REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202502101021
Maria José de Jesus Pereira¹
Evangelina Pereira Costa2
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo investigar o autismo e saber como se desenvolve. Neste estudo pretende-se abordar as características do autista, bem como a contribuição da psicopedagogia e como se dá a aprendizagem do mesmo. Para tanto, foram utilizadas pesquisas bibliográficas referente a essa temática. Como aporte teórico dialogaremos com as obras de Cunha (2014) , Mantoan ( 1992 ) , Feltrin ( 2004 ) entre outros que abordam sobre o autismo e a deficiência na aprendizagem. Este estudo visa ampliar e contribuir com as discussões acerca do autismo. Contudo, pretende-se apontar alguns tipos de transtornos que está relacionado ao vínculo afetivo-social e demostrando a importância da aprendizagem de acordo com estímulos e intervenção psicopedagógica. Neste sentido o artigo apresenta uma grande relevância na educação inclusiva e em especial, para criança com autismo e interessados na área como, pesquisadores ,comunidade acadêmica. No entanto, a contribuição da psicopedagogia no que se refere ao autismo é de extrema relevância para o sucesso de crianças com autismo, oportunizando o desenvolvimento cognitivo, afetivo, biológico e social, por meio de um trabalho eficaz. Para tanto o artigo traz em sua abordagem o breve histórico sobre o autismo, das características e apontamento dos tipos de transtornos, aprendizagem, fala ainda do vínculo afetivo- social, da psicomotricidade, consequentemente avaliação e intervenção psicopedagógica e o tratamento do transtorno do espectro autista.
Palavras-chaves: Educação. Autismo. Aprendizagem.
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo el autismo y aprender cómo se desarrolla. En este estúdio pretende abordar las características de la persona autista, así como el aporte de la psicopedagogía y cómo se produce el aprendizaje. Para ello, se utilizaron investigaciones bibliográficas referentes a este tema. Como aporte teórico, dialogaremos com los trabajos de Cunha (2014), Mantoan (1992), Feltin (2004) entre outros que abordam el autismo y las discapacidades de aprendizaje. Este estúdio tiene como objetivo ampliar y contribuir a las discusiones sobre el autismo. Sin embargo, se pretende señalar algunos tipos de transtornos que se relacionan com el vínculo afectivo-social y demonstrando la importancia del aprendizaje según estímulos intervención psicopedagógica. Em este sentido, el artículo es de gran relevancia em la educación inclusiva y especialmente para los niños com autismo y aquellos interessados em el campo, como investigadores, la comunidade académica. Sin embargo, la contribuición de la psicopedagogía con respecto al autismo es sumamente relevante para el éxito de los niños com autismo, brindando oportunidades para el desarrollo cognitivo, afectivo, biológico y social, a través del trabajo efectivo. Para ello, el artículo trae em su abordaje la breve historia del autismo, de las características y nota de los tipos de transtornos de aprendizaje, también habla del vínculo afectivo-social, de la psicomotricidade, cusecuentemente de la evaluación y la intervención psicopedagógica.y tratamento del trastorno del espectro autista.
Palabras clave: Educación. Autismo. Aprendizaje.
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como objetivo investigar o autismo, tendo em vista conhecer as suas principais características e saber como o mesmo se desenvolve mediante a intervenção psicopedagógica. Levando em consideração a princípio, em saber como as pessoas com necessidades educacionais especiais se comportam e interagem no aspecto cognitivo, biológico, afetivo, físico no meio educacional, social e na sua trajetória de ensino/aprendizagem.
Na elaboração do artigo pretende-se abordar o autismo e a contribuição psicopedagógica, trazendo em primeira instância a definição, características do mesmo. Esse artigo destaca-se ainda, a tritonicidade, por meio da incidência do tipo de autismo, com a finalidade de demonstrar a possibilidade de tratamento e intervenção psicopedagógica. Nesse sentido, primeiramente abordaremos sobre o breve histórico do autismo; classificações dos tipos e níveis do mesmo; a psicomotricidade e ludicidade; o processo de aprendizagem do espectro autista; o clima sócio afetivo do espectro autista; a contribuição psicopedagógica e o tratamento.
Como procedimentos metodológicos utilizaremos a pesquisa bibliográfica descritiva por meio de livros, sites, blogs, revistas eletrônicas, numa abordagem qualitativa, buscando obter informações que giram em torno do tema, ou seja, sobre as verdadeiras motivações do autismo, tendo em vista o aspecto comportamental dos indivíduos com transtorno global do desenvolvimento, que culminará na intervenção psicopedagógica.
Portanto, este artigo traz uma grande importância para a educação, uma vez que nessa área busca-se muitas indagações sobre como lidar com esses seres cognoscentes, isto é, os indivíduos com transtorno global do desenvolvimento. Dessa forma este trabalho irá contribuir para os familiares, acadêmicos e os demais envolvidos nesse processo de ensino aprendizagem de maneira qualitativa para subsidiar os anseios do público alvo.
1 BREVE HISTÓRICO DO AUTISMO
Por muito tempo o autismo era pouco falado e até mesmo desconhecido ,confundido com outros problemas de saúde por ter outras comorbidades ao mesmo tempo, por vários períodos foram realizadas pesquisas para possível entendimento sobre o assunto. Pois esse transtorno desencadeia alguns modos comportamentais como, irritabilidade, impulsividade entre outras manias. Nesse sentido, a denominação do autismo toma uma proporção maior por Cunha de forma relevante, Pois segundo ele,
O transtorno do espectro autista manifesta -se nos primeiros anos de vida de vida, causas ainda desconhecidas, mas com grande contribuição de fatores genéticos. Trata-se de uma síndrome tão complexa que pode haver diagnóstico médicos abarcando quadros comportamentais diferentes.
Têm em seus sintomas incertezas que muitas vezes, um diagnóstico precoce. (CUNHA.2014.p 19).
Segundo Santos e Vieira (2017) “o transtorno do Espectro do Autismo ( TEA) é denominado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), como transtorno do neurodesenvolvimento”. Depois de mais algumas pesquisas, foi denominado de transtorno do espectro autista(TEA) . Esse tipo de transtorno afeta a vida afetivo social, educacional, familiar, impedindo assim que o indivíduo possa interagir em sua totalidade.
Pois de acordo com APA (2013) apud ZANON et al (2014) que diz:
[…] as manifestações comportamentais que define o TEA incluem comportamentos qualitativos no desenvolvimento sócio- comunicativo, bem como a presença de comportamentos estereotipados e de um repertório restritos de interesses e atividades, sendo que os sintomas nessas áreas, quando tomadas conjuntamente, devem limitar ou dificultar o funcionamento diário do indivíduo”(APA, 2013 apud ZANON et al, 2014, p. 125).
A partir dessas investigações sobre o autismo com muitos esforços e pesquisas busca-se descobrir como este se caracteriza, quais causas comportamentais, como surgiu a aversão a afetividade, ou seja, uma reclusão de algo que é intrínseco ao ser humano como a interação social, afetos, a sua etiologia, causas e meios para entender o comportamento das pessoas com essas deficiências, uma vez que são inúmeras as nomenclaturas e tipos de autismo com várias mudanças implementadas.
Nesse aspecto, de acordo com o (DSM-IV-TR 2002):
“Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) representam uma categoria na qual estão agrupados transtornos que se manifestam antes dos três anos de idade. E são caracterizados por alterações em três áreas: socialização (relação e interação sociais), comunicação (linguagem verbal e não verbal) e comportamento ( padrões de atividades e interesses restritos, estereotipados e repetitivos). Os prejuízos qualitativos representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo”.(PORTAL EDUCAÇÃO, 2015).
O autismo é uma limitação na comunicação, linguagem, na parte psíquica ,na motricidade, interação social, como também , impedimento do indivíduo. Sendo afetado na totalidade do seu desempenho por trazer várias outras comorbidades. No entanto, a pessoa autista precisa de cuidados individuais para o seu desenvolvimento, uma vez que possui necessidades educacionais especiais. Neste sentido vale ressaltar o que diz Ziraldo 2013:
[…]o autista nasce com um transtorno neurobiológico ou seja, uma alteração no desenvolvimento que faz com que ele tenha dificuldades no relacionamento com as pessoas e com o ambiente onde vive, ele precisa assim de ajuda para se desenvolver e superar suas limitações”(ZIRALDO,2013 p.6).
2 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE AUTISMO
O autismo classifica-se em alguns tipos e níveis, dependendo desses transtornos, podem afetar o indivíduo como um todo ou de forma parcial no que se refere a déficit intelectuais. Dessa forma, de acordo com Cunha existe vários tipos de autismo [..]classificam-se em leve, moderado e severo, assim não se pode homogeneizar o sujeito com autismo, considerando que são sujeitos diversos com níveis de intelectualidades diferentes, é viável o conhecimento mais sucintos das características desse transtorno[… ] Cunha.2014.p.23.
Há alguns tipos de autismo mais utilizados. Conforme informações o,
[…]Autismo clássico o grau de comportamento pode variar de mente, mas de maneira geral, os portadores são voltados para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar mas não usam a fala como ferramenta de comunicação. Embora possa entender enunciados simples, têm dificuldades de compreensão e aprendem apenas o sentido literal das palavras. (A CIÊNCIA EXPLICA, 2007)
Existe ainda outro tipo segundo o autor que é considerado como […]Autismo de alto desempenho antes chamado de síndrome de asperge os portadores apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes, podendo ser confundido com gênios ou portadores de altas habilidades , porque são inabaláveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. Quanto maior a dificuldade DE intervenção social, mais eles conseguem levar próximo ao normal. Pois de acordo com a (A CIÊNCIA EXPLICA, 2007):
[…]Distúrbios global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD) – SOE normal portadores são considerados dentro do espectro do autismo, dificuldade de comunicação e de interação – social; mas os sintomas não são o suficiente para incluí-los em nem uma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
Além dos tipos, o autismo está classificado em alguns níveis como veremos a seguir.
2.1 Níveis do autismo
Os níveis de autismo estão classificados em leve, moderado e severo.
Dependendo do nível a interação social pode se desenvolver em determinada área específica do conhecimento. Todo indivíduo independente de ser deficiente mental ou não tem sua potencialidade, para tanto, deve-se atribuir tarefas para que eles venham auto-progredir e desenvolver sua personalidade no seu cotidiano.
Todo ser humano, enquanto vivo, tem potencialidade de desenvolvimento de sua personalidade, também o deficiente mental severo profundo, o dependente, de qualquer faixa etária. E para todos vale a lei fundamental: ‘’Não há desenvolvimento humano senão pela auto atividade do próprio sujeito.”– Sempre a crescimento, quando se exerce a Auto atividade adequada para isso. (FEDERAÇÃO NACIONAL DAS APAES 2002, pág. 136).
Portanto existe distinção entre o autismo, alguns casos em que o sujeito pode até levar sua vida mais próxima do normal possível como em desempenhar tarefas simples a mais complexas. Contudo existem distinção entre eles com suas peculiaridades individuais no modo de ser, e de agir, de sentir e de perceber o que está ao seu redor podendo assim interagir com outro indivíduo, galgando sua potencialidade com sucesso.
3 PSICOMOTRICIDADE E LUDICIDADE
Vale ressaltar que a psicomotricidade é importante na educação dos autista e juntamente a esta é muito valioso a colocação do lúdico, sendo que este trabalha a tonicidade, noção de lateralidade, sentimentos, respeito, cooperativada, ordem, a coordenação motora fina e grossa. Sendo essas funções estimulantes para suas faculdades e corpo como um todo. Para tanto pode-se mencionar que a psicomotricidade é ferramenta eficaz no desenvolvimento dos autistas. Nesse sentido de acordo com Gonçalves:
A proposta da psicomotricidade para este sujeito é de contribuir, na medida do possível, para o processo de significação desse corpo fragmentado, assim esta criança terá uma possibilidade maior de sentir e vivenciar seu corpo, a proposta dessa intervenção é oferecer à criança autista o prazer de vivenciar suas experiências, por meio de seu corpo, várias relações que esta desenvolverá” Gonçalves, (2011, p. 84).
A psicomotricidade promove interação social, habilidade no corpo, na mente, na parte biológica, no comportamento, estimula a linguagem verbal e não verbal, desenvolve a disciplina, interação sócio- afetiva, a coordenação motora , raciocínio lógico, regras de convivência, concentração, competitividade, respeito, atenção, memorização, desenvolve a lateralidade, a motricidade, noção de tempo. Nesse aspecto como cita Gonçalves 2011:
[…]o corpo como porta de entrada e saída da aprendizagem expõe toda a transcendência de sua experiência concreta ou sensorial, no contexto abstrato ou perceptivo, em fim para o representativo ou simbólico, melhorando a qualidade de vida, no entanto lustra a importância que o movimento e a postura tem no processo contínuo de percepção do mundo exterior na introdução do conhecimento ( GONÇALVES 2011,p.131).
Sendo assim é indispensável a psicomotricidade e a ludicidade na vida acadêmica dos autistas, para que esse sujeito se desempenhe de forma mais rápida. O lúdico promove sensação de bem-estar, descontração, além de fazer com que o indivíduo tenha interação social. Por meio da ludicidade esse indivíduo poderá desenvolver habilidades na parte cognitiva, biológica, socio-afetiva, além do desenvolvimento motor. Nesse sentido, segundo Ribeiro:
O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de expressão e criação. Por meio dessa ferramenta, a criança aprende de uma forma menos rígida, mais tranquila e prazerosa, possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do desenvolvimento. Cabe assim, uma estimulação por parte do adulto/professor para a criação de ambiente que favoreça a propagação do desenvolvimento infantil, por intermédio da ludicidade (RIBEIRO 2013 , p.1).
Para se trabalhar o lúdico pode-se usar alguns materiais como quebra cabeça, músicas, histórias em quadrinhos, caça- palavras, ditado mudo, caixa lúdica, jogo da memória, materiais ilustrados, outros concretos como caixa de areia, jogo da pesca, dos pares. Pois os jogos despertam sentimentos de competitividade. Além do uso de outros recursos pertinentes no desenvolvimento desse público alvo. Nesse aspecto, de acordo com Mafra:
“Os jogos e brincadeiras são instrumentos metodológicos através dos quais os educadores podem estimular na criança o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, moral, linguístico e físico-motor; como também propiciar aprendizagens curriculares específicas” ( MAFRA 2008 , p. 16).
Nesse sentido em consonância com Mafra, Soares diz que:
“O ato do brincar traz muitos benefícios para quem participa dessa atividade, pois, contribui para o desenvolvimento físico, social, intelectual, respeito ao outro, a criança supera os desafios através da brincadeira ou jogo, além disso, os educando aprendem a serem cooperativos, aprendem regras, a lidar com seus limites, enfim, não é somente uma atividade que proporciona alegria, prazer, divertimento, direta ou indiretamente está trabalhando na formação do sujeito, para que ele aprenda a conviver com os outros, a respeitar, a aceitar as pessoas que são diferentes, independente que tenham ou não alguma deficiência” ( SOARES 2010, p. 12).
Portanto, o lúdico propicia na vida das pessoas o desenvolvimento social, físico e mental por meio de sentimentos como, descontração, prazer, ânimo, o bem-estar, auto estima, regras de socialização, desenvolve a oralidade, o lado motor, entre outros.
Desse modo, a criança irá desenvolver também sua criatividade, capacidade de atenção, concentração, raciocínio lógico, memorização e outras habilidades necessárias ao ser humano.
4 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ESPECTRO AUTISTA
A escola como espaço de construção do saber tem também a responsabilidade de acolher os alunos com dificuldade de aprendizagem, haja vista desempenhar um trabalho eficiente e eficaz, para tentar solucionar os problemas encontrados. Assim como no “seio familiar”, o sujeito cognoscente deve se sentir bem recebido, de modo que este sinta o prazer em se desenvolver de maneira integral. Nesse sentido de acordo com Feltrin (2004):
“As escolas têm a obrigação de receber o aluno com NEE, Existem tentativas para providenciar atividades e atendimento aqueles que não conseguem acompanhar o desenvolvimento normal” da classe. Talvez as crianças não consigam aprender porque não são bem ensinadas e no ensino por certo, o professor tem papel preponderante[..] (FELTRIN 2004, Pg. 86).
Nesse processo de aprendizagem o professor como agente do saber é aquele que conduzirá o aluno a ter um novo olhar para aprendizagem significativa. Para tanto, todo professor, somente os que se dedicam a trabalhar com alunos com dificuldades de aprendizagem e transtornos globais do conhecimento, deveria se qualificar, fazendo formação continuada para melhorar esse déficit na aprendizagem.
Desse modo, conforme Feltrin (2004):
O professor dá aula é considerado o recurso principal para o ensino de alunos que apresentam algum problema de aprendizagem. isso pressupõe um esforço permanente para melhorar a sua competência profissional e desenvolver as suas habilidades didáticas. Esse reconhecimento da importância da formação do professor completa se com uma maior reflexão sobre como pode ser enriquecido o currículo, como adaptar o ensino à diversidade dos alunos e como favorecer a aprendizagem cooperativa. (FELTRIN 2004 Pg.87).
Todo processo de aprendizagem deve ser gradativo, à medida que seja proporcionado estímulos para que o aluno se sinta encorajado e tenha mais desempenho nas atividades escolares. Sendo que esse aluno deve se sentir incluído nessas tarefas. Para isso, todo ambiente educacional deve ter profissionais especializados para desenvolver uma educação de qualidade dessas pessoas que necessitam de atendimento diferenciado. Nesse aspecto, como cita Feltrin (2004):
A aprendizagem deve ser um processo contínuo que vai proporcionando um acúmulo de informações influenciado pela estimulação, pelo treino e pela otimização das funções psico-neurológicas e orgânicas. O processo suporte que o aluno esteja atento aos estímulos e que esteja em condições de selecionar os mais úteis e importantes para o seu momento. A atenção, assim, torna-se condição básica para aprendizagem. Feltrin (2004, Pg.101).
É importante frisar que o professor ainda que tente resolver as situações problemas no que tange ensino/aprendizagem, é mal recompensado e sobretudo, se no meio dessa situação em uma sala de aula tiver alunos especiais, torna-se mais difícil dar conta de todos esses impasses. Além de outras situações adversas como falta de recursos, de formação continuada e suporte de um orientador pedagógico. Diante disso, segundo Feltrin (2004):
“Na escola, o educador enfrenta o sistema, enfrenta aluno, enfrenta a instituição, enfrenta a sociedade: conspiram contra ele as dificuldades econômicas, a falta de recursos e de equipamentos didáticos, a má vontade e a falta de estímulo do sistema e das autoridades, os alunos negligentes, arrogantes e desinteressados, a incompreensão de diretores e dos próprios pais, a morosidade e a longa espera pela colheita […]” (FELTRIN 2004, p. 20).
Levando em consideração o aspecto da aprendizagem, para o autista a capacidade de ler e escrever, depende do seu nível de deficiência, contudo isso pode ser algo desafiador. No entanto, se tiverem um aprendizado adequado a suas potencialidades, conseguem desenvolver habilidades para resolver situações problema, constituindo assim o desenvolvimento de sua autonomia. Dessa forma, de acordo com Mantoan:
De fato, ler e escrever só constituem instrumentos pelos quais o sujeito é capaz de conquistar sua autonomia, quando não se resumem Exclusivamente em decifrar signos, montar palavras escritas. Mantoan (1992 , P.42).
Portanto o processo de aprendizagem do espectro autista dependendo do seu nível de transtorno é demorado, porém, se houver comprometimento por parte da família, da escola no que tange o acolhimento, a estrutura física e pedagógica adequada e dos profissionais responsáveis, haverá um bom desempenho desse sujeito aprendente. Sendo que o autista precisa de bastante estímulo e atratividade para o seu desenvolvimento.
5 O CLIMA SÓCIO-AFETIVO DO ESPECTRO AUTISTA
O desenvolvimento da personalidade do indivíduo, reflete no seu modo de convivência no seio familiar, na escola e também na vida social, que pode trazer consequências boas ou ruins dependendo da interação desse sujeito cognoscente, que por sua vez necessita de um olhar diferenciado. Pois é mais necessário e vantajoso trabalhar com esse indivíduo a partir da infância, visto que o autismo é detectado nos primeiros anos de vida, havendo assim maior rapidez no tratamento. Dessa forma conforme Mantoan:
“O deficiente mental reflete o modo pelo qual sua família e colaterais o concebem como pessoa. Sua conduta denuncia os sentimentos que estão por trás de certas atitudes, na maioria das vezes inconscientemente, daqueles com os quais convive mais diretamente em seu meio de origem”. Mantoan (1992, Pág. 120).
O autista com retardo mental poderá ter a capacidade de resolver problemas que lhe forem atribuídos na vida social, se tiver a colaboração da família e escola, e demais envolvidos nesse processo de desenvolvimento para que ele possa desempenhar suas habilidades. Contudo, por meio das ferramentas que estimulam a aprendizagem, bem como o auxílio de tecnologias que podem contribuir com o desenvolvimento motor, cognitivo, físico, emocional. Dessa forma segundo Mantoan (1992):
“Ora, a garantia dessa possibilidade de construção está em se outorgar ao aluno deficiente mental o direito de exercer sua liberdade e autodeterminação, poder de decisão e crítica, facultando-lhe a iniciativa própria na resolução de conflitos de natureza intelectual e moral. Essa outorga, contudo, não deverá ocultar as limitações de sua condição excepcional, e este conta com a colaboração da família e da sociedade para que se entenda a outros ambientes o mesmo clima de confiabilidade através do qual poderá desenvolver autoconfiança e afirmação”. Mantoan (Pág,94).
Nesse aspecto, para que o indivíduo possa ter essa progressão na vida social é preciso aprender a trabalhar em grupo. A atividade em grupo é fundamental para que o sujeito venha saber se relacionar, valorizar o outro, desenvolver um espírito de cooperação, competitividade e reciprocidade. Contudo, saber que nem toda atividade se realiza individualmente, mas sim em conjunto. A troca de ideias produz experiência e consequentemente gerar mais conhecimentos. Nesse sentido, conforme Mantoan:
“A vida em grupo introduz o ponto de vista do outro, provocando o intercâmbio de ideias, o choque de opiniões. Nela é que se confrontam as proposições e que se estabelece a verdade ou falsidade das mesmas.
Quando o sujeito se contradiz, o grupo se encarrega de mostrar-lhe isso.” Mantoan 1992 (Pág 135).
Por isso, vale mencionar que o autista pode ter uma vida social normal, dependendo do seu nível de transtorno, por isso que se deve procurar recursos pedagógicos para que essa deficiência seja amenizada o quanto antes. Por conseguinte, a ajuda dos profissionais capacitados como fonoaudiólogo, neuropsiquiatria, psicopedagogo, psicólogo entre outros. Para então dar início uma vida mais próxima do normal possível.
5.1 Desafios da inclusão de criança autista na educação
Na educação de crianças autistas, o professor deve estar capacitado e buscando novas pesquisas para subsidiar o aluno com essa deficiência, sondar possíveis sinais e consequentemente encaminhar o aluno com dificuldades de aprendizagem para o psicopedagogo, sendo que este irá levantar algumas hipóteses e posteriormente encaminhar a outro profissional competente, dependendo do problema que a criança venha apresentar.
Criança vista com estas dificuldades ou limitações precisam de atendimento, acompanhamento educacional e comprometimento profissional, pois de acordo com Magalhães os profissionais precisam de capacitação de outros profissionais, para que estes alcancem sucesso, com o objetivo de fazer com que esse sujeito aprenda e se sinta incluído. Para tanto é necessário materiais de apoio para alavancar seus conhecimentos de forma significativa. Desse modo, segundo Magalhães, […]Devemos considerar a educação especial como prática social historicamente produzida e não simplesmente, como uma especialização para alguns profissionais da área da educação e saúde”. Magalhães ( 2011, p.14).
Por conseguinte, o psicopedagogo tem um papel preponderante no que se refere ao desenvolvimento de crianças com dificuldades de aprendizagem e transtorno global do conhecimento. Esse atua de maneira significativa na vida desses indivíduos, com o intuito de facilitar e subsidiar no conhecimento formal e informal, juntamente com uma equipe multidisciplinar, diante das dificuldades inerentes a esses indivíduos.
6 CONTRIBUIÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
A psicopedagogia contribui na compreensão, relação interpessoal, sócio afetiva, assimilação e orientação comportamental, no intelecto, na auto estima, possibilitando aos pacientes um novo padrão de se relacionar com o mundo e até mesmo a quebra de paradigmas. Sendo assim, o psicopedagogo vem como subsídio para minimizar essas dificuldades no contexto educacional, uma vez que a psicopedagogia de acordo com Santo (2010), vem trazendo:
[…]Atividades e treinamentos para indivíduos com problemas de aprendizagem e comportamento baseado, em teorias comportamentais, como sugere a psicologia educacional nem define métodos, técnicas e estratégias de ensino como propõe a pedagogia mas cabe-nos ocupar um lugar que está na inter-relação do ensino e aprendizagem (Santos 2010, p.1).
Nesse sentido, o psicopedagogo pode tratar com o indivíduo de acordo a sua necessidade por meio da terapia tanto clínico como institucional, para minimizar suas dificuldades comportamentais ou educacionais, ou seja, a psicopedagogia trata o ser aprendente como um todo. Por intermédio do psicopedagogo institucional ou clínico e acordo com Cortez 2012 , segue as etapas do processo de intervenção psicopedagógica.
Na primeira etapa:
[…] Uma assessoria psicopedagógica e as intervenções geralmente acontecem diretamente junto ao grupo docentes que buscam metodologias diferenciadas de trabalho, visando melhor o aproveitamento escolar por parte do aluno. Também junto aos pais, ou seja, familiares de alunos que apresentem dificuldade de aprendizagem. (CORTEZ 2012, p. 3816).
Na segunda etapa:
[…] Neste caso, o psicopedagogo passa a realizar um trabalho em conjunto com outros com outros profissionais contribuindo em diversos aspectos como metodologia, ,avaliação, relacionamentos entre outros, o psicopedagogo pode também atuar junto aos pais na busca de melhoria nas relações entre pais e filhos frente aos desafios de um mundo em constante mudanças. (CORTEZ 2012, p. 3816)
E por última, a terceira etapa:
[…]Diretamente com seus alunos em sala de aula, o que favorece o relacionamento de proximidade, de confiança propiciando um melhor conhecimento das possíveis dificuldades de aprendizagem dos alunos e intervindo no sentido de prevenir ou minimizar possíveis dificuldades de aprendizagem (CORTEZ 2012, p .3816).
Diante dessa afirmativa de Cortez, faz se necessário o trabalho psicopedagógico na aprendizagem do autista uma vez que este apresenta algumas dificuldades comportamentais, cognitiva e educacionais como, estereotipia, irritabilidade, inquietação, agressividade, impulsividade, falta de interação social e atenção, indisciplina, baixo auto estima, dificuldade na linguagem escrita e verbal, de interpretar, discernir entre outros.
O desenvolvimento intelectual do indivíduo pode resultar de um trabalho de longa duração, principalmente se este tiver algum bloqueio, porém é necessário muitas indagações para que se obtenha trabalho de qualidade e um retorno eficaz.
Nesse sentido, conforme Mantoan: “A inteligência se estrutura em função desse movimento ascendente, resultante de coordenações mentais cada vez mais complexas. […]” Mantoan (1992, pág. 119).
Portanto, o desenvolvimento do sujeito aprendente se constitui a partir da utilização de métodos e técnicas usadas pelos profissionais competentes. Esse desenvolvimento pode também acontecer a partir da ludicidade que o psicopedagogo e os demais envolvidos nesse processo possam estar aplicando, com os jogos de memória, da pesca, didáticos, ditado mudo, quebra-cabeça, caça- palavras, caixa lúdica, músicas, conto e reconto de histórias e outros recursos que possam desenvolver as habilidades desse sujeito cognoscente.
7 O TRATAMENTO
Na atualidade o diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica podendo ser mais rápido possível para desenvolvimento das pessoas com autismo. Sabendo que o mesmo prejudica a comunicação, adaptação, comportamento e outros problemas associados ao (TEA). No entanto, deve-se fazer o acompanhamento médico encaminhando esse sujeito ao especialista, para assim intervir com o tratamento eficaz na comunicação, na parte motriz e comportamental fazendo se necessário a terapia, medicação, acompanhamento psicopedagógico para tratar os distúrbios do sono, dificuldade de alimentação, sintomas gastrointestinais, convulsões e déficit atenção/hiperatividade.
Além disso, existem outros fatores que auxiliam no tratamento do transtorno do espectro autista como:
• controle da raiva: práticas na concentração usando mecanismos de enfrentamentos na prevenção de fatores e minimizar explosões emocionais.
• processamento sensorial: sendo a forma como o sistema nervoso recebe mensagem dos sentidos e transforma para resposta motoras e comportamentais.
• terapia assistida por animais e através de animais para melhoria do bem estar físico, emocional e social dos seres humanos.
• teleprática: manuseio de internet de alta velocidade, webcams, skype e outras tecnologias de comunicação de psicoterapia a distância.
• medicamentoso para tratar os transtornos globais do autismo (como estereotipias, agressividade e irritabilidade).
• Antipsicótico: para o melhoramento dos sintomas dos transtornos mentais, como a risperidona clozapina utilizando-se do cid 10. Com base nisso cabe informar que,
Um número cada vez maior de profissionais tem defendido que a forma mais adequada de se estabelecer o diagnóstico é de modo interdisciplinar, incluindo pelo menos um neuropediatra e um psicólogo com especialização em distúrbios do desenvolvimento. Esses profissionais têm a oportunidade de analisar cada caso conjuntamente, identificando as várias nuanças do quadro clínico da criança e oferecendo à família informações detalhadas não apenas acerca do diagnóstico, mas também do perfil médico, cognitivo e adaptativo da criança. Além disso, esses profissionais devem orientar a família acerca das possibilidades de tratamentos e intervenções e encaminhá-la aos serviços e apoios necessários. (SCIELO BRASIL, 2009)
Portanto, sabemos que todo ser humano apesar de suas limitações é capaz de realizar determinadas funções ou tarefas que lhe forem atribuídas. Por isso, sabendo que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta diretamente a capacidade de interação social, dificultando a comunicação, o lado afetivo do indivíduo, se faz necessário o tratamento tanto medicamentoso ou por meio de terapias e o uso de animais para que haja uma inserção desse sujeito cognoscente no meio social.
8 CONCLUSÃO
Mediante o exposto, quando se fala de pessoas com autismo é bastante abrangente, sendo que este transtorno interfere diretamente na vida educacional, social e afetiva e profissional do sujeito aprendente. Para isso, se faz necessário a intervenção psicopedagógica, uma vez que o profissional desta área atua na parte afetiva, cognitiva, física, social e biológica do sujeito cognoscente a fim de amenizar essas dificuldades de aprendizagem.
Diante disso, é necessário um novo olhar sobre o sujeito com autismo, entretanto cabe ao psicopedagogo a utilização de recursos muito eficientes como os jogos, as Tcs, a ludicidade, a música, a interação social das crianças por meio de brincadeiras de roda, esportes entre outros, para a realização do diagnóstico e intervenção, com vistas à superação das dificuldades de aprendizagem para despertar e estimular o desejo de aprender.
Portanto, é possível o estabelecimento de vínculo afetivo e social diante deste distúrbio, o desenvolvimento na área educacional através da intervenção psicopedagógica, o tratamento medicamentoso e terapêutico por meio de outros profissionais que vem subsidiar, contribuir e aprimorar no desempenho desses clientes com transtornos globais do desenvolvimento com o intuito de minimizar as dificuldades de aprendizagem.
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¹ Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Uva. Graduada em Letras-Espanhol pela UEMA. Pós graduada em Docência do Ensino Superior Pelo CAPEM e pós graduada em Psicopedagogia pelo CAPEM. E-mail: marisejp007@hotmail.com/ marijosejp33@gmail.com
² Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Uva. Pós graduada em Educação Inclusiva Pelo CAPEM e pós graduada em Psicopedagogia pelo CAPEM.