O CUIDADO E ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO ESTOMATERAPEUTA COM PACIENTES SUBMETIDOS A TERAPIA DE FERIDAS

THE CARE AND PERFORMANCE OF THE STOMA THERAPIST NURSE WITH PATIENTS UNDERGOING WOUND THERAPY

EL CUIDADO Y ACTUACIÓN DEL ENFERMERO ESTOMATERAPEUTA CON PACIENTES EN TRATAMIENTO DE HERIDAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8034676


Érica Motta Moreira de Souza1; Paulo Alex Nacif Lube2; Wanderson Alves Ribeiro3; Denilson Costa Soares 4; Katia da Silva dos Santos5; Jucirema Rodrigues Farias6; Ana Teresa Ferreira de Souza7; Ana Carolina Fernandes de Souza Gusmão8; Alessandra da Rocha Magalhães9; Ane Raquel de Oliveira10; Rosilene Faria da Silva Costa11; Mônica Nunes Vieira12; Samara Correia dos Santos13 


Resumo

Introdução: Atualmente os enfermeiros indicam interesse na expansão dos conhecimentos na área do tratamento de feridas e estomias, o que justifica o artigo, porque, muito mais do que um simples cuidado de enfermagem, entendendo-se que essa área transformou-se numa especialidade que exige diversos conhecimentos e versatilidade na atuação, sendo obrigatória a objetivação e padronização dos procedimentos e tratamento de feridas e estomias, o que deve ser realizado por protocolos técnicos, garantindo um respaldo legal, técnico e científico ao profissional, para melhoria da assistência que se deve dispensar aos pacientes com esses problemas. Objetivos: Compreender o manejo clínico realizado por enfermeiros em feridas complexas e estomias, além de identificar o nível de conhecimentos dos enfermeiros relacionados à etiologia de uma lesão complexa e das estomias; perceber a atuação da equipe de enfermagem no uso da SAE e discutir as ações da equipe interdisciplinar relacionadas ao cuidado integral do paciente portador de uma ferida complexa e de estomias. Metodologia: Esta é uma pesquisa realizada de maneira sistemática e ordenada embasada no referencial teórico da prática baseada em evidências, buscando harmonizar uma síntese de diversos estudos publicados, facilitando o uso dessas informações na prática clínica. Resultados: As buscas resultaram em 254 artigos que seguiram as seguintes etapas: onde 123 artigos foram selecionados, 51 artigos foram excluídos por estarem duplicados. Após, iniciou-se a leitura dos títulos e resumos, onde foram escolhidos 33 artigos e 2 artigos foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios de inclusão, além do que, considerou-se alguns termos e expressões, presentes no título e/ou no resumo. Na terceira etapa, houve a leitura completa dos artigos selecionados anteriormente, restando 31 artigos, excluindo-se 18 estudos após o entendimento de não acolherem o objetivo e por não trazerem respostas à questão norteadora, obtendo-se uma amostra final de 13 artigos. Considerações Finais: Os resultados obtidos neste estudo indicam conhecimento técnico e científico insuficiente em relação ao tratamento de feridas e estomias, os profissionais têm dificuldades em realizar avaliação, prescrição dos cuidados e tratamentos adequados de forma sistematizada.

Palavras-chave: Enfermagem; estomias; feridas.

Abstract

Introduction: Currently, nurses indicate an interest in expanding knowledge in the area of ​​wound and ostomy treatment, which justifies the article, because, much more than simple nursing care, it is understood that this area has become a specialty that requires diverse knowledge and versatility in acting, being mandatory the objectification and standardization of procedures and treatment of wounds and ostomies, which must be carried out by technical protocols, guaranteeing legal, technical and scientific support to the professional, to improve the assistance that must be provided. dispense to patients with these problems. Objectives: To understand the clinical management performed by nurses in complex wounds and ostomies, in addition to identifying the level of knowledge of nurses related to the etiology of a complex lesion and ostomies; perceive the performance of the nursing team in the use of SAE and discuss the actions of the interdisciplinary team related to the comprehensive care of patients with a complex wound and ostomy. Methodology: This is a research carried out in a systematic and orderly manner based on the theoretical framework of evidence-based practice, seeking to harmonize a synthesis of several published studies, facilitating the use of this information in clinical practice. Results: The searches resulted in 254 articles that followed the following steps: where 123 articles were selected, 51 articles were excluded because they were duplicates. Afterwards, the titles and abstracts were read, where 33 articles were chosen and 2 articles were excluded because they did not fit the inclusion criteria, in addition, some terms and expressions were considered, present in the title and/or in the Summary. In the third stage, there was a complete reading of the previously selected articles, leaving 31 articles, excluding 18 studies after the understanding of not meeting the objective and for not providing answers to the guiding question, obtaining a final sample of 13 articles. Final Considerations: The results obtained in this study indicate insufficient technical and scientific knowledge regarding the treatment of wounds and stomas, professionals have difficulties in performing evaluation, prescribing appropriate care and treatments in a systematic way.

Keywords: Nursing; ostomies; wounds.

Resumen

Introducción: Actualmente, las enfermeras manifiestan interés por ampliar conocimientos en el área de tratamiento de heridas y ostomías, lo que justifica el artículo, pues, mucho más que simples cuidados de enfermería, se entiende que esta área se ha convertido en una especialidad que requiere conocimientos diversos. y versatilidad en la actuación, siendo obligatoria la objetivación y estandarización de los procedimientos y tratamiento de heridas y ostomías, los cuales deben ser realizados por protocolos técnicos, garantizando el respaldo legal, técnico y científico al profesional, para mejorar la asistencia que debe prestar. a los pacientes con estos problemas. Objetivos: Comprender el manejo clínico realizado por enfermeros en heridas complejas y ostomías, además de identificar el nivel de conocimiento de los enfermeros en relación a la etiología de una lesión compleja y ostomías; percibir la actuación del equipo de enfermería en el uso de SAE y discutir las acciones del equipo interdisciplinario relacionadas con el cuidado integral de pacientes con herida compleja y ostomía. Metodología: Se trata de una investigación realizada de forma sistemática y ordenada a partir del marco teórico de la práctica basada en la evidencia, buscando armonizar una síntesis de varios estudios publicados, facilitando el uso de esta información en la práctica clínica. Resultados: Las búsquedas dieron como resultado 254 artículos que siguieron los siguientes pasos: de donde se seleccionaron 123 artículos, se excluyeron 51 artículos por estar duplicados. Posteriormente, se procedió a la lectura de los títulos y resúmenes, donde se eligieron 33 artículos y se excluyeron 2 artículos por no cumplir con los criterios de inclusión, además, se consideraron algunos términos y expresiones, presentes en el título y/o en el Resumen. En la tercera etapa se realizó una lectura completa de los artículos previamente seleccionados, quedando 31 artículos, excluyendo 18 estudios por el entendimiento de no cumplir con el objetivo y por no dar respuesta a la pregunta guía, obteniendo una muestra final de 13 artículos. Consideraciones Finales: Los resultados obtenidos en este estudio indican un conocimiento técnico y científico insuficiente en cuanto al tratamiento de heridas y estomas, los profesionales tienen dificultades para realizar la evaluación, prescribir cuidados y tratamientos adecuados de forma sistemática.

Palabras clave: Enfermería; ostomías; heridas

1. Introdução

A enfermagem é uma profissão regulamentada pela Lei nº 7.498/861, dispondo sobre o exercício profissional dos enfermeiros e pelo decreto 94.406/872. Assim, conforme o artigo 11 da Lei 7.498/861, uma das atribuições privativas dos enfermeiros é fazer curativo a pacientes graves com risco de vida, com cuidados de maior complexidade técnica exigindo conhecimentos e tomada de decisões imediatas, respeitando-se seus graus de habilitação, para cuidado com feridas e estomias, como determinada na Resolução COFEN 0501/20153. 

Para delineamento do plano de cuidados de enfermagem que deve ser dispensado ao paciente com feridas e estomias, o enfermeiro deve estar embasado no conhecimento sobre a anatomia, fisiologia humana e no processo e as etapas da cicatrização, conforme o artigo 8º, inciso I, alínea “h”, do Decreto 94.406/872.

Com o passar do tempo, constata-se um crescimento teórico na área de Enfermagem, com a concepção de modelos e processos de cuidados, onde o paciente é reconhecido como elemento central do cuidado, devendo ser incrementados métodos visando à excelência. Assim, o processo de enfermagem aparece como ferramenta metodológica no norteamento do cuidado profissional de enfermagem, acrescendo a visibilidade e o reconhecimento profissional. 

Os aspectos legais relacionados à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a concretização do Processo de Enfermagem nos âmbitos assistenciais são embasados na Resolução COFEN 358/20096, que especifica o plano de cuidados terapêuticos, que deve ser adotado pela equipe de enfermagem. Por conseguinte, a SAE define-se como método e tática de trabalho para a assimilação da saúde/doença, embasando-se na assistência de enfermagem para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação a saúde do paciente, família e comunidade, admitindo ao enfermeiro aplicação de seus conhecimentos, para alcance de sua autonomia e reconhecimento profissional. Além do benefício para a instituição que trabalha, pois, com uma metodologia e a sistematização dos cuidados, ocorre um planejamento uniformizado das ações, organizando o dia-a-dia da equipe, considerando-se uma ferramenta adequada para registro da assistência de enfermagem e controle da instituição.

Atualmente os enfermeiros indicam interesse na expansão dos conhecimentos na área do tratamento de feridas e estomias, o que justifica o artigo, porque, muito mais do que um simples cuidado de enfermagem, entendendo-se que essa área transformou-se numa especialidade que exige diversos conhecimentos e versatilidade na atuação, sendo obrigatória a objetivação e padronização dos procedimentos e tratamento de feridas e estomias, o que deve ser realizado por protocolos técnicos, garantindo um respaldo legal, técnico e científico ao profissional, para melhoria da assistência que se deve dispensar aos pacientes com esses problemas.

 Os aspectos legais sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a concretização do Processo de Enfermagem nos âmbitos assistenciais são embasados na Resolução COFEN 358/20096, que especifica o plano de cuidados terapêuticos, que deve ser seguido pela equipe de enfermagem. 

Por conseguinte, a SAE define-se como método e tática de trabalho científico para a identificação da saúde/doença, embasando-se na assistência de enfermagem para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação a saúde do paciente, família e comunidade, admitindo ao enfermeiro aplicação de seus conhecimentos, para alcance de sua autonomia e reconhecimento profissional. Além do benefício para a instituição que trabalha, pois, com uma metodologia científica e a sistematização dos cuidados, ocorre um planejamento e uniformidade das ações, organizando o dia-a-dia da equipe, portanto é uma ferramenta adequada para registro da assistência de enfermagem e controle da instituição. 

Atualmente os enfermeiros indicam interesse na expansão de seus conhecimentos na área do tratamento de feridas e estomias, o que justifica o artigo, porque, muito mais do que um simples cuidado de enfermagem, entende-se que essa área, atualmente, transformou-se numa especialidade, exigindo uma multiplicidade de conhecimentos e versatilidade na atuação, entendendo-se que, para o enfermeiro prestar uma assistência autônoma, deve objetivar, otimizar e padronizar os procedimentos e tratamento de feridas e estomias, o que deve ser realizado através de protocolos técnicos, garantindo um respaldo legal, técnico e científico ao profissional, para melhoria da assistência que se deve dispensar aos pacientes com esses problemas. Além de fomentar discussões, instigando o acesso ao conhecimento. Se mostrando importante ao explanar sobre os tratamentos de lesões clínicas e estomias com base em evidências, visando a melhoria na qualidade de vida dos pacientes. 

É relevante diante da necessidade de entendimento do uso de protocolos que ajudem nas práticas diárias do profissional de enfermagem, contribuindo com informações no norteamento de ações e estratégias que minimizem os impactos dessas feridas e estomias na vida do paciente. 

Dessa forma, este artigo apresenta como questão norteadora: como os enfermeiros realizam o manejo clínico em feridas complexas e estomias? A partir desta questão, pressupõe-se que alguns enfermeiros desenvolvem a SAE e realizam o tratamento integral do paciente, bem como seu manejo clínico, intervindo em todos os fatores que contribuem para a cicatrização da lesão.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Esse estudo tem como objetivo geral compreender o manejo clínico realizado por enfermeiros em feridas complexas e estomias. 

1.1.2 Objetivos específicos

– Identificar o nível de conhecimentos dos enfermeiros relacionados à etiologia de uma lesão complexa e das estomias;

– Perceber a atuação da equipe de enfermagem no uso da SAE; 

– Discutir as ações da equipe interdisciplinar relacionadas ao cuidado integral do paciente portador de uma ferida complexa e de estomias.

2. Metodologia

Esta é uma pesquisa realizada de maneira sistemática e ordenada embasada no referencial teórico da prática baseada em evidências, buscando harmonizar uma síntese de diversos estudos publicados, facilitando o uso dessas informações na prática clínica. Inicialmente houve a definição da questão norteadora da pesquisa, sendo ela: Quais as evidências científicas ocorridas desde 2019 na área da enfermagem sobre o manejo clínico em feridas complexas e estomias? Após iniciou-se uma revisão integrativa da literatura, pois ela demostra à síntese de diversos artigos científicos, possibilitando conclusões gerais de um assunto pré-determinado, contribuindo no aprofundamento e difusão do conhecimento e como o mesmo é avaliado nas pesquisas. 

É um método de investigação que viabiliza a busca, avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o tema e o seu manejo. Os critérios de inclusão para a busca e seleção das publicações foram os artigos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais que abordassem a temática skin tears, aplicáveis por enfermeiros; divulgados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola; publicados no interregno temporal de 2019 a 2022; Indexados nas bases de dados da LILACS, BNENF, PUBMED e SCIELO. Acessáveis com os descritores; “enfermagem” and “pele” and “cicatrização” and “lesão”, juntamente com o operador booleano “AND” e a palavra-chave “feridas and estomias”, 

Quadro 1: Critérios utilizados para inclusão na pesquisa

Data-baseDescritores:“nursing” and “skin” and “wound healing” and “injury”; “enfermagem” and “pele” and “cicatrização de feridas” and “lesão”;“enfermería” and “piel” and “curación de heridas” and “lesión”.Palavras-chave:“wounds and stomas”; “feridas and estomias”;”herida and ostomias”Total por Base
Publicações encontradasPublicações selecionadasPublicações encontradasPublicações selecionadas
LILACS00718
Google Acadêmico00808
Scielo242787111
PUBMED27318710227
Total por termoPublicações encontradas254
Publicações selecionadas13

Fonte: Confeccionado pela Autor (a)

Para esta inclusão, realizou-se a leitura criteriosa do título e do resumo de cada publicação, para verificação da consonância com a pergunta norteadora da investigação. Quando ocorreram dúvidas sobre a inclusão ou exclusão do estudo, o mesmo foi lido na íntegra, para redução da perda de publicações relevantes ao estudo. 

A coleta dos dados realizou-se mediante a comprovação de que os casos incluídos nos artigos descrevessem diretamente sobre o assunto, foram excluídos artigos que não falassem diretamente sobre o assunto. Finalmente, realizou-se à categorização dos dados extraídos em grupos temáticos, possibilitando a reunião do conhecimento sobre o tema na revisão. As categorias foram construídas de forma dedutiva, embasadas em critérios preestabelecidos visando alcançar os objetivos propostos.

3. Resultados

As buscas resultaram em 254 (duzentos e cinquenta e quatro) artigos que seguiram as seguintes etapas: onde 123 (cento e viste e três) artigos foram selecionados, 51 (cinquenta e um) artigos, que foram excluídos por estarem duplicados. Após, iniciou-se a leitura dos títulos e resumos, onde foram escolhidos 33 (trinta e três) artigos e 2 (dois) artigos foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios de inclusão, além do que, o pesquisador (a) levou em consideração alguns termos e expressões, presentes no título e/ou no resumo.

Na terceira etapa, houve a leitura completa dos artigos selecionados anteriormente, restando 31 (trinta e um) artigos, excluindo-se 18 (dezoito) estudos após o entendimento de não acolherem o objetivo e por não trazerem respostas à questão norteadora, obtendo-se uma amostra final de 13 (treze) artigos (Figura 1). 

Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos

Fonte: Acervo do Autor (a).

A principal linha de pesquisa investigada no presente estudo versou sobre o conhecimento do enfermeiro quanto ao tratamento de feridas e estomias. Todos os estudos incluídos na amostra estavam em português, houve prevalência de revisões sistemáticas e integrativas e a maioria das publicações foram concentradas no ano de 2021.

Assim, pelos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 13 (treze) artigos para composição da pesquisa. Na avaliação dos dados foi realizada uma análise crítica dos artigos selecionados, expondo por uma tabela os resultados encontrados, sendo considerado o ano, o objetivo, o método e os resultados encontrados, caracterizando assim, uma abordagem qualitativa. Em seguida, os resultados foram discutidos a partir da comparação dos principais achados entre os autores, confrontando as diferentes evidências sobre a temática. Na tabela os artigos estão em ordem alfabética de autores.

AutorArtigos, Monografias, Dissertações/AnoObjetivoMetodologiaResultados
ANDRADE, L.F.B.Enfermagem em cuidados domiciliares na cicatrização de feridas crônicas e os desafios no âmbito da atenção básica, 2021.Objetivo geral desse trabalho é compreender a atuação e os desafios encontrados pela enfermagem na prestação cuidados domiciliares para o tratamento de feridas crônicas no âmbito da atenção básica. Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, com coleta de dados nas plataformas BVS, SciELO e PubMed, através dos descritores: Ferimentos e Lesões. Tratamento domiciliar. Atenção Primária à Saúde. Assistência de Enfermagem. É perceptível que os profissionais de enfermagem estão aptos para realizar assistência domiciliar resolutiva para os portadores de feridas crônicas, com base no conhecimento que possuem, destarte, as dificuldades associadas e o consequente déficit na gestão do cuidado são notórios. 
ANJOS, T.N.D. dos; MARTINS, C.D.Biofilme e feridas complexas: O Manejo Clínico de Lesões pela Enfermagem na Atenção Primária à Saúde, 2021Compreender o manejo clínico da equipe de enfermagem na APS em feridas complexas com Biofilme. É um estudo de caso de natureza descritiva e com uma abordagem quali-quantitativa, realizado através de uma entrevista semiestruturada com 14 enfermeiros do município de Sete Lagoas, MG. A análise dos dados utilizada foi a análise temática de conteúdo.Nota-se a importância do manejo clínico de lesões complexas com biofilme, ressaltando a autonomia do enfermeiro frente essas afecções, que exigem uma constante busca por conhecimento por parte dos envolvidos, garantindo assim o sucesso no tratamento de lesões.
BARRETO, R.A.R., et al.Assistência de enfermagem às pessoas com feridas no município de Santa Cruz/RN: Relato de experiência, 2021.O presente relato possui como objetivo descrever a experiência dos discentes acerca das ações do projeto de extensão intitulado: “Assistência de enfermagem às pessoas com feridas no município de Santa Cruz/RN”As ações do projeto ocorriam na Clínica Escola de enfermagem da FACISA/UFRN e nos domicílios dos pacientes. Durante esse período foi possível oferecer à sociedade um serviço de qualidade, além de um espaço para os discentes aprimorarem a prática manual e o julgamento clínico
COSTA, C.C.P. et al.Os sentidos de ser enfermeiro estomaterapeuta: complexidades que envolvem a especialidade, 2020.Descrever os sentidos de ser estomaterapeu-ta considerando a complexidade do processo de cuidar de pessoas com feridas, estomias e incontinências. Estudo de natureza qualitativa, do tipo descritivo-exploratório, realizado pela entrevista semiestruturada, com egressos de um curso de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia de uma universidade pública da região Sudeste, seguindo a técnica de snowball. Os egressos entrevistados relataram que ser estomaterapeuta é cuidar das pessoas que apresentam alguma ferida, estomia e/ou incontinência, ou seja, reconheceram a essência da especialidade. Destacaram que ser estomaterapeuta é cuidar de pessoas que podem ser marginalizadas/estigmatizadas pela sociedade, é trabalhar com foco na reabilitação do paciente, buscando sua reintegração social e independência e é saber ser empreendedor.
COSTA, C.V., et al.Conhecimento da enfermagem no tratamento de feridas, 2021.Buscar na literatura evidências quanto ao conhecimento dos enfermeiros no tratamento de feridasEstudo de revisão integrativa, realizou-se uma pesquisa nas bases de dados LILACS, MEDLINE que compõem a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A amostra final foi composta por 10 artigosTodos os estudos incluídos na amostra estavam no idioma português, houve prevalência de estudo de campo e a maioria das publicações foram concentradas no ano de 2020. Com base na análise dos estudos pode-se evidenciar que as feridas são um problema atual no campo da saúde pública brasileira, tanto pela quantidade de pacientes que as desenvolvem quanto pela dificuldade que os profissionais da saúde enfrentam no cuidado c om as mesmas.
KNECHT, A.L.V.O profissional de enfermagem e as dificuldades no tratamento de feridas: revisão bibliográfica, 2019.Reunir dados e informações que contribuam para compreensão da assistência de enfermagem diante o processo de avaliação e tratamento de feridas.Revisão bibliográfica, utilizando o banco de dados BVS. Identificou-se 63 artigos em sua totalidade com as palavras chaves e após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão obteve-se 14 estudosDificuldades dos profissionais na avaliação de feridas, assim como déficit de conhecimento na área. Outro problema foi à falta de registro de avaliações e de procedimentos realizados em pacientes com relação às feridas. Os resultados reforçam a necessidade de capacitação continuada e valorização e incentivo para profissionais que buscam se capacitar e se atualizar
MORAIS, F.P.de F.; SANTOS, P.H.F. dos; CAUDURO, F.L.F.Abordagem de temas correlatos a estomaterapia no ensino de graduação em Enfermagem: análise documental, 2021.Discutir a abordagem de temas correlatos à estomaterapia nos Projetos Pedagógicos (PP) e ementas de cursos de graduação de enfermagem de instituições públicas de ensino superior (IPES) do centro-oeste brasileiro.Pesquisa documental, exploratória, de abordagem qualitativa, desenvolvida no período de março a junho de 2020.Compuseram a amostra 17 cursos de graduação em enfermagem. Identificou-se predominância do conteúdo de feridas em disciplinas obrigatórias, e os temas estomias e incontinências são ofertados principalmente em disciplinas optativas ou atividades extensionistas.
NASCIMEN- TO, E.G.A. et al.Atenção Básica e os desafios no tratamento de pacientes ostomizados, 2021Analisar através da literatura a atuação do enfermeiro da atenção básica quanto aos desafios e limitações frente a assistência prestada aos pacientes ostomizados.Trata-se de uma revisão integrativa com abordagem descritiva.A maior dificuldade encontrada foi a falta de capacitação dos enfermeiros, muitos não possuem fundamento técnico-científico suficiente para as necessidades dos pacientes ostomizados, causando um possível retardo na evolução do paciente e insegurança na educação do autocuidado do indivíduo. A segunda causa está no trabalho dos enfermeiros é a falta de materiais na rede pública, , mas a ausência de recursos impede uma prestação de atendimento que seja qualificado e eficaz. Por último a falta de profissionais para compor a equipe de saúde da família, o que resulta em falta de tempo para as visitas domiciliares
OLIVEIRA, B.G.R.B. de, et al.Cicatrização de feridas diabéticas com fator de crescimento epidérmico, 2019.Objetiva abordar o tratamento clínico das úlceras diabéticas com fatores de crescimento. É uma revisão bibliográicaDiversos fatores interferem na cicatrização da lesão, dentre eles estão: o tempo de lesão, seu tamanho, o tipo de tecido no leito da lesão, o fluxo de sangue no local da lesão, a presença ou não de infecção, as doenças de base, além da idade, e o estado de saúde do paciente. A escolha da cobertura adequada para a etiologia da lesão e para o estágio que a mesma se encontra é fundamental no seu processo de cicatrização. 
ROCHA, I.C. et al.Percepção de enfermeiros sobre estomias de eliminação: reflexões para o cuidado qualificado, 2021.Objetivou-se identificar o conhecimento de enfermeiros acerca do manejo de enfermagem à pessoa com estomia de eliminaçãoEstudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado com trinta enfermeiros atuantes em instituições públicas de saúde, uma terciária e uma secundária de Barra do Garças-MT.Evidenciou-se falas inseguras e algumas respostas errôneas, cujos cuidados limitavam-se basicamente na troca do equipamento coletor e observação/avaliação da pele periestomia. As dificuldades dos enfermeiros frente aos conceitos e técnicas refletem na qualidade da assistência prestada, o que torna necessário ações que visem a qualificação profissional.
SANTOS, R.S.Assistência de enfermagem frente à complexidade das feridas neoplásicas para um manejo holístico: uma revisão integrativa.Compreender as atribuições do enfermeiro no manejo das feridas neoplásicas para uma assistência embasada em uma abordagem holística. neoplásicas.Estudo bibliográfico do tipo revisão integrativa, coletado através das bases de dados BVS e coletânea SciELO, Adotando-se como critérios de inclusão: estudos publicados nos últimos 10 anos, isto é, de 2011 a 2021, nos idiomas português e inglês. Após análise dos estudos, é notório que os profissionais de enfermagem possuem dificuldades, principalmente, no manejo do odor, exsudato e sangramento, os outros sintomas são controlados com mais facilidade. Nesse cenário, a principal intervenção para o manejo desses sinais e sintomas constitui a realização adequada dos curativos com coberturas apropriadas, ademais, o profissional deve ser criativo e implementar intervenções educativas e inovadoras
SILVA, G.T. da et alAssistência de enfermagem ao paciente ostomizado – Revisão Bibliográfica, 2019.Este trabalho visa pontuar a necessidade a importância da assistência de enfermagem na figura do enfermeiro aos pacientes portadores de ostomiasTrata-se de uma revisão bibliográfica de artigos e periódicos publicados nos sites do Portal BVS e SCIELO, totalizando 14 estudos,Observa-se o despreparo dos pacientes ao enfrentarem os cuidados no pós-operatório e a importância do profissional de enfermagem na figura do enfermeiro para realizar as devidas orientações e cuidados aos pacientes ostomizados, principalmente referente ás orientações e cuidados para promoção da saúde e qualidade de vida.
SILVA, P.C. da. et al.A atuação do enfermeiro no tratamento de feridas,2021.Esse estudo tem como objetivo, analisar a atuação do enfermeiro no tratamento em feridasTrata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura que tem como caráter quantitativo e descritivoA atuação do enfermeiro no tratamento de feridas é cotidiana, sendo esse profissional habilitado para realizar todas as etapas do acolhimento do cliente com o intuito de solucionar o problema e garantir uma assistência de qualidade.

4. Discussão

Considera-se a pele, o maior órgão do corpo humano e sua principal função é a proteção das estruturas internas contra a entrada de microrganismos e outros corpos estranhos. É formada por três camadas: epiderme, camada superficial e avascularizada, a derme é vascularizada e colagenosa e a hipoderme, composta por células adiposas, tendo como funções a reserva energética, proteção contra choques e proteção térmica. A pele possui ainda, os anexos cutâneos, que são as unhas, pelos e glândulas sudoríparas e sebáceas (ANJOS; MARTINS, 2021; KNECHT, 2019). 

A apresentação de fatores extrínsecos e intrínsecos como os traumas e algumas patologias, promove uma suspensão na continuidade da pele, resultando em lesões, que são classificadas em agudas e crônicas. As feridas agudas são as que cicatrizam em até três semanas e sem complicações, já nas feridas crônicas, a cicatrização não ocorre fisiologicamente, acrescendo o tempo de cicatrização e gastos no tratamento (ANJOS; MARTINS, 2021; ANDRADE, 2021; OLIVEIRA, et al., 2019)

As feridas crônicas possuem uma alta colonização de bactérias e fungos, proveniente do tempo de exposição à hipóxia e outras patologias atreladas, além da formação de biofilmes, consideradas comunidades de microrganismos, arranjadas e acionadas, que expelem matrizes poliméricas onde são multiplicadas, sendo distintas por uma fina camada translúcida, localizada superficialmente nas lesões infectadas, não ocorrendo resposta a terapias ou sinais de cicatrização. Na busca pela melhoria do processo cicatricial em feridas crônicas, destaca-se a importância no manejo dos biofilmes e a manutenção de outros mecanismos que possam interferir neste processo. (ANDRADE, 2021; SILVA, et al., 2021).

Na cicatrização existem diversos processos celulares e bioquímicos, que promovem a regeneração do tecido lesionado. Assim, a cicatrização é dividida em fases são elas: inflamatória, proliferativa e de remodelação. Mas, ocorrem fatores que interferem nessas fases, provocando uma paralização da cicatrização, entre os fatores que interferem na cicatrização estão o estado nutricional, imunidade, situações de vulnerabilidade social, doenças pré-existentes e fatores como a baixa oxigenação e o desenvolvimento de infecção (BARRETO, et al, 2021; ANJOS; MARTINS, 2021).

Seu tratamento requer uma terapêutica efetiva, admitindo uma abordagem da condição base e medidas cicatrizantes locais, que evoluiu nos últimos anos, destacando-se a importância da higiene das feridas no processo de cicatrização. Estudos advertem a necessidade da utilização de soluções de limpeza, para potencialização do ambiente de cicatrização e limitação dos riscos de infecção. A limpeza consente a ablação de agentes como bactérias, além de desbridar resíduos celulares como o exsudato e extrair restos de resíduos tópicos apostos anteriormente. Assim, sua limpeza correta pode impedir o incremento de biofilmes, principais promotores do atraso da cicatrização (KNECHT, 2019; SANTOS, 2021).

Essas feridas possuem um crescimento microbiano em seu leito e a formação de micro colônias bacterianas são cognominadas de biofilme, sendo autossustentáveis e apresentando seu próprio sistema de defesa e sobrevivência. Estudos indicam que o biofilme é difícil de detectar numa ferida crônica, destacando-se que em algumas feridas, os biofilmes apresentam-se como uma substância viscosa e com brilho na superfície da lesão, mas, ocorrem relatos de lesões saudáveis, que só apresentaram biofilme após uma análise microscópica em laboratório (BARRETO, et al, 2021; ANDRADE, 2021).

Segundo entendimento Silva, et al. (2021) as lesões crônicas são provenientes dos resultados de uma laceração da pele e da cicatrização, ocorrendo em três fases são elas: inflamatória, proliferativa e de remodelação. Sua cicatrização inicia na fase inflamatória, encerrando na remodelação, mas, nas lesões complexas continuam na fase inflamatória sem progressão positiva. Assim, a colonização de bactérias relaciona-se à cronicidade da ferida. Estudos indicam que bactérias em feridas crônicas possuem biofilmes, favorecendo o retardo da cicatrização. Assim, fazer o diagnóstico etiológico das feridas crônicas é importante, pela antecipação das manifestações e características prováveis de cada lesão. Em alguns tipos de lesões determina-se sua etiologia alistando a patogenia às características clínicas, a partir de exames laboratoriais, sendo por este motivo, que as feridas agudas se tornam crônicas, o que foi corroborado por Santos (2021).

Conforme entendimento de Anjos; Martins (2021) os biofilmes são englobados por uma barreira, a matriz polimérica, formada por polissacarídeos, proteínas e ácido nucleico, que bloqueiam a ação de drogas antimicrobianas, produzindo uma atividade metabólica mínima, levando assim, ao incremento de persisters, ou seja, uma subpopulação bacteriana, que possui um fenótipo temporário de resistência antimicrobiana e pela aproximação das células, pode ocorrer uma disseminação dessa resistência, acrescendo o problema no tratamento de infecções em feridas com a presença do biofilme, o que foi confirmado por Andrade (2021).  

Pesquisas indicam que de 65% a 80% das feridas crônicas possuem biofilmes, tornando-se primordial o seu controle, que pode ser feito por diversos métodos. Nesse contexto, Knecht (2019) salienta que a utilização de antimicrobianos tópicos como o Polihexametileno de Biguanida (PHMB), promovem um ambiente adequado para a cicatrização e arrefecimento da carga microbiana, o que foi confirmado por Barreto, et al, (2021) ao afirmar que é primordial na prática clínica, que os profissionais saibam manejar adequadamente o biofilme, requerendo o conhecimento para identificação da sua presença antecipadamente, para a garantia de um diagnóstico precoce e tratamentos ajustados e eficientes para a ferida. 

Na detecção dos resultados da pesquisa, notou-se que o cuidado com feridas é uma área complexa para a atuação do enfermeiro, requerendo assim, um atendimento multiprofissional com práticas embasadas nas evidências. Assim, conforme a Resolução nº 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o enfermeiro está habilitado e regulamentado para a prática de prevenção e cuidado com feridas, sendo uma das principais imputações da enfermagem e o desempenho dessa prática deve ser realizado com embasamento numa abordagem holística. Por conseguinte, os resultados ainda indicam o fortalecimento e embasamento da profissão, realizando-se por meio das teorias utilizadas na enfermagem e pela SAE, admitindo a discussão e o refinamento das práticas profissionais, abordando as necessidades de cada paciente. 

Os resultados indicam ainda, que a prática da SAE torna-se primordial em todas as instituições de saúde, norteando a assistência da equipe de enfermagem, cogitando na qualidade dos cuidados prestados aos pacientes, com destaque para a autonomia e certificação do enfermeiro que a executa. Assim, durante a prática da SAE, o enfermeiro pode usar seu conhecimento para analisar e indicar a melhor opção de tratamento, detectando tanto a prioridade, quanto a necessidade do paciente e evidenciando a necessidade da adoção de protocolos orientadores e avaliativos da ferida para indicação de um tratamento, sendo básica a documentação dos colhidos nas consultas e no tratamento, sistematizando a ajuda oferecida ao paciente e delineando  um plano para os benefícios e necessidades, para alcance das metas propostas pela SAE. 

Para realização da consulta de enfermagem de pessoas com feridas é necessária a coleta de dados, com a averiguação dos fatores essenciais e extrínsecos que prejudicam a cicatrização da ferida, além das características da lesão e sua classificação em relação a possível infecção e seus sinais, propriedades do leito bordas da ferida, quantidade e aspecto do exsudato. Sendo obrigatório que o enfermeiro oriente o paciente, esclarecendo sobre o tratamento e a gravidade da assiduidade dos cuidados. Por fim, é preciso que todas as informações do paciente sejam documentadas, contribuindo para a tomada de decisão terapêutica que gerará as intervenções favoráveis para cicatrização, auxiliando na análise dos resultados (COSTA, C.V., et al., 2021; SILVA,. et al., 2021). 

Santos (2021) entende que o tratamento das feridas deve ser feito por métodos clínicos e cirúrgicos, sendo o curativo o tratamento clínico mais usado para realização da reparação tecidual, sendo relevante que o enfermeiro que trata de feridas tenha informação vasta relacionada aos materiais serão utilizados no tratamento, sua disponibilidade no mercado e á fisiologia da cicatrização, adequando a assistência ao tratamento de cada uma das fases da cicatrização, pois determinarão o avanço ocorrido na cicatrização (OLIVEIRA, 2019). 

Pela avaliação ocorrida nos estudos detectada, evidencia-se que as feridas são uma dificuldade no campo da saúde pública, pela quantidade de pacientes e pelos problemas que os enfermeiros enfrentam no seu cuidado. Assim, um
estudo avaliou o conhecimento de 21 enfermeiros em relação às feridas, identificando a necessidade de sua capacitação, quanto aos aspectos indicativos da avaliação do paciente na ferida e nos tipos de coberturas disponíveis, 52,38% dos profissionais afirmaram que a conduta no tratamento das feridas é prescrita pelo médico, indicando sua falta de autonomia, 72,22% não abordaram os aspectos mais importantes ocorridos com o paciente e 52,38% não descreveram corretamente os aspectos da ferida, 38,10% indicaram o PVPI para limpeza do leito da ferida, fato preocupante, pois seu uso é contraindicado para essa finalidade, pois, possui ação citotóxica para os fibroblastos (COSTA, C.V., et al., 2021; ANDRADE, 2021).

Resultado análogo foi localizado por Barreto et al. (2021), num estudo com 22 enfermeiros, constatando-se o pequeno conhecimento desses profissionais relacionado ao desbridamento, biofilme, exsudato e os sinais de infecção, identificou-se, que 48,5% dos produtos foram indicados inadequadamente pelos profissionais, bem como, o tempo de permanência dos produtos com recomendação de troca entre cinco e sete dias.

Silva et al. (2021) identificou lacunas no conhecimento dos profissionais quanto ao processo de cicatrização, predicados da lesão, indicação e troca de cobertura. O autor salienta a necessidade de intervenções educativas para a modernização do conhecimento da equipe de enfermagem, pois, identificou-se a ausência de protocolos que padronizem a assistência aos pacientes em feridas na instituição pesquisada, assim, os profissionais responderam as questões, embasados no seu conhecimento técnico-científico e na etiologia da lesão, nas características de cada paciente e nos produtos disponíveis na instituição.

Segundo Costa et al. (2021), os protocolos organizam a assistência de enfermagem para o tratamento de feridas, contribuindo para o arrefecimento dos custos em saúde, amparando as avaliações e contribuindo para autonomia dos profissionais e favorecendo os resultados no tratamento em pacientes e os custos para as instituições. Anjos; Martins, (2021) afirmam, que a existência de um protocolo assistencial intervém na qualidade da assistência, sendo um instrumento sistematizado, facilitando a análise do tratamento e descrevendo seus passos, salienta, que se os protocolos forem usados no cuidado as feridas, promovem benefícios ao paciente, criando oportunidades para futuras intervenções, pois estes orientam os profissionais na obtenção de informações sobre o estado de saúde do paciente, juntamente, com as características que ajudam num tratamento eficiente, com uma reabilitação completa.

Os resultados indicam que o enfermeiro pode atender o campo da estomaterapia, especialidade da enfermagem que objetiva o cuidado de indivíduos com estomias, fístulas, feridas agudas e crônicas, drenos, tubos, cateteres, incontinência anal e urinária. Por conseguinte, entende-se que durante a graduação em enfermagem é primordial a existência de conteúdos envolvendo a estomaterapia, para que o estudante entenda as competências mínimas para atendimento desses pacientes. Assim, Morais; Santos; Cauduro (2021) entendem que durante as atividades didático-pedagógicas, percebe-se a fragilidade no conhecimento sobre conteúdos relacionados a feridas, estomias e incontinência, questionando-se como as instituições contemplam o conteúdo da estomaterapia na formação de enfermeiros.

Assistir pacientes no campo da estomaterapia faz parte do processo assistencial do enfermeiro, sendo primordial, o uso de metodologias inovadoras no campo da estomaterapia, reforçando as habilidades cognitivas, admitindo o treino e a vivência de situações análogas às localizadas na prática clínica, com a inclusão de protocolos clínicos. (NASCIMENTO, et al., 2021; COSTA, et al., 2020). 

Por conseguinte segundo ensinamentos de Silva et al, (2021) e Rocha, et al. (2021) a realização de uma estomia de eliminação incide numa abertura artificial feita cirurgicamente para a eliminação de fezes ou urina ao meio externo, assim, conforme o prognóstico da doença de base e o quadro clínico do paciente, a estomia pode ser temporária ou permanente. Assim, a composição de um estoma de eliminação promove a continuidade da vida humana, com algum comprometimento fisiológico/patológico, requerendo um acompanhamento adequado pelos profissionais envolvidos nesse processo.

O indivíduo que vive com um estoma de eliminação precisa de cuidados específicos, encetados no diagnóstico e avivados após a construção da estomia, pois, é considerada uma pessoa com necessidades especiais, sendo necessário período para aceitação e prevenção de complicações. Nesse contexto, verifica-se que os principais motivos de complicações nesses casos relacionam-se ao manejo inadequado do estoma e a falta de orientações adequadas. As principais complicações se referem a pele periestoma e com a estomia, envolvendo lesões, dermatites, sangramentos, extravasamento de resíduos, hérnias, infecções, estenose, prolapso, retração e necrose. 

A construção de um plano de cuidados, assim como o conhecimento situacional da população atendida, é primordial para o bom trabalho de enfermagem, sendo necessário o domínio de conceitos sobre a pessoa com estomia de eliminação e técnicas de enfermagem segura. Por esta visão, entende-se que a equipe de enfermagem é possuidora da prática de trabalho e do acompanhamento do processo que culmina na estomização, sendo básica a capacitação técnica e científica, contribuindo para a qualidade da assistência e manutenção do vínculo com os pacientes. 

Portanto, a falta de conhecimento sobre conceitos situacionais e científicos ligados aos pacientes, promove grandes prejuízos à qualidade do trabalho de enfermagem. Nessa pesquisa, foram evidenciadas fragilidades no entendimento dos enfermeiros com relação ao conceito de estomia de eliminação. Esta pesquisa indicou resultados preocupantes, evidenciando a pouca compreensão dos enfermeiros sobre o assunto, sendo indispensável  que o enfermeiro acolha e oriente o paciente, além da explicar a qualidade técnica no manejo do estoma, incentivando o autocuidado, sendo  necessário que o enfermeiro tenha informações corretas baseadas em conceitos científicos (COSTA, C.C.P. et al., 2020, Nascimento et al., 2019). 

A assistência ao paciente ostomizado precisa ser vista como reabilitação reabilitação, sendo desafiadora para o enfermeiro, por isso é necessário se conhecer os principais problemas e necessidades dos. Para tanto, Martins, (2010) cita algumas causas para o incremento de dermatites, dentre elas está a: troca da bolsa coletora constantemente, fricção exacerbada com gaze para retirada de cola sobre a pele, inadaptação à algumas marcas de equipamentos, recorte da placa da bolsa inadequadamente, entre outras. A dermatite periestoma ser evitada, se elencada no rol de ações propostas pelo enfermeiro, mas, caso ocorra a irritação do local pela presença de resíduos fecais, cuidados especializados devem ser realizados para sanar o problema (MARTINS e ALVIM, 2012 (SILVA, et al., 2019)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos neste estudo indicam conhecimento técnico e científico insuficiente em relação ao tratamento de feridas e estomias, os profissionais têm problemas na realização da análise, prescrição dos cuidados e tratamentos adequados de forma sistematizada e na utilização da SAE. Verifica-se que esse déficit de conhecimento, inicia-se na graduação, onde os acadêmicos possuem pouco conhecimento e pouco interesse em se aprofundar no assunto, continuando nas instituições onde trabalham, tendo em vista, que a maioria das vezes, essas instituições não chegam a implantar a SAE.. 

Esses dados avigoram a obrigatoriedade da capacitação contínua e melhoria da qualidade na formação desses profissionais. Além do que, estes resultados norteiam novas ações gerencias nas unidades de saúde incentivando estratégias focadas na implantação de protocolos sistematizados para o cuidado com feridas e estomias.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, L.F.B. Enfermagem em cuidados domiciliares na cicatrização de feridas crônicas e os desafios no âmbito da atenção básica. Monografia apresentada no curso de graduação de Enfermagem, do Centro Universitário AGES, 84 f., 2021.

ANJOS, T.N.D. dos; MARTINS, C.D. BIOFILME E FERIDAS COMPLEXAS: O Manejo Clínico de Lesões pela Enfermagem na Atenção Primária à Saúde, 2021. Disponível em: https://www.faculdadecienciasdavida.com.br ›. Acesso em: 13/10/2022

BARRETO, R.A.R., et al. Assistência de enfermagem às pessoas com feridas no município de Santa Cruz/RN: Relato de experiência. Revista Extensão & Sociedade,VOL.12 nº2; ANO 2021.1.ISSN 2178-6054 

COSTA, C.C.P. et al. Os sentidos de ser enfermeiro estomaterapeuta: complexidades que envolvem a especialidade. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther., 18, 2020: e0620. https://doi.org/10.30886/estima.v18.835_PT 

COSTA, C.V., et al. Conhecimento da enfermagem no tratamento de feridas. REA Enf., Vol. 15, DOI: https://doi.org/10.25248/REAEnf.e9221.2021

KNECHT, A.L.V. O profissional de enfermagem e as dificuldades no tratamento de feridas: revisão bibliográfica. Trabalho de curso apresentado para banca examinadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop, 34 f.,2019..

MORAIS, F.P.de F.; SANTOS, P.H.F. dos; CAUDURO, F.L.F. Abordagem de temas correlatos a estomaterapia no ensino de graduação em enfermagem: análise documental. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther, São Paulo, v19, e2421, 2021.

NASCIMENTO, E.G.A. et al. Atenção Básica e os desafios no tratamento de pacientes ostomizados. 2º Congresso Paulista- CONEXÃO SAÚDE. CPE, 2021. Disponível em: https://anais.sobest.com.br › cpe › article › view. Acesso em: 13/10/2022

OLIVEIRA, B.G.R.B. de, et al. Cicatrização de feridas diabéticas com fator de crescimento epidérmico. In: O Conhecimento na Competência da Teoria. Atena Editora 2019 

ROCHA, I.C. et al. Percepção de enfermeiros sobre estomias de eliminação: reflexões para o cuidado qualificado. São Paulo: Rev Recien. 11(34):334-343, 2021.

SANTOS, R.S. Assistência de enfermagem frente à complexidade das feridas neoplásicas para um manejo holístico: uma revisão integrativa. Monografia apresentada ao curso de Enfermagem do Centro Universitário AGES, como um dos pré-requisitos para a obtenção do título de bacharel em Enfermagem, 69 f., 2021.

SILVA, G.T. da et al. Assistência de enfermagem ao paciente ostomizado – Revisão Bibliográfica. DOI 10.22533/at.ed.6951912033. In: O Conhecimento na Competência da Teoria. Atena Editora 2019 

SILVA, P.C. da. et al. A atuação do enfermeiro no tratamento de feridas. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.2, p. 4815-4822 mar./apr. 2021.


1Acadêmico do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Iguaçu. 
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8611-2892

2Graduação em Engenharia Elétrica, Engenharia de Segurança do Trabalho, Licenciatura Plena em Matemática (Docência do Ensino Fundamental e Médio), Especialista Lato Sensu em Informática, Epidemiologia, Mestre em Desenvolvimento Local, Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica Universidade Iguaçu EAD, Docente dos Cursos de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Enfermagem, Nutrição e Farmácia Universidade Iguaçu (Presencial e EAD).
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1077-5507

3Enfermeiro. Mestre e Doutorando pelo PACCS/EEAAC/UFF; Acadêmico de medicina da Universidade Iguaçu.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8655-3789

4Graduado em Educação Física pela Universidade Iguaçu, Pós-graduado em Dança e Educação pela Universidade Castelo Branco, Mestre em Ciências Ambientais – Universidade Veiga de Almeida, Coordenador e Docente da Universidade Iguaçu dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física (Presencial e EAD) Coordenador e Docente dos cursos de Pós-graduação presencial em Educação Física Escolar e Bases Teóricas e Práticas para Treinamento em Musculação da Universidade Iguaçu, Coordenador e Docente dos cursos de Pós-graduação EAD em Gestão de Eventos Esportivos e Culturais, Professor e Coreografo de Danças Urbanas.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3722-4211

5Enfermeira, PUC-RS pontifícia universidade católica do Rio Grande do Sul.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5602-340X

6Enfermeira, Mestre Profissional na Área de Gestão e Serviços em Saúde pela FSCMP, Pós-Graduada em Saúde Pública pela UNAERP, Gestão do Trabalho e Educação em Saúde pela UNIFAP/FIOCRUZ. Atualmente é Enfermeira do Núcleo de Saúde e Segurança do Trabalhador do Hospital de Clínicas DR Alberto Lima, Preceptora da Residência Multiprofissional com atenção à Saúde do Adulto, Enfermeira assistencial atuando no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9746-6813

7Enfermeira graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Docente na Universidade Iguaçu, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia no Espaço Hospitalar (PPGSTEH) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho e Gestão Hospitalar pela União Camiliana e Escola Nacional de Saúde Pública, respectivamente. Cursou Master Business of Administration em Executivo de Gestão de Negócios no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais – IBMEC e Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde da Família na Universidade Federal Fluminense. Atuo como assessora na Superintendência de Atenção à Saúde da SES-RJ. Vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem do RJ – Coren -RJ, gestão 2018/2020 e fui 1ª secretaria na gestão 2015/2017, onde Coordenei a Câmara Técnica de Planejamento e Gestão do Coren-RJ – COTPLAN e o Programa de Auxílio à Implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem do Coren-RJ – PROSAE.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2821-306X

8Acadêmico do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Iguaçu.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4596-9395

9Enfermeira – especialista em clínica e cirurgia geral (residência) pela Unirio.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4786-5899

10Acadêmico do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Iguaçu.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0242-1856

11Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho e cursando Pós-Graduando no curso de Gestão e Auditoria em Serviços de Saúde pela UNIFAVENI 

12Acadêmico do curso de graduação em Farmácia da Universidade Iguaçu.
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-7394-4748

13Acadêmico do curso de graduação em Farmácia da Universidade Iguaçu.
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-1863-8466