REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10159478
Profº. Esp. Robervan Soares de Mendonça
Assim como o corpo necessita de oxigênio para sobreviver e manter os órgãos em perfeita congruência, assim também o ser humano precisa de movimentos específicos para manter-se apto, diante dos desafios diários da vida moderna, movimentos esses que exigem: flexão, agilidade, lateralidade, noção de tempo, espaço, entre outros movimentos.
Nesse sentido, a história relata que por muitos anos os primeiros homens utilizavam dessas valências (correr, saltar, lançar, subir em arvores) inatas, para a sobrevivência e manutenção da espécie. Com o passar dos séculos e com as novas tendências tecnológicas, incluindo as inteligências artificiais (IA`s), assim como os assistentes virtuais (alexa) que gerenciam tarefas físicas por comando de voz (acender luzes, televisão, abrir portão) têm deixado a vida das pessoas mais confortável e com menos movimentos.
Diante desse panorama e de modo gradativo observa-se que essas mudanças advindas da modernidade têm apontado para uma realidade que tendem a afetar o curso natural de uma vida autônoma, haja vista, que esses recursos tecnológicos têm privado as pessoas de movimentos que antes seria de corpo inteiro por apenas toques sutis com a ponta dos dedos ou por voz.
Apesar desses avanços tecnológicos (máquinas fazendo o papel do homem) serem importantes para o desenvolvimento da economia de um país, eles trouxeram consigo dois fenômenos. Primeiro, a substituição de homens por máquinas em alguns segmentos profissionais. De acordo com pesquisas, até 2026, 54% dos empregos formais do país poderão ser ocupados por robôs e programas de computador (Organizações da Universidade de Brasília – UnB). Segundo, a ciência afirma que há um mecanismo de defesa natural em nosso corpo que procura nos manter sempre seguros, por isso, o cérebro humano aclama naturalmente por reserva energética tais como: comodidade, conforto, hábitos sedentários, deixando em segundo plano os movimentos naturais do corpo. Para pesquisadores do Jornal Neuropsychologia, a conservação de energia foi essencial para a sobrevivência dos seres humanos, pois nos permitiu ser mais eficientes na busca por comida, abrigo, na competição […] e na prevenção de predadores.
Nesse prisma, os estudos têm apontado, dia após dia, que em especial as crianças e adolescentes têm regredido nos aspectos da saúde física, emocional e psicomotor não atingindo níveis satisfatórios para a saúde. De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 81% das crianças e adolescentes em idade escolar não conseguem atingir os níveis recomendados de atividade física: ≥60 minutos diários […].
Esse déficit de movimento das crianças em idade escolar tem transparecido negativamente em outros aspectos da vida, refletindo em uma geração descoordenada, insegura e sedentária o que tem ampliado o número de várias patologias relacionadas à falta de movimentos. Para LE BOULCH, 1984, a psicomotricidade deve ser praticada desde a mais tenra idade, conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas.
Diante dessas constatações a despeito do progresso para longevidade e bem estar, faz-se necessário tomar uma série de mudanças de hábitos no presente para que se tenha um futuro promissor. Vale ressaltar, que o sucesso de uma geração não se mede pelos aparatos extrínsecos adquiridos com os recursos financeiros, mas consiste nas descobertas psicomotoras, cognitivas e físicas que serão exigidos para se ter uma vida plena.
Referências:
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/02/03/pesquisa-da-unb-mostra-que-30- milhoes-de-empregos-serao-substituidos-por-robos-ate-2026.ghtml
https://www.terra.com.br/noticias/dino/especialista-explica-a-preguica-no-cerebro-e mostra-como-e-possivel-eliminala,472ce1543f2c8d29e7e2f458555c7a05gs65sveb.html. Acessado em: 14/06/2021
Organization WH. Global recommendations on physical activity for health 5-17 years old 2018. Available from: http://www.saude.br/index.php/ articles/84-atividade-fisica/229- recomendacoes-daoms-dos-niveis-de-atividade-fisica-para-todas-as-faixasetarias.
LE BOULCH, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.