NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE SUPORTE BÁSICO DE VIDA DE ACADÊMICOS DA ÁREA DA SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8277994


Igor Santana Darelli Cintra¹
Paulo Bassi Martini²
Jorge Andres Cardoso³
Cybelle Filgueiras Flores Rabelo⁴
Matheus Carneiro Paranhos⁵
Arnaldo Leôncio Dutra da Silva Filho⁶
Sulamita Queren Silva Cunha⁷
Luiz Henrique Abreu Belota⁸
Sara Mikhaela Costa Siufi⁹
Cibelly Leite Wanderley Fidélio¹⁰
Sabrynny Leite Wanderley Fidélio¹¹
Eduarda Dias da Silva¹²
Cristiane Martins Ferreira¹³
Edilane Henrique Leôncio¹⁴
Martha Eliana Waltermann¹⁵


RESUMO

Introdução: A manobra de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é uma competência fundamental para os alunos, pois desempenha um papel crucial no salvamento de vidas em situações de parada cardiorrespiratória. Portanto, a realização deste estudo, justifica-se em aprimorar a formação desses profissionais e garantir uma melhor prestação de cuidados de saúde em emergências. Objetivo: Investigar o conhecimento e habilidades práticas sobre Suporte Básico de Vida (SBV) em estudantes da área de saúde. Metodologia: Revisão narrativa da literatura nas bases científicas: LILACS e SCIELO. Foram selecionados 7 trabalhos para compor o estudo. Resultados e Discussões: Utilizaram a metodologia ATLS/PHTLS e destacaram o potencial de disseminação do conhecimento em SBV por meio de acadêmicos de medicina treinados. Observaram um desempenho positivo dos estudantes nas temáticas estudadas, com destaque para a liberação de vias aéreas, mas menor conhecimento sobre afogamento. Constataram, também, que 75% dos acadêmicos de enfermagem possuíam baixo conhecimento em suporte básico de vida, sendo insuficiente para o atendimento de parada cardiorrespiratória. Conclusão: Os estudos analisados revelam a necessidade de aprimorar a abordagem do suporte básico de vida (SBV). OS resultados indicam lacunas no conhecimento teórico e prático dos estudantes, com destaque para temas específicos como afogamento e trauma de membros. Para melhorar os resultados e garantir uma atuação eficaz no atendimento às vítimas de parada cardiorrespiratória, é essencial realizar estudos longitudinais para identificar os déficits e planejar intervenções educacionais mais eficientes.

Palavras-Chaves: Emergências; Reanimação Cardiopulmonar; Educação de Graduação em Medicina.

ABSTRACT

Introduction: Cardiopulmonary resuscitation (CPR) is a fundamental skill for students, as it plays a crucial role in saving lives in situations of cardiac arrest. Therefore, carrying out this study is justified in improving the training of these professionals and ensuring better provision of health care in emergencies. Objective: To investigate knowledge and practical skills about Basic Life Support (BLS) in health care students. Methodology: Narrative review of the literature on scientific bases: LILACS and SCIELO. Seven works were selected to compose the study. Results and Discussion: They used the ATLS/PHTLS methodology and highlighted the potential for disseminating knowledge on BLS through trained medical students. They observed a positive performance of the students in the subjects studied, with emphasis on the release of the airways, but less knowledge about drowning. They also found that 75% of nursing students had little knowledge of basic life support, which was insufficient to deal with cardiorespiratory arrest. Conclusion: The analyzed studies reveal the need to improve the basic life support (BLS) approach. The results indicate gaps in students’ theoretical and practical knowledge, with emphasis on specific topics such as drowning and limb trauma. In order to improve results and ensure effective care for victims of cardiac arrest, it is essential to carry out longitudinal studies to identify deficits and plan more efficient educational interventions.

Keywords: Emergencies; Cardiopulmonary Resuscitation; Medical Graduate Education.

INTRODUÇÃO

O atendimento pré-hospitalar (APH) é fundamental para lidar com emergências, proporcionando intervenção imediata e eficaz para reduzir sequelas e aumentar a sobrevida das vítimas. Estima-se que anualmente cerca de 60 milhões de pessoas sofram algum tipo de traumatismo, representando uma em cada seis internações hospitalares. No Brasil, a mortalidade por trauma ocupa a terceira posição entre as principais causas de morte. Nesse contexto, o APH desempenha um papel crucial na assistência aos pacientes antes de sua chegada ao hospital (Maia et al., 2014).

A manobra de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é uma competência fundamental para os alunos, pois desempenha um papel crucial no salvamento de vidas em situações de parada cardiorrespiratória. No entanto, estudos têm demonstrado uma menor retenção do conhecimento dessa habilidade ao longo do tempo. Isso pode resultar em uma diminuição na capacidade dos estudantes de executar a RCP de forma eficaz e afetar negativamente a qualidade do atendimento prestado aos pacientes (Teixeira et al., 2022).

No Brasil, ocorrem mais de 630 mil casos de morte súbita anualmente, devido a arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio. Metade desses óbitos acontece antes que a vítima receba atendimento médico. Estudos indicam que o conhecimento da técnica de massagem cardíaca, com uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto em adultos, pode ser crucial para salvar vidas. É importante ressaltar que metade dos casos de parada cardiorrespiratória ocorre em presença de pessoas leigas, tornando essencial orientar e treinar essa população sobre o reconhecimento e a realização precoce das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) (Silva et al., 2017).

A formação de profissionais de saúde em suporte básico de vida (SBV) é importante, mas estudos têm mostrado baixo conhecimento nessa área. Isso ocorre principalmente devido à falta de treinamento prévio em SBV entre os alunos e profissionais com pouca experiência clínica. Pouca ênfase tem sido dada ao conhecimento em SBV entre os graduandos de diferentes cursos da área da saúde. Portanto, é essencial investigar o conhecimento em SBV e os fatores associados entre os graduandos de uma universidade pública (Pelek et al., 2021).

Portanto, a realização deste estudo, justifica-se em aprimorar a formação desses profissionais e garantir uma melhor prestação de cuidados de saúde em emergências.

OBJETIVO

Investigar o nível de conhecimento sobre Suporte Básico de Vida (SBV) em estudantes da área de saúde.

METODOLOGIA

O estudo refere-se a uma revisão narrativa da literatura realizada em Junho de 2023. A indagação central que guiou este estudo visou agregar conhecimento por meio da recopilação de informações pertinentes provenientes de artigos já publicados. A pergunta central formulada foi: “Qual o nível de conhecimento e habilidades práticas sobre SBV em estudantes da área de saúde.?”. O levantamento bibliográfico ocorreu nas bases de dados: LILACS e SciELO. A estratégia de busca da produção científica foi desenvolvida com elementos principais da questão norteadora e resultaram na construção de descritores específicos, aplicando nas buscas os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH): “Emergências”, “Reanimação Cardiopulmonar”, “Educação Médica” e “Educação de Graduação em Medicina”, por meio da utilização do operador booleano AND e OR.

Os critérios de elegibilidade foram estudos completos, originais, observacionais, dissertações, teses, no idioma português, espanhol ou inglês e que atendessem ao objetivo proposto. Estudos duplicados foram excluídos. A escolha dos estudos será feita nas seguintes fases: avaliação dos títulos, sendo excluídos os que não se encaixavam nos critérios de inclusão; leitura dos resumos e avaliação dos textos completos para confirmação da elegibilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seleção final do estudo compreendeu um total de sete artigos, que foram escolhidos para serem analisados e examinados em detalhes. Esses sete artigos foram considerados relevantes e adequados para responder às perguntas de pesquisa.

O número de alunos que atingiram a taxa mínima de acertos proposta pela American Heart Association (AHA) é considerado insuficiente, refletindo a realidade global do ensino e assimilação do tema, evidenciando a necessidade de aprimorar a abordagem do assunto, independentemente da metodologia utilizada. Diante disso, destaca-se a importância de realizar mais estudos longitudinais que avaliem o conhecimento e a retenção em estudantes de medicina, especialmente no contexto brasileiro (Teixeira et al., 2022).

A maioria dos participantes do estudo apresentou um nível de conhecimento baixo em relação ao SBV, exceto os estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem, que demonstraram ter um conhecimento mais avançado. A falta de conhecimento em SBV foi associada a fatores como idade mais jovem, falta de confiança na realização dos procedimentos de SBV e a ausência de uma disciplina específica sobre o assunto durante a formação. No entanto, após ajustes, apenas a falta da disciplina relacionada ao SBV mostrou-se significativamente associada ao baixo nível de conhecimento (Pelek et al., 2021).

Os alunos demonstraram um bom aprendizado das habilidades necessárias para o atendimento adequado da PCR. No entanto, a etapa de checar a segurança antes de iniciar o atendimento foi realizada de forma incorreta pela maioria dos estudantes. A falta de prática e o tempo decorrido desde o treinamento foram identificados como fatores que levaram à perda das habilidades. Observaram uma perda significativa das habilidades em estudantes de medicina do primeiro ano, impactando na qualidade do atendimento. A falta de prática e a não realização adequada das etapas podem levar a complicações e eventos adversos. A idade e o sexo não influenciaram na perda de retenção, sendo o tempo o principal fator (Moretti et al., 2021).

A maioria dos participantes demonstrou conhecimento satisfatório em relação aos sinais de PCR, o contato com o serviço de emergência e a sequência correta de atendimento. No entanto, foram identificadas lacunas no conhecimento em relação à técnica correta de compressão e ao posicionamento do desfibrilador externo automático (DEA). Além disso, houve dificuldades na identificação da técnica adequada para casos de trauma cervical. Observou-se que alunos em semestres mais avançados apresentaram maior conhecimento em comparação aos alunos em semestres iniciais (Bastos et al., 2020).

Embora tenham sido observados desempenhos positivos em alguns aspectos, como a liberação de vias aéreas, foram identificadas deficiências em temas específicos, como afogamento e trauma de membros. Além disso, constatou-se falta de conhecimento em conceitos essenciais da RCP e inadequações na aplicação das manobras de SBV, como a realização da ventilação boca a boca sem o uso de equipamentos de proteção individual (Silva et al., 2017).

Os resultados do estudo de Silva et al. (2015) revelaram que 75% dos acadêmicos de enfermagem possuíam um baixo conhecimento sobre suporte básico de vida, com pontuações inferiores a 75%. Concluiu-se que os conhecimentos teóricos sobre suporte básico de vida entre os alunos avaliados foram insuficientes para o atendimento de vítimas de parada cardiorrespiratória. Isso indica que a abordagem desse assunto durante a pós-graduação não tem sido adequada para a construção de conhecimentos práticos necessários.

Maia et al. (2014) utilizaram a metodologia ATLS/PHTLS e destaca o potencial de disseminação do conhecimento em SBV por meio de acadêmicos de medicina treinados. Foi observado um desempenho positivo dos estudantes nas temáticas estudadas, especialmente na liberação de vias aéreas. No entanto, o conhecimento sobre afogamento foi menor. O estudo ressalta a importância de abordar esses temas pouco conhecidos pela população em geral e pelos estudantes recém-ingressos. A regressão no tema de trauma de membros foi atribuída à falta de tempo e ao foco em outros tópicos considerados mais relevantes.

CONCLUSÃO

Em conclusão, os estudos analisados revelam a necessidade de aprimorar a abordagem do suporte básico de vida (SBV) no ensino da área da saúde. Os resultados indicam lacunas no conhecimento teórico e prático dos estudantes, com destaque para temas específicos como afogamento e trauma de membros. Além disso, observou-se uma taxa insuficiente de alunos que atingiram o nível mínimo de conhecimento proposto pela American Heart Association.

Para melhorar os resultados e garantir uma atuação eficaz no atendimento às vítimas de parada cardiorrespiratória, é essencial realizar estudos longitudinais para identificar os déficits e planejar intervenções educacionais mais eficientes. A disseminação do conhecimento em SBV por meio de acadêmicos de medicina treinados também é destacada como uma estratégia promissora. Em suma, é fundamental investir em abordagens educacionais mais eficazes e avaliar continuamente o conhecimento e a retenção dos estudantes de saúde nessa área crucial.

REFERÊNCIAS

BASTOS, Thalita da Rocha et al. Conhecimento de estudantes de medicina sobre suporte básico de vida no atendimento à parada cardiorrespiratória. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 4, 2020.

MAIA, Evanira Rodrigues et al. Conhecimentos em atenção pré-hospitalar e suporte básico de vida por estudantes recém-ingressos de medicina. Revista brasileira de educação médica, v. 38, p. 59-64, 2014.

MORETTI, Miguel Antônio et al. Retenção das habilidades de ressuscitação cardiopulmonar nos estudantes de medicina. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 117, p. 1030-1035, 2021.

PELEK, Carlos Augusto et al. Level of knowledge about basic life support of undergraduate students from the health area. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 45, 2021.

SILVA, Daiane Vieira da et al. Conhecimento de graduandos em enfermagem sobre suporte básico de vida. Revista baiana de enfermagem, v. 29, n. 2, 2015.

SILVA, Karla Rona da et al. Parada cardiorrespiratória e o suporte básico de vida no ambiente pré-hospitalar: o saber acadêmico. Saúde (Santa Maria), 2017.

TEIXEIRA, Guilherme Azevedo et al. Análise de retenção e conhecimento acerca de suporte básico de vida em estudantes de medicina em faculdade de Pernambuco: um estudo prospectivo. 2022.


¹Medicina pela Faculdade Morgana Potrich – FAMP, Mineiros, GO
E-mail: igorsantana1111@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0003-5718-6571
²Medicina pela Faculdade Morgana Potrich – FAMP, Mineiros, GO
E-mail: martiini@live.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7267-618X
³Medicina pela Faculdade Morgana Potrich – FAMP, Mineiros, GO
E-mail: Jorge-ac98@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3263-7079
4Medicina pela Faculdade Morgana Potrich – FAMP, Mineiros, GO
E-mail: cybelle_258@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5927-1356
5Medicina pelo Centro Universitário de Mineiros, Mineiros, GO
E-mail: carneirovisq@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0022-3218
6Medicina pelo ITPAC Santa Inês, MA
E-mail: Arnaldoleoncio@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8533-0110
7Fisioterapia pela Universidade Potiguar, Natal, RN
E-mail: sauloesusu2017@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0009-7633-7818
8Medicina pela Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM
E-mail: lhab.med18@uea.edu.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4533-6897
9Medicina pela Unifamaz, Belém, PA
E-mail: saramed2017@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0361-6340
10Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas, Palmas – TO
E-mail: Cibellymedicina@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0008-1764-1417
¹¹Medicina pela UNIFAN – Centro Universitário Alfredo Nasser, Aparecida de Goiânia, GO
E-mail: sabrynnyleitewf@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-2807-3569
¹²Medicina pela UNIFAN – Centro Universitário Alfredo Nasser, Aparecida de Goiânia, GO
E-mail: eduardaadiias@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-2102-2455
¹³Medicina pela UNIFAN – Centro Universitário Alfredo Nasser, Aparecida de Goiânia, GO
E-mail: cristianemartinsjljp@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0009-2698-9527
14Bacharelado em Enfermagem, Pós-graduação, Centro Universitário Uninovafapi, Teresina, PI
E-mail: edilanehl@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4696-963X
15Mestra em Promoção da Saúde, Desenvolvimento Humano e Sociedade, Universidade Luterana do Brasil
E-mail: martha.waltermann@ulbra.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1780-8888