O CENÁRIO DO HIDROGÊNIO VERDE: SEU PAPEL ESTRATÉGICO NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

THE GREEN HYDROGEN LANDSCAPE: ITS STRATEGIC ROLE IN THE ENERGY TRANSITION

EL PANORAMA DEL HIDRÓGENO VERDE: SU PAPEL ESTRATÉGICO EN LA TRANSICIÓN ENERGÉTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411261102


Marcelo Romulo Alves Brito Junior1
Jaciara Carvalho de Souza Oliveira2


RESUMO

A crescente demanda energética global e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa impulsionam a busca por alternativas energéticas limpas e sustentáveis.  Nesse contexto, o hidrogênio verde (H2V) emerge como um vetor energético estratégico para a transição energética. Este estudo, por meio de uma revisão de literatura,  analisa o papel do H2V na descarbonização da economia,  abordando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras.  A pesquisa investiga o potencial do H2V para descarbonizar setores como o transporte, a indústria e a geração de energia,  e  avalia os custos de produção, as tecnologias de produção e as necessidades de infraestrutura.  Os resultados indicam que o H2V  possui um grande potencial para impulsionar a transição energética,  mas  enfrenta desafios  como os  custos de  produção e  a  necessidade de  investimentos em  infraestrutura.  O estudo  conclui que  o  H2V  desempenhará um  papel fundamental  na  transição para  uma economia  de baixo  carbono,  demandando políticas públicas  e  incentivos para  sua produção  e  utilização em  larga escala.

Palavras-chave: Hidrogênio Verde. Transição Energética. Descarbonização. Energia Renovável. Brasil.

ABSTRACT

The growing global energy demand and the need to reduce greenhouse gas emissions drive the search for clean and sustainable energy alternatives. In this context, green hydrogen (GH2) emerges as a strategic energy vector for the energy transition. This study, through a literature review, analyzes the role of GH2 in decarbonizing the economy, addressing its benefits, challenges, and future prospects. The research investigates the potential of GH2 to decarbonize sectors such as transportation, industry, and power generation, and evaluates production costs, production technologies, and infrastructure needs. The results indicate that GH2 has great potential to drive the energy transition but faces challenges such as production costs and the need for infrastructure investments. The study concludes that GH2 will play a key role in the transition to a low-carbon economy, requiring public policies and incentives for its large-scale production and utilization.

Keywords:  Green Hydrogen. Energy Transition. Decarbonization. Renewable Energy. Brazil.

RESUMEN

La creciente demanda energética global y la necesidad de reducir las emisiones de gases de efecto invernadero impulsan la búsqueda de alternativas energéticas limpias y sostenibles. En este contexto, el hidrógeno verde (H2V) emerge como un vector energético estratégico para la transición energética. Este estudio, a través de una revisión de la literatura, analiza el papel del H2V en la descarbonización de la economía, abordando sus beneficios, desafíos y perspectivas futuras. La investigación  examina el potencial del H2V para descarbonizar sectores como el transporte, la industria y la generación de energía, y evalúa los costos de producción, las tecnologías de producción y las necesidades de infraestructura. Los resultados indican que el H2V tiene un gran potencial para impulsar la transición energética, pero enfrenta desafíos como los costos de producción y la necesidad de inversiones en infraestructura. El estudio concluye que el H2V jugará un papel clave en la transición hacia una economía baja en carbono, requiriendo políticas públicas e incentivos para su producción y uso a gran escala.

Palabras-clave: Hidrógeno Verde. Transición Energética. Descarbonización. Energía Renovable. Brasil.

1 INTRODUÇÃO

A crescente demanda energética global, em conjunto com a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), impulsiona a busca por alternativas energéticas limpas, seguras e sustentáveis. Nesse contexto, o hidrogênio verde (H2V) desponta como um vetor energético promissor, capaz de desempenhar um papel crucial na transição para uma economia de baixo carbono, como destacado por Garcia (2024) e Lopes (2024). Produzido a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, por meio do processo de eletrólise da água, o H2V apresenta um potencial significativo para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como o transporte pesado, a indústria e a produção de fertilizantes, conforme apontado por Almeida (2024) e Leal (2023).

O H2V destaca-se por sua versatilidade, podendo ser utilizado em diversas aplicações, desde a geração de energia elétrica e o aquecimento de edifícios, como explorado por Marques (2024), até o abastecimento de veículos elétricos a célula a combustível (FCEV) e a produção de combustíveis sintéticos. Sua capacidade de armazenamento em larga escala também contribui para a integração de fontes renováveis intermitentes, como a solar e eólica, garantindo a estabilidade e segurança do sistema energético, complementando as análises de Ferreira e Machado (2021) sobre o papel do planejamento na transição energética.

No entanto, a produção e utilização em larga escala do H2V ainda enfrentam desafios significativos.  Do Vale Costa (2024) e Nunes e Gonçalves (2024) exploram os desafios regulatórios e jurídicos que o hidrogênio verde enfrenta no Brasil e em outros países,  enquanto Oliveira (2024)  analisa a infraestrutura  necessária para a sua implementação em comparação com outras fontes de energia.  Entre os desafios,  incluem-se os custos de produção, a necessidade de desenvolvimento de infraestrutura de transporte e armazenamento, e a eficiência do processo de eletrólise. Superar esses desafios demandará avanços tecnológicos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e políticas públicas que incentivem a produção e o uso do H2V,  como discutido por  Pimentel (2024) em seus cenários para a transição energética no Brasil.

Diante desse cenário, este trabalho se propõe a analisar o papel estratégico do hidrogênio verde na transição energética, investigando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras. A pesquisa busca aprofundar a compreensão sobre o potencial do H2V como vetor energético chave para a descarbonização da economia, considerando o contexto global e as particularidades do cenário brasileiro,  alinhando-se com as discussões de  Santos (2021) sobre o papel do hidrogênio na transição energética mundial e seus desdobramentos no sistema brasileiro.

Questão de Pesquisa: Como o hidrogênio verde pode contribuir para a transição energética e a descarbonização da economia, considerando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras?

A relevância desta pesquisa reside na necessidade de aprofundar o conhecimento sobre o hidrogênio verde como uma solução energética limpa e sustentável,  em linha com as  propostas de Santos et al. (2024) sobre a revolução da energia limpa.  Capaz de impulsionar a transição energética e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, a análise do potencial do H2V, seus desafios e perspectivas, contribui para o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que promovam sua produção e utilização em larga escala, fomentando a inovação tecnológica e a criação de novos mercados.

O estudo do H2V no contexto brasileiro assume particular importância, considerando a vasta disponibilidade de recursos renováveis no país, como solar e eólica, que lhe confere um grande potencial para se tornar um líder na produção e exportação de hidrogênio verde, como apontado por Baeta (2021). Adicionalmente, a pesquisa busca identificar os desafios e oportunidades para o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V no Brasil, contribuindo para o debate sobre políticas públicas que promovam a transição energética e o desenvolvimento sustentável,  dialogando com as  perspectivas de Silva (2024) sobre o potencial do hidrogênio verde no Brasil frente aos desafios da integração de fontes renováveis no sistema energético.

A partir disto, o objetivo geral desse artigo é analisar o papel estratégico do hidrogênio verde na transição energética, considerando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras, no contexto global e brasileiro. E sendo os objetivos específicos: Investigar o potencial do hidrogênio verde para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como o transporte, a indústria e a geração de energia; Avaliar os custos de produção, as tecnologias de produção e as necessidades de infraestrutura para o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V; Analisar as políticas públicas e os incentivos para a produção e utilização do hidrogênio verde no Brasil e no mundo, considerando as análises de Sousa (2022) sobre a transição energética e a ação climática; Identificar os desafios e oportunidades para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde no Brasil; Discutir as perspectivas futuras do hidrogênio verde como vetor energético chave na transição para uma economia de baixo carbono.

Espera-se que este estudo contribua para o aprofundamento do debate sobre o papel do hidrogênio verde na transição energética, fornecendo subsídios para a formulação de políticas públicas e estratégias que promovam o desenvolvimento sustentável e a descarbonização da economia,  em consonância com os estudos de Benvindo et al. (2023) sobre o comportamento do consumidor frente à adoção do hidrogênio verde e Cerutti et al. (2023) sobre a energia eólica offshore como caminho para a transição energética.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E O PAPEL DO HIDROGÊNIO VERDE

A transição energética global representa um processo complexo e multifacetado,  impulsionado pela necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar as mudanças climáticas.  Nesse contexto,  o hidrogênio verde (H2V) emerge como um vetor energético estratégico,  com potencial para descarbonizar diversos setores da economia e contribuir para a construção de um futuro energético sustentável (Garcia, 2024; Lopes, 2024).  A produção do H2V a partir de fontes renováveis, como a energia solar e eólica,  através do processo de eletrólise da água,  promovendo a diversificação da matriz energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa,  considerando as complexas interações entre diferentes fontes de energia, infraestrutura e políticas públicas.  A integração do H2V no sistema energético demanda um planejamento cuidadoso,  que leve em conta as particularidades de cada setor e as necessidades específicas de cada região.  A capacidade do H2V de armazenar energia em larga escala  e de ser utilizado em diferentes aplicações,  como a geração de eletricidade, o transporte e a indústria,  o torna um elemento chave para a flexibilidade e a segurança do sistema energético (Lopes, 2024).

Almeida (2024) e Leal (2023)  apontam o potencial do H2V para descarbonizar setores  intensivos em energia e  difíceis de eletrificar,  como o transporte pesado, a indústria siderúrgica e a produção de fertilizantes.  A substituição de combustíveis fósseis por H2V nesses setores  representa um passo importante para a redução das emissões de GEE e o cumprimento das metas climáticas globais.

No setor de transportes,  o H2V  pode ser utilizado para abastecer veículos elétricos a célula a combustível (FCEV),  caminhões, ônibus, trens e até mesmo navios e aviões (Santos et al., 2024).  Essa aplicação  é especialmente promissora para o transporte de longa distância,  onde a autonomia e o tempo de reabastecimento são fatores críticos.  Além disso,  o uso do H2V no transporte  contribui para a redução da poluição do ar e a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

Na indústria,  o H2V  pode ser utilizado como matéria-prima na produção de aço verde,  substituindo o carvão mineral e reduzindo significativamente as emissões de GEE (Almeida, 2024).  O H2V  também pode ser utilizado na produção de amônia,  metanol e outros produtos químicos,  contribuindo para a descarbonização da indústria química.

A capacidade do H2V de ser armazenado em larga escala  permite a integração de fontes renováveis intermitentes,  como a solar e eólica,  garantindo o fornecimento de energia mesmo em períodos de baixa geração (Marques, 2024).  Essa característica  torna o H2V um componente essencial para a construção de um sistema energético mais resiliente e  flexível,  capaz de lidar com as  variações na geração de energia renovável.

O desenvolvimento da cadeia de valor do H2V  envolve desafios e oportunidades.  Oliveira (2024)  analisa a infraestrutura necessária para a implementação do H2V,  comparando-a com a infraestrutura de outras fontes de energia.  A construção de uma infraestrutura  adequada para a produção, transporte e armazenamento do H2V  é essencial para sua adoção em larga escala.  Isso inclui investimentos em gasodutos,  estações de abastecimento e tecnologias de armazenamento.

Do Vale Costa (2024)  e Nunes e Gonçalves (2024)  abordam os desafios regulatórios e jurídicos relacionados ao H2V,  destacando a importância da criação de um marco regulatório claro e estável para o desenvolvimento do mercado.  A regulação do H2V  deve  considerar aspectos como a segurança,  a padronização e a  certificação,  garantindo a no Brasil,  analisando as  perspectivas para o H2V  e os desafios a serem superados.  A autora destaca a importância de políticas públicas que incentivem a produção e o uso do H2V,  como incentivos fiscais,  financiamento e apoio à pesquisa e desenvolvimento.

2.2 PRODUÇÃO E TECNOLOGIAS DO HIDROGÊNIO VERDE

A produção de hidrogênio verde se baseia principalmente no processo de eletrólise da água, utilizando energia elétrica proveniente de fontes renováveis para separar as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio. Essa técnica, embora conhecida há décadas, tem ganhado destaque recentemente devido à crescente necessidade de descarbonizar a economia e à queda nos custos da energia renovável, como observado por Pimentel (2024) em seus cenários para a transição energética.

Existem diferentes tecnologias de eletrólise, cada uma com suas vantagens e desvantagens em termos de eficiência, custo e escalabilidade. A escolha da tecnologia mais adequada depende de fatores como o custo da energia renovável, à escala de produção, às necessidades específicas da aplicação e o estágio de desenvolvimento tecnológico, como discutido por Marques (2024) em seu trabalho sobre dimensionamento de unidades de produção de hidrogênio verde.

2.2.1 Eletrólise Alcalina

A eletrólise alcalina é a tecnologia mais madura e comumente utilizada para a produção de hidrogênio. Ela utiliza uma solução aquosa alcalina, geralmente hidróxido de potássio (KOH), como eletrólito. A passagem de corrente elétrica através da solução promove a separação da água em hidrogênio e oxigênio.

Essa tecnologia apresenta vantagens como baixo custo de investimento,  longa vida útil e  operação em  baixas temperaturas.  No entanto,  sua eficiência energética é  relativamente baixa,  comumente entre 60% e 70%,  e  apresenta  limitações em termos de  densidade de corrente e  resposta dinâmica a  variações na  fonte de energia,  como apontado por  Lima Filho (2024) em sua análise sobre hidrogênio verde e transição energética.

2.2.2 Eletrólise PEM (Membrana de Troca de Prótons)

A eletrólise PEM  utiliza uma membrana polimérica  como eletrólito,  que permite a passagem de prótons  (íons H+)  e  bloqueia a passagem de  elétrons.  Essa tecnologia  apresenta  maior  eficiência energética  que a eletrólise alcalina,  comumente entre 70% e 80%,  e  permite operar em  altas densidades de corrente,  o que a torna  adequada para  aplicações que demandam  rápida resposta a  variações na  fonte de energia,  como a integração com  fontes renováveis intermitentes (Silva, 2024).

No entanto,  a eletrólise PEM  apresenta  maior custo de investimento  que a eletrólise alcalina,  devido ao  alto custo da membrana  e dos  catalisadores  utilizados.  Além disso,  a  tecnologia PEM  é mais sensível a  impurezas na água,  o que exige  sistemas de  purificação mais  complexos,  como discutido por  Cerutti et al. (2023) em sua  abordagem sobre  energia eólica offshore  e hidrogênio verde.

2.2.3 Eletrólise de Óxido Sólido (SOEC)

A eletrólise SOEC  utiliza um eletrólito  cerâmico sólido  que conduz íons  oxigênio (O2-)  em altas temperaturas.  Essa tecnologia  apresenta  a maior  eficiência energética  entre as tecnologias de eletrólise,  comumente acima de 80%,  e  permite a  cogeração de  calor,  o que a torna  ainda mais  eficiente.  Além disso,  a SOEC  pode operar  em altas temperaturas,  o que  a torna  adequada para  integração com  processos industriais  que demandam  calor,  como a produção  de aço e  cimento (Almeida, 2024).

No entanto,  a  tecnologia SOEC  ainda se encontra  em fase de  desenvolvimento e  apresenta  alto custo de investimento.  A  operação em  altas temperaturas  também  impõe desafios  em termos de  materiais e  durabilidade.

2.2.4 Outras Tecnologias

Além das tecnologias de eletrólise,  existem outras  tecnologias em  desenvolvimento para a produção de hidrogênio verde,  como a  fotólise,  que utiliza  a luz solar  para  separar a água  em hidrogênio e  oxigênio,  e a  biofotólise,  que utiliza  microorganismos para  produzir hidrogênio a partir  da água e  da luz solar.  Essas tecnologias  ainda  se encontram  em estágio  inicial de  desenvolvimento,  mas  apresentam  potencial para  reduzir os custos  e aumentar a  eficiência da  produção de  H2V no futuro.

2.2.5  Fatores que Influenciam a Escolha da Tecnologia

A escolha da  tecnologia de  eletrólise mais  adequada para a produção de hidrogênio verde  depende de  diversos fatores,  incluindo:

O custo da eletricidade proveniente de fontes renováveis é um fator crucial na determinação do custo final do H2V, tornando regiões com alta disponibilidade de energia renovável a baixo custo, como o Brasil, mais competitivas na produção de H2V (Baeta, 2021). A escala de produção também desempenha um papel importante na escolha da tecnologia de eletrólise. Para pequenas escalas, a eletrólise alcalina pode ser mais adequada, enquanto para grandes escalas, a eletrólise PEM ou SOEC podem ser mais competitivas.

As necessidades específicas da aplicação ditam a escolha da tecnologia. A eletrólise PEM é mais adequada para aplicações que exigem resposta rápida a variações na fonte de energia, enquanto a SOEC é mais vantajosa para aplicações que demandam alta eficiência energética e cogeração de calor. A disponibilidade de recursos, como água pura e materiais para a construção dos eletrolisadores, também influencia a decisão.

Finalmente, políticas públicas e incentivos para a produção e uso do H2V podem influenciar a escolha da tecnologia, incentivando o desenvolvimento e a adoção de tecnologias mais eficientes e sustentáveis (Sousa, 2022).

2.2.6  Avanços Tecnológicos 

A pesquisa e o desenvolvimento  em novas  tecnologias de  eletrólise  têm  como objetivo  reduzir os custos,  aumentar a  eficiência e  melhorar a  durabilidade dos  eletrolisadores.  Novas  membranas,  catalisadores  e  materiais  estão sendo  desenvolvidos para  tornar a  eletrólise  mais  eficiente e  competitiva.

A  integração de  diferentes tecnologias  de eletrólise  com  outras  tecnologias,  como a  captura e  armazenamento de  carbono (CCS)  e a  produção de  biogás,  também  é uma  área  promissora de  pesquisa.  A  combinação de  diferentes tecnologias  pode  levar a  sistemas  mais  eficientes e  sustentáveis para a produção de H2V.

2.3 APLICAÇÕES DO HIDROGÊNIO VERDE

O hidrogênio verde (H2V), com sua versatilidade e potencial de descarbonização, apresenta um amplo espectro de aplicações em diversos setores da economia.  Sua capacidade de ser utilizado como combustível,  matéria-prima e  vetor energético  o coloca como um elemento chave na transição para uma economia de baixo carbono,  como destacado por  Santos et al. (2024) em sua análise sobre o futuro da energia limpa.

2.3.1 Transporte

O setor de transportes é um dos principais emissores de gases de efeito estufa (GEE)  e um dos mais desafiadores para a descarbonização.  O H2V  surge como uma alternativa promissora para substituir combustíveis fósseis em diferentes modais de transporte,  contribuindo para a redução da poluição do ar e a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

Veículos elétricos a célula a combustível (FCEV)  são uma das aplicações mais promissoras do H2V  no transporte.  Esses veículos  utilizam o H2V  para gerar eletricidade  através de uma  reação química  com o oxigênio,  produzindo apenas  água como  resíduo.  Os FCEV  apresentam vantagens como  maior autonomia  e  tempo de  reabastecimento mais  rápido em  comparação com  veículos elétricos a bateria,  sendo especialmente  atrativos para  o transporte  de longa  distância,  como  apontado por  Santos (2021) em  seu estudo  sobre o  papel do  hidrogênio na  transição energética  mundial.

O H2V  também  pode ser  utilizado em  outros modais  de transporte,  como caminhões,  ônibus,  trens,  navios e  aviões.  No transporte  rodoviário,  o H2V  pode  substituir o  diesel em  caminhões e  ônibus,  reduzindo as  emissões de  GEE e  a poluição  do ar.  No transporte  ferroviário,  o H2V  pode  ser utilizado  em trens  movidos a  células a  combustível,  oferecendo uma  alternativa mais  sustentável  às locomotivas  a diesel.

No transporte  marítimo,  o H2V  pode  ser utilizado  em navios  movidos a  células a  combustível  ou em  motores de  combustão interna  adaptados para  queimar H2V.  Essa  aplicação  é especialmente  promissora para  reduzir as  emissões de  GEE  e  os  poluentes  atmosféricos  no  setor  naval.

No transporte  aéreo,  o H2V  pode  ser utilizado  em aviões  movidos a  células a  combustível  ou em  motores a  jato  adaptados para  queimar H2V.  Essa  aplicação  ainda  se encontra  em fase  de pesquisa  e  desenvolvimento,  mas  apresenta  grande  potencial para  descarbonizar  o setor  aéreo no  futuro.

2.3.2 Indústria

A indústria  é outro  setor com  alto  consumo de  energia e  emissões de  GEE.  O H2V  pode  ser utilizado  como  matéria-prima e  combustível  em diversos  processos industriais,  contribuindo para  a  descarbonização e  a  sustentabilidade do  setor.

Uma das  aplicações mais  promissoras do  H2V na  indústria  é a  produção de  aço verde.  O aço  é  tradicionalmente produzido  em  altos-fornos  que utilizam  carvão  mineral como  redutor,  gerando  grandes quantidades  de  emissões de  GEE.  O H2V  pode  substituir o  carvão mineral  como  redutor,  produzindo aço  com  baixo  teor de  carbono  e  reduzindo significativamente  as  emissões de  GEE,  como  destacado por  Almeida (2024) em  seu estudo  sobre a  indústria  de petróleo  e gás  na  transição energética.

O H2V  também  pode ser  utilizado na  produção de  amônia,  um  insumo fundamental  para a  produção de  fertilizantes.  A  produção de  amônia  é  atualmente  responsável por  uma  parte significativa  das  emissões de  GEE  do setor  industrial.  O uso  do H2V  na  produção de  amônia  permite  reduzir as  emissões  e  produzir fertilizantes  mais  sustentáveis.

O H2V  pode  ser utilizado  como  combustível em  diversos  processos industriais,  como a  produção de  cimento,  vidro  e  alumínio.  A  substituição de  combustíveis  fósseis por  H2V  nesses  processos  permite  reduzir as  emissões  de GEE  e  os  custos  com energia.

2.3.3 Geração de Energia

O H2V  pode  ser utilizado  na  geração de  energia elétrica  de  forma limpa  e  eficiente.  Centrais  elétricas a  hidrogênio  utilizam  células a  combustível  para converter  o H2V  em  eletricidade,  produzindo apenas  água como  resíduo.  Essas  centrais  podem  ser utilizadas  para  geração de  energia  em  larga escala  ou  em  sistemas  descentralizados,  como  em  residências  e  comércios.

O H2V  também  pode ser  utilizado para  armazenar  energia  renovável em  larga escala,  superando o  desafio da  intermitência  de  fontes como  a  solar e  a  eólica.  O  excesso de  energia  renovável  pode ser  utilizado para  produzir  H2V  por  eletrólise,  que  pode ser  armazenado  e  utilizado posteriormente  para  gerar  eletricidade  quando a  demanda  for maior  ou  a  geração  de  energia  renovável  for  menor.

2.3.4 Edifícios

O H2V  pode  ser utilizado  em  edifícios  para  aquecimento,  refrigeração  e  geração de  energia  descentralizada.  Sistemas  de  aquecimento  a  hidrogênio  utilizam  células a  combustível  para  converter  o H2V  em  calor,  oferecendo uma  alternativa  mais  sustentável  aos  sistemas  de  aquecimento  a gás  natural.

O H2V  também  pode ser  utilizado  em  sistemas de  cogeração  de  energia,  que  produzem  eletricidade  e  calor  simultaneamente.  Esses  sistemas  são  especialmente  eficientes  e  podem  reduzir  o  consumo de  energia  e  as  emissões de  GEE  em  edifícios.

2.4 O HIDROGÊNIO VERDE NO CONTEXTO BRASILEIRO

O Brasil, com sua abundante disponibilidade de recursos renováveis, como solar, eólica e hídrica, desponta como um dos países com maior potencial para liderar a produção e exportação de hidrogênio verde (H2V) na próxima década (Baeta, 2021). Essa posição privilegiada coloca o país em uma situação estratégica para aproveitar as oportunidades e os benefícios econômicos, sociais e ambientais que o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V pode gerar, como apontado por Guerra (2024) em sua análise sobre o papel da Petrobras e do Estado do Rio de Janeiro na transição energética global.

A produção de H2V a partir de fontes renováveis abundantes no Brasil, como a energia solar e eólica, permite a criação de uma nova matriz energética mais limpa e sustentável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) (Silva, 2024).  Nesse sentido,  o  Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2),  lançado em 2021 pelo Ministério de Minas e Energia (MME),  visa  promover a produção e o uso do H2V no país,  criando um ambiente regulatório favorável,  estimulando a pesquisa e desenvolvimento,  e  apoiando a implementação de projetos de H2V (Nunes e Gonçalves, 2024).

O desenvolvimento da cadeia de valor do H2V pode gerar novas oportunidades de negócios, atrair investimentos e criar empregos, impulsionando o desenvolvimento econômico e social do país, como destacado por Benvindo et al. (2023) em sua pesquisa sobre o comportamento do consumidor frente à adoção do H2V.  O  potencial  do  H2V  para  atrair  investimentos  estrangeiros  e  promover  o  desenvolvimento  tecnológico  no  país  é  significativo,  impulsionando  a  inovação  e  a  competitividade  da  indústria  nacional.

O potencial do Brasil para a produção de H2V é reconhecido internacionalmente. De acordo com o Hydrogen Council (2021), o Brasil poderia produzir H2V a um custo competitivo já em 2030, tornando-se um dos principais players no mercado global de H2V. Essa perspectiva abre caminho para que o Brasil se torne um grande exportador de H2V, atendendo à crescente demanda internacional por energia limpa e contribuindo para a balança comercial brasileira, como apontado por Santos (2021) em sua análise sobre o papel do hidrogênio na transição energética mundial.

Diversos estados brasileiros já demonstram interesse e iniciativa no desenvolvimento da produção de H2V. O Ceará, por exemplo, possui grande potencial eólico e solar e já atraiu investimentos para a construção de usinas de H2V (Cerutti et al., 2023). O Porto de Pecém, no Ceará, está sendo preparado para se tornar um hub de exportação de H2V, com infraestrutura adequada para o armazenamento e transporte do H2V,  demonstrando o  compromisso do  estado com o  desenvolvimento da  cadeia de  valor do  H2V e  sua  inserção no  mercado internacional.

O Rio Grande do Sul também desponta como um polo de produção de H2V, com grande potencial eólico e  projetos em andamento para a produção de H2V a partir da energia eólica, visando  abastecer o  mercado interno  e  exportar  o  excedente  para  outros  países.

Outros estados, como Pernambuco, Bahia e São Paulo, também têm demonstrado interesse no desenvolvimento da cadeia de valor do H2V, com projetos em diferentes estágios de planejamento e implementação (Oliveira, 2024).  Esses  projetos  incluem  a  produção  de  H2V  a  partir  de  diferentes  fontes  renováveis,  como  a  solar,  eólica  e  hídrica,  e  sua  aplicação  em  diversos  setores,  como  o  transporte,  a  indústria  e  a  geração  de  energia.

No entanto, o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V no Brasil ainda enfrenta desafios.  A  infraestrutura  para  a  produção,  transporte  e  armazenamento  do  H2V  ainda  é  incipiente  no  Brasil  (Oliveira, 2024).  São  necessários  investimentos  em  gasodutos,  estações  de  abastecimento  e  tecnologias  de  armazenamento  para  viabilizar  a  utilização  do  H2V  em  larga  escala,  o  que  demanda  a  participação  de  diversos  atores,  como  o  governo,  a  indústria  e  as  universidades.

O marco regulatório para o H2V ainda está em construção no Brasil (Do Vale Costa, 2024). É necessário definir regras claras e estáveis para a produção, transporte, armazenamento e comercialização do H2V, garantindo a segurança jurídica para os investidores e o desenvolvimento do mercado,  o  que  requer  um  esforço  conjunto  do  governo,  do  setor  privado  e  da  sociedade  civil  para  a  construção  de  um  marco  regulatório  adequado.

A redução dos custos de produção do H2V é outro desafio importante. A produção de H2V ainda é relativamente cara em comparação com os combustíveis fósseis, mas a queda nos custos da energia renovável e os avanços tecnológicos têm contribuído para a redução dos custos (Pimentel, 2024).  A  pesquisa  e  o  desenvolvimento  de  novas  tecnologias  de  produção  de  H2V,  como  a  eletrólise  de  alta  eficiência  e  a  fotólise,  são  cruciais  para  a  redução  dos  custos  e  a  competitividade  do  H2V  no  mercado.

O  governo  brasileiro  reconhece  a  importância  do  H2V  para  a  transição  energética  e  o  desenvolvimento  sustentável  do  país.  O  PNH2  prevê  a  criação  de  um  ambiente  regulatório  favorável,  o  estímulo  à  pesquisa  e  desenvolvimento,  e  o  apoio  à  implementação  de  projetos  de  H2V  (Nunes  e  Gonçalves,  2024),  demonstrando  o  compromisso  do  governo  em  promover  o  desenvolvimento  da  cadeia  de  valor  do  H2V  no  país.

O Brasil também tem firmado parcerias internacionais para o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V,  como o acordo de cooperação com a Alemanha assinado em 2021,  que prevê a troca de conhecimentos, o desenvolvimento de projetos conjuntos e o apoio à indústria (Sousa, 2022).  Essas  parcerias  são  fundamentais  para  o  desenvolvimento  tecnológico  e  a  inserção  do  Brasil  no  mercado  global  de  H2V.

O Brasil possui um enorme potencial para se tornar um líder na produção e exportação de H2V, aproveitando seus recursos renováveis e sua posição geográfica estratégica. O desenvolvimento da cadeia de valor do H2V pode gerar benefícios econômicos, sociais e ambientais para o país, contribuindo para a transição energética e o desenvolvimento sustentável, como destacado por diversos autores e estudos (Baeta, 2021; Silva, 2024;  Nunes e Gonçalves, 2024;  Pimentel, 2024).

3 METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como uma revisão de literatura, com o objetivo de analisar o papel estratégico do hidrogênio verde na transição energética,  considerando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras, no contexto global e brasileiro. A pesquisa se baseia na análise crítica e sistemática de trabalhos científicos publicados em periódicos, livros, teses e dissertações, buscando aprofundar a compreensão sobre o tema e identificar as lacunas, contradições e consensos existentes na literatura.

A busca por trabalhos científicos relevantes foi realizada em bases de dados eletrônicas, como Scopus, Web of Science, SciELO e Google Acadêmico, utilizando descritores como “hidrogênio verde”, “transição energética”, “descarbonização”, “energia renovável”, “eletrólise”, “armazenamento de energia”, “Brasil” e “políticas públicas”. A seleção dos trabalhos foi realizada com base na relevância do tema,  na qualidade da pesquisa e na data de publicação, priorizando trabalhos publicados nos últimos cinco anos (2019-2024).

Foram selecionados para análise artigos científicos, teses e dissertações que abordam o tema do hidrogênio verde e sua relação com a transição energética,  com foco em diferentes aspectos, como:

Produção e tecnologias do hidrogênio verde: diferentes tecnologias de eletrólise, eficiência, custos e escalabilidade (Marques, 2024; Lima Filho, 2024; Cerutti et al., 2023).

Aplicações do hidrogênio verde: transporte, indústria, geração de energia, edifícios e outras aplicações (Santos et al., 2024; Almeida, 2024; Santos, 2021).

Desafios e oportunidades para o hidrogênio verde: custos de produção, infraestrutura, regulação, políticas públicas e perspectivas futuras (Oliveira, 2024; Do Vale Costa, 2024; Nunes e Gonçalves, 2024; Pimentel, 2024).

O hidrogênio verde no contexto brasileiro: potencial, desafios, oportunidades e políticas públicas (Baeta, 2021; Silva, 2024; Guerra, 2024).

A análise dos trabalhos selecionados foi realizada de forma crítica e sistemática, buscando identificar as principais contribuições,  lacunas e contradições na literatura. Os resultados da análise foram organizados e sintetizados de forma a responder à questão de pesquisa e atingir os objetivos propostos no estudo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise da literatura sobre o hidrogênio verde (H2V) revelou um consenso quanto ao seu papel estratégico na transição energética global. O H2V, produzido a partir de fontes renováveis,  desponta como uma solução promissora para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como o transporte pesado, a indústria e a produção de fertilizantes,  contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a mitigação das mudanças climáticas (Almeida, 2024; Leal, 2023; Garcia, 2024).

Os estudos analisados evidenciam o potencial do H2V para impulsionar a transição energética e a descarbonização da economia,  alinhando-se com as metas estabelecidas no Acordo de Paris e  os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)  da ONU.  A versatilidade do H2V permite sua aplicação em diversos setores,  desde a geração de energia elétrica e o aquecimento de edifícios até o abastecimento de veículos elétricos a célula a combustível (FCEV) e a produção de combustíveis sintéticos (Santos et al., 2024; Marques, 2024).

A capacidade de armazenamento de energia em larga escala também coloca o H2V como um componente chave para a integração de fontes renováveis intermitentes, como a solar e eólica,  garantindo a estabilidade e segurança do sistema energético (Ferreira e Machado, 2021).  Essa característica é fundamental para superar os desafios da intermitência das fontes renováveis e  construir um sistema energético mais resiliente e flexível.

No entanto, a análise da literatura também revelou desafios significativos para a produção e utilização em larga escala do H2V.  Os custos de produção ainda são relativamente elevados em comparação com os combustíveis fósseis,  demandando avanços tecnológicos e  economias de escala  para  tornar o H2V mais competitivo (Oliveira, 2024; Pimentel, 2024).

A necessidade de desenvolvimento de infraestrutura de produção, transporte e armazenamento também representa um desafio para a implementação do H2V em larga escala (Oliveira, 2024; Do Vale Costa, 2024).  A construção de gasodutos,  estações de abastecimento e  sistemas de armazenamento  requer investimentos  significativos e  um planejamento  de longo  prazo.

Outro desafio  apontado pelos  estudos é a  eficiência do  processo de  eletrólise,  que  ainda apresenta  perdas de  energia  e  demanda  pesquisas e  desenvolvimento de  tecnologias mais  eficientes (Pimentel, 2024).  A  busca por  novas tecnologias  de eletrólise,  como a  eletrólise de  alta  eficiência e  a  fotólise,  é  crucial para  a  redução dos  custos e  a  competitividade do  H2V no  mercado.

No contexto brasileiro,  a análise da literatura  revela um  grande potencial  para o  país se  tornar um  líder na  produção e  exportação de  H2V,  aproveitando a  abundante  disponibilidade de  recursos renováveis,  como a  solar e  eólica (Baeta, 2021; Silva, 2024).  No entanto,  o  desenvolvimento da  cadeia de  valor do  H2V no  Brasil ainda  se encontra  em estágio  inicial e  enfrenta desafios  como a  necessidade de  investimentos em  infraestrutura,  o  desenvolvimento de  um marco  regulatório claro  e  estável,  e  a  redução dos  custos de  produção.

O  governo brasileiro  tem  demonstrado interesse  em  incentivar o  desenvolvimento da  cadeia de  valor do  H2V,  com a  criação do  Programa Nacional  do Hidrogênio  (PNH2)  em 2021  (Nunes e  Gonçalves, 2024).  O  PNH2  visa  promover a  produção e  o  uso do  H2V no  país,  criando um  ambiente regulatório  favorável,  estimulando a  pesquisa e  desenvolvimento,  e  apoiando a  implementação de  projetos de  H2V.

A  cooperação internacional  também  tem  sido  apontada como  um  fator  importante para  o  desenvolvimento da  cadeia de  valor do  H2V no  Brasil.  Parcerias com  países como  a  Alemanha,  que  possui  tecnologia  avançada  na  produção e  utilização de  H2V,  podem  acelerar o  desenvolvimento do  mercado brasileiro  e  promover a  transferência de  tecnologia  (Sousa, 2022).

A  análise da  literatura  também  revelou a  importância da  participação da  sociedade no  debate sobre  o  H2V.  Estudos como  o  de  Benvindo et  al.  (2023)  sobre o  comportamento do  consumidor frente  à  adoção do  H2V  destacam a  necessidade de  conscientizar a  população sobre  os  benefícios do  H2V e  engajá-la na  transição energética.

Em relação  às  perspectivas futuras,  a  literatura aponta  para um  crescimento  significativo do  mercado de  H2V nas  próximas décadas,  impulsionado pela  queda nos  custos de  produção,  pelos  avanços tecnológicos  e  pelas  políticas de  incentivo  à  transição energética  (Pimentel, 2024).  O  H2V  deve  desempenhar um  papel  cada vez  mais  importante na  descarbonização da  economia,  contribuindo para  a  construção de  um futuro  energético sustentável.

No entanto,  a  literatura  também  alerta para  os  desafios  que  o  desenvolvimento da  cadeia de  valor do  H2V  ainda  enfrenta,  como a  necessidade de  investimentos em  infraestrutura,  o  desenvolvimento de  um marco  regulatório claro  e  estável,  e  a  garantia da  sustentabilidade  da  produção de  H2V.

É  fundamental que  o  Brasil  aproveite  seu  potencial  para  liderar a  produção e  exportação de  H2V,  investindo em  pesquisa e  desenvolvimento,  infraestrutura  e  um  marco  regulatório  adequado.  A  transição para  uma  economia de  baixo  carbono  demanda  ações  conjuntas  do  governo,  da  indústria  e  da  sociedade,  e  o  H2V  tem  um  papel  fundamental  a  desempenhar nesse  processo.

5 CONCLUSÃO 

Este estudo, por meio de uma revisão de literatura abrangente,  buscou analisar o papel estratégico do hidrogênio verde (H2V) na transição energética,  investigando seus benefícios, desafios e perspectivas futuras, tanto no contexto global quanto no brasileiro.  A análise dos trabalhos científicos selecionados permitiu concluir que o H2V,  produzido a partir de fontes renováveis,  desponta como uma solução promissora para descarbonizar setores difíceis de eletrificar,  como o transporte pesado, a indústria e a produção de fertilizantes,  contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável.

O H2V destaca-se por sua versatilidade,  podendo ser utilizado em diversas aplicações,  desde a geração de energia elétrica e o aquecimento de edifícios até o abastecimento de veículos elétricos a célula a combustível (FCEV) e a produção de combustíveis sintéticos.  Sua capacidade de armazenamento em larga escala  o torna um componente essencial para a integração de fontes renováveis intermitentes,  como a solar e eólica,  garantindo a estabilidade e segurança do sistema energético.

No entanto,  o estudo também evidenciou os desafios que a produção e utilização em larga escala do H2V ainda enfrentam,  como os custos de produção,  a necessidade de desenvolvimento de infraestrutura e  a  eficiência do processo de eletrólise.  Superar esses desafios demandará avanços tecnológicos,  investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D),  e  políticas públicas que incentivem a produção e o uso do H2V.

No contexto brasileiro,  o estudo confirmou o grande potencial do país para se tornar um líder na produção e exportação de H2V,  aproveitando a abundante disponibilidade de recursos renováveis.  No entanto,  o desenvolvimento da cadeia de valor do H2V no Brasil ainda requer investimentos em infraestrutura,  a  criação de um marco regulatório claro e estável,  e  a  redução dos custos de produção.

O  estudo  contribui  para  o  aprofundamento  do  debate  sobre  o  papel  do  H2V  na  transição  energética,  fornecendo  subsídios  para  a  formulação  de  políticas  públicas  e  estratégias  que  promovam  o  desenvolvimento  sustentável  e  a  descarbonização  da  economia.  Espera-se  que  os  resultados  da  pesquisa  estimulem  o  desenvolvimento  da  cadeia  de  valor  do  H2V  no  Brasil  e  sua  consolidação  como  um  vetor  energético  chave  para  um  futuro  mais  limpo  e  sustentável.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Juan Felipe Pereira de. Sustentabilidade ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance): a indústria de petróleo e gás como atores fundamentais na transição energética. 2024.

BAETA, Fernanda. O Brasil na transição energética para o hidrogênio verde. 2021.

BENVINDO, JANAINA DOS SANTOS et al. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR FRENTE À ADOÇÃO DO HIDROGÊNIO VERDE NA ERA DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA: análise das relações causais diretas entre crenças, atitude e comportamento. 2023.

CERUTTI, Alef Júlio Schaefer et al. Energia Eólica Offshore, um caminho para a transição energética: uma abordagem no contexto do panorama Offshore, Hidrogênio Verde e ESG. 2023.

DO VALE COSTA, Caio Leonardo. A câmara de promoção de segurança jurídica como mecanismo de harmonização no âmbito da regulação do hidrogênio verde. 2024. Tese de Doutorado. Universidade de Fortaleza.

FERREIRA, Thiago Vasconcellos Barral; MACHADO, Giovani Vitória. O papel do planejamento na transição energética: mais luz e menos calor. Revista Brasileira de Energia, v. 27, n. 2, 2021.

GARCIA, Gessika da Silva. Hidrogênio verde: seu papel estratégico na transição energética. 2024.

GUERRA, Wander. A Petrobras e o Estado do Rio de Janeiro na rota da transição energética global. Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, n. 26, 2024.

LEAL, José Adriel da Silva. Sustentabilidade e inovação: o papel das células à combustível de hidrogênio na transição energética brasileira. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso.

LIMA FILHO, Fernando José Silva. Hidrogênio verde e transição energética. 2024.

LOPES, Lucas Canzano Areias. Potencialidades e desafios do hidrogênio verde no contexto brasileiro. 2024.

MARQUES, João Pedro Branco de Carvalho. Projecto e dimensionamento de uma unidade de produção e armazenamento de hidrogénio verde. 2024. Dissertação de Mestrado.

NUNES, Cláudia R. Pereira; GONÇALVES, Rafael Ribeiro. Desafios da Regulação do Hidrogênio Verde no Brasil e na Índia: Uma transição energética sustentável no BRICS?. Cadernos de Dereito Actual, n. 24, p. 165-184, 2024.

OLIVEIRA, Bianca Lima de Carvalho. Transição energética no Brasil: comparação da infraestrutura do hidrogênio com outras fontes. 2024. Trabalho de Conclusão de Curso.

PIMENTEL, Paula Emília Oliveira. Cenários para a transição energética no Brasil 2040. 2024.

SANTOS, Vitor Manuel. O papel do hidrogênio na transição energética mundial e seus desdobramentos no sistema energético brasileiro. A geopolítica da energia do século XXI, 2021.

SANTOS, Lucas Manuel Gomes dos et al. Hidrogênio verde: revolucionando o future da energia limpa. 2024.

SILVA, Brenda Estefany Maria da. Potencial do hidrogênio verde no Brasil frente aos desafios da alta integração de fontes renováveis ao Sistema Interligado Nacional. 2024. Trabalho de Conclusão de Curso.

SOUSA, Eduardo Caetano de. Transição energética e ação climática: uma nova realidade na estratégia de segurança e defesa nacional. JANUS 2022-O PAÍS QUE SOMOS O (S) MUNDO (S) QUE TEMOS: Um roteiro para o conceito estratégico na próxima década, p. 116-119, 2022.


 1Formação acadêmica mais alta com a área, Instituição de formação, Cidade – Estado, País. E-mail: olecramjr@gmail.com
2Mestre em Engenharia Elétrica, Centro Universitário Santo Agostinho, Teresina – Piauí.E-mail: jaciaracso@unifsa.com.br