O EAD COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO PARA O APRENDIZADO DA LÍNGUA PORTUGUESA E INGLESA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10202924


Ronilson Corrêa1


RESUMO

Para o aprendizado e aquisição das línguas portuguesa e inglesa, muitas pessoas têm recorrido ao estudo online através de recursos tecnológicos oferecidos pelo ensino à distância conhecido como EaD. O EaD  se apresenta como um instrumento de interação online que supera barreiras físicas e temporais. O objetivo principal deste trabalho foi compreender e analisar como se faz a interação entre alunos e s recursos oferecidos por um curso EaD conhecendo os desafios, motivações e dificuldades encontradas pelos alunos ao escolher por esta modalidade de ensino. No EaD são oferecidos fóruns com ferramentas AVA/Moodle onde o aluno deve produzir, enviar e receber feedback do aprendizado. A análise da pesquisa demonstra que os alunos reconhecem o estudo pelo EaD de forma positiva embora destaquem a autodisciplina e a falta de interação face a face como fator negativo nesta forma de estudo. Os cursos em EaD devem conhecer e oferecer aos alunos ferramentas que respondam as suas necessidades conforme seus estilos de aprendizagem. Como metodologia de pesquisa foi utilizada à pesquisa bibliográfica baseada em levantamento de bancos de dados eletrônicos sobre artigos e capítulos de livros, fazendo comparações das falas dos autores que abordavam o assunto desta pesquisa. 

Palavras-Chave: Interação. Ensino à distância. Estilos de aprendizagem. Dificuldades e motivações. 

1 INTRODUÇÃO

O ensino à distância tem se demonstrado um recurso facilitador para estudantes que carecem de tempo e espaço para estudar. A cada dia tem aumentado o número de pessoas que buscam esta forma de ensino. (ALMEIDA, V. O.; SILVA, H. T. H; BONAMIGO, 2018). No entanto, para esta forma de aprendizado é necessário ter acesso e recorrer a instrumentos tecnológicos como uso de notebooks, computadores e celulares. Ao escolher por um curso online basta acessar as plataformas de ensino, fóruns de discussões e aplicativos com acesso ao conteúdo do curso (PAIVA, 2015). 

O interesse da maior parte dos estudantes por um curso online está pela economia financeira, o tempo e local que são fatores atrativos para este tipo de estudo. No entanto, segundo pesquisa do Instituto Data popular este tipo de ensino desperta certa desconfiança quanto à falta de interação humana com presença física do professor e colegas de sala de aula e a falta de autodisciplina. (Instituto de pesquisa Data Popular apud Britsh Concil, 2014). 

Aprender metodologias de língua como o inglês nos dias de hoje é de suma importância visto o fato de que aumenta para a pessoa o numero de oportunidades que a necessidade do mercado exige. A língua portuguesa e inglesa proporciona a aproximação e o contato com outras culturas. (FEITOSA, V.; NUNES, J.; SILVA, R., 2015).

Quando comparados os estudos presenciais à modalidade de estudos do inglês através do EaD, os resultados demonstram que não há prejuízos no processo de aquisição da aprendizagem. (STEINBERG E MORIN apud ALMEIDA, V.; SILVA, H.; BONAMIGO, A., 2018).

O grande aumento pela busca de cursos online está nas dificuldades de locomoção e tempo para os estudos em aulas presenciais. A flexibilidade do EaD para o aprendizado e a interação com professores que a internet possibilita, faz com que a cada vez mais seja buscado este tipo de curso (FERREIRA, 2019).

Neste trabalho, através de uma pesquisa bibliográfica buscando oferecer ao leitor esclarecimento sobre o assunto, tivemos como objetivo, através de recortes de artigos e de capítulos de livros apresentar as vantagens e desvantagens, desafios e motivações para o estudo das línguas através do sistema EAD. Para isto, utilizamos inicialmente a compreensão das diferenças entre as duas formas de ensino, sendo elas a presencial e online e posteriormente a apresentação das ferramentas do EaD com suas plataformas, destacando também, as motivações pelas mídias tecnológicas com o uso da internet e os estilos de aprendizagem a fim de responder como é possível as interação do aluno através da modalidade de ensino do EaD. 

2 A AQUISIÇÃO DA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO EaD.

Quando nos referimos ao ensino à distância proporcionado pelo acesso online e por uma rede de recursos tecnológicos, devemos lembrar que no Brasil o acesso a rede WWW iniciou apenas em 1997 através de novas formas de comunicação. Esta nova forma de interação social permitiu aos estudantes de línguas se comunicarem por e-mails, salas de discussões e fóruns de interatividade. Neste sentido, a rede de internet possibilitou a prática da língua com a comunicação entre pessoas com recursos como o uso do MSN e vídeo e áudio. Posteriormente, através da web, também foram criados materiais que poderiam ser compartilhados em redes sociais e de pesquisas como no Orkut, blogs, YouTube,  Wikipédia (PAIVA, 2015).

O início do ensino à distância no Brasil consta desde o século passado, por volta de 1930, quando os exercícios, tarefas e materiais eram entregues, corrigidos e devolvidos ao aluno pelos correios. Para os cursos de línguas a dificuldade mais apresentada era a falta de comunicação e diálogo na prática auditiva, embora tivessem material produzido em forma de fitas cassetes. Com a falta de interatividade entre professor e aluno havia um déficit nas correções e pronúncias. É só com a evolução online que a EaD tem um salto na forma de ensino feito através da comunicação oral realizado por ferramentas como skype, salas de bate papos, fóruns de interatividade, uso de celulares, etc. (SILVA, P.; SHITSUKA, R.; MORAIS, G., 2013). 

Para Silva, Shitsuka e Morais (2013) quando nos referimos a comparação do aprendizado pelos moldes presenciais ou online, não são verificadas grandes diferenças. No caso do estudo da língua inglesa, por exemplo, as aulas são feitas apenas algumas vezes na semana e esta restrição iguala as mesmas condições pelas duas formas de estudo. No caso do EaD, a cultura virtual com acesso dinâmico oferece recursos mais motivadores e com designs atrativos para os alunos.

Ainda segundo estes autores (SILVA, P.; SHITSUKA, R.; MORAIS, G., 2013), o ensino presencial tem adotado cada vez mais o acesso a culturas virtuais pela praticidade e dinâmica que estes recursos oferecem. Neste sentido, o aluno se vê diante de várias mídias de acesso e interação, o papel do professor/tutor será de mediar e orientar para o melhor aprendizado, o que diminuirá a falta da presença física do professor diante esta interatividade.

Para maior aprofundamento da discussão sobre a interatividade pelo ensino EaD apresentamos em nosso trabalho um recorte de uma pesquisa realizada na cidade de Belo Horizonte com alunos de cursos de graduação presenciais e de EaD  e escolas de idiomas presenciais e online sobre a diferenças destas modalidades, verificou-se que os mais jovens entre a idade de 13 a 29 anos ainda preferem os cursos presenciais e entre 30 e acima, os de EaD. 

Dos pesquisados que já estudaram pelo formato presencial e online, 77% preferem o online, acrescentando que 99% deles destacam a interação como a principal preocupação e que os cursos online devem estar atentos para que os recursos estejam sempre aprimorados para esta modalidade, pois para os entrevistados o retorno do professor (feedback) não corresponde ao mesmo ritmo que se encontra o aluno (SILVA, P.; SHITSUKA, R.; MORAIS, G., 2013). A pesquisa aponta ainda que os recursos visuais como videoconferência possam ajudar a sanar as possíveis carências de uma interação face a face. 

Quanto à questão de experiência de vida, esta mesma pesquisa demonstra que os alunos que escolhem o curso online são pessoas mais adultas que já estão no mercado de trabalho e dispõem de pouco tempo para um estudo presencial, enquanto os de curso presencial são ainda dependentes dos pais e muitos ainda não trabalham. 

Ao compararmos a pesquisa citada acima com outra pesquisa encomendada pela British Concil ao Instituto de pesquisa Data popular sobre dados de demandas de aprendizagem de inglês no Brasil (2014), verificamos que os fatores que influenciam na escolha pelo curso quando presencial e online são bem diferentes. No caso do ensino presencial se dá pelo preço do curso, a didática, e a estrutura da escola como boa localização, flexibilidade de horários e recursos de materiais. Esta pesquisa também aponta que os alunos preferem turmas pequenas de estudo e que o material didático é de suma importância visto que o maior número de desistência está por um material que não seja motivador. Outro aspecto importante relatado são as aulas lúdicas e culturais. Quanto em nível de reclamações, a pesquisa relata o auto custo dos cursos presenciais e no material que corresponde em média a 500 reais mensais e fica bem acima do que consideram como ideais para suas condições. 

Quanto ao curso online, está mesma pesquisa aponta que para a maioria dos entrevistados um curso online é muito atrativo, pois economiza tempo e dinheiro. Neste sentido, a dinâmica e flexibilização de tempo e espaço são fatores determinantes na hora de escolher esta modalidade. A concorrência com atividades de lazer e cuidados da casa levam a um alto grau de desistência destes tipos de curso. Outro fator que implica na desistência do estudo online deve-se à necessidade de muita disciplina por parte do estudante e pela pouca falta de contato com o professor.

Contrapondo-se aos dados desta pesquisa citada acima e as críticas ao curso online, segundo Jong (2013 apud ALMEIDA; SILVA; BONAMIGO, 2018), habilidades como senso crítico, análise e a auto-regulação são proporcionados ao aluno que escolhe a modalidade de ensino e aprendizado à distância. Neste sentido, colabora o pensamento de Steinberg e Morin (2011 apud ALMEIDA; SILVA; BONAMIGO, 2018) que ao comparar os estudos presenciais com os estudos através do EaD, concluíram que não há prejuízos no processo de aquisição da aprendizagem. Este pensamento contrapõe a ideias que a falta de autodisciplina está na base das dificuldades de um aprendizado online. Ou seja, o estudo através do EaD proporciona uma auto-regulação e possibilita um crescimento na responsabilidade do aluno com seus compromissos. 

Os estudos de Johnstone Dodge et al, (2014 apud ALMEIDA; SILVA; BONAMIGO, 2018) apontam que o aprendizado através do EaD ganharam no mundo todo a aceitação pela facilidade que os cursos online oferecem ao acesso da comunicação e colaboração entre professores e alunos no processo de aquisição do conhecimento. Ainda segundo este mesmo autor, quando se refere às práticas pedagógicas, o curso online deve oferecer plataforma que seja agradável, que promova interação e seja de fácil acesso. Além de atender às motivações do aluno, que possam oferecer espaço para feedback principalmente para as limitações e dificuldades encontradas no processo de ensino, a fim de diminuir o abandono e a insatisfação pelo curso EaD. 

2.1 PLATAFORMAS DE INTERAÇÃO EaD 

Quando nos referimos ao aprendizado de metodologias de ensino de línguas portuguesa e inglesa, pesquisas apontam que, quando se trata da escolha de um curso online, os estudantes buscam contato com professores que dominem e tenham experiência na língua. Neste sentido, os cursos mais buscados para atender as demandas do mercado são aqueles que praticam mais as conversações. (Pesquisa Instituto Data Popular 2014). Deste modo, a fim de responder a estas necessidades, os cursos online de modalidade EaD, oferecem plataformas de ensino com possibilidades de conversações através do Ambiente Virtual de Aprendizagem conhecido como AVA/Moodle onde acontece interações sociais que podem ser adaptadas pela plataforma. (REIS, S.; BATTINI, O. 2019). 

Em recente pesquisa realizada sobre o uso de fórum como laboratório de fala para aprendizagem da língua inglesa na educação à distância e o papel do tutor junto ao aluno, as autoras Reis, S. e Battini, O. (2019), apresentam uma análise do fórum de discussão AVA/Moodle como espaço de interação entre aluno e professor na plataforma. Nesta plataforma, há espaço para discussões em fóruns e orientações sobre a língua inglesa. As autoras destacam a forma da orientação do tutor e faz uma apresentação entre o estudo à distância e o presencial. Podemos observar esta comparação em uma tabela abaixo apresentado no artigo da autora:

Figura 1 – Modelo de tutoria- Fonte: Elaborado pelas autoras Reis, S.; Battini, O.

Ainda sobre o uso da plataforma AVA/Moodle e seu fórum de discussão como instrumento para o aprendizado da língua inglesa, os resultados apontam que o fórum serviu como um laboratório de fala com viés em uma abordagem comunicativa que segundo as autoras teve como foco mais a comunicação que a fixação de regras gramaticais. Não desprezando as regras gramaticais, mas sim levando em conta o contexto social que se dá pela interação entre pessoas. As autoras esclarecem que o fórum não se limitou apenas a escrita e leitura, mas também, foi customizada para a oralidade da língua buscando a habilidade da fala e audição. Quanto à customização a professora do curso entrevistada esclarece que: 

“Customizar o fórum foi o mecanismo com o objetivo principal de oportunizar uma aprendizagem efetiva na língua inglesa através da Educação à Distância. A ferramenta já era utilizada nos Ambientes Virtuais, mas era necessário customizá-la conforme a necessidade a que se objetivava. Já existem vários formatos de Ensino de Língua Inglesa à Distância, mas a elaboração deste projeto teve uma característica única. A necessidade urgente e primária de ver os nossos alunos falando em inglês, conforme seu tempo e mais, de forma individual e personalizada. Cada unidade foi projetada conforme a necessidade e desenvolvimento do antecedente.” (BARCELAR, Andressa, professora apud ARAÚJO, E.; BARCELAR, A.; PEREIRA, M., PIRES, A.; SERRA, I. apud FERREIRA organizadora 2019).

Neste sentido, os alunos enviavam áudios pela plataforma para os tutores, o que eram ouvidos e devolvidos também em forma de áudios para os alunos. Outros meios de comunicação usados nesta plataforma foram os chats, vídeoaulas, webclass, bibliotecas, testes e atividades e acesso a e-books. O objetivo da plataforma através da orientação dos tutores com temas selecionados é que os alunos tenham uma formação construtivista os capacitando de forma individual recebendo sempre o feedback de seu desenvolvimento. Assim o fórum ultrapassa o espaço apenas da leitura e escrita valorizando principalmente a oralidade e escuta da língua inglesa, ou seja, a comunicação.  (BARCELAR, Andressa, professora apud ARAÚJO, E.; BARCELAR, A.; PEREIRA, M., PIRES, A.; SERRA, I. apud FERREIRA organizadora 2019).

No entanto, autores como Gustavo Lopes Estivalet e Josias Ricardo Hack (2011) fazem ponderações sobre a comunicação entre professores e alunos no ensino e aprendizagem a distância e a capacidade de produção da habilidade neste tipo de modalidade. Em pesquisa empírica realizada por estes autores no pólo São José (SC) da Universidade Federal de Santa Catarina realizada em 2010 em que utilizavam a plataforma AVEA Moodle, os autores constatam que apenas a comunicação e interação não são suficientes para a garantia da qualidade do aprendizado. Para resolver estas questões, chamam a atenção para a preparação didática e pedagógica que recorre a recursos tecnológicos e interações pela internet.

Neste sentido, os autores valorizam o uso da internet como espaço para crescimento e aprendizado, pois ao acessar a internet os alunos interagem com várias possibilidades de conteúdos que não apenas do ensino tradicional em escolas com livros e apostilas. Esclarecem que o uso das tecnologias são fatores de motivação e muito atrativas aos estudantes pela interação e atualização normalmente proporcionada por estes tipos de mídias. Assim, o papel do professor é mais de mediador e orientador trabalhando com uma equipe multidisciplinar na produção e escolhas dos materiais e na elaboração pedagógica que será oferecida no curso observando que o currículo não será mais fechado e determinado, pois através do EaD a estrutura didática se torna mais aberta e dinâmica e está sempre sendo atualizada visto sua dimensão de recursos utilizados. (ESTIVALET, G., HACK, J., 2011). 

Embora autores citados acima elenquem o uso de tecnologias e o acesso a internet como fatores atrativos pela interação social, observamos, também através do estudo deste trabalho que para muitos estudantes estes são fatores de desmotivação, visto as suas inabilidades de acesso as tecnologias ou até mesmo estilos de aprendizagem. 

Ao aprofundarmos sobre os meios atrativos e motivadores e os fatores de desmotivação, apontamos um estudo realizado na Universidade Federal de Uberlândia com turmas de graduação de Inglês Instrumental sobre motivações e crenças de alunos que buscam o EaD para aprender a língua inglesa (2014). A dissertação de mestrado resultou em um artigo sobre o tema mencionado acima, retrata os resultados da motivação pelo curso e as motivações que vão se modificando ao longo do curso. Para tanto, as autoras Ribas, F., e Perine, C., (2014) se basearam em uma tabela de Williams e Burden, (1997) que explica os fatores internos e externos com dois quadros sobre motivação. 

Figura 2 – Fatores internos e externos influenciadores da motivação

Fonte: Williams e Burden, 1997, p. 138 a 140 apud RIBAS, F., PERINE, C., 2014.

As autoras apontam para o fato de que as motivações são elementos que diferem de um para o outro, ou seja, cada pessoa tem seu processo de acordo com suas preferências e características. As influências sejam elas internas e externas levam em conta o contexto que está inserido. Explicando melhor esta citação, podemos dizer que para um individuo aprender inglês pode ser pelo gosto pela língua (fator interno) e a preocupação dos alunos com a exigência do mercado pelo domínio da língua inglesa (fator externo). (RIBAS, F., PERINE, C., 2014).

Quando nos referimos ao material que se acreditava pelo conteúdo e pelo design auto-instrucional ser o suficiente para a motivação do aluno, observou-se que este material auto-explicativo não foi o suficiente para os alunos aprenderem e se motivarem ao longo prazo. (MORAN, 2007).  Neste sentido, uma construção de conhecimento que promova a motivação do aluno passa pela interação, o que é um elemento desafiador na comunicação do ambiente virtual, pois ela nem sempre dispõe de recursos extra-linguais como gestos. 

Para tanto, a interdisciplinaridade está na construção conjunta do conhecimento através da integração de conteúdos e disciplinas sempre fazendo lembrar que o aluno interage com quem está além do website e não só com o website. (VAN, F., 2004 acesso 2020). 

Diante estes fatores que parecem motivadores para muitos alunos, para outros se apresentam como complicadores devido às dificuldades que eles têm na habilidade de lidar com o mundo virtual ou mesmo pela resistência por interações a chats de bate papos e contatos online tipo videoconferência.  

Neste sentido, o que pode ser positivo para determinadas pessoas, para outras podem ser vistas como fatores complicadores. Por exemplo, a interação ao vivo e instantânea e resolução das dúvidas de forma imediata e a troca de idéias e feedback com o professor e alunos como no caso dos fóruns, o debate entre os participantes do grupo e reflexão dos assuntos permitindo a escuta das várias experiências e formação de idéias, podem não ser conseguidos por outros estudantes. Neste sentido, foram apontadas as dificuldades dos horários, pois como no presencial, as aulas têm a obrigação de um tempo determinado pela videoconferência. Outro aspecto limitante se refere à velocidade da internet que pode não dar ao aluno a mesma qualidade nos diálogos e interações na aula online. Quanto às reclamações sobre o fórum, são pelo fato de parecer mais como um mural onde se limita a expor a idéia de forma superficial sem uma reflexão mais profunda do assunto. Estes aspectos reforçam ao que os autores chamam à atenção para a construção pela interdisciplinaridade onde vários olhares possam estar atentos as necessidades dos alunos (MORAN, 2007, acesso 2020).  

“Na educação à distância encontramos hoje inúmeras possibilidades de combinar soluções pedagógicas adaptadas a cada tipo de aluno, as peculiaridades da organização, às necessidades de cada momento. Temos possibilidades centradas nas tecnologias online no modo texto, no modo hiper-textual, no modo multimídia. Podemos dar aula ao vivo, à distância por tele ou videoconferência. Podemos combinar aula com interação via internet. Podemos preparar cursos com apoio forte no texto impresso e alguma interação com a internet. Podemos preparar cursos prontos, em pacotes com outros semi-prontos, que se complementam com atividades colaborativas. Podemos elaborar uma proposta de curso onde o próprio grupo escolhe o seu caminho”. (MORAN, 2005, p. 03). 

Neste sentido os cursos na modalidade EaD em inglês devem favorecer o aluno para que consiga autonomia, organização e disciplina independente de qual seja o seu estilo de aprendizagem. (DANTAS, L., 2012). Ao falarmos de estilos de aprendizagem podemos compreender porque alguns alunos têm maior ou menor dificuldade quanto à modalidade de ensino, seja presencial ou online. 

Há autores como Felder e Silverman (1997 apud DANTAS, L., 2012), que defendem existir vários estilos de aprendizagem. Quando nos referimos no ensino da língua inglesa na modalidade de ensino à distância podemos citar dentre estes: o estilo sensorial que é de pessoas mais práticas e detalhistas e que memorizam com mais facilidade o aprendizado; os estilos intuitivos que têm uma maior facilidade e atenção às teorias; os de estilo visuais que são de pessoas que aprendem com mais facilidade através de vídeos e imagens; os de estilo verbal que aprendem mais facilmente através de explicações e oralidade; os de estilo ativo são aqueles que aprendem pela troca de experiência, ou seja, precisam vivenciar o aprendizado através de discussões; os de estilo reflexivo são aqueles que precisam de um tempo maior para refletir sobre o assunto; os de estilo seqüencial são aqueles que necessitam de uma sequência organizada, pois o conhecimento para eles se é adquirido de forma progressiva; e por fim os estilos de forma global que são aqueles que necessitam ter uma visão global do todo que é apresentado. 

Para Dantas (2012) o curso oferecido deve estar preparado para atender a estes vários estilos de aprendizagem, além do fato, de que estudos apontam que uma pessoa possa apresentar até mais de um estilo de aprendizagem. (FELDER e SILVERMAN, 1997 apud DANTAS, L., 2012).

Quando comparamos as modalidades de ensino, seja ela a presencial ou a online verificamos que estes diversos estilos aparecem nos estudantes nas duas formas de estudo e nas suas necessidades de adaptações para melhor aproveitamento do curso. No entanto, na presencial o aluno tem um papel mais de ouvinte enquanto na online se é exigido que seu papel seja mais autônomo e auto disciplinado. (DANTAS, L., 2012). 

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa bibliográfica foi construída através da coleta de dados de leituras e comparações. O material disponível foi encontrado em consultas eletrônicas de artigos e de livros. Para chegar a estes resultados, foram feitas comparações entre artigos e capítulos de livros que abordassem o tema de nossa pesquisa. As falas dos autores citados na pesquisa apresentaram concordâncias e discordâncias entre seus pontos de vista em relação ao assunto.

Como objetivos, buscou-se compreender o que leva uma pessoa a fazer um curso de inglês através da modalidade de ensino à distância. Para alcançar estes objetivos verificamos primeiro através das falas dos autores citados nesta pesquisa, as diferenças entre o estudo presencial e a modalidade de ensino à distância. Deste modo, verificamos que há motivações e dificuldades ao longo do processo da aprendizagem nas duas formas de modalidade de ensino. 

Quando nos referimos ao EaD, objetivo do nosso trabalho, constatamos que a motivação do aluno foi elencada como um dos principais fatores e de suma importância para a conclusão do curso online. Neste sentido, para alcançar esta motivação, se faz necessário alguns recursos que possibilitem este aprendizado. Os cursos devem estar atentos ao estilo de aprendizagem do aluno como também serem mais rápidos aos questionamentos e dúvidas que surjam dos alunos ao longo do processo. 

Chegamos a conclusão através da pesquisa que há um número cada vez maior de pessoas que têm buscado o EaD. Dentre estas pessoas, se faz necessário observar que elas apresentam vários estilos de aprendizagem. Quando se refere ao estudo da língua inglesa, o curso online apresenta recursos atrativos, visto que utiliza de tecnologias interativas e de acesso a internet que possibilitam aos alunos conhecer uma área muito próspera e procurada no campo de trabalho. No entanto, os recortes apontam que há uma necessidade por parte dos alunos de mais treinamento, pois há ainda, muitos que demonstram inabilidades com as plataformas de ensino. Neste sentido, segundo os autores citados nesta pesquisa, as plataformas devem ser adaptadas, customizadas (ARAÚJO, E.; BARCELAR, A.; PEREIRA, M., PIRES, A.; SERRA, I. apud FERREIRA organizadora 2019), segundo os objetivos que o curso oferece. No caso de um curso online de conversação, por exemplo, este deve atender as expectativas oferecendo um espaço de interação e feedback entre os alunos e o professor.  

No caso de um curso EaD em que o estudo é realizado apenas algumas vezes por semana e normalmente por pessoas com menos tempo para ir a um curso presencial, a plataforma de ensino deve oferecer diversos recursos que não apenas motive o aluno, mas também responda as necessidades do aluno de interação conforme os vários estilos de aprendizagem apresentados neste trabalho. (DANTAS, L. 2012).

Quando nos referimos às diferenças entre o estudo presencial e o online, embora algumas pesquisas (Data popular) apresentassem para o número de desistência do EaD a dificuldade de autodisciplina, outros autores vão no sentido contrário, apresentam o EaD como uma modalidade que possibilita um maior crescimento da autonomia e disciplina (DANTAS, L. 2012). 

Outra diferença importante constatada neste trabalho, é que nos cursos presenciais a interação é feita face a face e em pequenos grupos de estudo. Para diminuir esta desvantagem em relação ao estudo presencial, os cursos de EaD estão buscando através de recursos e aplicativos uma maior agilização das respostas, ou seja, buscam aproximar aluno e professor em uma interação social que proporcione uma relação mais próxima entre eles. Para isto, são utilizados, chats de bate papos, fóruns de discussões, e outras ferramentas de interação. 

Os cursos de EaD através das plataformas de estudos estão buscando ser atrativas, práticas e interativas a fim de motivar e ajudar os alunos a se desenvolverem na oralidade em inglês encontrando as respostas e explicações e possibilitando a interação entre as pessoas. 

Para finalizar, para o ensino a distância ter resultado eficaz, se faz necessário treinamento dos alunos para acesso as plataformas e levar em conta os estilos de aprendizagem de cada aluno, proporcionando a eles o feedback necessário de forma rápida e esclarecedora. As plataformas devem oferecer espaço para atividades da prática social da e estar sempre atento ao material pedagógico a fim de manter sempre um caráter dinâmico e objetivo. Deste modo, o curso online permitirá ao aluno ser mais responsável e sentir-se mais autônomo.

REFERENCIAS

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ARAÚJO, E.; BARCELAR, A.; PEREIRA, M., PIRES, A.; SERRA, I. O uso do Fórum como laboratório de fala para a aprendizagem da língua Inglesa na Educação à distância. FERREIRA, G. R. org. Educação e Tecnologias: Experiências, desafios e perspectivas. Editora Atenas, Ponta Grossa – PR, 2019.

DANTAS, L. H. Estilos de Aprendizagem no ensino da língua inglesa na modalidade de educação à distância. Educação a Distância, Batatais, v. 2, n. 1, p. 107-122, 2012.

Instituto Data Popular. Demandas de Aprendizagem no Brasil. 1ª Ed. São Paulo. British Council, 2014. 

FEITOSA, V. S. L.; NUNES, J. O. C. N.; SILVA, R. N. M. Estudo de eficácia de aprendizagem em inglês no ensino à distância (EaD). II CONEDU – Congresso Nacional de Educação, 2015. Disponível em: www.editorarealize.com.br. Acesso em: 18 de abril de 2022. 

FERREIRA, G. R. org. Educação e Tecnologias: Experiências, desafios e perspectivas. Editora Atenas, Ponta Grossa – Paraná, 2019.

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RIBAS, F. C.; PERINE, C. M. O que motiva graduandos a iniciar um curso de Inglês à distância. Signum: Estud. Ling., Londrina, n. 17/1, p. 245-271, jun. 2014.

SILVA, P. C. D.; SHITSUKA, R.; MORAIS, G. R. Estratégias de Ensino/Aprendizagem em ambientes virtuais: Estudo comparativo de ensino de língua estrangeira no sistema EaD e presencial. RBAAD – Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e à Distância. Volume 12, 2013. Disponível em: http://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/243. Acesso em 02 de maio 2022. 

VAN AMSTEL, F. Criar um website realmente interativo é um grande desafio. 2004. Disponível em: http://webinsider.uol.com.br/2004/02/28/. Acesso em: 25 de abril 2022.


 1Psicólogo especialista em psicologia clínica com título do Conselho Federal de psicologia tem pós-graduação em Saúde mental e também pós-graduação em intervenção psicossocial no âmbito jurídico. É licenciado em letras Inglês com pós-graduação em metodologias em línguas portuguesa e inglesa e é professor de Ensino Religioso.