O AUMENTO DO USO DE ANSIOLÍTICO E ANTIDEPRESSIVO EM ADOLESCENTE PÓS PERIODO PANDÊMICO

INCREASED USE OF ANXIOLYTICS AND ANTIDEPRESSANTS IN ADOLESCENTS AFTER THE PANDEMIC PERIOD

MAYOR USO DE ANSIOLÍTICOS Y ANTIDEPRESIVOS EN ADOLESCENTES TRAS EL PERÍODO DE PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11477030


Ana Júlia Andrade Batista Filha1; Jonathan Dias Dantas Miquelin2; Leandro Henrique de Asevedo3; Marcos Henrique Martins Jesus Oliveira4; Thales Mateus Crisóstomo5


RESUMO

Os impactos psicossociais e emocionais decorrentes da pandemia do COVID-19 têm sido significativos, especialmente em adolescentes, jovens e pessoas com transtornos mentais. O isolamento social, a privação repentina de liberdade e a incerteza quanto ao futuro pós-pandemia são alguns dos fatores que têm potencializado o agravamento de danos psicológicos à sociedade adolescentes. Alguns dos sintomas psicológicos mais comuns incluem irritabilidade, baixa concentração, insônia, estresse pós-traumático e ideação suicida. O uso de antidepressivos e ansiolíticos tem sido comum pós-período pandêmico, especialmente em pessoas com transtornos mentais prévios. Além disso, a ação direta do vírus da Covid-19 no sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infecção ou à morte de pessoas próximas, o estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento social ou pelas consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações afetivas e a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso são algumas das causas do aumento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais durante a pandemia em adolescente. Foi realizada uma revisão de literatura. Onde foram examinados apenas estudos gratuitos entre 2019 e 2023, diante disso sucederam as análises dos títulos, revisões dos resumos, verificação da disponibilidade do texto completo e uma leitura.

Palavras-chave: Pandemia; Adolescentes; Antidepressivos; Ansiolítico; Psicológico. 

ABSTRACT

The psychosocial and emotional impacts resulting from the COVID-19 pandemic have been significant, especially on adolescents, young people and people with mental disorders. Social isolation, sudden deprivation of freedom and uncertainty about the post-pandemic future are some of the factors that have increased the worsening of psychological damage to adolescent society. Some of the most common psychological symptoms include irritability, poor concentration, insomnia, post-traumatic stress, and suicidal ideation. The use of antidepressants and anxiolytics has been common post-pandemic, especially in people with previous mental disorders. Furthermore, the direct action of the Covid-19 virus on the central nervous system, traumatic experiences associated with the infection or death of people close to us, stress induced by changes in routine due to social distancing measures or economic consequences, in routine work or emotional relationships and the interruption of treatment due to access difficulties are some of the causes of the increase in psychological symptoms and mental disorders during the pandemic in adolescents. A literature review was carried out. Where only free studies were examined between 2019 and 2023, titles were analyzed, abstracts were reviewed, verification of the availability of the full text and a reading.

Keywords: Pandemic; Teenagers; Antidepressants; Anxiolytic; Psychological.

Resumen

Los impactos psicosociales y emocionales resultantes de la pandemia de COVID-19 han sido significativos, especialmente en adolescentes, jóvenes y personas con trastornos mentales. El aislamiento social, la privación repentina de libertad y la incertidumbre sobre el futuro pospandemia son algunos de los factores que han incrementado el agravamiento del daño psicológico a la sociedad adolescente. Algunos de los síntomas psicológicos más comunes incluyen irritabilidad, falta de concentración, insomnio, estrés postraumático e ideas suicidas. El uso de antidepresivos y ansiolíticos ha sido común pospandemia, especialmente en personas con trastornos mentales previos. Además, la acción directa del virus Covid-19 sobre el sistema nervioso central, las experiencias traumáticas asociadas a la infección o muerte de personas cercanas a nosotros, el estrés inducido por cambios de rutina debido a medidas de distanciamiento social o consecuencias económicas, en el trabajo rutinario o Las relaciones afectivas y la interrupción del tratamiento por dificultades de acceso son algunas de las causas del aumento de síntomas psicológicos y trastornos mentales durante la pandemia en los adolescentes. Se realizó una revisión de la literatura. Donde solo se examinaron estudios libres entre 2019 y 2023, se analizaron títulos, se revisaron resúmenes, se verificó la disponibilidad del texto completo y una lectura.

Palabras clave:  Pandemia; Adolescentes; Antidepresivos; ansiolítico; Psicológico.

1. Introdução

    Ao decorrer dos anos, a humanidade tem enfrentado diversas enfermidades, abrangendo não apenas aspectos físicos e fisiológicos, mas também desafios de ordem mental. Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, emergiram como significativos desafios de saúde pública global (Lopes et al., 2022). 

    O advento do Novo Coronavírus (Sars-Cov-2) ao final de 2019 e início de 2020 trouxe consigo uma mudança radical e necessária na rotina da sociedade, impondo o isolamento social como uma das principais medidas de prevenção à contaminação (Cunha et al., 2021).

    Esse distanciamento resultou na depressão e ansiedade, segundo a Organização de Saúde (OMS) é descrito como um distúrbio mental que se manifesta não apenas através de sentimentos persistentes de tristeza, mas também apresenta sintomas como irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades diárias, desatenção, comprometimento da memória, baixa autoestima, e alterações no sono e apetite, entre outros 17 sintomas listados. Esta condição pode ter origens diversas, incluindo fatores genéticos, ambientais e psicossociais. Procurar ajuda profissional é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado, que pode envolver terapia, medicamentos, ou uma combinação de ambos, dependendo da gravidade e das características individuais (Crus et al., 2021).

    A ansiedade, caracterizada pela presença desagradável de medo e manifestada em alterações comportamentais, afetivas, fisiológicas e neurológicas, é considerada um sentimento comum a todos os indivíduos. No entanto, o transtorno de ansiedade generalizada, marcado por ansiedade exagerada, pode associar-se à depressão, apresentando sintomatologia silenciosa e complexa, afetando áreas como questões familiares, trabalho e relações interpessoais (Faro et al., 2020).

    O medo generalizado de contaminação, gerando pânico e contribuindo para o aumento frequente de problemas de saúde mental. A preocupação e angústia de contrair a infecção durante a pandemia aumentaram os níveis de estresse e ansiedade em pessoas saudáveis, enquanto exacerbaram os sintomas em indivíduos com transtornos mentais preexistentes. O isolamento social levou ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade, muitas vezes decorrentes de quadros de estresse pós-traumático e luto (Rego e Maia 2021).

    Em períodos excepcionais, como o experimentado durante a pandemia de COVID-19, as pessoas podem sentido uma deterioração na saúde mental, resultando em sintomas de doenças como a depressão. Essa situação é agravada em adolescentes devido ao fechamento de escolas, limitação do contato social e restrição de atividades fora de casa. A privação repentina de liberdade e a incerteza quanto ao futuro pós-pandemia, potencializou o aumento de danos psicológicos à sociedade em geral (Lima et al., 2020).

    Diante desse cenário, o uso de fármacos tornou-se uma abordagem principal para o tratamento de distúrbios psiquiátricos, frequentemente associado a outras formas de terapia, como psicoterapia ou terapia comportamental, sendo os inibidores da recaptação de serotonina no tratamento de condições como a depressão, especialmente em adolescentes (Rego; Maia, 2021).

    Frente ao exposto, este estudo teve como propósito examinar o provável crescimento do uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos após a pandemia de covid-19, destacar as peculiaridades de cada condição, é notável que a pandemia aumentou a procura por antidepressivos e ansiolíticos entre adolecentes. entender sobre ansiedade e depressão, sua possível ligação com a adolescência, investigar o aumento na utilização de medicamentos psicotrópicos antes e depois da pandemia e apontar os fatores que contribuíram para o uso desses fármacos, analisar os efeitos colaterais dos remédios, as consequências de não respeitar a dosagem indicada e quais são as expectativas para quem utiliza o medicamento de forma adequada.

    2. Metodologia

    O estudo foi realizado por meio de ampla revisão de literatura, reunindo artigos científicos disponível em diversas bases de dados como PubMed, Scielo, Periódica e LILACS. Os termos de pesquisa utilizados incluiram “aumento do uso de ansiolíticos e antidepressivos entre adolescentes após o período pandêmico”, “automedicação, pós-período pandêmico COVID 19 com medicação psicotrópica entre jovens”, “medicação ansiolítica antidepressiva”. Para seleção, os títulos e resumos dos estudos identificados foram primeiramente examinados para identificar aqueles que atendem aos critérios de inclusão pré-definidos. Posteriormente, os artigos selecionados serão submetidos a uma leitura completa e aprofundada para extrair informações crucias para o desenvolvimento dos trabalhos publicados entre 2019 e 2023. Foram considerados trabalhos, científicos e publicações relacionadas ao tema, que pudessem orientar este estudo.

    Os títulos e resumos dos trabalhos foram avaliados de acordo com os seguintes critérios de inclusão para determinar a relevância do tema: trabalhos publicados nos últimos 05 anos, língua portuguesa, relevância temática sendo utilizados os descritivos: Período pós-pandemia, depressão, ansiedade, transtornos mentais e uso de ansiolíticos e antidepressivos. Já os critérios de exclusão foram artigos que não estavam em português, e que não estavam disponíveis na íntegra, trabalhos produzidos antes de 2019, pouca relevância com a pesquisa selecionada com base na leitura dos resumos e introduções, e trabalhos sem referências relevantes para o estudo.

    Os dados foram coletados por meio de uma pesquisa de revisão bibliográfica, onde foram selecionadas as dissertações pertinentes e focadas no aumento do uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos por adolescentes após a pandemia.

    3. Resultado e Discussão

    3.1 Covid 19 e os reflexos do isolamento social nos adolescentes

    A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, sendo potencialmente grave, altamente transmissível e com alcance global”. O primeiro caso da doença foi identificado em dezembro de 2019, na China, espalhando-se rapidamente por diversas regiões do mundo, levando à sua classificação como pandemia pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020. Por ser uma síndrome viral sujeita a mutações e representar uma preocupação internacional, especialmente no início da pandemia, quando havia escassez de medicamentos específicos para seu tratamento, medidas urgentes foram adotadas para conter sua propagação (Nascimento; Duarte 2022).

    O isolamento social evidenciou um aumento significativo dos impactos psicossociais e emocionais durante esse período, incluindo irritabilidade, baixa concentração, insônia, estresse pós-traumático e ideação suicida. Isso confirmou que a desestabilização emocional não estava apenas relacionada ao quadro clínico infeccioso e sintomático. A privação abrupta de liberdade e a incerteza quanto ao futuro pós-pandemia potencializaram o agravamento dos danos psicológicos na sociedade em geral (Lopes et al., 2022).

    Fatores como a falta de acesso a serviços de apoio, como escolas, contribuíram para que os adolescentes perdessem o contato essencial com seus pares, prejudicando o desenvolvimento neurológico e social. Como principal escape, muitos recorreram ao uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos. Adicionalmente, a exposição a situações de violência durante esse período apresentou um grande potencial para desencadear desregulações emocionais e psicopatologias ao longo da vida desses jovens. Nesse contexto, é comum observar uma prevalência de problemas de saúde mental e física entre os adolescentes, afetando drasticamente seu comportamento. Essa premissa é ainda mais sensível para crianças e adolescentes em processo de formação psicossocial (Maba et al. 2023).

    A ausência da experiência escolar, que desempenha um papel crucial no desenvolvimento e aprendizado, acarreta diversas consequências negativas. A pandemia impacta diretamente a saúde mental desses jovens, visto que o distanciamento social e a solidão aumentam os riscos de depressão e ansiedade durante essa fase crítica do desenvolvimento. Dentre os diversos fatores de risco, destacam-se o isolamento social, o fechamento das escolas, a desaceleração econômica, a vulnerabilidade em situações de violência doméstica e a perda de vínculos e contatos sociais (Barcellos et al., 2023)

    Para os adolescentes de 14 a 19 anos, a associação direta entre ansiedade e depressão é influenciada por desequilíbrios químicos cerebrais, características de personalidade, vulnerabilidade genética e eventos situacionais, como a pandemia da COVID-19 e seus desdobramentos no Brasil e no mundo, como impactos econômicos, medo de perda de entes queridos, receio de infecção e pensamentos perturbadores que afetam profundamente crianças e adolescentes (Pires et al., 2022).

    A palavra adolescência vem do latim adolescere, que significa crescer. No entanto, sabemos que crescer, nessa faixa etária, não diz respeito apenas às transformações biológicas e fisiológicas, mas também à maturação psicossocial. É durante esta fase que os indivíduos aprendem, nas interações sociais, a se tornar adulto, exigindo de si o devido amadurecimento nas áreas psicológica, emocional e social. Os adolescentes, por não saberem lidar com este contexto, apresentaram crises de pânico e/ou ansiedade, convulsões e depressão. Tal instabilidade emocional advém da repentina mudança de rotina, assim como da relevante insegurança e receio em se contaminar e transmitir a doença aos seus familiares, correndo o risco de vivenciar tais perdas (Barcellos et al., 2023)

    3.2 Depressão e ansiedade

    O Transtorno Depressivo Maior, popularmente chamado de Depressão, é identificado pela presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado por mudanças somáticas e cognitivas que prejudicam significativamente a funcionalidade do indivíduo (Fortaleza, 2022).

    Na adolescência, adepressão muitas vezes se manifesta por meio de sintomas como baixa autoestima, inibição, dificuldade de aceitação, conflitos e falta de esperança, o que aumenta o risco de suicídio e abuso de substâncias, tanto a ansiedade quanto a depressão afetam diversos grupos e são consideradas entre os transtornos psiquiátricos mais comuns globalmente (De Mattis et al. 2023).

     Observe-se que as medidas de isolamento/distanciamento social durante a pandemia de Sars-Cov-2 contribuíram para o aumento dos casos de ansiedade e depressão devido ao confinamento e à ausência de contato físico. No âmbito terapêutico, observou-se um aumento considerável no consumo de drogas ansiolíticas e antidepressivas durante o período pandêmico (Carvalho 2022).

    Esses transtornos mentais exercem um impacto negativo significativo no funcionamento social, escolar e familiar de crianças, adolescentes e jovens, aumentando o risco de suicídio, especialmente no caso do transtorno depressivo. De acordo com a OMS, a depressão não se limita ao simples sentimento de tristeza, abrangendo também irritabilidade, perda de interesse nas atividades diárias, desatenção, comprometimento da memória, redução da autoestima e alterações no sono ou apetite, entre outros sintomas (Santos et al., 2022).

     Análise sugere que aproximadamente 45% da carga de doenças em adolescentes e jovens, entre 10 e 24 anos, está relacionada a transtornos neuropsiquiátricos. Esses transtornos frequentemente têm início em idades mais precoces, como os transtornos de ansiedade aos 13 anos e os transtornos do humor aos 36 anos (Santos et al., 2022).

    3.3   Medicamentos ansiolíticos e antidepressivos

    Os medicamentos desempenham um papel crucial no tratamento de questões relacionadas à saúde mental, abarcando ansiolíticos para lidar com a ansiedade, antidepressivos para combater a depressão, e outros compostos voltados para a redução de sinais ou sintomas de distúrbios psicológicos, como antipsicóticos e antiepiléticos. Entre os antidepressivos, merecem destaque os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, os inibidores não seletivos da recaptação de Monomania-oxidade (IMAO), Benzodiazepínicos (BZD), Anticonvulsivantes, Antipsicóticos, Antidepressivos (Oliveira et al., 2022). 

    As classes dos medicamentos ansiolíticos, benzodiazepínicos e barbitúricos estão entre os medicamentos mais prescritos na prática médica. Os fármacos antidepressivos, ansiolíticos e hipnótico-sedativos são os medicamentos amplamente utilizados em todo o mundo, ocupando um dos primeiros lugares em psicofarmacoterapia para transtornos mentais e do comportamento. Observou-se, que no Brasil houve um aumento nos casos de depressão de 4,2% para 8,0%; e ansiedade 8,7% para 14,9%, desde o início da quarenta por causar uso excessivo e irracional dos medicamentos, prejudicando a integridade da saúde pública (Nascimento; Duarte, 2024).

    Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo de 30% no consumo de drogas psicotrópicas e na prescrição desses medicamentos. Tal fenômeno pode ser atribuído às complexidades da vida cotidiana, como desafios familiares, estresse no trabalho, congestionamentos, luto e traumas psicológicos, levando muitos a buscar alívio inicial por meio de intervenção medicamentosa. Outro fator é a publicidade e o trabalho da mídia, que também incentivam a consumir drogas psicotrópicas, vistas frequentemente como soluções rápidas e eficazes para problemas emocionais e psicológicos (Santos et al.,2023). 

     O início da intervenção medicamentosa deve ser realizado pelo histórico do paciente, a situação clínica atual e o plano de tratamento. Ademais, os especialistas em problemas psiquiátricos ainda devem entender o propósito da administração de remédio, a duração por meio da qual podem ser percebidos os resultados, opções para mitigar possíveis efeitos colaterais, estratégias alternativas caso o tratamento atual não funcione e as condições de manutenção a longo prazo. Portanto, a reação a questões com a ética da prescrição de medicamentos para a saúde mental é distinta (Oliveira et al., 2021).

    Apesar de os benzodiazepínicos compartilharem ações semelhantes, há variações quanto à duração de sua atividade. Geralmente, os de ação curta e intermediária são prescritos para tratar a insônia, enquanto os de ação mais prolongada são reservados para o tratamento da ansiedade. Essa distinção leva em consideração as necessidades específicas de cada condição, visando otimizar a eficácia terapêutica e minimizar potenciais efeitos adversos (Santos et al., 2023).

    O tratamento da depressão fundamenta-se principalmente na utilização de antidepressivos por meio da farmacoterapia. Existem várias categorias de antidepressivos disponíveis para abordar a depressão, tais como inibidores da monoaminoxidase (IMAO), tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN), inibidores seletivos da recaptação de dopamina (ISRD), entre outras opções terapêuticas (Ferreira et al., 2023).

     O aumento no consumo de psicofármacos, incluindo antidepressivos, ansiolíticos e anticonvulsivantes, por crianças, adolescentes e jovens é uma tendência em crescimento, conforme discutido no texto. A expansão do uso desses medicamentos está relacionada ao aumento de doenças mentais, como depressão e ansiedade, colocando o Brasil em uma posição elevada mundialmente nesses diagnósticos, segundo dados da OMS (Oliveira et al., 2022).

    Vários transtornos têm levado à prescrição excessiva de ansiolíticos e anticonvulsivantes, especialmente benzodiazepínicos, muitas vezes ocorre de maneira indiscriminada, sem considerar os efeitos colaterais e os aspectos biopsicossociais específicos de cada paciente. A influência da indústria farmacêutica e médico-tecnológica na promoção do uso desses medicamentos, enfatizando o papel do marketing agressivo e a busca por lucro na medicalização excessiva em detrimento de abordagens mais holísticas (Sebastião e Medeiros 2022).

    3.4 Principais fármacos utilizados para ansiedade e depressão em jovens e adolescentes

    Todos os tratamentos são fundamentados na capacidade de intervenção apropriada em situações de crise, pois estas representam oportunidades para adaptar o comportamento diante das mudanças. Ao diagnosticar um transtorno psiquiátrico específico, o tratamento é direcionado a ele. A primeira etapa consiste em realizar uma avaliação de risco para crianças e/ou terceiros, com a prioridade de proteger aqueles em situação de risco. Indicações para internação incluem ambientes domésticos ou institucionais de risco, comportamento suicida, transtorno depressivo maior, impulsividade, agressão intensa auto ou heterodirigida, psicose, ou falha em tratamento ambulatorial rigoroso segundo Silva et al., (2022).

    Essa disparidade pode ser atribuída ao melhor funcionamento do fígado e dos rins, embora a razão completa ainda não tenha sido esclarecida. Além disso, a imaturidade dos circuitos neuronais em adolescentes e jovens pode influenciar os efeitos dos medicamentos de maneira distinta Santos et al., (2022).

    A seguir, no quadro 1, destacam-se os principais antidepressivos utilizados em jovens e adolescentes de acordo com Santos et al. (2022):

    Quadro 1 – antidepressivos prescritos para jovens e adolescentes.

      FÁRMACO  NOME COMERCIAL  DOSAGEM MÉDIA RECOMENDADA  
    AlprazolamFrontal®De 0,25 a 4 mg até 3 vezes ao dia.
    ClonazepamRivotril®De 0,25 a 3 mg em uma a duas tomadas por dia.
    FluoxetinaProzac®, Daforin® Verotina®Início com 5 a 10 mg por dia.
    SertralinaTolrest® Serenata®):Início com 12,5 a 25 mg por dia
    ParoxetinaPondera® Cebrilin® Benepax®):Início 5 ou 10 mg por dia.
    Fonte: Santos et al. (2022).

    De acordo com os autores acima citados, além da avaliação do ambiente domiciliar, o envolvimento da família é crucial na coleta inicial de informações do histórico do paciente. É importante notar que medicamentos eficazes para adultos podem não ser igualmente eficazes para adolescentes devido às diferenças biológicas. Organismos em desenvolvimento, como os de adolescentes, muitas vezes exigem doses mais elevadas para alcançar níveis séricos semelhantes aos dos adultos.

    4.5 Aumento da ansiedade e depressão e a medicalização

    A epidemia da COVID-19 resultou em consequências reais para a vida das pessoas, como a tristeza pela perda de entes queridos, a ameaça iminente de morte, a falta de emprego, as medidas de higiene para evitar a propagação do vírus, que incluíam o uso de máscaras e distanciamento social, além da transição de algumas empresas para o home office e das escolas para a educação à distância. Essas mudanças repentinas afetaram a saúde mental e o comportamento dos indivíduos, os quais encontraram alívio e estabilidade emocional por meio de medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos, para enfrentar esse período desafiador Araújo et al (2023).

    Quando considerados os níveis de ansiedade da amostra total, observa-se que 63,2% dos estudantes apresentaram sintomas entre moderados (17,9%) e extremamente severos (45,3%). A prevalência de sintomas depressivos durante o surto de COVID-19 também foi evidenciada. Assim, ao se considerar a amostra total, foi observado que 58,1% dos universitários apresentaram sintomas entre moderados e extremante severo, sendo este último o mais prevalente (31,6%) Silva et al., (2023).

    Segue abaixo, segue-se o quadro com os dados de um levantamento feito pela Consulta Remédio e publicado pela revista Medicina S/A. A tabela evidencia buscas comparativas antes e durante a pandemia no período de – 08/20 a 02/21 em relação ao ano anterior (08/19 a 02/20), seis meses antes de iniciar a pandemia.

    Quadro 2 – bases comparativas de buscas

    Fonte: (Araújo et al, 2023).

    Como se percebe, as buscas, quando comparadas pelos seus respectivos períodos, nota-se um aumento muito expressivo, tendo medicamentos como Zolpidem cuja procura teve uma elevação percentual em mais de 100%. Isso, por seu turno, reforma a assertiva de que a pandemia elevou os casos de acometimento por doenças psiquiátricas.

    5. Conclusão

    O aumento da ansiedade e depressão e o uso excessivo de medicamentos. A propagação da COVID-19 trouxe consequências significativas para a população, como o luto pela perda de familiares, o medo constante de contaminação, o desemprego, as medidas de higiene rigorosas, como o uso de máscaras e o distanciamento social, e a transição para o trabalho remoto e ensino à distância. Essas mudanças abruptas afetaram a saúde mental das pessoas, levando muitas a buscar alívio e estabilidade emocional em medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos, para enfrentar esse período desafiador.

    O tratamento da ansiedade e depressão em jovens requer uma abordagem abrangente que combine terapia medicamentosa como Alprazolam (Frontal®), Clonazepam (Rivotril®), Fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Verotina®), Sertralina (Tolrest®, Serenata®) e Paroxetina (Pondera®, Cebrilin®, Benepax®), e intervenções psicossociais. Esses medicamentos desempenham um papel crucial na redução dos sintomas, mas é essencial monitorar de perto sua eficácia e possíveis efeitos colaterais, especialmente durante a adolescência, uma fase tão sensível.

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    1Especialista, docente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás, Ceres, GO, Brasil.
    E-mail: anajulia.abfilha@gmail.com

    2Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás, Ceres, GO, Brasil.
    E-mail: jonathan96miquelin@gmail.com

    3Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás, Ceres, GO, Brasil.

    E-mail: leandro.asevedo@hotmail.com

    4Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás, Ceres, GO, Brasil.
    E-mail: mh625733@gmail.com

    5Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás, Ceres, GO, Brasil.
    E-mail: bentothales27@gmail.com