MUSICOTERAPIA ASSOCIADA AO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DO PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10206644


Erika Antônia Oliveira Lopes
Gabriele Chaves Reis
Esp. Natália Gonçalves


RESUMO

Introdução: A musicoterapia associada a fisioterapia utiliza o repertório de músicas afetivas e preferenciais do paciente buscando estimular a memória, reorganização da estrutura do pensamento e orientação espaço-temporal para estimular as atividades físicas e promover a funcionalidade do paciente com a doença de Alzheimer. Objetivo: Analisar a eficácia da terapia com música em pacientes com doença de Alzheimer, seus efeitos no cérebro e seus objetivos no tratamento. Metodologia: Estudo de revisão de literatura nas plataformas scielo e google acadêmico, foram utilizados artigos publicados entre o ano de 2015 a 2022, com temas relacionados diretamente a musicoterapia associada ao plano de tratamento do fisioterapêutico, ao todo foram encontrados 12 artigos após a exclusão de 4 foram analisados minuciosamente 8 que atenderam aos critérios específicos do tema buscado. Resultados: O uso da musicoterapia associado a fisioterapia promove a melhora da funcionalidade e qualidade de vida nos pacientes com doença de Alzheimer. Conclusão: A musicoterapia contribui de forma positiva na redução dos danos cerebrais ocorridos na doença de Alzheimer preservando sua capacidade funcional sendo fundamental para o tratamento da doença.

Palavras-chaves: Musicoterapia, tratamento fisioterapêutico, Alzheimer

ABSTRACT: Introduction: Music therapy associated with physiotherapy uses the patient’s repertoire of affective and preferred music, seeking to stimulate memory, reorganize the structure of thought and spatio-temporal orientation to stimulate physical activities and promote functionality in patients with Alzheimer’s disease. Objective: To analyze the effectiveness of music therapy in patients with Alzheimer’s disease, its effects on the brain and its treatment objectives. Methodology: Literature review study on the Scielo and Google Scholar platforms, articles published between 2015 and 2022 were used, with themes directly related to music therapy associated with the physiotherapeutic treatment plan, in total 12 articles were found after excluding 4 were analyzed in detail, 8 that met the specific criteria of the topic sought. Results: The use of music therapy associated with physiotherapy promotes improved functionality and quality of life in patients with Alzheimer’s disease. Conclusion: Music therapy contributes positively to reducing brain damage occurring in Alzheimer’s disease, preserving their functional capacity, being fundamental for the treatment of the disease.

Keywords: Music therapy, Physiotherapist’s Treatment; Alzheimer

INTRODUÇÃO

Segundo (Lopes et al., 2020) Uma das causas mais comuns de demência e deterioração da memória é a doença de Alzheimer e sua incidência é de 3% de idosos a partir dos 65 anos e 30% acima dos 80 anos. A sua causa é devastadora e desgastante não apenas para os que a possuem, mas para os cuidadores e a família devido à incapacidade e à dependência dos idosos. A doença de Alzheimer dura em média desde o início até a morte de 7 a 10 anos.

As memórias não são armazenadas completamente, embora estejam definidas e estabelecidas, não são eternas. O esquecimento é algo fisiológico e ocorre de forma contínua, esquecer é considerado uma função primordial para a boa execução da memória, pois seria ilusório recordar de mínimos detalhes que precisamos em um só dia. Na doença de Alzheimer a perda de memória acontece em um grau excessivo prejudicando assim a vida cognitiva de forma irreversível, afetando os acontecimentos recentes e também a habilidade de obter memórias novas. Sua evolução afeta de forma que o indivíduo não consegue reconhecer a família, esquece das habilidades, dos hábitos e no final até mesmo sua própria identidade.(Golino; Golino, 2017).

Diante das consideráveis alterações que a doença promove no idoso, o fisioterapeuta tem papel importante no tratamento da doença de Alzheimer se torna constante e tempo indefinido, pois sabe-se que a Fisioterapia contribui para retardar e amenizar os sintomas da Doença aplicando tratamentos específicos para cada paciente, usando sua criatividade na escolha das atividades a serem aplicadas no tratamento. É nesta área que a Musicoterapia desempenha um papel de destaque. (Marinho, 2020).

A música também está intimamente associada aos sentimentos e emoções devido à sua capacidade de ativar o sistema límbico, sendo este responsável tanto no processamento das emoções quanto no controle da memória, o que pode favorecer a recordação de experiências musicais e auditivas. Ademais, o ato de ouvir música também pode estar diretamente ligado a sensações de recompensa e melhora da cognição. (Ratovohery et al., 2019).

Segundo Passos, Heloisa et al (2021), “a música como agente terapêutico é entendida como possível porque a sensibilidade, a emoção, a percepção e a memória musical podem permanecer por mais tempo no cérebro do que as outras formas de memórias em um paciente com Doença de Alzheimer”.

No ponto de vista dos estudos, quando a música alcança o sistema límbico, faz com que o paciente evoque memórias e emoções significativas já esquecidas.

Segundo Fusar-Poli (2017), a prática musical pode aumentar a atividade e induzir mudanças volumétricas do córtex frontal inferior, temporal e parietal, visto que esse exercício é caracterizado por abranger habilidades multimodais, que incluem desde as funções cognitivas, como a memória e a concentração, até as áreas responsáveis por atividades corporais e sensoriais. A área corticoespinhal também é estimulada na terapia musical fazendo com que o paciente apresente uma melhora na sua motricidade visto que certos gestos são ligados a alguns tipos de sons.

Atualmente, a intervenção musical tem um propósito semelhante quando comparada à atividade física em pacientes com Doença de Alzheimer, mas a intervenção musical pode usar técnicas totalmente diferentes para atingir esses objetivos. A intervenção musical utiliza métodos como estimulação auditiva rítmica, execução musical instrumental terapêutica e treinamento de negligência musical para o movimento dos pacientes. (Wittwer et al., 2019; Braun Janzen et al., 2021).

A musicoterapia também tem como objetivo a regulagem dos hormônios. O estudo de La Rubia Orti et al (2018), com pacientes com doença de Alzheimer leve, evidenciou através de amostras de saliva coletadas dos participantes após as sessões, e de acordo com os resultados obtidos pelo teste HADS, que a musicoterapia obteve repercussões satisfatórias ao comparar o decréscimo dos níveis de cortisol com a diminuição da percepção de ansiedade e depressão de forma linear nesses pacientes.

O estudo de Gómez Gallego e Gómez Garcia (2017) empregou a musicoterapia em grupo e demonstrou melhora nos níveis de depressão e ansiedade medidas através do HADS nos pacientes com doença de Alzheimer leve e moderado.

O tratamento fisioterapêutico associado ao uso da musicoterapia vem se tornando uma prática bem avaliada pelos estudos e pelos profissionais da área em questão, visto que se faz necessário a análise dos estudos sobre os efeitos reais da musicoterapia no tratamento de doenças neurológicas especialmente a doença de Alzheimer que afeta em sua maioria os idosos.

O objetivo é analisar os resultados já publicados sobre a musicoterapia e seus benefícios.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão de literatura. Para a realização do estudo foi feito um levantamento bibliográfico por meio de busca eletrônica na base de dados: google acadêmico e scielo, no período de 2015 de 2022. Os termos utilizados nas bases de dados foram: fisioterapia, musicoterapia, Alzheimer. Os critérios utilizados para inclusão dos artigos foram: Artigos no idioma inglês, espanhol, artigos originais do tipo ensaio clínico e randomizado, artigos. Foram excluídos artigos que não estavam disponíveis na íntegra, artigos que não mostraram a eficácia da musicoterapia na doença de Alzheimer. Para proceder à pesquisa, primeiramente foram identificadas as palavras chaves, sendo colocadas nas bases de dados e em seguida foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão. Os artigos foram filtrados, lidos, analisados e selecionados, apenas os que atendiam a todos os critérios.

RESULTADOS

Encontrou-se 12 artigos na base de dados Google acadêmico e scielo . que através dos descritores utilizados para coleta continham relevância para este estudo. 12 (doze) artigos foram lidos na íntegra. Contudo, 4 (quatro) não condiziam com o objetivo do estudo. Sendo assim, 8 (oito) artigos foram selecionados para a etapa de análise metodológica dos dados, após leitura na íntegra, e incluídos nesta revisão, conforme quadro 1.

Fluxograma – Prisma


DISCUSSÃO

No estudo de Garcia, Garcia 2022, foi mostrado a necessidade de aplicar a prática da musicoterapia nos pacientes com Alzheimer visando o estímulo da capacidade cognitiva. Para Passos, Heloisa et al 2021, existe uma necessidade de unir os diferentes saberes da área cientifica para garantir novos e mais completos estudos de utilização da musicoterapia no tratamento do Alzheimer. Braun Janzen et al 2021 apontou no seu estudo uma melhora na função motora após a utilização de diferentes ritmos na terapia musical. Ratovoherya et al 2019 observou no seu estudo uma melhora significativa da memória, orientação, depressão e ansiedade em pacientes com doença de Alzheimer leve e moderado, pode ser observado nesse estudo queda nos níveis de delírios, alucinações, agitação e irritabilidade após um período de tempo expostos a terapia musical. Um dos estudos que teve uma grande contribuição para a veracidade da melhora dos pacientes com Alzheimer após a terapia musical foi o estudo de La Rubia Osti et al 2018, onde os seus resultados mostram que a aplicação desta terapia diminui o nível de estresse e diminui significativamente depressão e ansiedade. Fusar-Poli, et al fez uma análise em um subgrupo e encontrou evidências de efeito benéfico da musicoterapia ativa na cognição global. Anastácio, Mauro et al. 2016, obteve dados que comprovam a aderência dos pacientes ao programa de musicoterapia em uma determinada instituição onde foi realizado o estudo. Segundo Gallego e Garcia 2015 pacientes com a doença de Alzheimer após a inclusão da musicoterapia no seu cotidiano tiveram uma melhora no seu nível de atenção, memória e orientação espacial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia associada a musicoterapia apresenta melhora nos quadros de depressão, alteração brusca de humor e desorientação, pois a música ao estimular o sistema nervoso, alcança especialmente o sistema límbico que é responsável pela memória de curto, médio e longo prazo. Com a reabilitação e o estímulo neurológico estudos apontam melhoria na qualidade de vida dos longevos que aderem a terapia. Sugerimos novas pesquisas que irão aprimorar o desenvolvimento da terapia para uso no tratamento de doenças neurológicas.

REFERÊNCIAS

ANASTACIO, Mauro et al. Estudo retrospectivo do perfil do paciente atendido pelo serviço de musicoterapia em uma clínica ambulatorial de demência Revista InCantare, v. 7, n. 1, p. 14-14, 2016.

DE LA RUBIA ORTÍ, José Enrique et al. A musicoterapia melhora a ansiedade e a depressão em pacientes com Alzheimer? A Revista de Medicina Alternativa e Complementar, v. 24, n. 1, pág. 33-36, 2018.

FUSAR-POLI, Laura et al. The effect of music therapy on cognitive functions in patients with dementia: a systematic review and meta-analysis. Aging & Mental Health, v. 22, n. 9, p. 1103-1112, 2018.

GALLEGO, M. Gómez; GARCÍA, J. Gómez. Music therapy and Alzheimer’s disease: Cognitive, psychological, and behavioural effects. Neurología (English Edition), v. 32, n. 5, p. 300-308, 2017.

GARCÍA, Malena García et al. Musicoterapia y Alzheimer. Revista de Investigación en Musicoterapia, v. 6, 2022.

GOLINO, Mariana Teles. Treino de memória para idosos: uma revisão dos estudos brasileiros. 2017. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Feira de Santana.

JANZEN, Braun. Thenille et al. Intervenções baseadas em ritmo e música na reabilitação motora: Evidências atuais e perspectivas futuras. Fronteiras na neurociência humana, v. 15, p. 843, 2022.

LOPES, Lívia Cláudia Ferraro et al. Doença de Alzheimer e ginkgo biloba. International Journal of Health Management Review, São Paulo, v.6,n.2,p.1-15, 2020.

MARINHO, Matheus Falcão Santos. A importância da fisioterapia na doença de Alzheimer. Environmental Smoke, v. 3, n. 1, p. 069-078, 2020.

PASSOS, Heloisa et al. A música como agente terapêutico no tratamento da Doença de Alzheimer. Revista Psicologia em Pesquisa, v. 15, n. 1, 2021.

RATOVOHERY, Stéphie et al. A música como estratégia mnemônica para mitigar a memória episódica verbal na doença de Alzheimer: a valência musical importa? Revista de Neuropsicologia Clínica e Experimental, v. 10, pág. 1060-1073, 2019.


Autora: Acadêmica Erika Antônia Oliveira Lopes, 10 período do Curso de Fisioterapia, Uninorte,
Manaus.
Endereço: Av. Djalma Batista, 122 – Nossa Sra. das Graças, Manaus -| AM | CEP: 69050-010 | (92) 3212-
5000.

Autora: Acadêmica Gabriele Chaves Reis, 10 período do Curso de Fisioterapia, Uninorte, Manaus.
Endereço: Av. Djalma Batista, 122 – Nossa Sra. das Graças, Manaus -| AM | CEP: 69050-010 | (92) 3212-
5000.

Orientadora: Especialista Natália Gonçalves, Docente do Centro Universitário do Norte.