O BURNOUT COMO DOENÇA OCUPACIONAL NA MEDICINA: ABORDAGENS INTERDISCIPLINARES PARA MITIGAÇÃO E RECUPERAÇÃO

BURNOUT AS AN OCCUPATIONAL DISEASE IN MEDICINE: INTERDISCIPLINARY APPROACHES FOR MITIGATION AND RECOVERY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501071730


João Sérgio de Sousa Moura1, João Victor Venancio Braga2, Natan Oliveira fontes3, Gustavo Gonçalves Garcia4, Plínio Rocha Oliveira5, Victor Matheus Gonçalves Muniz de Farias6, Lucas Gabriel dos Santos Muniz7, Gustavo Araújo dos Santos8, Carolina Diniz Furtado9, Lanniel Carvalho Leite de Lavor10, Camila Marques Almendra11, João Pedro da Rocha Santos12, José Natan Moura Portela Leal13, Marcela Marques Barbosa14, Kobenan Stephane Jean Charles Kouman15


RESUMO

O Burnout é um fenômeno psicológico caracterizado pelo esgotamento físico, emocional e mental, frequentemente resultante de estresse crônico no ambiente de trabalho. O impacto do Burnout na medicina vai além do indivíduo afetado, estendendo-se para a qualidade do atendimento ao paciente. Diante desse cenário, o objetivo geral deste estudo é analisar as estratégias interdisciplinares de prevenção e recuperação do Burnout entre médicos. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, A pesquisa foi conduzida com os termos “Burnout”, “Medicina”, e “Estresse Ocupacional”, aplicando o operador booleano “AND”. Conclui-se que a o Burnout é uma condição crescente entre os profissionais de saúde, especialmente médicos, devido à alta pressão, longas jornadas e exigências emocionais intrínsecas à profissão. A revisão das evidências revela que o Burnout não afeta apenas a saúde dos médicos, mas também compromete a qualidade do atendimento ao paciente, resultando em falhas no cuidado, aumento de erros médicos e maior rotatividade de profissionais. Para mitigar esse problema, é essencial implementar estratégias que integrem apoio psicológico, mudanças organizacionais e políticas institucionais voltadas para a saúde mental dos profissionais da saúde. Tais abordagens podem contribuir significativamente para reduzir os níveis de Burnout e melhorar o ambiente de trabalho. Por fim, as abordagens interdisciplinares se destacam como a solução mais eficaz para lidar com o Burnout na medicina. A implementação de programas de prevenção e recuperação, que considerem tanto o apoio psicológico quanto a reestruturação do ambiente organizacional, é crucial para enfrentar a síndrome de forma holística. A promoção de uma cultura de apoio e bem-estar no ambiente de trabalho, juntamente com a educação contínua sobre o manejo do estresse, pode proporcionar aos profissionais de saúde as ferramentas necessárias para manter sua saúde mental.

Palavras-chave: Burnout. Medicina. Estresse Ocupacional.

1 INTRODUÇÃO

O Burnout é um fenômeno psicológico caracterizado pelo esgotamento físico, emocional e mental, frequentemente resultante de estresse crônico no ambiente de trabalho. Embora o Burnout possa afetar qualquer profissão, ele é particularmente prevalente nas áreas que exigem intensa interação humana e pressão constante, como a medicina. Profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros e outros membros da equipe médica, estão em constante exposição a situações de alta demanda emocional, carga de trabalho excessiva e decisões de vida ou morte, fatores que contribuem significativamente para o desenvolvimento dessa condição debilitante. (BOND et al, 2018).

O Burnout entre médicos tem se tornado uma preocupação crescente nos últimos anos, com estudos apontando uma prevalência alarmante da síndrome entre profissionais da saúde. A natureza do trabalho médico, que envolve longas jornadas, pressão para resultados rápidos e a responsabilidade pela vida dos pacientes, contribui para o aumento dos níveis de estresse. Além disso, fatores como falta de apoio institucional, recursos limitados e o enfrentamento constante da dor e do sofrimento dos pacientes podem levar os médicos a uma exaustão emocional e física, com repercussões negativas para sua saúde e desempenho no trabalho. (FALCÃO et al, 2019).

O impacto do Burnout na medicina vai além do indivíduo afetado, estendendo-se para a qualidade do atendimento ao paciente. Médicos e outros profissionais da saúde que sofrem de Burnout podem apresentar dificuldades em tomar decisões precisas, comprometendo a segurança do paciente e aumentando as taxas de erro médico. Além disso, a relação entre médico e paciente pode ser prejudicada, afetando a empatia, a comunicação e, consequentemente, a qualidade do cuidado. O Burnout também resulta em maior rotatividade de profissionais e em custos mais elevados para os sistemas de saúde, dado o aumento da demanda por licenças médicas e tratamentos para o problema. (DOS SANTOS et al, 2017).

Diante desse cenário, é fundamental adotar abordagens interdisciplinares para mitigar e tratar o Burnout na medicina. O objetivo geral deste estudo é analisar as estratégias interdisciplinares de prevenção e recuperação do Burnout entre médicos, considerando a importância de uma abordagem que envolva o apoio psicológico, as modificações organizacionais e a promoção de uma cultura de saúde e bem-estar dentro das instituições médicas.

2 METODOLOGIA

A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).

Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram considerados, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “Burnout”, “Medicina”, “Estresse Ocupacional”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Burnout” AND “Medicina” AND “Estresse Ocupacional”.

Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.

A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os estudos revisados revelaram que os médicos frequentemente experienciam sintomas característicos do Burnout, como cansaço extremo, sentimentos de desvalorização e perda de motivação para a profissão. Isso se traduz em uma diminuição da qualidade do trabalho, com potenciais riscos para a segurança dos pacientes e maior ocorrência de erros médicos. Além disso, o impacto do Burnout na vida pessoal dos médicos também foi amplamente discutido, uma vez que esses profissionais enfrentam dificuldades no equilíbrio entre vida profissional e pessoal, o que agrava ainda mais o quadro de estresse. (TIRONI et al, 2016).

A revisão também identificou que os fatores de risco para o Burnout podem ser tanto individuais quanto organizacionais. No nível individual, características como a perfeccionismo e a incapacidade de lidar com altas demandas emocionais são determinantes. Já no nível organizacional, a sobrecarga de trabalho, a falta de apoio institucional e a escassez de recursos são fatores que agravam o quadro. A pressão constante para alcançar resultados rápidos e o enfrentamento diário de decisões de vida ou morte são elementos que aumentam significativamente o risco de desenvolvimento do Burnout entre médicos, tornando o problema uma questão de saúde pública no setor médico. (MOREIRA, SOUZA, YAMAGUCHI, 2018).

Em relação às abordagens para mitigar o Burnout, a revisão enfatizou que uma abordagem interdisciplinar é fundamental. A integração de áreas como a psicologia, psiquiatria, gestão de recursos humanos e cuidados organizacionais tem mostrado bons resultados na prevenção e recuperação do Burnout entre médicos. Estratégias como o aconselhamento psicológico individualizado e o suporte emocional por meio de grupos de apoio têm se mostrado eficazes para ajudar os médicos a lidar com o estresse de maneira mais saudável e a prevenir o desenvolvimento de sintomas mais graves. (SILVEIRA, BORGES, 2021).

Além do apoio psicológico, práticas organizacionais também desempenham um papel crucial. Instituições que promovem um ambiente de trabalho saudável, com horários mais flexíveis e espaços dedicados ao descanso dos profissionais, demonstraram uma significativa redução nos índices de Burnout. Também foi destacado que oferecer programas de bem-estar físico e mental dentro dos ambientes de trabalho contribui para a saúde integral dos profissionais, melhorando seu desempenho e diminuindo o risco de esgotamento. (MARQUES, 2018).

A formação contínua sobre Burnout e gestão do estresse é outro ponto relevante encontrado na revisão. A educação sobre os sinais precoces da síndrome, técnicas para lidar com as demandas emocionais da profissão e o desenvolvimento de resiliência têm se mostrado estratégias eficazes para prevenir o Burnout. Assim, capacitar médicos e outros profissionais de saúde para identificarem e lidarem com as causas do estresse no trabalho é uma abordagem eficaz e necessária para reduzir o impacto dessa condição. (HODKINSON et al, 2022).

Outro fator de grande importância é o apoio social, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele. Profissionais que contam com uma rede de apoio, composta por colegas e supervisores, mostram menos sintomas de Burnout. A colaboração entre diferentes áreas da saúde, além de fortalecer o trabalho em equipe, também atua como um fator de proteção emocional, proporcionando um suporte mútuo no enfrentamento dos desafios da profissão. (WEST, DYRBYE, SHANAFELT, 2018).

Por fim, a revisão apontou que a implementação de políticas públicas voltadas à saúde mental dos profissionais de saúde é crucial para combater o Burnout de forma mais eficaz. Estratégias de prevenção e tratamento no âmbito organizacional, como a criação de programas de apoio psicológico e o incentivo à busca de ajuda, são essenciais para mitigar o impacto dessa síndrome. A promoção de um ambiente de trabalho saudável, que leve em consideração o bem-estar dos médicos e outros profissionais de saúde, contribui não apenas para a melhoria da qualidade do atendimento, mas também para a retenção de talentos e a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo. (RODRIGUES et al, 2018).

4 CONCLUSÃO

O Burnout é uma condição crescente entre os profissionais de saúde, especialmente médicos, devido à alta pressão, longas jornadas e exigências emocionais intrínsecas à profissão. A revisão das evidências revela que o Burnout não afeta apenas a saúde dos médicos, mas também compromete a qualidade do atendimento ao paciente, resultando em falhas no cuidado, aumento de erros médicos e maior rotatividade de profissionais. Para mitigar esse problema, é essencial implementar estratégias que integrem apoio psicológico, mudanças organizacionais e políticas institucionais voltadas para a saúde mental dos profissionais da saúde. Tais abordagens podem contribuir significativamente para reduzir os níveis de Burnout e melhorar o ambiente de trabalho.

Por fim, as abordagens interdisciplinares se destacam como a solução mais eficaz para lidar com o Burnout na medicina. A implementação de programas de prevenção e recuperação, que considerem tanto o apoio psicológico quanto a reestruturação do ambiente organizacional, é crucial para enfrentar a síndrome de forma holística. A promoção de uma cultura de apoio e bem-estar no ambiente de trabalho, juntamente com a educação contínua sobre o manejo do estresse, pode proporcionar aos profissionais de saúde as ferramentas necessárias para manter sua saúde mental e garantir a qualidade no atendimento aos pacientes.

REFERÊNCIAS

BOND, Marina Macedo Kuenzer et al. Prevalência de Burnout entre médicos residentes de um hospital universitário. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 42, n. 3, p. 97-107, 2018.

BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

DOS SANTOS, Sara Cristina Robalo et al. Prevalência de Burnout em médicos residentes de Medicina Geral e Familiar em Portugal. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 12, n. 39, p. 1-9, 2017.

FALCÃO, Natália Martins et al. Síndrome de Burnout em médicos residentes. 2019.

HODKINSON, Alexander et al. Associations of physician Burnout with career engagement and quality of patient care: systematic review and meta-analysis. bmj, v. 378, 2022.

MARQUES, Gabriela Lopes Carvalho et al. Síndrome de Burnout entre médicos plantonistas de unidades de terapia intensiva. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 67, n. 3, p. 186-193, 2018.

MOREIRA, Hyan de Alvarenga; SOUZA, Karen Nattana de; YAMAGUCHI, Mirian Ueda. Síndrome de Burnout em médicos: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 43, p. e3, 2018.

RODRIGUES, Hugo et al. Burnout syndrome among medical residents: A systematic review and meta-analysis. PloS one, v. 13, n. 11, p. e0206840, 2018.

SILVEIRA, Flávia Fraga; BORGES, Livia de Oliveira. Prevalência da Síndrome de Burnout entre médicos residentes. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, p. e221076, 2021.

TIRONI, Márcia Oliveira Staffa et al. Prevalência de síndrome de Burnout em médicos intensivistas de cinco capitais brasileiras. Revista brasileira de terapia intensiva, v. 28, p. 270-277, 2016.

WEST, Colin P.; DYRBYE, Liselotte N.; SHANAFELT, Tait D. Physician Burnout: contributors, consequences and solutions. Journal of internal medicine, v. 283, n. 6, p. 516-529, 2018.