NEOCOLAGÊNESE NA HARMONIZAÇÃO OROFACIAL: UMA REVISÃO DOS BIOESTIMULADORES DE COLÁGENO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506301130


Cecília Kelry da Silva Serrão1
Felipe Darlan Almeida Soares2
Orientador:  Prof. Dr. Luiz Claudio Borges Silva de Oliveira3


RESUMO

Este artigo tem como objetivo revisar os principais bioestimuladores de colágeno aplicados na harmonização orofacial, discutindo suas características, mecanismos de ação, evidências clínicas e segurança. A partir de uma revisão narrativa da literatura recente, foram analisadas substâncias como ácido poli-L-láctico (PLLA), hidroxiapatita de cálcio (CaHA), policaprolactona (PCL), ácido poli-D,L-láctico (PDLLA), combinações entre ácido hialurônico (AH) e CaHA, e o Profhilo® Structura. O PLLA apresentou melhora significativa em diversas regiões faciais, com satisfação de até 89,4% dos pacientes e 95,5% dos profissionais. A CaHA demonstrou eficácia na firmeza e elasticidade da pele, com 95% de satisfação e apenas 3% de eventos adversos. A PCL evidenciou efeito volumizador e bioestimulador duradouro, com boa integração tecidual. O PDLLA mostrou benefícios na textura e elasticidade da pele, com baixa incidência de reações adversas. A associação entre AH e CaHA resultou em 100% de melhora no contorno mandibular após três meses. O Profhilo® Structura promoveu aumento de até 23% na espessura tecidual e melhora significativa da firmeza cutânea. Conclui-se que os bioestimuladores são recursos eficazes e seguros na harmonização facial, sendo fundamental a seleção individualizada do produto e o domínio técnico para a obtenção de resultados previsíveis e duradouros.

Palavras-chave: Harmonização orofacial; bioestimuladores de colágeno; neocolagênese; rejuvenescimento cutâneo; procedimentos estéticos.

ABSTRACT

This article aims to review the main collagen biostimulators used in facial harmonization, discussing their characteristics, mechanisms of action, clinical evidence, and safety. Based on a narrative review of recent literature, substances such as poly-L-lactic acid (PLLA), calcium hydroxyapatite (CaHA), polycaprolactone (PCL), poly-D,L-lactic acid (PDLLA), combinations of hyaluronic acid (HA) with CaHA, and Profhilo® Structura were analyzed. PLLA showed significant improvement in various facial regions, with up to 89.4% patient satisfaction and 95.5% among professionals. CaHA demonstrated efficacy in improving skin firmness and elasticity, with 95% satisfaction and only 3% adverse events. PCL showed long-lasting volumizing and biostimulatory effects, with good tissue integration. PDLLA improved skin texture and elasticity, with a low incidence of adverse reactions. The combination of HA and CaHA resulted in 100% improvement in the mandibular contour after three months. Profhilo® Structura led to up to a 23% increase in tissue thickness and significant improvement in skin firmness. It is concluded that collagen biostimulators are effective and safe tools in facial harmonization, and individualized product selection and technical proficiency are essential to achieve predictable and long-lasting results.

Keywords: Facial harmonization; collagen biostimulators; neocollagenesis; skin rejuvenation; aesthetic procedures.

1. INTRODUÇÃO 

A harmonização orofacial (HOF) tem se firmado como uma área em expansão dentro da odontologia estética, propondo intervenções minimamente invasivas que visam restaurar a simetria e o equilíbrio facial, atenuar os sinais do envelhecimento e realçar traços naturais. Esses procedimentos, além de promoverem benefícios visuais, influenciam positivamente a autoestima e o bem-estar psicossocial dos pacientes (Lima; Soares, 2020).

Entre os principais alvos da HOF estão as alterações estruturais que ocorrem com o passar dos anos, como a perda de volume, elasticidade e firmeza da pele. Um dos fatores centrais nesse processo é a redução progressiva da produção de colágeno, proteína estrutural fundamental para a integridade e sustentação da derme. Os tipos de colágenos I, III e IV são os mais relevantes nesse contexto. O tipo I é o mais abundante na derme, responsável pela resistência tecidual; o tipo III auxilia na elasticidade e regeneração; enquanto o tipo IV contribui para a integridade da junção entre a epiderme e a derme, bem como das membranas basais que revestem os vasos sanguíneos (Oliveira et al., 2022).

O envelhecimento cutâneo é resultado de fatores intrínsecos, como predisposição genética e alterações hormonais,  e extrínsecos, como exposição solar crônica, poluição, tabagismo e alimentação inadequada. Esses elementos aceleram a degradação do colágeno e da elastina, comprometendo a estrutura dérmica e levando ao surgimento de rugas, flacidez, alterações no contorno facial e perda de viço (Kim; Park; Kang, 2022). A compreensão desses mecanismos tem impulsionado o desenvolvimento de terapias capazes de estimular a regeneração tecidual, com destaque para os bioestimuladores de colágeno.

Diferentemente dos preenchedores tradicionais que atuam volumizando imediatamente os tecidos, os bioestimuladores além de volumizar, promovem uma resposta biológica que estimula os fibroblastos a sintetizarem novo colágeno, um processo conhecido como neocolagênese. Esse efeito é gradual e duradouro, resultando em melhora da qualidade da pele ao longo do tempo, com benefícios como aumento da firmeza, elasticidade e hidratação cutânea (Oliveira et al., 2022).

Diversos agentes bioestimuladores vêm sendo utilizados na prática clínica, cada um com características próprias. O ácido poli-L-lático (PLLA), por exemplo, é um polímero biodegradável que induz a formação de colágeno tipo I por meio de uma resposta inflamatória controlada, promovendo melhora progressiva da textura e firmeza da pele (Christen, 2022). Segundo Lima e Soares (2020), o PLLA é eficaz tanto na harmonização facial quanto em tratamentos corporais, por estimular neocolagênese fisiológica com segurança e biocompatibilidade, sendo indicado inclusive para pacientes com lipoatrofia facial associada ao HIV.

A hidroxiapatita de cálcio (CaHA), presente em produtos como o Radiesse®, é um bioestimulador composto por microesferas sintéticas suspensas em um gel de carboximetilcelulose. Após a aplicação, o gel é absorvido, enquanto as microesferas permanecem nos tecidos, promovendo a ativação dos fibroblastos e a síntese de colágeno, especialmente o tipo I. Essa ação resulta em melhora na firmeza, espessura e elasticidade da pele. O processo inflamatório controlado gerado pelo produto também favorece mecanismos regenerativos como a formação de novos vasos sanguíneos e deposição de elastina. Seu perfil seguro, associado à biocompatibilidade, biodegradabilidade e possibilidade de uso em diferentes diluições, torna o CaHA uma alternativa eficaz e versátil na harmonização facial (Guida; Galadari, 2023).

A policaprolactona (PCL), comercializada como Ellansé®, é um bioestimulador de colágeno biodegradável que age de forma dupla: promove volumização imediata e estimula a produção natural de colágeno a longo prazo. Sua fórmula combina microesferas de PCL (25-50 µm) com um gel de carboximetilcelulose (CMC). Inicialmente, o gel preenche o tecido, garantindo um efeito instantâneo, enquanto é gradualmente absorvido pelo organismo em 6 a 8 semanas. Já as microesferas de PCL permanecem no local, estimulando uma resposta inflamatória controlada que ativa os fibroblastos, levando à síntese de novas fibras de colágeno tipo I, responsáveis pela firmeza e sustentação da pele. Esse processo resulta em um rejuvenescimento progressivo, com efeitos que podem durar de 1 a 4 anos, dependendo da variação utilizada (S, M, L ou E). Por sua biocompatibilidade e segurança, o PCL é indicado para correção de flacidez e reposição volumétrica em regiões como face, mãos e pescoço (Sena, 2021; Sinclair Pharma, 2021).  

O ácido poli-D,L-lático (PDLLA) é um polímero reconhecido por sua biodegradabilidade e biocompatibilidade, cada vez mais aplicado tanto na medicina regenerativa quanto em procedimentos dermatológicos. Sua composição amorfa, originada pela disposição aleatória dos enantiômeros D- e L-ácido lático, resulta em maior estabilidade mecânica e uma degradação mais previsível em comparação a outros polímeros semelhantes, como o PLLA e o PDLA. No organismo, o PDLLA atua como um potente indutor de colágeno, favorecendo a regeneração da pele e a remodelação dos tecidos com uma resposta inflamatória bem controlada. Esses efeitos são especialmente relevantes em tratamentos voltados ao rejuvenescimento facial, cicatrização de feridas e melhora de cicatrizes atróficas. Por ser gradualmente absorvido pelo corpo e apresentar boa tolerância, o uso do PDLLA reduz variações abruptas no pH local, minimizando a ocorrência de reações adversas como nódulos inflamatórios ou granulomas (Lee et al., 2024).

A combinação de ácido hialurônico (AH) com hidroxiapatita de cálcio (CaHA) tem ganhado destaque como uma abordagem eficaz em procedimentos estéticos voltados ao rejuvenescimento. O ácido hialurônico, amplamente reconhecido como o principal agente para preenchimento dérmico, oferece efeito volumizador imediato devido à sua capacidade de atrair água. Já a CaHA atua principalmente estimulando a produção de colágeno, conferindo firmeza e sustentação gradual à pele. Quando associados, esses dois compostos promovem resultados complementares: o AH garante preenchimento e hidratação imediata, enquanto a CaHA proporciona benefícios duradouros ao induzir a formação de colágeno tipo I. Apesar da elevada segurança clínica de ambos os materiais, podem ocorrer efeitos colaterais leves e passageiros, como inchaço ou vermelhidão na área tratada, sendo raros os casos de complicações mais graves ou tardias (Fakih-Gomez & Kadouch, 2021; Kadouch, 2017; Yutskovskaya & Kogan, 2017).

Entre as inovações mais recentes, destaca-se o Profhilo® Structura, um bioestimulador híbrido à base de ácido hialurônico de alto e baixo peso molecular, desenvolvido para atuar nos compartimentos adiposos faciais afetados pelo envelhecimento. Sua ação visa restaurar a firmeza e a espessura da pele, promovendo um efeito lifting com excelente tolerabilidade (Cassuto et al., 2023; Forte; Salti; Tateo, 2024).

Neste contexto, compreender o mecanismo de ação, as indicações clínicas e os resultados dos diferentes bioestimuladores de colágeno torna-se essencial para a prática segura e eficaz na harmonização orofacial. Este artigo se propõe revisar as principais substâncias utilizadas com esse fim, explorando suas características, evidências clínicas e considerações de segurança.

2. METODOLOGIA 

Este estudo trata-se de uma revisão narrativa da literatura com foco na eficácia clínica, mecanismos de ação e segurança dos bioestimuladores de colágeno utilizados na harmonização orofacial. A busca bibliográfica foi realizada na base de dados PubMed, Scielo e Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores em inglês, para isso foi utilizado como termo de busca: “collagen biostimulators”, “poly-L-lactic acid”, “calcium hydroxylapatite”, “policaprolactone”, “PDLLA”, “Profhilo”, “facial harmonization” e “aesthetic dermatology”. Foram incluídos artigos e monografias publicados entre 2015 e 2024, disponíveis em texto completo, em inglês ou português, que abordassem aplicações clínicas dos bioestimuladores na face ou corpo humano. Excluíram-se estudos com foco exclusivamente experimental (in vitro ou animal), relatos de casos isolados e revisões duplicadas. A seleção dos artigos foi feita com base na leitura dos títulos, resumos e textos completos, priorizando ensaios clínicos, revisões sistemáticas, estudos observacionais e artigos de revisão com relevância científica. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva, com ênfase nos efeitos clínicos observados, protocolos de aplicação, reações adversas e índices de satisfação dos pacientes.

3. RESULTADOS

Tabela 1 – Principais Resultados Clínicos dos Bioestimuladores de Colágeno na Harmonização Orofacial.

Autor/ AnoBioestimuladorÁrea de aplicaçãoResultados clínicosPorcentagem de resultado satisfatórioEfeitos adversos
Lima & Soares, 2020Ácido Poli-L-Láctico(PLLA)Região temporal, malar, sulcos nasolabiais, ângulo mandibular, queixo, linhas de marionete, lipoatrofia facial. Melhora de volume e firmeza; estímulo de colágeno tipo I; efeito gradual e duradouro (até 4 anos em alguns casos).89,4% dos pacientes e 95,5% dos médicos (em HIV).Leves: pápulas, nódulos (8,3%), hematomas (7,2%); raros granulomas; contraindicado em regiões móveis como lábios.
Guida; Galadari, 2024Hidroxiapatita de Cálcio(CaHA)(Radiesse®)Sulcos nasolabiais, linha mandibular, bochechas.Rejuvenescimento facial, firmeza e elasticidade aumentadas.Até 95% (bochechas); 70% (linha mandibular).Reações leves; ~3% de eventos adversos.
Gonçalves, 2022Policaprolactona(PCL) (Ellansé®)FaceAumento de colágeno tipo I, efeito volumizador duradouro.Elevada satisfação relatada.Resposta inflamatória leve e controlada.
Lee et al., 2024PDLLAMãos, rosto, estrias.Melhora de elasticidade, firmeza, rugas e textura da pele.Resultados visíveis nos estudos- piloto.Raros: nódulos, decorrentes de aplicação inadequada.
Fakih-Gomez; Kadouch, 2022AH + CaHA (formulação híbrida)Contorno mandibular.Redução de escore CR-MASJ; efeito lifting evidente.100% melhoraram 1 ponto (3 meses); 85% mantiveram (12 meses).Nenhum evento adverso significativo.
Cassuto et al., 2023Profhilo® StructuraMalar e região pré-auricular.Aumento de 23% na espessura tecidual, melhora da firmeza e contorno facialAlta tolerabilidade; resultados duradouros.Nenhum evento adverso relatado.

Fonte: Elaborada pelo autor

A Tabela 1 apresenta os principais efeitos clínicos dos bioestimuladores de colágeno utilizados na harmonização orofacial. O ácido poli-L-láctico (PLLA) apresentou melhora significativa em áreas como: Região temporal, malar, sulcos nasolabiais, ângulo mandibular, queixo, linhas de marionetes, lipoatrofia facial, e com até 89,4% dos pacientes e 95,5% dos médicos (em HIV de satisfação e efeitos adversos leves e transitórios. A hidroxiapatita de cálcio (CaHA) demonstrou alta eficácia na melhora da elasticidade e firmeza facial, com 95% de satisfação na região das bochechas e apenas 3% de reações adversas. A policaprolactona (PCL), comercializada como Ellansé®, revelou efeitos volumizadores duradouros e indução de colágeno tipo I, com boa tolerabilidade. O PDLLA apresentou melhora de rugas e elasticidade em estudos-piloto, com baixa incidência de efeitos adversos. Já a combinação híbrida de AH + CaHA mostrou eficácia notável no contorno mandibular, com 100% dos pacientes relatando melhora após três meses. O Profhilo® Structura, baseado em ácido hialurônico híbrido, evidenciou aumento de até 23% na espessura tecidual, promovendo firmeza e efeito lifting com alta tolerabilidade. Esses dados reforçam o papel dos bioestimuladores como ferramentas eficazes e seguras na harmonização facial.

4. DISCUSSÃO  

A aplicação do ácido poli-L-láctico (PLLA) em áreas faciais têm demonstrado resultados consistentes em relação à melhora da firmeza, contorno e qualidade da pele. Segundo Lima e Soares (2020), o PLLA promove aumento significativo da produção de colágeno tipo I, com efeito gradual e duradouro, podendo persistir por até quatro anos em alguns pacientes. Os efeitos adversos são, em geral, leves e autolimitados, como edema, eritema e equimoses, quando utilizado com técnica apropriada. O estudo ainda relata alto índice de satisfação, inclusive em pacientes com lipoatrofia facial associada ao HIV, sem intercorrências graves. Esses achados reforçam o valor do PLLA como uma ferramenta eficaz e segura na harmonização orofacial.

A hidroxiapatita de cálcio (CaHA), amplamente utilizada em regiões faciais como sulcos nasolabiais, bochechas e linha mandibular, demonstrou eficácia tanto na volumização quanto na melhora da qualidade da pele. Ensaios clínicos mostram manutenção dos resultados por até 12 meses e baixos índices de complicações, como nódulos não inflamatórios (Guida; Galadari, 2024). A utilização de CaHA em formulações diluídas também promove bioestimulação dérmica com efeitos estéticos satisfatórios (Fakih-Gomez; Kadouch, 2021).

A policaprolactona (PCL) combina ação imediata com estímulo gradativo à produção de colágeno tipo I. Exames histológicos demonstram que as microesferas permanecem localizadas e a resposta inflamatória é leve, com boa integração ao tecido dérmico. Sua degradação ocorre por hidrólise, gerando subprodutos naturais como dióxido de carbono (CO₂) e água (H₂O), que são eliminados do organismo, o que contribui para sua segurança clínica (Freitas, 2021).

O ácido poli-D,L-láctico (PDLLA) tem mostrado eficácia na regeneração dérmica, promovendo melhora da elasticidade, firmeza e textura da pele, especialmente quando combinado a tecnologias como plasma rico em plaquetas (PRP) ou laser fracionado (Seo et al., 2024; Ma et al., 2024). Sua ação ocorre por meio do estímulo à síntese de colágeno e modulação da resposta inflamatória, com ativação de vias anti-inflamatórias como interleucina 10 (IL-10) e nuclear factor erythroid 2–related factor 2 (NRF2). Apesar da boa tolerabilidade, a técnica de aplicação correta é essencial para evitar complicações.

A combinação entre ácido hialurônico (AH) e CaHA tem se mostrado eficaz na redefinição do contorno facial. O AH proporciona volumização imediata, enquanto a CaHA atua como bioestimulador. Estudo clínico demonstrou melhora significativa na linha mandibular após três meses de tratamento, com manutenção parcial dos efeitos por até doze meses (Fakih-Gomez; Kadouch, 2021). A formulação híbrida apresenta perfil de segurança elevado e resposta estética consistente.

O Profhilo® Structura representa um avanço entre os bioestimuladores por sua atuação nos compartimentos adiposos faciais. Sua composição, baseada em ácido hialurônico de diferentes pesos moleculares, favorece a regeneração e hidratação tecidual, com melhora da firmeza e espessura cutânea (Cassuto et al., 2023). A técnica aplicada demonstrou aumento médio de 23% na espessura dos tecidos tratados, sem relatos de efeitos adversos. Esse produto é especialmente indicado em pacientes com sinais iniciais de envelhecimento volumétrico (Stellavato et al., 2017; Sparavigna et al., 2024).

Embora tradicionalmente utilizado como preenchedor volumizador, o ácido hialurônico (AH) também apresenta propriedades bioestimuladoras relevantes, especialmente em formulações específicas como o Profhilo® Structura. Este produto, composto por complexos híbridos de AH de alto e baixo peso molecular, promove a restauração do tecido adiposo superficial da face, especialmente nas regiões zigomática e pré-auricular. Quando aplicado nessas áreas, o Profhilo® Structura contribui para a regeneração da matriz extracelular, aumento da espessura tecidual e melhora progressiva da qualidade da pele, por meio do suporte à viabilidade de adipócitos e células-tronco do tecido adiposo (Cassuto et al., 2023; Stellavato et al., 2017). Sua ação bioestimuladora está associada à capacidade de modular a estrutura do compartimento gorduroso, com efeito tensor e melhora da tonicidade tecidual. Diferentemente de outras substâncias bioestimuladoras como o PCL, PLLA e CaHA, que atuam principalmente na derme por meio da ativação de vias fibróticas, o Profhilo® Structura tem como alvo os compartimentos de gordura facial superficial, atuando como um modulador volumétrico com perfil de segurança elevado (Cassuto et al., 2023).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de bioestimuladores de colágeno na harmonização orofacial constitui uma estratégia terapêutica moderna e eficaz, com respaldo em evidências científicas. Substâncias como o ácido poli-L-láctico, a hidroxiapatita de cálcio, a policaprolactona, o ácido poli-D,L-láctico, as combinações com ácido hialurônico e o Profhilo® Structura apresentam propriedades distintas, quando aplicadas com conhecimento técnico e criterioso, promovem resultados estéticos satisfatórios e duradouros.

A escolha da substância adequada deve ser pautada em critérios anatômicos, objetivos terapêuticos e individualidade do paciente. O domínio técnico por parte do profissional é fundamental para minimizar intercorrências e otimizar os resultados.

Dessa forma, os bioestimuladores  são consolidados como ferramentas relevantes na prática estética atual, contribuindo não apenas para o rejuvenescimento facial, mas também para a manutenção da saúde cutânea, com segurança e previsibilidade.

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1Acadêmico de Odontologia, UNIGAMA
2Acadêmico de Odontologia, UNIGAMA
3Doutor em Periodontia, UERJ; Especialista em HOF – IOA/RJ. Professor de Odontologia UNIGAMA