Eliza Silva dos Santos1; Ednamar da Silva Viana1; Eloisa Oliveira de Araújo2; Thaiana Bezerra Duarte3.
1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Especialista em Biomecânica, Preceptora do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
3 Doutora pelo Programa de Reabilitação e Desempenho Funcional FMRP-USP, Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
Resumo
A Neoplasia da mama é um tumor com maior incidência no Brasil e no mundo, que na maioria dos casos é diagnosticado em mulheres. A fisioterapia tem um papel fundamental quanto ao cuidado de mulheres que realizam mastectomia, reabilitando sua capacidade funcional através de recursos favoráveis ao seu tratamento e condutas abordadas de acordo com a situação atual da mesma. O objetivo deste estudo é compreender o efeito da fisioterapia na melhoria da qualidade de vida de mulheres pós-mastectomia. O estudo se caracteriza como uma revisão da literatura, em que a pesquisa dos artigos foi realizada através das bases de dados científicos eletrônicos SciELO, LILACS, ResearchGate e Bireme. Foram encontrados 169 artigos das plataformas de dados utilizadas, com leitura de títulos e resumos, e duplicados foram excluídos 33 artigos. Após a leitura na íntegra dos artigos, foram excluídos 132 artigos por não apresentarem os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, sendo selecionados 4 estudos para a presente revisão. Nos artigos, foi realizada avaliação da qualidade de vida através do questionário SF-36, que dentro de inúmeras técnicas fisioterapêuticas que foram oferecidas no tratamento pode-se observar que houve um resultado significativo na melhoria da funcionalidade e na qualidade de vida destas mulheres. Pode-se verificar que a arco de movimento e o desbloqueio articular homolateral ao membro afetado foi bastante satisfatório e em apenas algumas sessões de fisioterapia onde se utilizaram, cinesioterapia ativa com auxílio de bastão, bola e halteres e alongamento fisioterapêutico. Conclui-se que por meio de um programa de exercícios, a fisioterapia, torna-se eficaz na qualidade de vida de mulheres pós mastectomia, trazendo benefícios aos seus aspectos sociais, físicos e autoestima das mulheres.
Palavras-chave: Mastectomia radical. Mulher. Qualidade de Vida. Fisioterapia.
Abstract
Breast cancer is a tumor with a higher incidence in Brazil and worldwide, which in most cases is diagnosed in women. Physiotherapy has a fundamental role in the care of women who undergo mastectomy, rehabilitating their functional capacity through resources favorable to their treatment and approaches addressed according to the current situation of the same. The objective of this study is to understand the effect of physiotherapy in improving of the quality of life of women after mastectomy. The study is characterized as a literature review, in which the research of the articles was carried out through the electronic scientific databases SciELO, LILACS, ResearchGate and Bireme. 169 articles were found from the data platforms used, with titles and abstracts read, and duplicates were excluded 33 articles. After reading the articles in full, 132 articles were excluded because they did not meet the established inclusion and exclusion criteria, and 4 studies were selected for the present review. In the articles, an assessment of quality of life was carried out through the SF-36 questionnaire, which within the numerous physiotherapeutic techniques that were offered in the treatment can be seen that there was a significant result in improving the functionality and quality of life of these women. It can be seen that the range of motion and joint unlocking homolateral to the affected limb was quite satisfactory and in only a few physiotherapy sessions where active kinesiotherapy with the aid of a stick, ball and dumbbells and physiotherapy stretching was concluded. through an exercise program, physiotherapy, it becomes effective in the quality of life of women after mastectomy, bringing benefits to their social, physical and women\’s self-esteem.
Keywords: Radical mastectomy. Woman. Quality of life.
1 INTRODUÇÃO
A Neoplasia da mama é um tumor com maior incidência no Brasil e no mundo, que na maioria dos casos é diagnosticado em mulheres. Caracterizado como uma degeneração do material genético das células que induz ao crescimento, produção e dispersão anormal das células metastáticas, ou seja, um tumor maligno que devido ao comportamento desordenado, as células invadem os tecidos que estão sadios ao seu redor, com isto, pode se dizer que a neoplasia de mama é uma doença complexa podendo ter uma evolução lenta ou rápida, mesmo sendo maligno é uma doença controlável e até mesmo curável se for descoberta a tempo, o que nem sempre acontece(SILVA, 2011).
Causa, assim, um grande problema no sistema único de saúde – SUS. Tendo hoje, um dos maiores índice de mortalidade (INCA, 2017). Para esta doença existem tratamentos coadjuvantes e neoadjuvante como a quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Na maioria dos casos são realizados os procedimentos cirúrgicos como a mastectomia radical (INCA, 2020).
Na mastectomia radical é feita a retirada total do tecido mamário, músculo peitoral maior e menor, o principal objetivo é eliminar o tumor e bloquear a suas vias de drenagem (linfonodos), quando necessário. A retirada dos linfonodos axilares pode ocasionar o linfedema (edema crônico que se instala alguns meses após o tratamento cirúrgico) com alteração da simetria corporal e da movimentação do braço. O tratamento oncológico causa diversas comorbidades no membro homolateral afetado, prejudicando sua funcionalidade e limitando a mesma de desenvolver suas atividades de vida diária (ENGEL et al., 2004; RIETMAN et al., 2003).
Esta cirurgia invasiva traz diversas complicações na paciente, como alterações funcionais, psicológicas e sociais que acabam ocasionando um déficit na qualidade de vida. O procedimento cirúrgico ainda é um do tratamento mais utilizado na neoplasia da mama. A metade das mulheres que se submetem a ele apresenta dificuldade em pelo menos algum tipo de movimento do ombro. Essas complicações ocorrem principalmente no período pósoperatório. As principais alterações são as infecções, seromas, dor, deformidade postural de tronco e linfedema do membro superior homolateral (FELIX et al., 2011; RADUNZ, 2013).
Também pode ter uma grande influência na autoestima da mulher, por comprometer uma parte importante do seu corpo. Consequentemente a particularidade deste local afetado pelo tumor, acaba provocando inúmeras situações em questão da sua feminilidade (PEREIRA et al., 2017). Para que esta doença não gere um impacto maior na qualidade de vida da paciente, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas se tornam fundamental. Cada um com sua conduta abordará suas técnicas no tratamento antes, durante e depois deste processo cirúrgico (BERGMANN et al., 2007).
A fisioterapia tem um papel fundamental quanto ao cuidado destas pacientes que realiza a mastectomia radical, reabilitando sua capacidade funcional, causada por restrições e mobilidade do pós-cirúrgico, com recursos favoráveis ao seu tratamento e condutas abordadas de acordo com a situação atual da mesma, favorecendo a melhoria de sua qualidade de vida (RETT et al., 2013).
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2013) a qualidade de vida não é somente o estado físico do indivíduo e sim o reflexo de sua imagem, bem estar interior e exterior, não está somente associada à falta da enfermidade e sim do modo em que o mesmo vive seu cotidiano, incluindo todos os fatores psicossociais.
O questionário padronizado Short Form Health Suervey 36 (SF-36) é uma ferramenta importante para avaliação da qualidade de vida a mesma é composto por 36 questões que englobam oito domínios: Aspectos sociais: analisam integração do indivíduo em atividades sociais; Aspectos físicos: avaliam limitações quanto ao tipo e quantidade de trabalho, bem como quanto essas limitações dificultam; Aspectos emocionais: avaliam o impacto de aspectos psicológicos, como bem estar do paciente; Estado geral de saúde: avalia como o paciente se sente em relação a sua saúde global; Dor: avalia a presença de dor, sua intensidade e sua interferência nas atividades da vida diária; Saúde mental: inclui questões sobre ansiedade, depressão, alterações no comportamento ou descontrole emocional e bem-estar psicológico; Vitalidade: itens que consideram o nível de energia e de fadiga e, por fim, Capacidade funcional: avalia a presença e extensão delimitação relacionada à capacidade física(LAGUARDIAL ET AL., 2013). Sua análise está ligada ao escore de 0 a 100 onde 0 é o pior score sendo 0 pior qualidade de vida e 100 o melhor score equivalente a melhor qualidade de vida (CASTRO et al., 2016).
Considerando a crescente produção científica, não se encontra facilmente revisão de literatura sobre o impacto da fisioterapia e qualidade de vida de mulheres pós-mastectomia, que faça uma análise recente que venha suprir esta necessidade. O presente estudo visa verificar o impacto da atuação da fisioterapia e qualidade de vida de mulheres pós-mastectomia. Portanto, o objetivo deste estudo é compreender o efeito da fisioterapia na melhoria da qualidade de vida destas pacientes através das condutas que foram abordadas para as mesmas, com as avaliações aplicadas após o procedimento cirúrgico.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo se caracteriza como uma revisão de literatura, em que a pesquisa dos artigos foi realizada através das bases de dados científicos eletrônicos SciELO (ScientificElectronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), ResearchGatee Bireme.Foram usados os seguintes descritores em português e inglês:
Mastectomia radical (Radical Mastectomy), Mulher (Women), Qualidade de vida (Qualityoflife), Fisioterapia (Physiotherapy) no período de janeiro a outubro de 2020.
Foram incluídos neste estudo, artigos que se referiam apenas a mulheres mastectomizadas, que na avaliação tivesse sido aplicado o questionário de qualidade de vida SF-36, e que fosse realizado um programa de fisioterapia para funcionalidade. Os critérios de exclusão para esta pesquisa foram de artigos científicos anteriormente ao ano de 2009 e que não estavam disponíveis na íntegra.
Os artigos selecionados, foram avaliados pela escala PEDro desenvolvida pela Physiotherapy Evidence Database, como método de avaliação de qualidade metodológica. A Escala após aplicada, soma e totaliza o máximo de 10 pontos, A escala apresenta 11 critérios, que consiste 1 ponto cada item, que após aplicada totaliza o máximo de 10 pontos, quando o escore possuir a pontuação acima de 6 pontos, o artigo é considerado de moderada a alta qualidade. Os critérios consistem em: 1- Os critérios de elegibilidade foram especificados?; 2- Houve distribuição aleatória nos grupos?; 3- A distribuição dos sujeitos foi cega?; 4-
Inicialmente, os grupos eram semelhantes (indicadores de prognóstico mais importantes)?; 5- Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo?; 6- Todos os fisioterapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega?; 7- Todos os avaliadores que mediram de forma cega, quaisquer resultado-chave?; 8- Medições de, pelo menos, um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos?; 9-Todos os indivíduos que se mostre no resultado, recebeu o tratamento ou condição de controle conforme distribuição?; 10- Os resultados das comparações estatísticas intergrupos foram descritos em ao menos um resultado-chave?; e 11- O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para no mínimo um resultado-chave? (SHIWA, 2017).
Foram realizadas a leitura dos títulos e resumos, com ênfase nos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa, após selecionados, foram descritos através de tabelas para apresentação dos resultados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados 169 artigos das plataformas de dados utilizadas, com leitura de títulos e resumos, e duplicados foram excluídos 33 artigos. Após a leitura na íntegra dos artigos, foram excluídos 132 artigos por não apresentarem os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, sendo selecionados 4 estudos, conforme a Figura 1.
Os estudos inclusos nesta revisão foram avaliados pela escala PEDro e obtiveram o escore superior a 8 pontos, demostrando serem de boa qualidade metodológica, como demonstrado na Tabela 1.
TABELA 1 – QUALIDADE DOS ENSAIOS CLÍNICOS PELA ESCALA PEDRO
ITENS | Elsner et al. 2009 | Cesar et al. 2014 | Nava et al. 2016 | Castro et al. 2016 |
1. Os critérios de elegibilidade foram especificados* | S | S | S | S |
2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido) | N | S | S | S |
3. A alocação dos sujeitos foi secreta | N | N | N | S |
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes | S | S | S | S |
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo | S | S | S | S |
6. Todos os terapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega | S | S | S | S |
7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de forma cega | S | S | S | S |
8. Mensurações de pelo menos um resultadochave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos | S | S | S | S |
9.Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados-chave por “intenção de tratamento” | S | S | S | S |
10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos para pelo menos um resultado-chave | S | S | S | S |
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave | S | S | S | S |
ESCORE TOTAL: | 8 | 9 | 9 | 10 |
Os artigos encontrados tiveram como finalidade analisar o efeito de uma intervenção fisioterapêutica na qualidade de vida de mulheres pós-mastectomizada, todos os artigos realizaram um protocolo fisioterapêutico em mulheres, após terem sidos submetidas a cirurgia, de modo a identificar o efeito da fisioterapia na qualidade de vida e funcionalidade das pacientes.
Os estudos de Elsner, Trentin& Horn (2009), Cezar et al. (2014), Nava et al. (2016) e Castro et al. (2016) buscaram verificar o efeito da intervenção fisioterapêutica na qualidade de vida de mulheres submetidas à mastectomia. As avaliações foram feitas através do questionário SF-36 para qualidade de vida, onde foi aplicado antes e após a intervenção.
Elsner, Trentin& Horn (2009) buscaram verificar o efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres mastectomizadas, através de um protocolo de 10 sessões, por 3 vezes na semana, cuja temperatura da água variando entre 33 e 35°. Cada sessão durou 50 minutos, divididos em 3 etapas. Os primeiros 10 minutos destinados a relaxamento e alongamento aquático, com utilização de espaguetes, caneleiras flutuantes e colares cervicais para boiar, e alongamentos eram ativos para os músculos peitorais, tríceps, bíceps, deltóide. Os próximos 30 minutos para exercícios para ganho de ADM e força muscular de membros superiores, com o uso de halteres flutuantes, palmares e flutuantes movimento horizontal dos braços, balanceamento paralelo dos braços, rotação interna e externa dos ombros, flexão e extensão dos braços, elevação de ombro com braços flexionados, elevação de ombro com braços estendidos, balanceamento alternado dos braços, onda abdominal. Estes eram realizados em água profunda, com os membros superiores submersos. Os 10 minutos finais eram destinados ao relaxamento, onde se utilizava técnicas de watsu.
No entanto, Cezar (2014) realizou atendimentos fisioterapêuticos em duas etapas, sendo a primeira com relaxamento através de alongamentos associados a exercícios respiratórios, enfatizando os músculos esternocleidomastóideo, escalenos, trapézio fibras superiores e inferiores, redondo maior, redondo menor, infra espinhal, grande dorsal, peitoral maior, bíceps braquial, tríceps braquial, flexores e extensores do punho. E na segunda etapa, eram realizados exercícios de fortalecimento dando ênfase nos músculos bíceps braquial, tríceps braquial, deltóide, flexores e extensores do punho, com auxílio de bastões, bolas e faixas elásticas.
Nava et al., (2016) realizaram um protocolo de intervenção fisioterapêutica dez sessões, com duração de uma hora, duas vezes por semana, constituído de: mobilização da cicatriz mamaria, alongamento dos grupos musculares de membro superiores em todos os planos de movimento e exercícios cinesioterapêuticos com auxílio de bastão, faixa elástica, e bola com serie de quinze repetições.
Como método de intervenção, Castro et al. (2016), realizaram um programa de exercícios com duração de 10 semanas, com duas rodadas de adaptação. As pacientes iam 3 vezes na semana por 50 minutos. A sessão consistia em um circuito de atividades cardiovasculates (5 a 10min), subir e descer no step (5 min) e ciclo ergométrico. E realizavam exercícios resistidos alternados de extensão e flexão de perna, pull over, agachamento, tríceps testa, remada alta, abdução, abdominais e panturrilha, sendo numa velocidade de 4 segundos na fase concêntrica e 4 na excêntrica, com intervalo de 40 a 50 segundos. Com o uso de caneleiras (0,5 a 5kg), bastões, disco de equilíbrio e medicine ball de 1kg.
Na Tabela 2, pode-se observar uma síntese das características e resultados principais dos artigos incluídos nesta revisão de literatura.
Tabela 2. Síntese dos artigos selecionados
Autor/Ano | Objetivo | Materiais e Métodos | Resultados |
ELSNER, 2009 | Verificar o efeito da hidroterapiana qualidade de vida de mulheres mastectomizadas | Participaram do estudo 3 mulheres, com faixa etária de 40 a 60 anos, submetidas à mastectomia, as quais responderam o questionário de qualidade de vida SF-36, antes e após realizarem 10 sessões de hidroterapia. | Houve melhora da capacidade funcional, aspecto físico, vitalidade e aspecto emocional. Já os componentes dor, aspectos sociais e saúde mental mantiveram-se iguais; e o componente estado geral de saúde apresentou piora. |
CEZAR, (2014) | Avaliar a qualidade de vida de pacientes pós mastectomizados em reabilitação oncológica. | Foram selecionadas pacientes do sexo feminino, submetidas mastectomia e que frequentavam o Centro de reabilitação do município de Primavera do Leste – MT. A avaliação da qualidade de vida foi aplicada por meio do questionário SF 36, no início e após cinco meses de atendimento. Os atendimentos deram-se em duas etapas, sendo a primeira com séries de relaxamento por exercícios de alongamentos associados a exercícios respiratórios. E na segunda etapa eram realizados exercícios de fortalecimento. | Participaram do estudo cinco mulheres. Os resultados apresentados se deram a partir de uma análise descritiva do questionário SF- 36, que foram expostos através de tabelas e porcentagens. Todos os indivíduos apresentaram melhoras na análise do domínio aspectos sociais com relação à análise inicial e a final, somatizando na média total inicial 17% e final 31,1%. Quanto ao domínio de limitação por aspectos físicos, os indivíduos 1 e 4 obtiveram um pequeno aumento na escala final em comparação com a inicial, porém já nos indivíduos 2, 3 e 4 não foram observadas alterações, com média total inicial de 0% e final de 4% |
NAVA ET AL., (2016) | Verificar o impacto da aplicação de um protocolo fisioterapêutico sobre a funcionalidade e qualidade de vida de mulheres que foram submetidas ao tratamento do câncer de mama. | Estudo experimental do tipo antes e depois, composto por 10 sessões de mobilização cicatricial, alongamentos, exercícios ativos livres em todos os planos de movimento em mulheres submetidas a tratamento cirúrgico e adjuvante, na faixa etária de 40 a65 anos. Foram avaliadas quanto à amplitude de (ADM), presença ou não de linfedema e qualidade de vida através do SF-36. | A amostra foi de 4 participantes, com faixa etária de 44 a 64 anos, que concluíram o protocolo fisioterapêutico. Inicialmente, foram detectados déficits em todos os planos de movimento do ombro ipsilateral, destacando-se com menores graus de amplitude na flexão, extensão, abdução e rotação externa, e após o protocolo observou-se melhora movimento da ADM em todos os movimentos do ombro, especialmente na flexão e abdução. Todas as voluntárias, inclusive as na faixa etária dos 60 anos, obtiveram melhora no grau de amplitude de movimento quando comparado com os resultados anteriores ao protocolo de exercícios, especialmente nos movimentos de flexão e abdução de ombro, que são os mais restritos no pósoperatório de mama, com exceção de uma paciente, que manteve o mesmo grau de rotação interna de ombro após as 10 sessões de fisioterapia. As voluntárias apresentaram melhora, principalmente na capacidade funcional, estado geral em saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. |
CASTRO ET AL., (2016) | Investigar a relação existente entre exercício físico e seus efeitos na qualidade de vida de pacientes com câncer de mama, pós-cirurgia (seis meses) submetidas a exercícios físicos e não submetidas. | Participaram do estudo 24 mulheres sedentárias divididas aleatoriamente em dois grupos: grupo experimental (N=12), submetido a exercícios (GE=52,41±9,11 anos) e Grupo Controle (N=12), não submetido (GC=49,58±4,94 anos). Foi aplicado o questionário SF-36 versão reduzida. O programa de intervenção incluía exercícios de resistência, circuitos, ciclo ergométrico e exercícios resistidos alternados. A partir da 3 semana, as repetições iam até 12, com velocidade de 4 segundos durante cada exercício, com intervalo de 40 a 50 segundos. | As participantes tinham a faixa etária de 40 a 67 anos. Os resultados do presente estudo mostraram que para o GE comparado ao GC houve melhorias nos domínios vitalidade (p = 0,01), aspectos sociais (p = 0,02) e limitações por aspectos emocionais (p = 0,03). |
Elsner, Trentin& Horn (2009) puderam observar por meio da SF-36, que a capacidade funcional, aspecto físico, vitalidade e aspecto emocional das pacientes apresentaram melhora significativa após a intervenção. Quanto a dor, aspectos sociais e saúde mental os resultados permaneceram iguais e o estado geral de saúde piorou após as sessões de hidroterapia justificável pela permanência da dor, dificuldade funcional pelo pós operatório e sentimento de mutilação.
De maneira igual, no estudo de Cesar e Nascimento (2014) a relação dos domínios da capacidade funcional, estado geral de saúde, vitalidade, limitação por aspectos emocionais e saúde mental, foi obtido um resultado satisfatório, com um aumento da pontuação na escala final quando comparado à escala inicial, graduando a maior parte das pacientes acima de 50%. Já nos domínios dor, limitação por aspectos físicos e limitação por aspectos sociais, não é possível afirmar que todas sintam as mesmas dores, já que este é um conceito subjetivo. A contribuição na qualidade de vida foi pequena, devido à pequena quantidade de amostra, graduando-as abaixo da média, porém foi notável a evolução diante da avaliação final e inicial desses domínios.
Nava et al., (2016) verificaram que a qualidade de vida dos participantes por meio do SF-36, foram de melhoria, principalmente na capacidade funcional, estado geral em saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Entretanto, duas (50%) alegaram piora no domínio da dor, tendo-se como possíveis justificativas a osteoartrite de joelhos e pelos efeitos do tratamento farmacológico para alergia, como indisposição e fraqueza. Uma participante (25%) demonstrou piora no aspecto físico, o que pode ser explicado pelo fato de estar realizando radioterapia concomitantemente ao protocolo fisioterapêutico.
Castro et al.,(2016) após uma triagem em sua pesquisa determinando como fator de exclusão pacientes com metástase em alto grau (fator limitante a dor) e paciente com dificuldade de locomoção, usaram como avaliação de qualidade de vida o questionário SF-36 e como protocolos de atendimentos treinos funcionais livres associados a exercícios cinesioterapêuticos com auxílio de cargas (halteres). Nos resultados encontrados quando comparado os domínios do questionário SF-36 pré e pós intervenção, foi identificado uma melhora significativa quanto a Capacidade Funcional e Limitação dos aspectos físicos, os aspectos sociais demonstraram um aumento de autoestima.
Essa revisão demonstra que a fisioterapia, por meio de um programa de exercícios se torna eficaz quanto a melhora da funcionalidade das pacientes pós mastectomia, trazendo benefícios aos seus aspectos sociais, físicos e autoestima das mulheres. Os exercícios mais utilizados foram cinesioterapia ativa e relaxamento através de alongamentos, sendo necessários à sua prática na melhora na qualidade de vida.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se nesta revisão que a avaliação da qualidade de vida através do questionário SF-36, demonstra que o diagnóstico da neoplasia de mama nas mulheres, obtém diversos fatores que causam um grande impacto na qualidade de vida, principalmente pelo fato de essa ser uma doença estigmatizante na nossa sociedade.
Além disso, durante o tratamento elas vivenciam perdas físicas e sintomas adversos, tais como: sentimento de perda, depressão, autoimagem prejudicada com diminuição da autoestima e da libido sexual, medo da morte, sendo necessárias constantes adaptações às mudanças físicas, psicológicas, sociais, familiares e emocionais ocorridas.
Sendo assim, a fisioterapia teve um papel fundamental no cuidado pós operatório, que dentro de inúmeras técnicas fisioterapêuticas que foram oferecidas no tratamento pode-se observar que houve um resultado significativo na melhoria da funcionalidade e na qualidade de vida destas mulheres.
Portanto a pós a realização deste estudo percebeu-se a importância da assistência fisioterapêutica no acompanhamento pós-operatório das pacientes mastectomizadas. A partir disto pode-se verificar que a arco de movimento e o desbloqueio articular homolateral ao membro afetado foi bastante satisfatório em apenas algumas sessões de fisioterapia, onde se utilizaram cinesioterapia ativa com auxílio de bastão, bola e halteres e alongamento fisioterapêutico. Com isto, promovendo uma melhora na qualidade de vida das mesmas, tanto no aspecto funcional como psicossociais.
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