um profissional de psicologia e palestras sobre o assunto é de grande importância, de modo a ter sustentação e suporte para amparar o outro (paciente, familiar e a própria equipe em sofrimento). Em essência somos seres humanos e parte de uma equipe de enfermagem ainda não preparada para lidar com a terminalidade.

Por fim, foi possível ver o quanto os conceitos sobre o processo de morte e morrer, devem ser abordados desde a graduação, para que futuros enfermeiros possam aceitar de maneira mais fácil, e lidar melhor com o sofrimento relacionado á morte no ambiente de trabalho.

A temática do processo morte e morrer foram elencados devido a representação de um grande paradigma para sociedade, tema pouco debatido na graduação e também na sociedade, dificultando o estudo sobre o tema. Desse modo ressaltamos o melhor conhecimento de todos sobre esse tema, visto que falar sobre morte e morrer é como se estivéssemos testemunhando nossa vivencia na terra, pois a única certeza que temos é que todos irão morrer. E que o existir é gratificador por todos nos , mas o descansar eterno é uma dádiva de poucos.

REFERÊNCIAS

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¹Acadêmica concluinte do curso de bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu.E-mail: milenamyh@hotmail.com
²Orientadora.Enfermeira Bacharel em Enfermagem Centro Universitário Metodista do Sul – IPA, Especialização em Enfermagem e Terapia Intensiva pela Unyleya-SP, Especialização em Prescrição de Fitoterápicos-Metropolitana-SP, Especialização em Saúde Coletiva – Metropolitana-SP, Mestrado em Ciências Fisiológicas –UFSC, Doutorado em Bioquímica – UFSC, Docente da Graduação da Uniguaçu PR.E-mail: pasulis@hotmail.com
³Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela USP. Professora da Disciplina de Seminário e Monografia II da Faculdade Uniguaçu.E-mail: sil_galvan@hotmail.com
4Enfermeira. Especialista em Saúde do Adulto e Idoso, Unidade de Terapia Intensiva e Gestão Hospitalar. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Uniguaçu.E-mail: beatris.tres@hotmail.com