NEUROPLASTICITY AND NEUROLOGICAL REHABILITATION: THE INFLUENCE OF PHYSICAL ACTIVITY IN AN INTEGRATIVE REVIEW
Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202408271416
Antonio Francisco Siqueira Junior1; Beatriz Cristina Pesente2; Danilo Augusto Teles Gondim3; Giovanni Moretto4; Guilherme Medeiros Di Colla5; Jair Felipe Lima6; Juliana Tavares Levandoski7; Lorrayne Gualter de Araújo8; Marcella Teodoro Vilarino9; Morgana Bezerra Bispo Caldas10; Nicolas Justino Pedroso11; Rogério Mateus Costa12; Tânia Martin Guilherme13; Thais Mazetti Navarro14; Viviane Tontini Costa15.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo revisar e sintetizar as evidências sobre a influência da atividade física e da estimulação cognitiva na neuroplasticidade, especialmente no contexto da reabilitação neurológica. A revisão integrativa incluiu artigos científicos relevantes, analisando o impacto dessas intervenções na reorganização neural e na melhora das funções cognitivas em indivíduos com condições neurológicas. Os resultados indicam que a prática regular de atividades físicas e a estimulação cognitiva são essenciais para promover a neuroplasticidade, com estudos mostrando melhorias significativas na memória, atenção e outros aspectos cognitivos em populações afetadas por doenças neurodegenerativas. Além disso, as intervenções físicas demonstraram benefícios na regulação do “relógio biológico” e no tempo de reação, particularmente em idosos. Esses achados reforçam a importância de integrar atividades físicas e estímulos cognitivos em programas de reabilitação neurológica para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e sugerem o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas baseadas nesses princípios.
Palavras-chave: Neuroplasticidade, Reabilitação Neurológica, Atividade Física, Estimulação Cognitiva, Doenças Neurodegenerativas.
ABSTRACT
This study aims to review and synthesize the evidence on the influence of physical activity and cognitive stimulation on neuroplasticity, especially in the context of neurological rehabilitation. The integrative review included relevant scientific articles, analyzing the impact of these interventions on neural reorganization and improvement of cognitive functions in individuals with neurological conditions. The results indicate that regular practice of physical activities and cognitive stimulation are essential to promote neuroplasticity, with studies showing significant improvements in memory, attention and other cognitive aspects in populations affected by neurodegenerative diseases. In addition, physical interventions have shown benefits in regulating the “biological clock” and reaction time, particularly in the elderly. These findings reinforce the importance of integrating physical activities and cognitive stimulation in neurological rehabilitation programs to improve the quality of life of patients and suggest the development of new therapeutic strategies based on these principles.
Keywords: Neuroplasticity, Neurological Rehabilitation, Physical Activity, Cognitive Stimulation, Neurodegenerative Diseases.
1. INTRODUÇÃO
A neuroplasticidade, definida como a capacidade do sistema nervoso de modificar sua estrutura e função em resposta a estímulos internos e externos, tem emergido como um conceito central na compreensão de como o cérebro se adapta e se reorganiza ao longo da vida. Esse fenômeno, fundamental para processos de aprendizagem e memória, também desempenha um papel crucial na recuperação funcional após lesões neurológicas. Na reabilitação neurológica, a neuroplasticidade é vista como um mecanismo essencial para a recuperação de funções perdidas ou prejudicadas, oferecendo uma base para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes.
A importância da neuroplasticidade na reabilitação é particularmente evidente em condições como o acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo cranioencefálico e doenças neurodegenerativas, onde a reorganização neural pode compensar as áreas lesionadas. No contexto do envelhecimento, a neuroplasticidade também é crucial para manter a cognição e a autonomia funcional, mesmo diante do declínio associado à idade.
Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento da população idosa, torna-se cada vez mais relevante explorar intervenções que possam maximizar a plasticidade cerebral e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que sofrem de doenças neurológicas. Atividades físicas e estímulos cognitivos têm sido amplamente estudados por seu potencial em promover neuroplasticidade, oferecendo uma abordagem não invasiva e acessível para a reabilitação.
Apesar dessas evidências, ainda há uma lacuna significativa na literatura quanto à compreensão dos mecanismos específicos pelos quais a atividade física e a estimulação cognitiva promovem a neuroplasticidade. Este estudo se justifica pela necessidade de integrar as descobertas existentes, explorando de forma abrangente o papel dessas intervenções na reabilitação neurológica.
Este estudo tem como objetivo principal analisar, através de uma revisão integrativa da literatura, o impacto da atividade física e da estimulação cognitiva na neuroplasticidade e como esses fatores contribuem para a reabilitação neurológica.
2. NEUROPLASTICIDADE
2.1. Definição e Bases Neurobiológicas
A neuroplasticidade, ou plasticidade neural, refere-se à capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões sinápticas em resposta a experiências, aprendizagens e lesões. Esse fenômeno é sustentado por processos como a neurogênese, a sinaptogênese e a modificação da força sináptica, que permitem que o cérebro se adapte continuamente ao longo da vida. A plasticidade sináptica, em particular, é fundamental para a aprendizagem e a memória, possibilitando a modificação das redes neurais com base em novos estímulos.
Do ponto de vista neurobiológico, a neuroplasticidade envolve a ativação de vias de sinalização intracelular que promovem a sobrevivência neuronal, a proliferação de células progenitoras neurais e a formação de novas sinapses. Esses processos são mediadores essenciais da recuperação funcional após lesões neurológicas e constituem a base para intervenções terapêuticas na reabilitação neurológica.
O estudo de Lista & Sorrentino (2010) é especialmente relevante para entender como a atividade física pode influenciar a neuroplasticidade e prevenir o declínio cognitivo, devido à sua abordagem detalhada sobre os mecanismos biológicos envolvidos nesse processo. O artigo examina como diferentes formas de exercício físico atuam em nível molecular e celular para promover mudanças benéficas no cérebro, contribuindo para a manutenção e potencial melhoria das funções cognitivas ao longo do tempo.
Os autores explicam que esses mecanismos incluem o aumento da expressão de fatores neurotróficos, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que é crucial para a sobrevivência e plasticidade dos neurônios. Além disso, a neuroplasticidade está associada à modulação de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, que influenciam o humor e a cognição, demonstrando como a atividade física pode ter efeitos amplos e significativos no cérebro.
2.2. Neuroplasticidade na Reabilitação Neurológica
A reabilitação neurológica baseia-se na capacidade do cérebro de reorganizar suas funções, utilizando a neuroplasticidade para recuperar habilidades perdidas ou danificadas. Esse processo é especialmente importante em pacientes que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVCs), lesões cerebrais traumáticas ou que apresentam doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer.
A intervenção através de atividades físicas tem se mostrado uma abordagem promissora na reabilitação neurológica, promovendo a neuroplasticidade e melhorando a recuperação funcional. Diferentes tipos de exercícios, como aeróbicos, de resistência e de coordenação motora, demonstraram ter efeitos variados e benéficos na plasticidade neural.
O estudo de Folstein et al. (1975) introduziu o Mini-Mental State Examination (MMSE), uma ferramenta amplamente utilizada para a avaliação do estado cognitivo. O MMSE avalia funções cognitivas básicas, como orientação temporal e espacial, memória, atenção, e capacidade de linguagem, sendo uma ferramenta prática para detectar e monitorar o declínio cognitivo. O MMSE é frequentemente utilizado para medir o impacto de intervenções terapêuticas, incluindo programas de atividade física e estimulação cognitiva, na função cognitiva. Em estudos de neuroplasticidade, a aplicação do MMSE permite avaliar como essas intervenções influenciam as funções cognitivas ao longo do tempo, fornecendo dados sobre melhorias ou estabilizações na cognição.
Ao aplicar o MMSE antes e após intervenções físicas, os pesquisadores podem monitorar as mudanças na função cognitiva e, assim, avaliar a eficácia dessas intervenções em promover a neuroplasticidade. O uso do MMSE fornece evidências sobre como atividades físicas podem influenciar a cognição e ajudar a entender os mecanismos através dos quais a neuroplasticidade é estimulada e medida em diferentes populações.
Ao explorar os fundamentos da neuroplasticidade e suas implicações na reabilitação neurológica, fica claro que a atividade física não é apenas um meio de promover a saúde física, mas também um potente modulador da plasticidade cerebral. A compreensão desses mecanismos é crucial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes que possam maximizar a recuperação funcional e a qualidade de vida dos pacientes.
3. REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA
A reabilitação neurológica é fundamentada na capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões e funções através da neuroplasticidade. Este processo é crucial para a recuperação de habilidades e funções comprometidas devido a lesões neurológicas, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ou doenças neurodegenerativas. A neuroplasticidade permite ao cérebro adaptar-se e compensar danos, e técnicas de reabilitação frequentemente visam maximizar essa capacidade adaptativa.
A atividade física e a estimulação cognitiva são intervenções eficazes que promovem a neuroplasticidade e contribuem para a reabilitação neurológica. Ambas as abordagens influenciam positivamente a função cerebral e ajudam a melhorar a recuperação funcional.
O estudo de Antunes et al. (2006) fornece evidências importantes sobre os efeitos das atividades físicas regulares na função cognitiva, incluindo memória, atenção e outras capacidades mentais, particularmente em indivíduos com comprometimento cognitivo. O estudo mostra que a prática regular de atividades físicas está associada a melhorias significativas na memória. Os autores destacam que o exercício físico estimula a produção de fatores neurotróficos, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que desempenha um papel crucial na promoção da neurogênese e na manutenção da plasticidade sináptica. Esse aumento na neurogênese e na plasticidade sináptica contribui para uma melhor formação e recuperação de memórias.
A atividade física regular também tem sido associada a melhorias na atenção. Antunes et al. (2006) apontam que o exercício pode aumentar a capacidade de foco e a velocidade de processamento, influenciando positivamente a atenção sustentada e seletiva. O aumento da circulação sanguínea no cérebro durante o exercício contribui para um melhor fornecimento de oxigênio e nutrientes, o que pode ajudar na manutenção da função cognitiva.
Além de memória e atenção, a atividade física regular tem impactos positivos em outras funções cognitivas, como habilidades executivas e velocidade psicomotora. Antunes et al. (2006) sugerem que o exercício pode melhorar a capacidade de planejamento, organização e tomada de decisões, devido à sua influência na saúde cerebral geral e na eficiência das redes neurais.
O estudo é particularmente relevante para indivíduos com comprometimento cognitivo, incluindo aqueles com doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer. Antunes et al. (2006) indicam que a atividade física pode ajudar a retardar a progressão do declínio cognitivo e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. O exercício regular pode promover a manutenção das funções cognitivas existentes e até mesmo ajudar na recuperação parcial de habilidades cognitivas prejudicadas.
Em resumo, o estudo de Antunes et al. (2006) demonstra que a prática regular de atividades físicas tem um impacto positivo abrangente sobre a função cognitiva. Esse efeito benéfico é mediado por melhorias na neuroplasticidade, produção de fatores neurotróficos e aumento da eficiência cerebral, e pode ser particularmente útil em estratégias de reabilitação para indivíduos com comprometimento cognitivo.
A pesquisa de Deslandes (2013) explora como o exercício físico pode influenciar o “relógio biológico” e combater declínios neurológicos associados ao envelhecimento, sugerindo que o exercício físico é uma ferramenta eficaz para influenciar positivamente o “relógio biológico” e mitigar os efeitos negativos do envelhecimento no cérebro.
Deslandes (2013) argumenta que a atividade física regular pode atenuar os efeitos do envelhecimento no cérebro, funcionando como uma intervenção que retarda o “relógio biológico” cerebral. O estudo mostra que o exercício físico pode prevenir ou retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento. A prática regular de atividades físicas está associada a melhorias na função cognitiva, aumento da neuroplasticidade e redução dos marcadores de envelhecimento cerebral, como a atrofia cerebral.
Deslandes (2013) demonstra que o exercício físico pode modificar o “relógio biológico” do cérebro, o que se refere à capacidade do cérebro de manter funções cognitivas e neurológicas saudáveis com a idade. A atividade física ajuda a manter o cérebro jovem em termos de funcionalidade, compensando alguns dos efeitos naturais do envelhecimento.
A pesquisa de Deslandes (2013) explora como o exercício físico pode influenciar o “relógio biológico” e combater declínios neurológicos associados ao envelhecimento. Deslandes (2013) argumenta que a atividade física regular pode atenuar os efeitos do envelhecimento no cérebro, funcionando como uma intervenção que retarda o “relógio biológico” cerebral.
O estudo mostra que o exercício físico pode prevenir ou retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento. A prática regular de atividades físicas está associada a melhorias na função cognitiva, aumento da neuroplasticidade e redução dos marcadores de envelhecimento cerebral, como a atrofia cerebral.
Em suma, a integração de atividades físicas e estimulação cognitiva na reabilitação neurológica oferece um método poderoso para promover a neuroplasticidade e melhorar a recuperação funcional. A aplicação dessas técnicas pode ser particularmente benéfica na gestão de condições neurológicas e na promoção da saúde cerebral ao longo da vida.
4. REVISÃO DA LITERATURA
Esta seção apresenta os principais achados da revisão integrativa, destacando como a atividade física e a estimulação cognitiva influenciam a neuroplasticidade e contribuem para a reabilitação neurológica. A análise foca em mecanismos fisiológicos envolvidos, impactos em condições como Alzheimer e diferenças cognitivas associadas à prática regular de exercícios.
Merege Filho et al. (2014) investigam os mecanismos fisiológicos pelos quais a atividade física influencia a cognição. O estudo destaca que o exercício físico regular ativa processos neurobiológicos essenciais, como a neurogênese e a plasticidade sináptica, através do aumento da expressão de fatores neurotróficos, especialmente o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Esse fator desempenha um papel crucial na sobrevivência e na formação de novas sinapses, promovendo a adaptabilidade do cérebro a novas experiências e desafios. A evidência sugere que a prática contínua de exercícios contribui para um ambiente cerebral mais propenso à recuperação e à manutenção da função cognitiva.
Além disso, os autores mostram que a atividade física modula neurotransmissores importantes, como a dopamina e a serotonina, que estão associados a melhorias no humor e na função cognitiva. Esses neurotransmissores são fundamentais para a regulação das funções executivas e da memória, sugerindo que o exercício físico pode atuar como um modulador positivo das capacidades cognitivas e emocionais. A integração desses achados indica que a atividade física não apenas melhora a cognição, mas também pode ter um impacto positivo no bem-estar geral.
O estudo de Merege Filho et al. (2014) é significativo porque fornece uma compreensão detalhada dos mecanismos através dos quais o exercício físico promove a neuroplasticidade. Ele ilustra como a combinação de atividades físicas e estímulos cognitivos pode ser usada para desenvolver estratégias de reabilitação eficazes, destacando a importância de incorporar exercícios regulares em intervenções terapêuticas para melhorar a saúde cerebral e a qualidade de vida dos indivíduos.
Coelho et al. (2009) exploram o impacto da atividade física sistematizada no desempenho cognitivo de idosos com Alzheimer. O estudo demonstra que programas de exercício físico, incluindo atividades aeróbicas e de resistência, têm efeitos positivos significativos na memória e na atenção desses indivíduos. Os dados mostram que a prática regular de exercícios pode ajudar a manter as funções cognitivas e até retardar a progressão dos sintomas da doença de Alzheimer, proporcionando benefícios evidentes na qualidade de vida dos pacientes.
Os autores também ressaltam que a eficácia dos programas de exercício físico pode depender de sua regularidade e intensidade. Intervenções bem estruturadas e consistentes têm mostrado ser mais eficazes na promoção da cognição e no gerenciamento dos sintomas da doença. O estudo sugere que a personalização dos programas de exercício pode maximizar os benefícios para os pacientes com Alzheimer, adaptando-se às suas necessidades e capacidades individuais.
Coelho et al. (2009) contribuem para a discussão sobre como a atividade física pode ser utilizada como uma intervenção prática na reabilitação de pacientes com Alzheimer. Seus resultados reforçam a ideia de que o exercício físico não só ajuda a melhorar a cognição, mas também pode desempenhar um papel crucial no manejo e na prevenção do agravamento dos sintomas da doença, demonstrando a importância de incluir atividades físicas sistematizadas em estratégias de reabilitação.
Dias et al. (2014) realizam uma comparação entre idosos que praticam exercícios físicos e aqueles que permanecem sedentários, destacando diferenças significativas no desempenho cognitivo. O estudo revela que idosos que participam regularmente de atividades físicas apresentam melhor desempenho em tarefas de memória e atenção em comparação com seus pares sedentários. Estes resultados sublinham a importância da atividade física contínua na preservação das funções cognitivas durante o envelhecimento, evidenciando uma relação positiva entre a prática de exercícios e a saúde cerebral.
O estudo também sugere que a prática regular de exercício pode contrabalançar os efeitos negativos do sedentarismo, que estão associados ao declínio cognitivo. A comparação entre grupos ativos e inativos mostra que aqueles que se mantêm fisicamente ativos possuem uma maior capacidade de manter e até melhorar suas funções cognitivas ao longo do tempo. Essa evidência reforça a necessidade de promover a atividade física como um componente essencial para a manutenção da saúde cognitiva em idosos.
Dias et al. (2014) fornecem uma visão clara de como a atividade física pode impactar positivamente a cognição em idosos, destacando a importância de incorporar exercícios físicos na rotina diária. Seus achados são relevantes para a elaboração de intervenções voltadas para a preservação da função cognitiva, reforçando a eficácia da atividade física como uma estratégia preventiva e terapêutica importante para a saúde cerebral em populações envelhecidas.
5. DISCUSSÃO
Arcoverde et al. (2014) investigaram a eficácia do treinamento em esteira como uma intervenção complementar no tratamento de pacientes com Alzheimer, revelando resultados promissores. O estudo demonstrou que a prática regular de caminhada em esteira pode contribuir para a manutenção e até a melhora das funções cognitivas em indivíduos com Alzheimer, oferecendo suporte à neuroplasticidade e promovendo a integridade das vias neuronais. Esses achados sugerem que a atividade física estruturada, como o treinamento em esteira, pode desempenhar um papel crucial na reabilitação neurológica, atuando como uma estratégia terapêutica valiosa para retardar o avanço da doença e preservar a qualidade de vida dos pacientes.
Além dos benefícios cognitivos, o estudo de Arcoverde et al. também destacou a importância da atividade física para a saúde física geral dos pacientes com Alzheimer. O treinamento em esteira não apenas contribuiu para a melhora das capacidades cognitivas, mas também para a manutenção da aptidão física e funcionalidade dos pacientes. Esses resultados reforçam a necessidade de incorporar programas de exercício físico como parte integrante das abordagens de reabilitação neurológica para Alzheimer, visando tanto a preservação cognitiva quanto a promoção do bem-estar físico.
O estudo ainda sugere que o treinamento físico pode ter um efeito modulador sobre os sintomas comportamentais do Alzheimer. Pacientes que participaram regularmente do treinamento em esteira apresentaram uma redução na agitação e outros sintomas comportamentais, o que indica que a atividade física pode também atuar na regulação do humor e do comportamento. Este efeito adicional torna o exercício físico uma intervenção multifacetada e indispensável na gestão abrangente do Alzheimer, com potenciais benefícios que vão além da função cognitiva.
Rossato et al. (2011) examinaram o impacto da prática de atividades físicas no tempo de reação e na cognição de idosas, identificando melhorias significativas em ambas as áreas. As participantes que mantinham uma rotina regular de exercícios físicos apresentaram tempos de reação mais rápidos e melhor desempenho em testes cognitivos, indicando que a atividade física pode influenciar positivamente a velocidade de processamento mental e outras funções cognitivas. Esse estudo reforça a ideia de que a prática regular de exercícios é uma intervenção eficaz para melhorar a cognição em idosas, especialmente em aspectos como a atenção e a memória operacional.
O estudo de Rossato et al. também revelou que a atividade física pode ajudar a mitigar os efeitos do envelhecimento sobre o sistema nervoso central. As idosas que participaram do programa de exercícios demonstraram uma preservação das capacidades motoras e cognitivas, o que sugere que a atividade física pode retardar o declínio neurobiológico associado ao envelhecimento. Esse achado é particularmente relevante para a reabilitação neurológica, uma vez que propõe a atividade física não apenas como uma medida de prevenção, mas também como uma intervenção ativa para manter ou restaurar a função cognitiva em populações idosas.
Além disso, Rossato et al. apontaram que o exercício físico pode ter efeitos positivos sobre a conectividade neural, favorecendo a neuroplasticidade em idosas. As melhorias observadas no tempo de reação e na cognição podem estar associadas a alterações na conectividade sináptica, facilitadas pelo exercício físico. Esse aspecto sublinha a importância de incluir exercícios físicos nos programas de reabilitação neurológica, visando não apenas a recuperação funcional, mas também o fortalecimento das redes neurais.
Santos et al. (2011) exploraram a relação entre função cognitiva e capacidade funcional em idosos hipertensos, revelando que a atividade física pode desempenhar um papel crucial na mitigação dos efeitos cognitivos da hipertensão. O estudo demonstrou que idosos hipertensos que se engajavam em atividades físicas regulares apresentavam melhor função cognitiva e maior capacidade funcional em comparação com aqueles que eram sedentários. Esses achados sugerem que a atividade física pode atuar como uma intervenção eficaz para preservar a cognição em populações vulneráveis, como os idosos hipertensos, onde a hipertensão é um fator de risco conhecido para o declínio cognitivo.
Santos et al. também destacaram que a atividade física contribui para a regulação da pressão arterial, o que pode, por sua vez, proteger contra o comprometimento cognitivo. Ao melhorar o controle da pressão arterial, o exercício físico pode reduzir o impacto negativo da hipertensão sobre o cérebro, favorecendo a manutenção da saúde cognitiva. Esse mecanismo é crucial na reabilitação neurológica de idosos hipertensos, apontando para a necessidade de intervenções físicas que ajudem a controlar fatores de risco cardiovasculares como parte das estratégias para preservar a função cognitiva.
O estudo ainda sugere que a combinação de atividade física com outras intervenções, como a estimulação cognitiva, pode oferecer benefícios sinérgicos para a cognição e a capacidade funcional. Essa abordagem integrada é essencial para maximizar os resultados em programas de reabilitação neurológica, especialmente em populações com múltiplos fatores de risco para o declínio cognitivo. A pesquisa de Santos et al. sublinha a importância de estratégias multidimensionais na promoção da saúde cerebral em idosos, enfatizando o papel central da atividade física.
6. CONCLUSÃO
Este artigo revisou a literatura existente sobre a influência da atividade física e da estimulação cognitiva na neuroplasticidade e na reabilitação neurológica, ressaltando o papel fundamental dessas intervenções na promoção da saúde cerebral e na recuperação funcional. A revisão destacou como a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões sinápticas, é um processo central para a reabilitação neurológica, permitindo que indivíduos com condições neurológicas, como Alzheimer e lesões traumáticas, recuperem habilidades cognitivas e motoras.
Os estudos revisados forneceram evidências robustas de que a atividade física regular é uma intervenção poderosa para promover a neuroplasticidade e melhorar a função cognitiva. Trabalhos como os de Antunes et al. (2006) e Deslandes (2013) mostram que o exercício físico não só melhora a memória e a atenção, mas também ajuda a regular o “relógio biológico” e a combater o declínio neurológico associado ao envelhecimento. Além disso, pesquisas como as de Arcoverde et al. (2014) e Rossato et al. (2011) demonstram que a prática de atividades físicas pode melhorar o tempo de reação, a cognição e a qualidade de vida em idosos, reforçando a importância de programas de exercício físico na reabilitação neurológica.
As implicações práticas desta revisão são claras: a incorporação de atividades físicas e estímulos cognitivos nos programas de reabilitação neurológica pode potencializar a recuperação funcional e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, ainda há lacunas na pesquisa que precisam ser exploradas. Futuras investigações devem se concentrar em identificar quais tipos específicos de exercícios e protocolos de estimulação cognitiva são mais eficazes para diferentes condições neurológicas, além de explorar os mecanismos biológicos subjacentes que mediam esses efeitos.
Este estudo reafirma a importância da atividade física e da estimulação cognitiva como intervenções eficazes na reabilitação neurológica, com potencial para promover a neuroplasticidade e melhorar a função cognitiva.
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1 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 2 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil |3 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 4 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 5 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 6 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 7 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 8 Graduação em Bacharelado em Odontologia- universidade Vila Velha – Vila Velha/ ES | 9 Graduanda em Medicina pela Unesulbahia Faculdades Integradas | 10 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 11 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 12 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 13 Graduanda em Medicina pela UNILAGO União das Faculdades dos Grandes Lagos | 14 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 15 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil