INTERDISCIPLINARY CARE FOR PREGNANT WOMEN WITH COVID-19 IN PRIMARY CARE: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410311534
Aline de Alcântara Correia1
Bianca Martins Almeida2
Michele Araujo da Costa Oliveira3
Eduarda Medeiros de Queiroga4
Ana Teresa Carlos Vitalino Souza5
Rayanne Larissa Gonçalves da Silva6
Robson Galdino Medeiros7
Luana Lima Guimarães8
Lilia Jeany Silva Torres9
Paulo Victor Andrade Barbosa Dantas10
RESUMO
O presente artigo teve o objetivo de analisar o processo de trabalho da equipe interdisciplinar nos Serviços de Saúde em gestantes com diagnóstico de COVID-19. Metodologicamente, trata-se de revisão integrativa, realizada entre os meses de agosto a outubro de 2024, tendo enquanto questão norteadora: “Como ocorre o processo de trabalho interdisciplinar voltado às gestantes com COVID nos Serviços de Saúde?”. Os critérios de inclusão foram: estudos publicados em português, inglês e espanhol, no quinquênio 2020-2024, contendo uma das combinações dos descritores elegidos (COVID) AND (Mulher grávida OR gestante), (Equipe de atendimento ao paciente), (Equipe de saúde AND gestante AND Covid-19), encontradas nas bases de dados MEDLINE e SCIELO. Os artigos excluídos foram os trabalhos com duplicidade, monografias, dissertações e teses, e os que destoam do objetivo desse estudo. Quanto aos resultados, foram selecionados cinco artigos da Lilacs e um da MEDLINE, totalizando 6 artigos. Os achados apresentaram que as equipes interdisciplinares dos serviços de saúde buscaram preparo técnico e cognitivo sobre o tema, entretanto as equipes enfrentaram constantes mudanças nos protocolos oferecidos pelo Ministério de Saúde, além disso, quanto ao cuidado das gestantes com COVID-19, foram geradas discussões contínuas acerca do processo de trabalho da equipe de saúde com o fim de adequar o atendimento às gestantes com COVID-19.
Palavras-chave: COVID-19; Equipe de Saúde; Gestante.
ABSTRACT
This article aimed to analyze the work process of the interdisciplinary team in Health Services with pregnant women diagnosed with COVID-19. Methodologically, this is an integrative review, carried out between the months of August and October 2024, with the guiding question: “How does the interdisciplinary work process aimed at pregnant women with COVID occur in Health Services?” The inclusion criteria were: studies published in Portuguese, English and Spanish, in the five-year period 2020-2024, containing one of the combinations of the chosen descriptors (COVID) AND (Pregnant woman), (Patient care team), (Team of health AND pregnant woman AND Covid-19), found in the MEDLINE and SCIELO databases. The articles excluded were works with duplication, monographs, dissertations and theses, and those that conflict with the objective of this study. As for the results, five articles from Lilacs and one from MEDLINE were selected, totaling 6 articles. The finding showed that the interdisciplinary teams of health services sought technical and cognitive preparation on the topic, however the teams faced constant changes in the protocols offered by the Ministry of Health, in addition, regarding the care of pregnant women with COVID-19, discussions were generated continuous information about the health team’s work process in order to adapt care to pregnant women with COVID-19.
Keywords: COVID-19; Health Team; Pregnant woman.
1 INTRODUÇÃO
A doença Coronavírus (COVID-19), causada pela síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), é caracterizada enquanto uma emergência de saúde global. Apesar do número de publicações sobre o tema, os relatos sobre o manejo de gestantes com a doença ainda são limitados. No entanto, existem poucos recursos para orientar a equipe interdisciplinar no manejo com gestantes de alto risco diagnosticadas com esta doença. Isso é crucial, porque a gravidez é conhecida por ser um estado de imunossupressão parcial, causando uma suscetibilidade relativa a infecções virais (Wang, 2021).
Conforme o mesmo autor, o coronavírus trata-se de vírus de ácido ribonucléico (RNA) de fita simples, envelopada, não segmentada, que causa desde resfriados comuns até doenças fetais graves. Os dois vírus fetais mais conhecidos são: o SARS-CoV, que causa a síndrome respiratória aguda grave (SARS), e o MERS-CoV, que causa a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). O genoma do SARS-CoV-2 compartilha cerca de 80% e 50% de similaridade com o SARS-CoV e o MERS-CoV, respectivamente.
Os dados mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostraram que as mulheres grávidas com a patologia estudada são mais propensas a serem hospitalizadas, admitidas na unidade de terapia intensiva e entubadas. Além disso, poucos recursos contemporâneos eram disponíveis para orientar a equipe interdisciplinar por meio de decisões sobre estratégias de terapia intensiva, vigilância materno-fetal ideal e rota, bem como momento do parto. Na verdade, os cenários heterogêneos, imprevistos e complexos que podem ocorrer neste contexto muitas vezes extrapolam as diretrizes clínicas e os protocolos de ação, sendo necessário adaptá-los à realidade específica. Isso acarreta a necessidade de tomada de decisão rápida e precisa por parte de toda a equipe interdisciplinar envolvida (González, 2020).
Mulheres grávidas têm um risco aumentado de desenvolver síndrome do desconforto respiratório agudo grave (SDRA), necessitando de ventilação mecânica, em comparação com mulheres não grávidas. Em casos de agravamento, hipoxemia refratária (relação P / F < 80 por > 6 h, ou < 50 por > 3 h), os pacientes devem ser considerados para oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) (Pelayo, 2020).
Além disso, o autor prossegue afirmando que o manejo da SDRA também pode ser complicado em mulheres grávidas devido às alterações fisiológicas do sistema cardiorrespiratório relacionadas à gravidez, como redução da capacidade residual funcional e aumento do consumo de oxigênio. Embora os dados atualmente disponíveis sugiram cursos leves da doença durante a gravidez, o tratamento da SDRA é particularmente desafiador nessas pacientes.
Contudo, SARS e MERS estão associados a aborto espontâneo, morte intrauterina, restrição de crescimento fetal e altas taxas de letalidade. Entretanto, o curso clínico da pneumonia por COVID-19 em mulheres grávidas foi relatado como semelhante ao de mulheres não grávidas.
Considerando o tema em estudo, o problema a ser superado versa sobre a necessidade de conhecimento da equipe interdisciplinar que atua nos Serviços de Saúde sobre os cuidados à gestante com COVID-19 buscando prevenir as complicações no Pré-Natal e pós parto. Assim, questiona-se: “Como ocorre o processo de trabalho interdisciplinar voltado às gestantes diagnosticadas com COVID nos Serviços de Saúde?” O trabalho teve o seguinte objetivo: analisar o processo de trabalho da equipe interdisciplinar em Serviços de Saúde com gestante diagnosticada com COVID-19.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme Juan (2020), estudos direcionados a manifestações clínicas à gestantes portadoras do coronavírus avaliam as características em meio às proporções clínicas para mulheres grávidas. Em análise envolvendo mulheres, gestantes e recém-nascidos, sintomas relativamente leves a moderados comparados à população geral, observou-se que 30% de mulheres gestantes com o vírus Covid-19 obtiveram complicações que levou ao aumento no índice de parto prematuro (Jeong, 2020).
As mulheres grávidas não parecem ter um risco maior de contrair COVID-19 ou de sofrer de doença mais grave do que outros adultos da mesma idade. Atualmente não há evidências de que o vírus possa ser transmitido ao feto durante a gravidez ou durante o parto. Bebês e crianças pequenas também são conhecidos por apresentar apenas formas leves de COVID-19 (Liu, 2021).
De acordo com Pelayo (2020), na transmissão placentária e a reatividade da imunoglobulina específica para SARS-CoV-2 foram investigadas pela determinação de IgG e IgM para a proteína spike SARS-CoV-2 (S), domínio de ligação do receptor (RBD), proteína do nucleocapsídeo (N) e subunidades da proteína spike (S1, S2), bem como a um painel de alérgenos alimentares derivados do ovo e do leite ( Gal-d-1 , Gal-d-2 , Gal-d-4 , Gal-d-5 , Bos-d-6 , Bos-d-8 e Bos-d-LF ) usando ImmunoCAP ISAC. A capacidade dos anticorpos maternos de inibir a ligação de RBD à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) foi estudada usando um ensaio de interação molecular desenvolvido recentemente.
No POD-9, o teste de anticorpos mostrou uma forte reatividade de IgG e IgM para S, RBD e N na amostra de soro materno, mas não na neonatal. Quando o soro materno foi testado para a presença de anticorpos que poderiam inibir a ligação de RBD a ACE2, houve uma forte inibição de > 70%. A falta de IgM específico para SARS-CoV-2 em bebês e resultados negativos do teste de RT-PCR sugerem que não houve transmissão vertical durante a gravidez ou parto. Apesar da ausência de IgG específica para SARS-CoV-2 na amostra de soro neonatal, foram detectados altos níveis de IgG para alérgenos alimentares Gal-d-1 , Gal-d-5 e Bos-d-8, indicando a transferência de IgG materna através da placenta (Pelayo, 2020).
3 MÉTODOS
O presente estudo tratou-se de revisão integrativa, na qual, segundo Garuzi et al. (2013) é definida como um instrumento de obtenção de estudos sobre o tema de interesse, permitindo análise e síntese do resultado, seguindo critérios a fim de viabilizar a replicação de estudos. Os estudos são sintetizados seguindo análise rigorosa, levando em consideração os posicionamentos de diversos autores sobre o tema.
A revisão integrativa foi realizada perpassando as seguintes etapas, a conhecer: 1. definição de uma questão norteadora; 2. definição de critérios de inclusão dos estudos a serem analisados; 3. seleção de pesquisa em base de dados; 4. leitura e análise dos estudos e interpretação dos resultados, 5. análises e discussão de achados, 6. Apresentação da revisão integrativa.
A realização da pesquisa seguiu o cronograma do projeto estabelecido, ocorrido entre os meses de agosto a outubro de 2024. Os critérios de inclusão definidos no estudo foram: estudos publicados em português, inglês ou espanhol, no ano de 2019 a 2024, contendo ao menos um das combinações de descritores elegidos (COVID) AND (Mulher grávida OR gestante), (Equipe de atendimento ao paciente), (Equipe de saúde AND gestante AND COVID-19). As buscas ocorreram na base de dados da Plataforma Biblioteca Virtuais de Saúde, considerando os artigos da base de dados MEDLINE e Literatura Latino-America e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Enquanto critérios de exclusão da pesquisa foram desconsiderados aqueles apresentando duplicidade nas plataformas pesquisadas, trabalhos monográficos, dissertações, teses, artigos de revisão integrativa ou sistemática.
Tabela com os artigos científicos apresentando as filtrações
Fonte: Base de dados MEDLINE e LILACS. João Pessoa – PB, 2024.
4 RESULTADOS
As bases pesquisadas seguiram a inserção das combinações: (“COVID”) AND (“Mulher grávida” OR “Gestante”); (“Equipe de atendimento ao paciente”) AND (“COVID-19”) AND (“Gestante”); (“Equipe de saúde”) AND (“Gestante”) AND (“Covid -19”). Sendo assim, com a aplicação do filtro, avaliação dos critérios de inclusão e exclusão foram elegíveis para este estudo 18 artigos, sendo excluídos 12 artigos após a leitura do título. Assim, foram considerados para a revisão 6 artigos, dos quais 1 MEDLINE e 5 artigos do LILACS. Tais manuscritos foram organizados por base de dados no Quadro 1, a seguir:
Quadro 1 – Distribuição dos artigos científicos elegidos por base de dados.
Base | Autor/ Ano de título | Título | Objetivos | Desfecho ou resultados |
MEDLINE | Polavarapu et al, 2024. | Impacto da telessaúde na comunicação entre paciente e prestador de cuidados de saúde pré-natal para mulheres grávidas em locais desfavorecidos. | Este estudo examinou os fatores associados à qualidade da comunicação paciente-provedor durante a pandemia do COVID-19 entre gestantes usuárias e não usuárias de telesaúde. | As análises de regressão revelaram negativa relação entre o uso da telessaúde durante a gravidez e qualidade da comunicação entre paciente e prestador, e ajustava-se para apoio social quanto a fatores sociodemográficos. |
LILACS | Santos et al, 2023 | Construção do mapa de grávidas como ferramenta de controle no enfrentamento da COVID-19 em Belém-PA: relato de experiência | Possibilitar o controle das gestantes por meio da tecnologia educacional do tipo mapa de grávidas. | A idéia inicial identificava as grávidas de acordo como o sexo do bebê, sendo que a produção dessas grávidas se dava a partir da utilização da folha do Etil, Vinil e Acetato. Logo, a grávida da cor verde indicava que o profissional não tinha conhecimento do sexo do bebê, a rosa identificava o sexo feminino e a azul o sexo masculino, porém ao longo das oficinas, este método de identificação foi modificado. |
LILACS | Cunha et al, 2023 | Assistência multiprofissional à gestante no contexto da pandemia pela COVID-19 | Analisar a assistência multiprofissional à gestante no contexto da pandemia pela COVID-19. | A pandemia por Covid permitiu a reorganização do fluxo de atendimento as gestantes, utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação, realização de busca ativa e a educação em saúde no consultório. Porém, houve desafios no contexto do pré-natal como a efetivação da Educação Permanente em Saúde e o compartilhamento de consultas. |
LILACS | Brito et al 2022.. | Cuidados de enfermagem a gestantes em tempos de pandemia do SARS-COV-2 | Identificar os cuidados de enfermagem no período gestacional, no contexto pandêmico. | As boas práticas de higiene, bem como a identificação precoce dos casos suspeitos são ações de suma importância a serem adotados pela equipe de enfermagem, diminuindo os desfechos mais graves pós-infecção. |
LILACS | Orostizaga et al, 2020. | Relato de caso: manejo multidisciplinar em gestante com 31 semanas de gestação e COVID-19 positivo com evolução grave. | Verificar a associação da morbidade materna grave ao risco aumentado em mulheres sobre a infecção por COVID-19. | Não apresenta |
LILACS | Associação Latino-Americana de Odontopediatria.(2020) | Diretrizes para manejo materno-infantil no consultório odontológico em tempos de COVID-19. | Fornecer orientação aos dentistas que realizam tratamento materno-infantil (gestantes e bebês) permitindo a tomada de decisão quanto ao rastreamento, avaliação do atendimento odontológico adequado durante pandemia COVID-19. | Estas recomendações foram realizadas independentemente e voluntária por pesquisadores da Associação Latino-Americana de Odontopediatria e especialistas médicas da América Latina, livre de conflitos de interesse. |
Fonte: Medline e LILACS (2024).
5 DISCUSSÃO
O processo de trabalho interdisciplinar com gestantes com COVID-19 tem enfrentado grandes desafios, seja no aspecto de adequação estrutural para atender o elevado número de pacientes acometidos com a doença, devido ao despreparo da equipe no uso de EPIs, ou mesmo pela constante mudança nos protocolos para tratamento.
Com o intuito de prevenção da propagação do novo vírus altamente contagioso, há artigos que apontam a criação de centros de tratamentos intensivos especializados em trabalho de parto e assistência pós-parto, onde foi possível acomodar e acompanhar o fluxo de gestantes que foram infectadas e possuíssem quadros clínicos críticos, como também gestantes e pacientes pós-parto, que não adquiriram o vírus, sendo ofertado um nível maior de cuidado (Wang, 2021).
Por outro lado, aquelas gestantes que não tinham acesso aos centros especializados foi utilizada a telessaúde na comunicação entre profissionais para cuidado durante pré-natal. Nesse sentido, no artigo de Polavarapu et al (2024), entre os achados dos autores, a utilização dessa tecnologia foi negativa para a compreensão pelas gestantes quanto às recomendações pelos profissionais.
Patuzzi et al (2021) expõe que para ter a assistência obstétrica durante a pandemia foi necessário identificar as mulheres sintomáticas, contactantes e assintomáticas para tentar diminuir os dados causados por essa doença. Tendo em vista que a organização do setor de casos suspeitos ou confirmados do Covid-19 se instaurou em 2020, os de COVID-19 iniciou-se em março de 2020, com a elaboração e implementação dos fluxos assistenciais juntamente com os treinamentos da equipe.
A criação dos fluxos se deu por conta de uma alta demanda perante a pandemia com o intuito de organizar os atendimentos obstétricos dando ênfase à segurança primordial dos pacientes, reduzindo a exposição das gestantes, puérperas e bebês com potenciais agentes infecciosos.
Em Belém do Pará, o rastreamento das gestantes ocorreu com o uso de mapa da gestação, utilizando cores para identificar sexo do bebê, caso fosse feminino, utilizava rosa, masculino azul e se o profissional não soubesse qual o sexo, a cor era verde, a partir desse método outros firam utilizados para acompanhamento das gestantes na pandemia (Santos et al, 2023).
Quanto às manifestações clínicas da COVID-19, estas incluem características de doenças respiratórias agudas, tendo maior gravidade em pessoas vulneráveis, a exemplo de idoso e gestantes que acometidas por essa doença têm maior risco durante o trabalho de parto (Rajani et al, 2020).
Pelayo (2020), no âmbito hospitalar, expõe a conduta desempenhada por equipes de saúde, considerando uma caso real de gestante de 35 anos com história clínica ampla, admitida com pressão arterial normal, taquicárdica, dispnéia, sibilos difusos e roncos. Os exames apresentaram anemia normocítica e ferritina elevada. A equipe promoveu a administração de plasma, broncodilatadores, Remdesivir e oxigenoterapia com cânula nasal.
De acordo com Orostizaga et al, (2020) há associação da morbidade materna grave ao risco aumentado em mulheres sobre a infecção por COVID-19, apontando relação direta de complicações obstétricas em decorrência do COVID-19, principalmente, entre as não imunizadas e sem acompanhamento médico.
Para o tratamento da doença, o Manual de Recomendações do Ministério da Saúde aponta na versão mais recente que o tratamento de farmacoterápicos em gestantes foi pouco estudado, e por questões de segurança devem ser evitados os medicamentos que apresentem bom desempenho para a população geral. Assim, o que se indica a depender da gravidade varia desde isolamento, tele atendimento em situações assintomáticas até a internação e entubamento em situações mais graves (Ministério da Saúde, 2021).
Quando a paciente evolui para quadro hipóxico, a equipe deve verificar os batimentos cardiofetais intrauterino, e encaminhar a gestante para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo realizada a intubação da paciente e encaminhamento para local especializado. Chegando no local regulado, a equipe referenciada, avisada previamente, recebeu a paciente que se encontrava sedada, imediatamente ao chegar no hospital foi providenciada a sala cirúrgica para interrupção da gestação, em decorrência da impossibilidade de parto pela via vaginal (Pelayo et al, 2020).
O autor prossegue afirmando que as principais decisões são tomadas com base na presença de comprometimento materno fetal e adequação da oxigenação materna (SpO). Os resultados do estudo apontaram que no contexto da pandemia, os atendimentos às gestantes provocaram inúmeros desafios à equipe interdisciplinar, devido às constantes atualizações de protocolos de atendimento e da freqüente necessidade de ações de educação permanente para a equipe assistencial.
Em estudo clínico realizado por González et al (2020) apresentou, enquanto ferramenta de aprendizagem da equipe interdisciplinar, a aplicação de simulação, para promoção de educação e segurança no manejo do parto natural e cesariano em Gestantes com COVID-19. Contudo, foram identificadas dificuldades em seguir os protocolos tanto a nível de adequação de infra-estrutura, aquisição de recursos materiais, quanto nas ações dos profissionais na aplicação de tais protocolos.
Nesse sentido, pelo fato o COVID-19 ser uma doença altamente transmissível se fez necessário treinamento da equipe de saúde, tanto no aspecto de celeridade nas ações no cuidado das gestantes, quanto na paramentação e desparamentação de Equipamento de Proteção individual (EPI), de forma segura das vias aéreas para que a equipe não adoecesse ou ainda veicule o vírus para outros pacientes através de roupas ou adereços.
Desse modo, devem-se ensinar técnicas para que se evite a contaminação acidental com base na Nota Técnica da Anvisa (2020). Quanto a isso, Brito et al (2022) aponta a recomendação do treinamento quanto às boas práticas de higiene, bem como a identificação precoce dos casos suspeitos a serem adotados pela equipe de enfermagem, diminuindo os desfechos mais graves pós-infecção.
Outrossim, devem ser orientados aos dentistas que realizam tratamento materno-infantil, gestantes e bebês, permitindo a tomada de decisão quanto ao rastreamento, avaliação do atendimento odontológico adequado durante pandemia COVID-19 (Associação Latino-Americana de Odontopediatria, 2020).
O aumento do número de profissionais afastados por licença médica, interferiu na dinâmica do trabalho da equipe, sobrecarregando os que continuaram no serviço, o que ocasionou em adequações no manejo entre os profissionais que continuaram trabalhando, mesmo existindo poucos recursos para orientar a equipe multidisciplinar no cuidado de gestantes com essa doença (Diaz, 2020).
Por isso, em virtude do que foi mencionado, vale reforçar a atuação presente das equipes inseridas nas Redes de Cuidado, oferecendo assistência em diversos níveis (Nunciaroni, 2020).
Diante disso, foi preciso grande enfrentamento para combater essa pandemia, além de lançarem mão de Tecnologias de Comunicação e Informação, priorizaram o rastreamentos de gestantes com COVID-19, realizando educação em saúde focando nas orientações apontadas pelo Ministério da Saúde nos consultórios (Cunha et al., 2023).
6 CONCLUSÃO
O trabalho de revisão integrativa desvelou como ocorre o processo de trabalho interdisciplinar voltado às gestantes com COVID nos serviços de saúde. Demonstrando os achados que contribuíram para que as equipes multidisciplinares de saúde desenvolvessem preparo técnico e cognitivo sobre o tema, visto que as equipes enfrentaram diversas mudanças nos protocolos oferecidos pelo Ministério da Saúde, mudanças essas que ainda ocorrem por se tratar de um tema que vem desencadeando novas descobertas. Somado a isso foi observado o rastreamento e uso de tecnologias de informação auxiliando ao manejo de gestantes com COVID-19 em locais de difícil acesso.
Foi observado também que mulheres grávidas apresentaram um risco aumentado em desenvolver síndrome do conforto respiratório agudo grave (SDRA), sendo mais propensas a serem hospitalizadas. Entretanto, os dados atuais não revelam que gestantes tenham maior risco de contrair COVID-19 e nem que o vírus possa ser transmitido para o feto, sendo apenas conhecido que bebês e crianças pequenas apresentam, na maioria das vezes, aos sintomas leve da doença.
Dado o que foi exposto no presente estudo, quanto ao processo de trabalho interdisciplinar das equipes de saúde, foi observado a necessidade de simulações de ferramentas que melhoram a prática clínica a frente de gestantes infectadas para melhor promoção de educação e segurança no manejo do parto natural e cesariano, de forma que reduza os desafios com protocolos mutáveis e falta de infra-estrutura adequada, visto que, por se tratar de uma infecção altamente contagiosa se fez necessário cuidado quanto a paramentação e desparamentação atrelado com a celeridade dos procedimentos a fim de realizar todos os cuidados necessário com gestantes.
Por fim, pode ser concluído que diante da tímida identificação de estudos sobre o tema, se faz necessárias discussões e estudos acerca do tema, com o fim de promover ferramentas de trabalho a equipe multiprofissional de modo que auxiliem em situações semelhantes a posteriori e permita soluções adequadas ao cuidado de gestantes na rede SUS.
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1 Doutora em Ciências da Saúde (IMS) Coordenadora da Residência em Enfermagem Obstétrica ESP-PB. João Pessoa-PB. Telefone: 83 98899-1889. E-mail: alinealcorreia1@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1170-3126.
2 Acadêmica de medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/Afya. Email: bianca95martins@gmail.com.
3 Acadêmica de medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba/Afya. Email: michelecostajp@gmail.com.br.
4 Acadêmica de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba – AfyaPB. E-mail: Eduardamedeirosq@gmail.com.
5 Acadêmica de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba – Afya PB. E-mail: anateresavitalino@hotmail.com.
6 Bacharel em enfermagem pelo Centro Universitário de Maceió- AL, e acadêmica de Medicina na faculdade de ciências médicas da Paraíba/ Afya. E-mail:rayanneoliveira89@hotmail.com.
7 Bacharel em nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Acadêmico de Medicina pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Email: robinho_galdino@hotmail.com.
8 Enfermeira. Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade (ESP-PB). Email: Msleal1@yahoo.com.br
9 Enfermeira. Pós-Graduação em Regulação em Saúde no SUS (IEP Sírio Libanês). E-mail: liliajeany@hotmail.com
10 Acadêmico de Medicina (AFYA). E-mail: Pv.andrade9988barbosa@gmail.com.