NUTRIÇÃO SAUDÁVEL: O PAPEL DO NUTRICIONISTA E A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES


HEALTHY NUTRITION: THE ROLE OF THE NUTRITIONIST AND THE IMPORTANCE OF SCHOOL FOOD PROGRAMS FOR CHILDREN AND ADOLESCENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8302442


Istefhany da Fonseca Lemos
Naiana Figueredo Silveira2 
Lillian Tavares de Lima3
Ronildo Oliveira Figueiredo4


RESUMO

Na faixa etária que abrange crianças e adolescentes, observa-se um padrão alimentar marcado pela escassa incorporação de frutas, vegetais e hortaliças. O consumo está cada vez mais frequente de alimentos industrializados, e isso nos leva a se questionar sobre o impacto das intervenções nutricionais atuais. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) promove a promoção de práticas alimentares saudáveis por meio da oferta de refeições juntamente com ações de educação alimentar e nutricional (EAN). Este estudo tem por objetivo avaliar as ações de EAN no PNAE   durante as etapas de infância e adolescência, enfatizando a ligação intrínseca entre essas fases e o ambiente escolar. Para isso, foi realizada uma pesquisa na literatura científica, no período de 2013 a 2023. Considerando o ambiente escolar como um espaço propício para a promoção da saúde e do aprendizado, exploramos como políticas alimentares, programas educativos e colaborações entre famílias, instituições de ensino e profissionais da saúde. Observa-se que ações educativas nas escolas, podem influir positivamente na formação do comportamento alimentar saudável na infância e adolescência.

Palavras-chave: Adolescência, Ambiente escolar, Hábitos alimentares, Infância, Nutrição, PNAE

ABSTRACT

In the age group that includes children and adolescents, a dietary pattern marked by the scarce incorporation of fruits, vegetables and greens is observed. Consumption of industrialized foods is increasingly frequent, and this leads us to question the impact of current nutritional interventions. The National School Feeding Program (PNAE) promotes the promotion of healthy eating practices by offering meals along with food and nutrition education (EAN) actions. This study aims to evaluate EAN actions in the PNAE during childhood and adolescence, emphasizing the intrinsic link between these phases and the school environment. For this, a research was carried out in the scientific literature, from 2013 to 2023. Considering the school environment as a propitious space for the promotion of health and learning, we explored how food policies, educational programs and collaborations between families, educational institutions and health professionals.It is observed that educational actions in schools can positively influence the formation of healthy eating behavior in childhood and adolescence.

Keywords: Adolescence, School environment, Eating habits, Childhood, Nutrition, PNAE

1. INTRODUÇÃO 

Formar hábitos alimentares saudáveis na fase da infância é um passo fundamental para o crescimento, formação e desenvolvimento da saúde ao longo da vida. A interseção entre nutrição e ambiente escolar assume uma importância crucial nesse contexto, considerando que a escola não só oferece conhecimento acadêmico, mas também serve como ambiente propício para a promoção de escolhas alimentares saudáveis (GOMES, 2022). 

O rápido e fácil acesso ao alimento dentro e fora de casa, tendo em vista a rotina da família, e o preparo do alimento influenciam o consumo alimentar da criança e do adolescente. Fatores sociais e comportamentais também influenciam os hábitos alimentares nos menores, o que pode resultar em problemas de saúde. Em um relatório publicado em setembro de 2019,o ENANI revela que quase metade das famílias brasileiras com crianças menores de 5 anos numa percentagem de (47,1%) vive algum grau de insegurança alimentar (ENANI, 2019).

Por outro lado, o privilégio familiar baseia-se num ambiente partilhado onde cada pessoa é um espelho que reflete os seus hábitos para os outros, como consumo de alimentos nutritivos, dieta saudável, balanceada e de qualidade, consumo de alimentos in-natura, frutas e verduras, influenciam positivamente as pessoas ao seu redor, principalmente as crianças. Em presentes estudos foi verificado que as crianças tendem a preferir alimentos que lhe são familiares. Contudo a escola também tem grande peso de responsabilidade nessa esfera (YASSINE; ORDOÑEZ; SOUZA, 2020).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é política de Estado ligado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC). Sua origem dada no ano de 1955, foi considerado um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo, atendendo de forma gratuita aos alunos matriculados na educação básica de escolas públicas, filantrópicas e comunitárias de todos os municípios do país (SILVA et al., 2018).

Nesse cenário, a educação alimentar e nutricional (EAN) é considerada um elemento importante na promoção da saúde na infância, por constituir uma estratégia recomendada pelas políticas públicas em alimentação e nutrição, sendo considerado um importante estímulo a hábitos alimentares saudáveis, tanto a médio, quanto a longo prazo (BARBOSA et al., 2013).

Nesta ocasião, o surgimento da (EAN) tem como estratégia apresentada à produção de informações e ações educativas que servem como contribuição na promoção de práticas alimentares saudáveis e na saúde dos indivíduos, com a possibilidade de crescimento do poder de escolha e decisão a respeito da alimentação. Em uma alimentação, principalmente de crianças e adolescentes, atualmente é composta por um consumo baixo de frutas, verduras e legumes, e alto índice de consumo de bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes, refrescos, etc (CASEMIRO et al., 2015). 

A escola de fato trará mudanças na formação cognitiva e humana desde o maternal até a graduação, solidificam seus gostos através da tradição ou influencias, por isso se torna um local adequado para incentivar ações em EAN (CAMOZZI et al., 2015). 

Desse modo, a alimentação não acontece apenas para suprir as necessidades biológicas, ela está relacionada com a cultura do indivíduo e depende também de sua vontade e disponibilidade. Segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição diz: “A alimentação é um componente de humanização das práticas de saúde, que expressa as relações sociais, valores e a história do indivíduo e dos grupos populacionais, além de ter comprometimento direto na saúde e na qualidade de vida” (SILVA et al., 2021). 

Nesse contexto, este estudo tem como objetivo identificar e caracterizar as principais ações PNAE. Bem como, analisar as contribuições dos profissionais de nutrição nas estratégias de educação alimentar, direcionadas para crianças e adolescentes.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão sistemática que consiste em uma abordagem rigorosa e estruturada para identificar, analisar e sintetizar os documentos disponíveis sobre um tópico específico de pesquisa. É uma metodologia que busca reunir, de forma sistemática, os resultados de estudos primários relevantes e supervisionados, com o objetivo de responder a uma pergunta de pesquisa específica de maneira imparcial e abrangente (PEREIRA et al., 2014).

A coleta das informações foi realizada por meio da exploração de fontes como livros, artigos científicos, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), entre outros, que abordam a Nutrição Saudável e o papel vital dos Programas na Alimentação Escolar de Crianças e Adolescentes.

A busca das informações foi orientada pelas palavras-chave: Adolescência, Ambiente escolar, PNAE, Hábitos alimentares, Infância, Nutrição, Programas alimentares.

Os critérios de inclusão definidos para a seleção foram: Livros e Artigos científicos publicados nos idiomas português e inglês, no período de 2013 a 2023 e Manuais e publicações do Ministério da Saúde – Brasil.

Os critérios de exclusão para a seleção foram: Artigos de especialidade: saúde pública,educação continuada e clínica geral,estudos com resumo não acessível na base científica, os artigos não disponíveis na íntegra online gratuitamente, conteúdos não científicos. 

Foi avaliada de forma crítica todas as referências encontradas, espelhando o seu perfil metodológico e sua similaridade entre os resultados encontrados de forma minuciosa, em busca de respostas para os resultados diferentes ou conflitantes nos estudos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL (PNAE) E AS ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA

As temáticas de alimentação escolar geram várias discussões e debates em seu contexto, a alimentação é um direito humano até no processo de aquisição como no caso dos produtos agrícolas de origem familiar.Tornando-se um tema complicado, pois dialoga desde o processo da cadeia do alimento, ou seja, onde se planta e até onde estes produtos viram comida e, assim, é ofertada para as escolas (SANTOS & SILVA, 2021).

Segundo, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) (2015), “O PNAE tem como objetivo principal atender as necessidades nutricionais dos estudantes durante a permanência em sala de aula, e contribuir para o desenvolvimento, crescimento, aprendizagem e o rendimento escolar dos alunos, assim como promover e estimular a formação de hábitos alimentares saudáveis em crianças e adolescentes”. O programa também visa contribuir para a diminuição da repetência, do absenteísmo, e da evasão escolar, dentro dos princípios da política de Segurança Alimentar e Nutricional (FNDE, 2015).

De acordo com FNDE (2015), o PNAE considera educação alimentar e nutricional, “O conjunto de atividades educacionais, caracterizadas por uma abordagem contínua e constante, de natureza transdisciplinar, interligada a diversas áreas e envolvendo múltiplas profissões, tem como propósito incentivar de maneira voluntária a adoção de hábitos alimentares saudáveis. Tais práticas visam contribuir para o processo de aprendizado, o bem-estar físico e mental do estudante e, de modo geral, aprimorar a qualidade de vida do indivíduo, conforme estabelecido pelo FNDE em (2015)”.

Na década de 1990, ocorreu uma considerável etapa na evolução do PNAE relacionada à descentralização da gestão dos recursos, centralizado no nível nacional desde a sua criação.Até o ano de 1993 o FNDE, órgão de nível nacional foi o órgão responsável do planejamento de cardápios das unidades como, escolas entre outras, adquiria os gêneros alimentícios, por meio de licitação, e que consequentemente também era o responsável pela distribuição de alimentos no país (NERO et al., 2023).

A partir do dia 12 de julho de 1994, ocorreu a implementação da descentralização por intermédio da promulgação da Lei nº 8.913/1994. A efetiva consolidação desse processo de descentralização se materializou mediante a Medida Provisória nº 1.784, datada de 14 de dezembro de 1998, a qual instituiu a automatização da transferência dos recursos. Essa inovação promoveu a otimização considerável do trâmite de execução do PNAE (PEIXINHO, 2013).

Com o passar dos anos, na primeira década de 2000 foi Recriado o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) que fala da valorização da Política de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) promovendo o direito humanizado a alimentação adequada e de qualidade, e ainda foi lançada a Criação da Lei Orgânica para, Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) que dispõe sobre o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) com a implantação do direito humano à alimentação adequada e saudável perante a constituição (OLIVEIRA et al., 2022).

Atualmente, o PNAE configura-se como uma importante influência global no âmbito dos programas alimentares no contexto da educação pública. Essa medida refere-se à imperativa exigência da presença de profissionais nutricionistas e de colaboradores devidamente capacitados em todas as unidades de execução do programa. Ao mesmo tempo se estabelece uma parceria entre o FNDE e as instituições de ensino superior, para promover projetos de extensão com o intuito de colaborar com a distribuição e controle de qualidade da alimentação escolar, envolvendo os estudantes de ensino superior e os estudantes atendidos pelo PNAE nas escolas públicas e filantrópicas (TRICHES et al., 2014). 

A escola pública destaca-se como um ambiente capaz de oferecer uma alimentação saudável, que garante e induz a formação de hábitos alimentares acarretando satisfação e um bom rendimento escolar (SILVA et al., 2013). 

A grande conquista para o PNAE veio com a publicação da Lei nº 11.947, em 16 de junho de 2009, que estabelece sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), com o intuito de prestar assistência financeira aos alunos do ensino fundamental, junto a Resolução Nº 38, de 16 de julho de 2009, que ressalta o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no PNAE. Além disso, o PNAE tem voltado sua atenção para o bem-estar das crianças e adolescentes, em que ocorreram melhorias e elevação para o PNAE, como a recomendação de compra dos alimentos de cultivações variadas, em localidade, para a alimentação escolar, relacionados à agricultura familiar e empreendedores familiares rurais, com o intuito de incentivar a economia local; o favorecimento de crianças e adolescentes, além da oferta de refeições, tendo como meta também a EAN (BRAZ et al., 2022). 

No ano de 2013, a Resolução Nº 38, de 16 de julho de 2009 foi revogada pela Resolução nº 26, de 17 de junho de 2013. Ao qual fortalece a implementação de ações em EAN, e a presença da agricultura familiar (BRASIL, 2013). 

Na Resolução nº 04, de 02 de junho de 2015, atualizou os artigos 25 a 32 da Resolução nº 26/2013 com alterações no âmbito do PNAE, dadas  algumas mudanças como a prioridade sobre a compra dos alimentos da agricultura familiar de fornecedores locais, em relação aos demais fornecedores de âmbito estadual e nacional, priorizando também os fornecedores de assentamentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas, e os fornecedores de gêneros alimentícios certificados como orgânicos ou agroecológicos (SARAIVA, 2013). 

Segundo Téo (2018), o PNAE contribui para o desenvolvimento sustentável, fortalece a agricultura familiar, gera renda e mobilização social, promove a conscientização para a prática da alimentação saudável, aumenta o grau de conhecimento do aluno em relação a importância da ingestão dos alimentos saudáveis. Vale também ressaltar que os alimentos utilizados no contexto escolar nos cardápios permitem abordagens sobre alimentação relacionadas às tradições do local, conforme a aquisição de produtos da agricultura (CESAR et al., 2018). 

O cardápio da alimentação escolar é uma ferramenta que relaciona os alimentos destinados a suprir as necessidades nutricionais dos escolares, diferenciando os alimentos por preparação, número de per capita, calorias, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais. Algumas das exigências estabelecidas no cardápio do PNAE têm como meta suprir 30% das necessidades diárias quando é ofertada uma refeição, e 70% das necessidades diárias para a oferta de três refeições, para as escolas que funcionam em tempo integral. A oferta de uma alimentação adequada e saudável contribui para a garantia da segurança alimentar dos escolares com acesso de forma igualitária (BRASIL, 2013). 

Segundo a Resolução nº 465, de 25 de agosto de 2010, é responsabilidade do nutricionista, planejar o cardápio da alimentação escolar de acordo com a cultura alimentar regional, e com a propensão natural agrícola da região, considerando desde a compra dos alimentos, produção, na finalização e até a distribuição da alimentação, para atender as necessidades nutricionais dos alunos e auxiliar na formação de hábitos alimentares saudáveis (CHAVES et al.; 2013).

O nutricionista que exerce o cargo de responsável técnico precisa garantir e oferecer uma alimentação saudável e adequada para os alunos, respeitando as diversidades culturais locais. Ele possui a liberdade de definir os alimentos incorporados no cardápio, em conformidade com as necessidades nutricionais dos estudantes. Também tem como obrigação observar as especificidades da condição de saúde de alunos que precisem de cuidado nutricional individualizado, devido a alergias alimentares, e entre outras coisas, elaborando e adaptando um cardápio especial de acordo com recomendações médicas e nutricionais. Uma outra função do profissional é avaliar o estado nutricional dos estudantes, visando a sua segurança alimentar (OLIVEIRA et al., 2021).

O nutricionista também é primordial para a parceria com os agricultores familiares. Por intermédio dele, os cardápios alimentares tendem a ser mais saudáveis, porque o nutricionista estimula o agricultor a diversificar sua produção ao demandar diferentes produtos alimentícios para o conhecimento dos estudantes. Ele influencia diretamente nos volumes de compras da agricultura familiar, pois percebe os benefícios de comprar alimentos dos agricultores e estão em contato direto com a equipe de cozinha e também os alunos. O contato direto do profissional com o CAE (Conselho De Alimentação Escolar) e os agricultores é essencial para superar o percentual de 30% exigido pela lei para a aquisição de alimentos dessa fonte (SILVA et al., 2021).

A criação dos cardápios é uma das principais responsabilidades do nutricionista na alimentação das escolas. Os cardápios elaborados devem levar em consideração as recomendações nutricionais estabelecidas, além de atentar-se a outros fatores, como: promoção de hábitos alimentares saudáveis, respeito à cultura alimentar e vocação agrícola de cada localidade (CORREA et al., 2017).

3.2 A EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (EAN) PARA A PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS NA ESCOLA 

Para que a alimentação saudável se torne realidade cotidiana na vida dos mais jovens, espera-se o aumento gradativo de incentivos à agricultura familiar no país, com o surgimento de novas experiências que mostrem o avanço relacionado à Segurança Alimentar e Nutricional, especialmente em relação ao PNAE (DELGADO et al., 2017).

Neste sentido,o papel da EAN é auxiliar o indivíduo para as práticas alimentares saudáveis, e para garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada(DHAA) o qual apresenta duas medidas inseparáveis que é o direito de estar livre da fome e o direito a uma alimentação adequada, que está intimamente relacionado a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), ao qual foi instituída por meio da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) – Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 (BRASILIA, 2013). 

A Portaria nº 1.010/2006 que compõe as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas, conduz à prática de bons hábitos alimentares (BRASIL, 2023). Essas diretrizes vinculam ações a favor da EAN, incentivando à produção de hortas escolares ao consumo de frutas e hortaliças, implantação de boas práticas de manipulação na preparação de alimentos no ambiente escolar, diminuindo os alimentos com alto teor de sódio, açúcares e gorduras (COELHO et al., 2016). 

O Guia Alimentar da População Brasileira mostra, que as práticas alimentares saudáveis, sejam elas utilizadas tanto em casa, nas unidades de saúde, nas escolas e em todo e qualquer espaço onde há atividades de incentivo à saúde, e como elas se tornam um instrumento essencial para a promoção e recuperação de hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2014).

As ações do EAN, tem como objetivo estimular a adoção voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis que colaborem para a aprendizagem, para o estado de saúde do aluno e sua qualidade de vida. Nesta perspectiva, essas ações são objetivas a promoção da oferta de alimentação saudável e adequada na escola; atividades que favoreçam hábitos alimentares regionais e culturais; ações que implicam políticas em todos os níveis, na área da alimentação escolar; fazem a utilização de metodologias inovadoras para que o trabalho pedagógico e desenvolvimento de tecnologias sociais sejam voltadas para a alimentação escolar; além do Aproveitamento do alimento como ferramenta pedagógica (SILVA et al., 2018).

Portanto, a EAN se define como um objeto de ação multiprofissional, intersetorial e transdisciplinar, em que o conhecimento e o aprendizado, constante e frequente, encaminham a aumentar a autonomia e sua própria vontade diante os hábitos alimentares saudáveis, aderindo o uso de recursos e abordagens educacionais ativas e contestadora (FRANÇA et al., 2017). 

Neste contexto, a EAN tem um papel importante do eixo na promoção de hábitos alimentares saudáveis, tornando-se uma estratégia indispensável dentro das políticas públicas em alimentação e nutrição (BOOG, 2013).

O PNAE não pode estabelecer limites ao simples abastecimento de refeições para suprir as necessidades nutricionais dos escolares, ele tem como aptidão fornecer a saúde e a construção de hábitos alimentares saudáveis, por ações de EAN que integra as práticas de ensino (BRASIL, 2015). 

A Resolução de nº 26, de 17 de junho de 2013 do PNAE dispõe as ações em EAN na escola: a oferta de alimentos variados e saudáveis; cursos e palestras voltado às merendeiras; aos professores; aos nutricionistas e todos envolvidos com a alimentação escolar; as hortas pedagógicas; oficinas culinárias e todas as atividades que possam envolver o aluno no contexto de práticas alimentares saudáveis (BRASIL, 2013). 

A alimentação escolar correta e equilibrada, tem finalidade de complementar as necessidades de nutrientes que o organismo precisa para ter uma boa condição de saúde. Mas para que isso aconteça, o cardápio fornecido aos alunos matriculados em escolas públicas de todo Brasil deve conter um grupo de alimentos diversos, que são servidos diariamente nas principais refeições. A elaboração e o planejamento dos cardápios são indispensáveis, e deve adequar-se a determinados questões técnicas como: escolha dos alimentos, composição química, a compatibilidade entre os ingredientes, as recomendações nutricionais do PNAE, o custo médio per capta da refeição (CAMOZZI, 2015). 

Os profissionais de ensino da escola, junto ao gestor têm autonomia para integrar políticas públicas dentro do espaço educacional, cabe a eles junto ao nutricionista, articular a pedagogia a ser utilizada no ensino a saúde e qualidade de vida nas escolas. E nesse contexto, a prática da EAN deve fazer uso de temas e recursos educacionais problematizados e ativos que incentivem o diálogo e a compreensão, promovendo ações educativas, por meio de estratégias de intervenções nutricionais. Por essa razão o nutricionista deve estar apto a desempenhar um papel estratégico no planejamento das ações EAN, com o apoio dos demais profissionais (gestores, professores e as merendeiras) (RAMOS et al., 2013).

Por fim, a EAN compreende uma estratégia fundamental de implementação e ações que incorporam o tema da alimentação e nutrição no contexto escolar. É no ambiente escolar que a criança e ao adolescente começam a observar questões relativas ao meio ambiente, e o próprio cuidado com o corpo, sendo um local de intensas descobertas (FRANÇA et al., 2017).

Reforçando ainda mais a prática da alimentação saudável, através das ações dos programas educacionais para o desenvolvimento da criança e adolescente no ambiente escolar, que é o principal objetivo desse trabalho, vale enfatizar que a atuação do nutricionista, é de extrema importância no cuidado da saúde durante as fases da infância e adolescência. Essas etapas da vida são caracterizadas por um rápido crescimento e desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, que demandam um aporte nutricional adequado para garantir uma saúde ótima e a prevenção de doenças a longo prazo (RIBEIRO & SILVA, 2014).

Segundo o Conselho Federal de Nutrição (CFN) (2015), O nutricionista desempenha um papel fundamental ao avaliar as necessidades nutricionais individuais de cada criança e adolescente, levando em consideração fatores como o nível de atividade física, estado de saúde, estágio de crescimento e preferências alimentares. Através dessa avaliação, é possível elaborar planos alimentares personalizados que assegurem a ingestão adequada de nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais, proteínas e carboidratos.

Além disso, o nutricionista tem a responsabilidade de orientar os pais, cuidadores e os próprios jovens sobre escolhas alimentares saudáveis e equilibradas. Essa orientação contribui para a formação de hábitos alimentares positivos desde cedo, que podem influenciar na saúde, na prevenção e no tratamento de condições de saúde relacionadas a má alimentação, como obesidade,diabetes tipo 2, distúrbios alimentares.Através do acompanhamento regular, monitoramento do crescimento e desenvolvimento, e ajustes nos planos alimentares conforme necessário (RECINE et al., 2015).

Em resumo, as atribuições do nutricionista na infância e adolescência são essenciais para garantir o crescimento saudável, o desenvolvimento adequado e a promoção de hábitos alimentares positivos, visando o estabelecimento de uma sustentação para a saúde ao longo da vida.

4. CONCLUSÃO

Motivar a adoção de hábitos alimentares saudáveis representa um grande desafio para os profissionais da saúde e da educação. Visto isso, as políticas públicas em alimentação,nutrição e promoção da saúde,no Brasil, estabelecem ações educativas em prol de novos hábitos alimentares e da saúde.

Programas de merenda escolar balanceados e educativos podem ajudar a introduzir uma variedade de alimentos nutritivos, proporcionando aos alunos a oportunidade de experimentar e adotar hábitos alimentares saudáveis. 

A educação nutricional no ambiente escolar não apenas informa os alunos sobre os princípios básicos da alimentação saudável, mas também os capacita a fazer escolhas conscientes ao longo da vida.

Em conclusão, a nutrição desempenha um papel vital na infância e adolescência, moldando o desenvolvimento físico e cognitivo. O ambiente escolar atua como cenário propício para promover a nutrição adequada e a educação alimentar, preparando os jovens a fazer escolhas saudáveis. A colaboração entre os pais, educadores e profissionais da saúde é essencial para garantir que a nutrição e o ambiente escolar trabalhem juntos para o bem-estar das crianças e adolescentes.

As informações analisadas neste trabalho poderão subsidiar novos estudos em prol da promoção da alimentação saudável e nutricional para que integre assim na vida escolar e familiar de crianças e adolescentes.

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1.Acadêmica de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil
2.Acadêmica de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil
3.Docente do curso de Nutrição – Universidade Nilton Lins 
Manaus, Amazonas, Brasil
4.Docente do curso de Nutrição – Universidade Nilton Lins 
Manaus, Amazonas, Brasil