REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7982928
Sabrina de Sousa Bomjardim1
Laynara Santos Silva2
RESUMO:
O Brasil é o líder de consumo de medicamentos na América Latina, segundo dados do relatório anual da IQVIA, no ano de 2021 o mercado farmacêutico faturou 19 bilhões que representam 42% de todo o setor. Contudo, todo esse consumo gera toneladas de resíduos perigosos para o meio ambiente e a população. Logo, surge a dúvida: quais os riscos à saúde pública e meio ambiente causados pelo descarte incorreto de medicamentos?. Deste modo, o objetivo geral da pesquisa é identificar os riscos à saúde pública e ao meio ambiente devido ao descarte incorreto de medicamentos. A metodologia aplicada na pesquisa é de revisão integrativa de literaturas entre o período de 2019 a 2022 em três plataformas de busca: Scielo, LILACS e PubMED. Os resultados apontam que a cultura de consumo brasileira associada a baixa instrução ocasiona o descarte inadequado dos resíduos medicamentosos que, por sua vez, causam danos a fauna, flora, solo e bacias hidrográficas, além do mais, podendo ser tóxico aos indivíduos que o manuseiam em coletas, separação e aterros. Portanto, conclui-se que, as empresas e o setor público devem investir em conscientização da população e monitorar a distribuição de fármacos.
Palavras-chave: Descarte. Remédios. Riscos. Revisão Integrativa.
ABSTRACT:
Brazil is the leader in drug consumption in Latin America, according to data from the IQVIA annual report, in the year 2021 the pharmaceutical market earned 19 billion, representing 42% of the entire sector. However, all this consumption generates tons of hazardous waste for the environment and the population. Therefore, a question arises: what are the risks to public health and the environment caused by the incorrect disposal of medicines?. Thus, the general objective of the research is to identify the risks to public health and the environment due to the disposal of medicines. The methodology applied in the research is an integrative literature review between the period from 2019 to 2022 in three search platforms: Scielo, LILACS and PubMED. The results indicate that the Brazilian consumer culture associated with low education causes the improper disposal of drug waste which, in turn, causes damage to the fauna, flora, soil and watersheds, in addition to being toxic to the individuals who handle it. in collections, separation and landfills. Therefore, it is concluded that, as companies and the public sector, they should invest in public awareness and monitor the distribution of medicines.
Keywords: Discard. Medicines. Scratchs. Integrative Review.
1 INTRODUÇÃO
As ciências da saúde estão em constante progresso, com a identificação de novas patologias e métodos terapêuticos diversos para a mesma. Nesse sentido, a farmácia expande seus horizontes com a produção de medicamentos em massa. Contudo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, 50% de toda a produção são usado/dispensados de maneira incorreta (CONSTANTINO et al., 2020).
Para, além disso, a lógica do capital tensiona a produção exacerbada e a facilitação de acesso a medicamentos em gondolas, como por exemplo, vitamina C, dipirona, entre outros (TAVARES et al., 2020).
O uso de medicamentos exige metodologias de controle, dispensação e racionamento do mesmo, evitando que ocorra acumulam e, por sua vez, o descarte inadequado. Essa problemática é um desafio para a comunidade global de farmácia e uma questão de saúde ambiental e pública devido os danos que podem causar as populações próximas das áreas de descarte (FAIJÃO et al., 2022).
O excedente produzido, os produtos mal utilizados e remédios que passaram da validade são o reflexo do modo produtivo desenfreado associado a população de desinformada sobre o descarte adequado. O remédio descartado pode gerar: intoxicações ao solo, plantas e animais; alergias e intoxicações nos coletores / separadores de lixo; e misturas que liberem substâncias tóxicas no ar, essa categoria gera inúmeros tipos de resíduos sólidos, como vidro, plástico, papel, entre outros (CONSTANTINO et al., 2020).
O papel de regular a dinâmica de distribuição e consumidores é do estado junto ao Conselho Federal de Farmácia – CFF. No contexto de Brasil, não há regulamentos específicos para descarte adequado de remédios, mas há normativas para descarte de resíduo perigoso, conforme prescrito na Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS. Porém, há o Projeto de Lei n.º 1.261, de 2019 que visa normalizar o descarte de remédios, (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010).
Para Lemes et al. (2020) a principal forma de combate ao descarte inadequado é por meio da informação para os consumidores, vigilância nos distribuidores e normalização de processos em indústrias. No mesmo sentido, o setor público e privado devem oferecer maneiras para descarte, como por exemplo, pontos de coleta nas farmácias, materiais informativos sobre a armazenamento, classifiação e despojo.
Partindo desse contexto, questiona-se: Quais os riscos à saúde pública e meio ambiente causados pelo descarte incorreto de medicamentos? Deste modo, o objetivo geral da pesquisa é identificar os riscos à saúde pública e ao meio ambiente devido ao descarte incorreto de medicamentos. Já os objetivos específicos são: identificar os principais riscos à saúde da população com o descarte inadequado dos medicamentos; descrever os princípios ativos mais encontrados no descarte incorreto e quais são mais prejudiciais ao meio ambiente; analisar o nível de conhecimento da população em relação ao descarte de medicamentos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O crescimento populacional, expansão dos espaços urbanos e surgimentos de variações de doenças impulsionam o mercado farmacéutica. A demanda e consumo crescem exponencialmente em paralelo com a humanidade que, a cada ano, tem gerado mais resíduos sólidos que são descartados em meio as ruas, terrenos baldios, afluentes e etc (CONSTANTINO et al., 2020).
Segundo dados do Instituo FrioCruz, dos 100% dos resíduos sólidos urbanos, apenas 28% recebem algum tipo de tratamento, sendo 23% depositados em aterros controlados ou sanitários, 3% são tratados em unidades de compostagem e 2% estão sendo tratados em unidades e/ou programas de reciclagem (FIOCRUZ, 2014).
O gerenciamento dos residuos no Brasil é normalizado pela PNRS que dispõe no artigo 9° Lei nº 12.305/10, determina ordem de prioridade: a não geração de resíduos sólidos; a minimização; a reutilização; a reciclagem; o tratamento e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Ou seja, institui a prevenção, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a destinação adequada para os rejeitos que não podem ser reutilizados ou reciclados (BRASIL, 2010).
2.1 Definição e classificação de resíduo sólido
O lixo é todo resíduo sólido gerado pelas atividades humanas, a sua origem é o que caracteriza os resíduos sólidos e define a sua destinação final. De acordo com a Lei nº 12.305/10, artigo 13° inciso I, os resíduos sólidos podem ser classificado em onze tipos e em áreas, como por exemplo, resíduos do comércio e atividades estatais voltados as práticas sanitárias comuns:
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária);
Segundo a ABNT NBR 10.004/04, classifica os resíduos sólidos como:
a) Resíduos perigosos (classe I): são os resíduos com características que podem colocar em risco a vida humana e ainda ser prejudicial a fauna e a flora se depositados em local desapropriado, com características de patogênicos, inflamáveis, tóxicos, corrosivos e/ou radioativos.
b) Resíduos não perigosos (classe II), essa categoria é subdividida em: Não perigosos e não inertes (classe II a) e não perigosos inertes (classe II b); esses resíduos não apresentam características de periculosidade, mas apresentam outras propriedades que podem ser prejudicial a saúde pública, portanto merecem tanto cuidado no gerenciamento quanto os resíduos de classe I.
Inflamabilidade: um resíduo sólido é caracterizado como inflamável, se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10.007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:
a) Ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60°C, determinado conforme ABNT NBR 14598 ou equivalente, excetuando-se as soluções aquosas com menos de 24% de álcool em volume;
b) Não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25°C e 0,1 MPa (1 atm.) produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamada, queimar vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo;
c) Ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material (ABNT, 2004).
Corrosidade: um resíduo é caracterizado como corrosivo se uma amostra representativa dele, obtida segundo a ABNT NBR 10.007, apresentar uma das seguintes propriedades:
a) Ser aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou, superior ou igual a 12,5, ou sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;
b) Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55°C, de acordo com USEPA SW 846 ou equivalente (ABNT, 2004).
Reatividade: um resíduo é caracterizado como reativo se uma amostra representativa dele, obtida segundo a ABNT NBR 10.007, apresentar uma das seguintes propriedades:
a) Ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar;
b) Reagir violentamente com a água;
c) Formar misturas potencialmente explosivas com a água;
d) Gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando misturados com a água;
e) Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte estímulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes confinados;
f) Ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um resultado prático, através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não está substância contida em dispositivo preparado para este fim (ABNT, 2004).
Toxicidade: um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra representativa dele, obtida segundo a ABNT NBR 10.007, apresentar uma das seguintes propriedades:
Resíduos Classe II – Não perigosos: São conhecidos como resíduos não perigosos os resíduos de restaurante, sucate de metais ferrosos e não ferrosos, resíduos de papel e papelão, resíduos de plásticos polimerizado, resíduos de borracha, madeira, materiais têxteis, bagaço de cana, dentro outros da mesma classificação.
Resíduos Classe II A – Não inertes: São resíduos que possuem classificações que não se enquadram em nenhuma das classificações citadas anteriormente, esses resíduos tem características como: Biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduos Classe II B – Inertes:São resíduos que quando colocado em contato com água destilada ou desionizada e em temperatura ambiente mão apresentar nenhum de seus constituintes solubilizados (ABNT, 2004).
De acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010), resíduos sólidos são definidos como materiais, substâncias, objetos ou bens descartados que são resultantes de atividades humanas cuja destinação se procede nos estados sólidos ou semissólidos. A norma da ABNT NBR 10.004 define os resíduos como: “aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face de melhor tecnologia disponível” (SILVEIRA, 2021).
Segundo a PNRS (2010) tem como um dos seus objetivos principais a “não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. Destaca-se, neste objetivo, a necessidade de promover a disposição ambientalmente adequada dos rejeitos, apenas. Os resíduos sólidos, após o seu descarte, ainda têm valor agregado e podem ser utilizados como matéria prima secundária, reduzindo a exploração de recursos naturais.
2.2 Acondicionamento e armazenamento de resíduo sólido
A etapa de acondicionamento se inicia logo após a geração e tem como objetivo facilitar o transporte, a coleta, minimizar o mau cheiro e a atração de animais e vetores, cabe a população acondicionar seu próprio lixo, que consiste na preparação adequada em recipientes adequados quanto ao volume, quantidade e classificação para a realização de uma coleta segura. Conforme as leis e normas referentes aos resíduos sólidos o acondicionamento se dará de acordo com o tipo, a quantidade de resíduos, a sua classificação e os riscos que eles podem causar ao meio ambiente, (ABNT, 2004)
O armazenamento é a etapa seguinte que consiste na guarda dos recipientes contendo os resíduos, assim como o acondicionamento, o armazenamento também deve ser feito em observância as exigências da ABNT NBR 10.004. O armazenamento correto tem como benefício a segurança no transporte, agilidade na manipulação, diminuição de custos para o gerador. Os resíduos perigosos (classe I) não devem ser armazenados juntamente com os resíduos não perigosos, devem estar identificados constando em local visível a sua classificação (BERTÉ; SILVEIRA, 2018).
2.3 A cultura da automedicação e o descarte inadequado de remédios
A automedicação é uma prática empírica do paciente se auto avaliar e iniciar terapia medicamentosa de maneira independente com fármacos, produtos e remédios homeopáticos para alívio de dor ou sintomas. Entretanto, a prática é amplamente criticada devido ao caráter danoso de prescrições errôneas. As doenças iatrogênicas são produtos da automedicação incorreta (GALUCIO et al., 2021).
Francisco et al. (2021) pontua que o risco da automedicação é cultural e, no contexto de Brasil, essa problemática amplia-se devido ao fácil acesso do usuário a medicamento, o baixíssimo grau de informação sobre a prática e a dominância da indústria em relação as limitações que devem partir do estado.
Já o Organização Mundial de Saúde – OMS conceitua que o uso racional de remédios ocorre quando “os pacientes recebem a medicação adequada de acordo com suas necessidades clínicas, nas doses correspondentes aos seus requisitos individuais, durante um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e para a comunidade”. Além do mais, Correia et al. (2019) explica que a propaganda midiática incentiva o consumo de medicamentos, ao mesmo passo que, promoções e descontos são dispostos a todo momento.
Além disso, a automedicação pode contribuir para o descarte inadequado de medicamentos, o que pode gerar impactos negativos ao meio ambiente e à saúde pública. Quando as pessoas não utilizam todo o medicamento prescrito ou guardam remédios fora do prazo de validade, esses medicamentos podem se tornar resíduos perigosos e contaminar o solo e a água, além de oferecer riscos à saúde de pessoas e animais que entram em contato com eles. (GARCIA, et al., v.3, 2017)
A população tem sua parcela de responsabilidade no processo devendo estar esclarecida e envolvida no processo de conscientização da geração de resíduos bem como da importância do uso racional de medicamentos como sendo uma das medidas necessárias a diminuir as sobras decorrentes de aquisição desnecessária ou do não cumprimento do esquema terapêutico proposto (ALVARENGA; NICOLETTI, 2010, p. 1).
Para evitar esses problemas, é importante seguir as orientações médicas e farmacêuticas, não compartilhar medicamentos com outras pessoas e sempre descartar os medicamentos vencidos ou não utilizados em locais específicos para esse fim, como postos de coleta em farmácias ou unidades de saúde. Dessa forma, é possível garantir uma saúde mais segura para todos e contribuir para a preservação do meio ambiente.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de estudo de revisão integrativa, com abordagem qualitativa, de cunho descritivo. Com relação à pesquisa bibliográfica, Gil (2017) fala a respeito das contribuições ao afirmar que as pesquisa bibliográfica de conhecimento secundário, já produzido por obras já impressa em formato de livros, artigos, revistas e gravações. O objetivo dessa pesquisa é colocar o pesquisador em contato direto com o documento já elaborado acerca determinado assunto.
A pesquisa foi realizada com os bancos de dados da Scielo, LILACS e PubMED e a busca pelos materiais foi dividida em dois momentos, no primeiro momento foi separado por termos de busca, que são: Descarte de medicamentos, resíduos sólidos, poluição ambiental. No segundo momento, ocorreu a seleção dos materiais pelo recorte temático. Para direcionar o estudo utilizou-se a questão que norteiam a pesquisa: Quais os riscos à saúde pública e meio ambiente causados pelo descarte incorreto de medicamentos?. Já os descritores de pesquisa são “descarte”, “remédios” e “riscos”.
Os critérios de inclusão foram estudos publicados entre os anos de 2017 a 2023, com exceções a base de dados que não foram atualizadas, como da instituição FRIOCRUZ e as PNRS, nas bases de dados mencionadas, sobre o descarte incorreto de medicamentos. Os critérios de exclusão foi a presença de apenas um descritor relativo à literatura, relevância da literatura para pesquisa e outros idiomas que não seja o português. De acordo com os critérios adotados nesta metodologia seguiu-se a sequência para seleção dos estudos conforme o disposto na figura 1.
Figura 1: Fluxograma do percurso metodológico.
Fonte: autoria própria, 2023
4 RESULTADOS
O trabalho de sintese e apresentação dos dados está organizando em: nome do autor/ano, titulo, objetivos, metodologia e resultados da pesquisa.
Quadro 1: Resultados obtidos na separação dos materiais
Autor/ano | Título | Objetivos | Metodologia | Resultados |
Spricigo et al. (2020) | Descarte incorreto de medicamentos vencidos ou não utilizados na cidade de Xanxerê. | Analisar o destino que a população e as farmácias dão para medicamentos vencidos ou que não são mais utilizados na cidade de Xanxerê – SC | Pesquisa de campo com aplicação de questionário online para 312 participantes | Os resultados demonstraram que a maioria das pessoas descartam de forma incorreta, muitas vezes por falta de informação, por acomodar-se ou por acharem que não há mal nenhum na ação. Considera-se que o uso de medicamentos de forma inadequada, assim como o descarte dos mesmos no meio ambiente gera danos. |
Rodrigues et al. (2020) | Contaminação ambiental decorrente do descarte de medicamentos: participação da sociedade nesse processo | Analisar a maneira como é realizado o descarte de medicamentos domiciliares | Pesquisa de campo com aplicação de questionário online para 110 participantes | A partir dos dados é possível entender a urgência de medidas de sensibilização para a problemática do descarte inadequado de medicamentos. A inexistência de tecnologias eficazes na remoção dessas substâncias aliada a falta de informação, demandam que políticas públicas voltadas ao consumo consciente e descarte correto sejam propostas e implementadas, tendo em vista todos os impactos ambientais e de saúde pública envolvidos. |
Oliveira et al. (2022) | A Educação Ambiental no estudo do descarte incorreto de medicamentos | Identificar legislações e ações em vigor que norteiam o descarte dos medicamentos | Pesquisa de campo observacional | Diante dos pontos abordados, fica evidente a importância de haver um manejo adequado dos medicamentos, pois as interferências que eles podem causar no ambiente, além das alterações em diversos organismos (incluindo os seres humanos), são de grande relevância. |
Faijão et al. (2022) | Prejuízos ambientais causados pelo descarte incorreto de medicamentos. | Analisar as consequências do descarte incorreto e o papel do profissional farmacêutico, | Pesquisa de campo com aplicação de questionário online para 196 participantes | Detectou-se que mais de 50% dos entrevistados carecem de conhecimento sobre o assunto e costumam desfazer-se de seus resíduos químicos nos lixos comuns, vasos sanitários e pias de banheiro. E que nunca tiveram nenhum tipo de informação a respeito de que modo deve acontecer esse despejo. |
Trindade et al (2022) | Descarte incorreto de medicamentos: diversidade de fármacos domésticos | Analisar a diversidade de fármacos armazenados de forma doméstica, descartados incorretamente nos municípios do oeste catarinense | Pesquisa de campo com aplicação de questionário online para 10 secretarias municipais | Infere-se que o descarte incorreto das medicações vencidas e não utilizadas, em desuso, pode gerar contaminações, atingindo diversos segmentos ambientais, por se tratarem de compostos biologicamente ativos, capazes de induzir diversos efeitos colaterais ao organismo, inclusive nos seres humanos. |
Lemes et al. (2021) | Consequências do descarte incorreto de medicamentos | Verificar as consequências do descarte incorreto de medicamentos. | Pesquisa de campo observacional | Os resultados obtidos com este estudo demonstraram que os medicamentos representam risco para a saúde por possuírem a capacidade de alterar o estado fisiológico, tornando necessária a correta elaboração de alternativas concretas para o descarte incorreto de medicamentos. Com a realização deste estudo foi possível concluir que para evitar a possível ocorrência do descarte incorreto de medicamentos é necessária a criação de pontos de coleta dos medicamentos para a população realizar o correto descarte |
Fonte: Elaborado pela autora, 2023
5 DISCUSSÕES
Para compreender a importância do descarte de medicamentos, se faz necessário a descrição das categorias de risco conforme as literaturas selecionadas, o quadro abaixo apresenta o compilado deste.
Quadro 2: Principais riscos do descarte inadequado de remédios
Fonte: Faijão et al., 2022; Oliveira et al., 2022; Lemes et al., 2021; Rodrigues et al., 2020; Spricigo et al., 2020; Trindade et al., 2022.
Por isso, é fundamental que os medicamentos sejam descartados de forma adequada, seguindo as orientações do fabricante ou de órgãos regulatórios.
Algumas farmácias e postos de saúde oferecem programas de recolhimento de medicamentos vencidos ou não utilizados para a destinação correta.
Os princípios ativos mais comumente encontrados no descarte inadequado de medicamentos incluem analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, hormônios, antidepressivos, anti-hipertensivos, entre outros (RODRIGUES et al., 2020; SPRICIGO et al., 2020).
O nível de conhecimento da população em relação ao descarte adequado de medicamentos varia bastante, dependendo da região, cultura e acesso a informações sobre o assunto. Em geral, é comum encontrar pessoas que não sabem que não devem jogar medicamentos no lixo comum ou no vaso sanitário, por exemplo (SPRICIGO et al., 2020; TRINDADE et al., 2022).
Algumas pesquisas (FAIJÃO et al., 2022; RODRIGUES et al., 2020) indicam que uma parcela significativa da população ainda descarta medicamentos de forma inadequada, o que representa um problema para a saúde pública e o meio ambiente. Porém, nos últimos anos, tem havido um aumento no número de campanhas de conscientização sobre o tema, o que pode estar contribuindo para uma melhora nesse cenário.
É importante que as autoridades públicas, instituições de saúde e farmácias invistam em campanhas educativas para informar a população sobre a importância do descarte adequado de medicamentos e incentivar a participação em programas de recolhimento desses produtos. Dessa forma, é possível reduzir os riscos para a saúde pública e o meio ambiente (OLIVEIRA et al., 2022; LEMES et al., 2021).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos apontam que o descarte inadequado de medicamentos no Brasil ocorre por diversos fatores que vão desde a falta de informação por parte dos consumidores até a inexistência de pontos de coleta.
Contudo, o consumo desenfreado de medicamentos associados com a facilidade de adquiri-los criam o cenário ideal para a presença exacerbada de resíduos oriundos do setor farmacêutico e da população.
O descarte inadequado representa riscos ao meio ambiente pela produção de lixo que não degrada rapidamente, como por exemplo, plástico, vidro e etc. Para, além disso, os compostos químicos prejudicam solos, bacias hidrográficas e a vegetação local, tal como, a fauna presente nos espaços urbanos e aterros que já possuem grande taxa de insalubridade.
Diante disso, a pesquisa poderia ser aprofundada por meio de uma pesquisa de campo voltada ao município de Imperatriz e seus aterros sanitários, serviços de coleta especializados e até na própria gestão pública/privada nas instituições dos campos da saúde como farmácia e hospitais.
REFERÊNCIAS
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1 Acadêmica do 10° período do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN, sabrinabomjardim2016@gmail.com
2 Orientadora, mestranda, professora do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN,Laynara.farma@gmail.com.