O consumo excessivo de psicoestimulantes por estudantes comparando com casos EM QUE há real necessidade

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10278765


Isadora Bernardes Melo1
Vanessa Pereira Tolentino2
Natália de Fátima Gonçalves Amâncio2
Juliana Lilis da Silva2


Resumo:

Introdução: É abordado o aumento do uso de psicoestimulantes, como o metilfenidato e a cafeína, por estudantes, especialmente na área da saúde, visando melhorar o desempenho acadêmico. Esses estimulantes são comumente associados ao tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Os estudantes buscam benefícios como aumento da concentração, memória e redução do sono, porém o uso indiscriminado e não supervisionado dessas substâncias pode levar a efeitos colaterais adversos Metodologia: A pesquisa realizada é uma revisão exploratória integrativa de literatura, utilizando a estratégia PICO para orientar a questão de pesquisa. Foram analisados 20 artigos publicados nos últimos seis anos que abordam as consequências do uso excessivo de psicoestimulantes por estudantes, incluindo a busca em diversas bases de dados e a aplicação de critérios de inclusão e exclusão. Resultados e Discussão: Os resultados destacam estudos que revelam a prevalência do uso não prescrito de psicoestimulantes, como metilfenidato, entre estudantes universitários, tendo a menção da presença de efeitos colaterais e a dependência associada a essas substâncias. Observa-se uma maior incidência em estudantes do sexo masculino, bem como influência da mudança na rotina e da pressão acadêmica. Conclusão: o estudo alerta para os riscos associados ao consumo excessivo de psicoestimulantes por estudantes, destacando a importância de conscientização e regulamentação para prevenir consequências adversas à saúde mental e física desses indivíduos.

Palavras chave:  psicoestimulantes, estudantes, uso excessivo, TDAH, neuroaprimoramento

Abstract

Introduction: This article addresses the increased use of psychostimulants, such as methylphenidate and caffeine, by students, especially in the health sector, aiming to improve academic performance. These stimulants are commonly associated with the treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). Students seek benefits such as increased concentration, memory and reduced sleep, however the indiscriminate and unsupervised use of these substances can lead to adverse side effects. Methodology: The research carried out is an integrative exploratory literature review, using the PICO strategy to guide the research question. We analyzed 20 articles published in the last six years that address the consequences of excessive use of psychostimulants by students, including searching various databases and applying inclusion and exclusion criteria. Results and Discussion: The results highlight studies that reveal the prevalence of non-prescribed use of psychostimulants, such as methylphenidate, among university students, mentioning the presence of side effects and dependence associated with these substances. A higher incidence is observed in male students, as well as the influence of changes in routine and academic pressure. Conclusion: the study warns of the risks associated with excessive consumption of psychostimulants by students, highlighting the importance of awareness and regulation to prevent adverse consequences for the mental and physical health of these individuals.

Keywords: psychostimulants, students, excessive use, ADHD, neuroenhancement

introdução

Os psicoestimulantes como fármacos que apresentam como principal modo de ação, o aumento da concentração e do estado de alerta, sendo principalmente utilizados em pacientes com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, mais conhecido como TDAH (Paiva et al, 2020). Dessa maneira, esses podem ser classificados como sintéticos, produzidos em laboratórios, como o metilfenidato, e naturais, obtidos pela extração vegetal, como a cafeína (Santana et al, 2020).

Os principais efeitos que os indivíduos procuram ao ingerirem estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC) são: aumento da capacidade de memorização, concentração e raciocínio, assim como uma diminuição do sono noturno. Esses efeitos colaterais são o que geralmente induz à busca desses psicoestimulantes, tendo como principal público os estudantes da área da saúde, que são pessoas que apresentam um maior conhecimento sobre as formas de ação dessas drogas e isso acaba induzindo um maior interesse em iniciar o consumo desses medicamentos sintáticos ou naturais (Mezacasa et al, 2021).

O fator que mais induz os estudantes a procurarem por esse tipo de intervenção é a preocupação com a mudança da rotina e a esperança de que ao entrarem na universidade o grau de complexidade continuará baixo, se assustando com a grande cobrança. A privação do sono e a diminuição dos momentos de lazer, estimulam o estresse do estudante, fazendo com que ele opte pelo consumo de estimulantes do SNC, como o Metilfenidato (MPH), mais conhecido no Brasil como Ritalina®, medicamento comumente utilizado para o tratamento de TDAH (Amaral et al, 2022).

Ademais, quando o uso dessas substâncias ocorre de maneira desenfreada e sem o acompanhamento de um especialista nessa área em específico, os efeitos que estão sendo buscados ao iniciar essa prática, podem aparecer de uma maneira inversa, causando perda da libido, taquicardia, dores no peito, distúrbios do sistema linfático, anemia e náusea. ( Bacelar, 2018 apud Silva et al, 2022). Portanto, esse trabalho tem o objetivo de fazer uma revisão de literatura sobre o aumento do uso excessivo de psicoestimulantes por estudantes, visto que esse assunto ainda não apresenta grande visibilidade e isso pode estar causando grandes consequências para esses indivíduos que fazem esse consumo.

Metodologia

O presente estudo consiste em uma revisão exploratória integrativa de literatura. A revisão integrativa foi realizada em seis etapas: 1) identificação do tema e seleção da questão norteadora da pesquisa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos e busca na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) categorização dos estudos; 5) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa e interpretação e 6) apresentação da revisão.

Na etapa inicial, para definição da questão de pesquisa utilizou-se da estratégia PICO (Acrômio para Patient, Intervention, Comparation e Outcome). Assim, definiu-se a seguinte questão central que orientou o estudo: “: Quais são as consequências do uso excessivo de psicoestimulantes por estudantes sem prescrição médica ao ser comparado com os casos em que há real necessidade?” Nela, observa-se o P: Estudantes; I:Psicoestimulantes; C: Casos em que há real necessidade; O: Consequências do uso excessivo.

 Para responder a esta pergunta, foi realizada a busca de artigos envolvendo o desfecho pretendido utilizando as terminologias cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) criados pela Biblioteca Virtual em Saúde desenvolvido a partir do Medical Subject Headings da U.S. National Library of Medcine, que permite o uso da terminologia comum em português, inglês e espanhol. Os descritores utilizados foram: estudantes, psicoestimulantes, metilfenidato e TDAH. Para o cruzamento das palavras chaves utilizou-se os operadores booleanos “and”, “or” “not”.

Realizou-se um levantamento bibliográfico por meio de buscas eletrônicas nas seguintes bases de dados: Google Scholar; Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scientif Eletronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed), EbscoHost.

A busca foi realizada no mês de agosto de 2023. Como critérios de inclusão, limitou-se a artigos escritos em português, inglês e espanhol publicados nos últimos 5 anos (2018 a 2023), que abordassem o tema pesquisado e que estivem disponíveis eletronicamente em seu formato integral, foram excluídos os artigos em que o título e resumo não estivessem relacionados ao tema de pesquisa e pesquisas que não tiverem metodologia bem clara.

Após a etapa de levantamento das publicações, encontrou 60 artigos, dos quais foram realizados a leitura do título e resumo das publicações considerando o critério de inclusão e exclusão definidos. Em seguida, realizou a leitura na íntegra das publicações, atentando-se novamente aos critérios de inclusão e exclusão, sendo que 40 artigos não foram utilizados devido aos critérios de exclusão. Foram selecionados 20 artigos para análise final e construção da revisão.

Posteriormente a seleção dos artigos, realizou um fichamento das obras selecionadas afim de selecionar a coleta e análise dos dados. Os dados coletados foram disponibilizados em um quadro, possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa elaborada, de forma a atingir o objetivo desse método.

A Figura 1 demonstra o processo de seleção dos artigos por meio das palavras-chaves de busca e da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão citados na metodologia. O fluxograma leva em consideração os critérios elencados pela estratégia PRISMA (Page et al., 2021).

Figura 1 – Fluxograma da busca e inclusão dos artigos

Fonte: Adaptado do Preferred Reporting Items for Systematic review and Meta-Analyses (PRISMA). Page et al., (2021).

Resultados

A Tabela 1 sintetiza os principais artigos que foram utilizados na presente revisão de literatura, contendo informações relevantes sobre os mesmos, como os autores do estudo, ano de publicação, os títulos e os achados relevantes

Tabela 1 – Os efeitos colaterais do uso excessivo de psicoestimulantes encontrados nas publicações do período de 2018 a 2023.

Autor; AnoTítuloAchados principais
Sabbe et al. 2018Use and misuse of prescription stimulants by university students: a cross-sectional survey in the french-speaking community of Belgium, 2018  34,7% são usuários com prescrição médica O principal motivo do uso indevido é aumentar a concentração e aumentar a performance nos estudos        
Netto et al. 2018Incidencia del uso no prescrito del Metilfenidato entre estudantes de Medicina12% fazem uso de metilfenidato33% afirmam utilizar de forma indiscriminadaPresença de efeitos colaterais
Mincoff, Barretos e Jesus, 2018Uso De Psicoestimulantes Por Acadêmicos De Medicina: Uma Revisão Integrativa  Excesso de obrigações induzem o uso excessivoMaior usode  metilfenidato, cafeína e modafinil
Carlier et al. 2019Use of cognitive enhancers: methylphenidate and analogsPresença de efeitos colaterais  
Cândido et al. 2020Prevalence of and factors associated with the use of methylphenidate for cognitive enhancement among university students.5,8% fazem uso de metilfenidatoSituação moradia influenciou no aumento do uso 
Repantis et al. 2020Cognitive enhancement effects of stimulants: a randomized controlled trial testing methylphenidate, modafinil, and caffeineEfeitos positivos para o uso de metilfenidato e cafeínaSem efeitos significativos para o modafinil
Paiva et al, 2020Psicoestimulantes na vida acadêmica: efeitos adversos do uso indiscriminado. ↑ da necessidade da diminuição do cansaço e aumentar o estado de vigilia
Santana et al, 2020Consumo de Estimulantes Cerebrais por Estudantes em Instituições de Ensino de Montes Claros/MG.53,7% faziam uso de algum tipo de psicoestimulante↓ Sono ↑Memória
Mezacasa et al. 2021Consumo de psicoestimulantes por estudantes de medicina de uma universidade do extremo sul do Brasil: resultados de um estudo de painel↑ Prevalência de 2015 a 2018 Maior uso de metifenidato ↓ Sono
Rodrigues et al. 2021Uso não prescrito demetilfenidato porestudantes de uma universidade brasileira: fatores associados, conhecimentos, motivações e percepções4,3% uso de não prescritos↑ concentração50% ocorrência de fatores indesejados Prevalência em homens
Cerqueira, Almeida e Cruz, 2021Uso indiscriminado de metilfenidato e lisdexanfetamina por estudantes universitários para aperfeiçoamento cognitivo.Auto uso de metilfenidato e lisdexanfetaminaMaior parte dos alunos fazem uso ilegal Presença de efeitos colaterais
Minniti, 2021O consumo de drogas psicoestimulantes entre estudantes de medicina  Não houve diferença estatística entre os sexosDiferença entre o nível na universidade (primeiro e terceiro ano)
Schuindt, Menezes e Abreu. 2021As consequências do uso da Ritalina® sem prescrição médica↓ Sono↓ ApetitePresença de problemas cardiovasculares
Sharif et al. 2021The use and impact of cognitive enhancers among university students: a Systematic ReviewUso por alunos saudáveis↑ dependência e efeitos colaterais causados pelos psicoestimulantes 
Faria et al. 2021“Real-World” effectiveness of methyohenidate in improving the academic achievement of Attention-Deficit Hyperactivity Disorder diagnosed students: A systematic review↑ da performance acadêmica em 5 alunosOutra parte não notou nenhuma melhora nos estudos
Birmorgh et al. 2022Prevalence of nonmedical use of Ritalin among medical students of Mashhad University of Medical SciencesMaior uso de Ritalina® do que álcool e cigarros Sem diferenças entre gêneros Sem diferenças entre diferentes níveis de estudos
Siqueira, 2022Uso Do Metilfenidato Por Crianças, Adolescentes E Adultos Jovens E Seus Fatores Relacionados: Uma Revisão Integrativa↑ do uso de psicoestimulantes para neuroaprimoramento↑ uso sem prescrição médica
Meiners et al. 2022Percepção e uso do metilfenidato entre universitários da área da Saúde em Ceilândia, DF, Brasil↑ do uso sem prescrição pelo público masculino61,2% relataram efeitos adversosPresença de fatores sociais que induzem a esse uso
Dantas et al. 2022Uso de psicoestimulantes na vida acadêmica: uma revisão integrativa  Uso para o melhoramento cognitivoMaior prevalência em alunos dos cursos da saúde
Santos, Lopes e Paixão, 2022O uso abusivo do metilfenidato: uma corrida ilegal pela inteligência entre os universitários do BrasilMaior parte eram estudantes da área da saúdeMais de 58% fazem uso indiscriminadoPresença de efeitos colaterais

Fonte: Autoria própria

Discussão

O aumento do uso de psicoestimulantes vem sendo mais presentes em indivíduos que entraram em universidades há pouco tempo, tendo como destaque o uso do Metilfenidato, conhecida popularmente como Ritalina, medicamento utilizado para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) (Dantas et al. 2022). Porém, de acordo com Mincoff, Barretos e Jesus (2018), também a uma alta presença do consumo de cafeína, um psicoestimulante natural, e de modafinil, classificado como sintético.

Esse consumo excessivo vem tendo um aumento da prevalência entre os anos de 2015 e 2018, podendo tendo interferência da evolução da sociedade (Mezacasa et al. 2021). Dessa maneira, para Netto et al., (2018) a discussão sobre esse assunto em específico é algo necessário, visto que não há uma grande quantidade de renomados trabalhos que apresentam todo o impacto desse uso desenfreado de medicamentos que são utilizados para tratar doenças em específico e não indivíduos saudáveis.

Segundo Meiners (2022), durante a coleta e processamento de dados observaram uma prevalência maior de homens que fizeram uso de estimulantes do Sistema Nervoso Central, fato que pode estar correlacionado com o aumento da autocobrança ao ingressar em uma universidade. Sob essa perspectiva, o aumento da procura e consumo de psicoestimulantes, principalmente da Ritalina, geralmente são relacionados a mudança de rotina e as exigências da fase acadêmica, fato que induz os estudantes a procurarem por maneira de potencializar o aprendizado e atender as expectativas que a sociedade coloca sobre esses indivíduos (Santos, Lopes e Paixão, 2022).

Em relação a prevalência no sexo masculino, segundo Rodrigues et al., (2021), esse fator pode estar associado ao fato de que os homens estão mais susceptíveis a afetarem-se pela opinião de outras pessoas, principalmente quando o assunto está relacionado ao aprimoramento de seus conhecimentos. Porém, de acordo com o estudo realizado por Birmorgh et al., (2022), em uma universidade no Irã, não houve uma diferença significante entre os homens e as mulheres que participaram do projeto.

O quesito moradia também foi um fator observado que pode ter estimulado o início do automedicamento com o metilfenidato, tendo maior prevalência naqueles indivíduos que moram sozinhos, principalmente sem seus pais (Cândido et al. 2020). De acordo com Minniti et al., (2021), a questão de morar sozinho pode estar associada ao aumento do uso de psicoestimulantes principalmente em alunos do primeiro ano pelo fato de que a rotina foi completamente alterada e foram adicionadas novas responsabilidades para aquele estudante, aparecendo a necessidade de melhorar o desempenho para conseguir tomar conta de tudo.

Outro fator que deve ser levantado para a discussão, é o uso off label de medicamentos, que segundo a ANVISA (2005) esse termo é utilizado para aquelas drogas que estão sendo consumidas para alguma finalidade médica que não está de acordo com a informação do produto autorizada do registro efetuado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Essa prática vem se tornando cada vez mais comum em relação ao uso do Metilfenidato, que mesmo sendo utilizado para o aumento da concentração de pacientes com TDAH, os indivíduos saudáveis que estão consumindo esse medicamento para o neuroaprimoramento, se tornam cada vez mais susceptíveis a criarem uma dependência química (Siqueira, 2022).

No estudo realizado em estudantes de universidades na Bélgica, foi observado que apenas 34,7% das pessoas que participaram da coleta de dados fazem o uso de medicamentos estimuladores com prescrição médica, logo a outra parte, 65,3%, estão consumindo de maneira incorreta e prejudicial a própria saúde (Sabbe et al. 2018). Para Cerqueira, Almeida e Cruz (2021), no estudo que foi realizado por eles também foi observado um grande número de pessoas que estão fazendo o uso ilegal de metilfenidato e de lisdexanfetamina, que também é utilizado para o tratamento de TDAH.

De acordo com Repantis (2020), o medicamento modafinil não obteve melhoras significativas durante seu estudo, diferente do que foi observado em pessoas que ingeriram o metilfenidato e a cafeína. Porém, para Faria et al., (2021), a Ritalina, psicoestimulante alvo de seu trabalho, não obteve as consequências esperadas como o aumento do estado de vigília e da diminuição do cansaço citada por Paiva et al., (2020), fato que pode estar associado e evidenciar a diferença de atuação de um mesmo medicamento em corpos diferentes.

Em relação aos efeitos colaterais, os principais observados foi a diminuição do sono e aumento da memória, que um dos principais objetivos procurados pelas pessoas que iniciam o uso desse psicoestimulantes (Santana et al. 2020). Isso também foi observado por Sharif et al., (2021), que além de citar essas consequências, observou também uma grande dependência por parte dos alunos fato que é preocupante e explica o motivo da inclusão do metilfenidato na categoria A3 (medicamentos psicotrópicos) e no Brasil, ele apresenta uma venda controlada, mas muitas vezes essa regra não é obedecida (Siqueira, 2022 apud De Aquino Rodrigues et al., 2020).

Segundo Cartier et al., (2019), esse consumo excessivo pode gerar uma dependência química, como já foi citado anteriormente por Siqueira (2022), porém, pode aparecer outras consequências, como disfunções cardiovasculares, neurológicas, psicológicas e até causar uma overdose, uma reação do organismo quando ele é exposto a uma elevada quantidade de drogas. Os estimulantes do SNC, geralmente aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, podendo causar hipertensão, arritmia ventricular e insuficiência cardíaca. Além desses sintomas mais comuns, pode desencadear distúrbios convulsivos, agravar episódios de manias em pessoas com Transtorno Bipolar e intensificar os tiques de indivíduos com o diagnóstico de Síndrome de Tourette (Schuindt, Menezes e Abreu, 2021).

Considerações Finais

Portanto, após a análise desses artigos discutidos, foi possível perceber um grande aumento no uso de psicoestimulantes por estudantes, principalmente por aqueles pertencentes a área da saúde. Isso ocorre principalmente pela grande mudança da rotina ao entrar nas universidades que possui uma maior carga horária e maiores cobranças em relação ao Ensino Médio, por exemplo.

Essa entrada em uma nova realidade afeta todas as pessoas envolvidas nesse processo, mas especialmente os alunos, que são os indivíduos que estão no centro de todo esse processo. Já os familiares, amigos e conhecidos, criam grandes expectativas naquela pessoa e isso faz com que o estudante se cobre bastante para agradar a sociedade de uma maneira geral.

Assim, para o neuroaprimoramento esses indivíduos iniciam o consumo de psicoestimulantes, como a Ritalina® e a cafeína, que irão aumentar a concentração, a memória e diminuir o sono por exemplo, algo que irá dar mais tempo para dedicar-se aos estudos. Porém como foi apresentado nas discussões, esse uso excessivo pode desencadear várias consequências ruins, como a aparição de problemas cardiovasculares, e o que tinha como intuito principal melhorar a qualidade de vida da pessoa começa a fazer efeito contrário.

Logo, esse assunto em específico é algo que necessita da atenção tanto de estudiosos como da sociedade como um todo para que se inicia uma espécie de reabilitação de pensamentos conservadores, especialmente aqueles que julgam que as pessoas devem tentar sempre ser melhor que as outras. Dessa maneira será mais benéfico mostrar aos estudantes que esse tipo de prática é algo maléfico para a saúde deles, evitando, assim, piores consequências.

Referências

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[1] – Discente do curso de Medicina do Centro Universitário de Patos de Minas -UNIPAM
[2] Docente do Centro Universitário de Patos de Minas -UNIPAM
[2] Docente do Centro Universitário de Patos de Minas -UNIPAM
[2] Docente do Centro Universitário de Patos de Minas -UNIPAM