NOVOS ANTICOAGULANTES ORAIS DIRETOS NA FIBRILAÇÃO ATRIAL: AVANÇOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS

DIRECT ORAL ANTICOAGULANTS IN ATRIAL FIBRILLATION: ADVANCES, CHALLENGES AND THERAPEUTIC PERSPECTIVES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506111846


Rafaella Dias Galvão1
Victor Dias Galvão2
Kauã Rodrigo Valadares Costa3
Leandro Silva da Conceição4
Mario de Sousa Lima e Silva5


Resumo: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia sustentada mais comum na prática clínica e um importante  fator de risco para eventos tromboembólicos, especialmente o acidente vascular cerebral isquêmico.  Por décadas, a varfarina foi o anticoagulante oral mais utilizado, embora apresente limitações  importantes, como as múltiplas interações com alimentos e medicamentos. Diante disso, surgiram os  anticoagulantes orais diretos (DOACs) — dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana — com  mecanismos de ação específicos, farmacocinética mais previsível e melhores perfis de segurança e  adesão. Este estudo é uma revisão narrativa da literatura que avaliou a eficácia, segurança, adesão ao  tratamento e custo-efetividade dos DOACs em comparação com a varfarina em pacientes com FA. A  pesquisa foi realizada nas bases PubMed, Scopus, SciELO e Google Acadêmico, contemplando artigos  publicados entre 2019 e 2024.Os dados apontam que os DOACs são tão eficazes quanto, ou superiores  à varfarina, na prevenção de AVC isquêmico, com destaque para a apixabana, que demonstrou os  melhores resultados. Quanto à segurança, observou-se menor incidência de sangramentos  intracranianos com os DOACs, embora dabigatrana e rivaroxabana estejam associadas a maior risco  gastrointestinal. A adesão ao tratamento é favorecida pela posologia fixa e ausência de monitorização  laboratorial frequente. Apesar do custo inicial mais elevado, os DOACs se mostraram custo-efetivos a  longo prazo, consolidando-se como alternativa preferencial ao uso da varfarina. 

Palavras-Chave Fibrilação atrial. Anticoagulantes orais diretos. Varfarina. Segurança terapêutica. 

Abstract: Atrial fibrillation (AF) is the most common sustained arrhythmia in clinical practice and a  significant risk factor for thromboembolic events, especially ischemic stroke. For decades, warfarin was  the most widely used oral anticoagulant, although it presents important limitations, such as multiple  interactions with food and medications. In light of this, direct oral anticoagulants (DOACs) — dabigatran,  rivaroxaban, apixaban, and edoxaban — emerged with specific mechanisms of action, more predictable  pharmacokinetics, and better safety and adherence profiles. This study is a narrative review of the literature that evaluated the efficacy, safety, treatment adherence, and cost-effectiveness of DOACs  compared to warfarin in patients with AF. The research was conducted in the PubMed, Scopus, SciELO,  and Google Scholar databases, covering articles published between 2019 and 2024. The data indicates that DOACs are as effective as, or superior to, warfarin in preventing ischemic stroke, with apixaban  standing out for demonstrating the best results. Regarding safety, a lower incidence of intracranial  bleeding was observed with DOACs, although dabigatran and rivaroxaban were associated with a higher  gastrointestinal risk. Treatment adherence is favored by fixed dosing and the absence of frequent  laboratory monitoring. Despite the higher initial cost, DOACs have proven to be cost-effective in the long  run, solidifying themselves as the preferred alternative to warfarin use. 

Keywords ou Palabras clave: Atrial fibrillation. Direct oral anticoagulants. Warfarin. Therapeutic safety. 

INTRODUÇÃO 

A fibrilação atrial (FA) constitui-se como uma das principais responsáveis por  eventos tromboembólicos, notadamente o acidente vascular cerebral, sendo  fortemente associada a elevados índices de morbidade e mortalidade1. A utilização de  anticoagulantes representa uma estratégia terapêutica essencial na prevenção  dessas complicações, sendo a varfarina, historicamente, o agente mais empregado  para esse fim2

Entretanto, as restrições impostas pelo seu uso, como a necessidade de  monitoramento laboratorial frequente e a suscetibilidade a interações alimentares e  medicamentosas, impulsionaram o desenvolvimento de novas alternativas  terapêuticas2. Nesse contexto, os anticoagulantes orais diretos (DOACs), entre os  quais se destacam a dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabana, têm se  mostrado superiores em diversos aspectos, apresentando mecanismos de ação mais  específicos, menor variabilidade farmacocinética e um perfil de segurança mais  consistente em múltiplas situações clínicas3,4

Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo revisar os avanços  terapêuticos dos DOACs na FA, explorando seus benefícios, limitações e perspectivas  para o uso clínico. 

MÉTODO 

Este estudo consiste em uma revisão integrativa de literatura que analisa a  eficácia e segurança dos novos anticoagulantes orais (DOACs) em comparação com  a varfarina no tratamento da fibrilação atrial. A metodologia incluiu busca nas bases  PubMed, Scopus, SciELO e Google Scholar utilizando descritores como “fibrilação  atrial”, “novos anticoagulantes orais” e “varfarina” em português e inglês. Foram selecionados artigos publicados entre 2019-2024, incluindo revisões sistemáticas,  ensaios clínicos e estudos observacionais, enquanto relatos de caso e editoriais foram  excluídos.  

RESULTADOS 

Os estudos revisados demonstram consistentemente que os DOACs são tão  eficazes ou superiores à varfarina na prevenção de eventos tromboembólicos em  pacientes com FA1.Um estudo destaca que os DOACs reduzem significativamente o  risco de AVC isquêmico, com destaque para a apixabana, que apresentou os  melhores resultados1. Outros autores corroboram esses achados, mostrando que os  DOACs, especialmente a apixabana, oferecem eficácia similar ou superior na  prevenção de AVC e embolia sistêmica2. Também foi observado que os DOACs  reduzem a incidência de AVC isquêmico e mortalidade cardiovascular em comparação  com a varfarina3

Os DOACs apresentam um perfil de segurança favorável, com menor  incidência de sangramentos intracranianos em comparação com a varfarina. No  entanto, alguns DOACs, como dabigatrana e rivaroxabana, estão associados a um  maior risco de sangramento gastrointestinal2,4. A apixabana, por outro lado,  demonstrou um menor risco de sangramentos maiores em geral. A segurança dos  DOACs é reforçada pela disponibilidade de agentes de reversão, como idarucizumabe  para dabigatrana e andexanet alfa para rivaroxabana e apixabana1

A adesão ao tratamento é maior com os DOACs devido à posologia fixa e à  ausência de necessidade de monitoramento frequente1,3. Estudos econômicos  indicam que, embora os DOACs tenham um custo inicial mais elevado, eles são custo efetivos a longo prazo devido à redução de complicações e hospitalizações2,3

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Os anticoagulantes orais diretos (DOACs) consolidam-se como alternativas  eficazes e seguras à varfarina na prevenção de eventos tromboembólicos em  pacientes com fibrilação atrial. Os dados revisados apontam redução significativa do  risco de AVC isquêmico e menor incidência de sangramentos intracranianos com o  uso dos DOACs

Entre os agentes analisados, a apixabana se destaca por apresentar o melhor  equilíbrio entre eficácia e segurança, sendo associada à menor taxa de sangramentos  maiores, inclusive em pacientes com alto risco hemorrágico. A dabigatrana, por sua  vez, mostra boa eficácia, mas com maior risco de sangramento gastrointestinal. A  rivaroxabana também é eficaz, mas compartilha esse mesmo risco aumentado. 

Em relação à adesão, todos os DOACs oferecem vantagem em relação à  varfarina, devido à posologia fixa e à dispensa de monitoramento laboratorial  frequente. 

Em resumo, Os DOACs se apresentam como a opção preferencial na maioria  dos casos clínicos, desde que avaliadas as condições clínicas do paciente. 

REFERÊNCIAS 

1- Bezerra LMR, Furtado LFH, Vieira VML, Pires LGC, Ericeira DS, Leite MD, et  al. Avaliação da eficácia das novas terapias anticoagulantes orais na prevenção  de eventos relacionados à fibrilação atrial: uma revisão bibliográfica. Recima21.  2024;5(5):e555203. doi:10.47820/recima21.v5i5.5203.

2- Guimarães GM, Mariano MEO, Pinto RFM, Fernandes ICB, Vieira IL. Terapias  anticoagulantes em pacientes com fibrilação atrial e alto risco de sangramento:  comparação de novos anticoagulantes orais. Rev Ibero-Am Humanid Ciênc  Educ. 2024;10(8):2251–2260. doi:10.51891/rease.v10i8.15372.

3- Syagha E, Nobre MN. Análise da eficácia dos novos anticoagulantes orais na  fibrilação atrial: uma revisão integrativa. Rev Eletr Acervo Saúde.  2021;13(10):e8971.

4- Stutz VJ, Nunes CP. Novos anticoagulantes orais comparados com a varfarina  na FA. Rev Med Fam Saúde Ment. 2019;1(1):56–65.


1Médica Residente de Clínica Médica. Graduada pelo UNITPAC. rafaelladgalvao@gmail.com
2Acadêmico de Medicina. UNITPAC. Victordg2006@gmail.com
3Acadêmico de Medicina. UNITPAC. kauarvcosta@gmail.com
4Acadêmico de Medicina. UNITPAC. drleandroscctbmf@gmail.com
5Biólogo e Professor. UNITPAC. mariobioufg@gmail.com