CERVICAL CANCER MORTALITY FROM 2013 TO 2022 IN THE STATE OF TOCANTINS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501231320
Gabriela Soares Gonçalves Mendes; Gabriel Correia Antunes; Mylla Araújo Borba Parente; Ana Carolina Lins Cunha; Mariana Pereira Lemos; Laura Boato Jodas; Amanda Bessa Rodrigues; Pablo Camilo da Silva Lima; Gabrielle Concesso Ferreira Araújo; Chloé Teixeira Nogueira Cardoso; Francisco Neto Pereira Pinto
Resumo
Este estudo teve como objetivo identificar a taxa de mortalidade do câncer de colo de útero entre os anos de 2013 a 2022 no Estado do Tocantins. Trata-se de uma pesquisa observacional transversal, onde foi usado como fonte secundária de pesquisa o site do DataSus e INCA para ser encontrada informações sobre a mortalidade, fatores de risco e a distribuição geográfica, assim como foi utilizado bancos de dados como SCIELO, LILACS e PUBMED para a busca de artigos científicos que acrescentassem coerência e confiabilidade no presente estudo. Foi identificado, uma alta taxa de mortalidade do câncer de colo de útero no estado do Tocantins, sendo entre o ano de 2013 e 2017 de 14,47 óbitos/100 mil habitantes, porém com a melhora do calendário vacinal do HPV, maior facilidade da realização de exames e diagnósticos precoces da doença foi possível identificar uma melhora substancial nas taxas de mortalidade que entre os anos de 2017 e 2022 apresentou um número de 11,59 óbitos/100 mil habitante. Conclui-se que os dados recolhidos e analisados apresentaram uma melhora substancial relacionado com a saúde da mulher na região do Tocantins, sendo uma doença que apresenta queda em relação a sua mortalidade.
Palavras-chave: Câncer. Colo. De. Útero. Mortalidade.
1. INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero (CCU) é o quarto tipo de câncer mais incidente em mulheres no mundo, e o terceiro no Brasil, com elevada taxa de mortalidade associada, sendo de 4,51 óbitos/100 mil mulheres, no ano de 2021 (INCA, 2023). Sob esse viés, pode-se notar que é na região Norte as maiores taxas do país, com nítida tendência temporal de crescimento entre 2000 e 2017, com um destaque para o estado do Tocantins, a qual apresenta uma taxa proporcional dos anos de 2018 a 2022 de 11,59 óbitos/100 mil mulheres (INCA, 2023).
A mortalidade trata-se do número de óbitos que ocorreram em determinada população, em um período específico. Nesse sentido, é possível realizar o cálculo dos indicadores de mortalidade com a razão entre as frequências absolutas de óbitos e números de sujeitos expostos ao risco de morrer (MARTINS et al, 2018). Além disso, os indicadores podem ser qualificados de acordo com a categorização estabelecida, para aqueles que foram expostos ao risco ou aqueles que sofreram o dano, classificando em geral quando todos os indivíduos da população encontram se expostos ao risco de morrer ou podem ter uma classificação de acordo com critérios previamente estabelecidos (idade, gênero, causa, lugar), sendo um coeficiente de mortalidade específico (MARTINS et al, 2018).
Ademais, o câncer de colo de útero tem como causa, em 70% dos casos, a infecção persistente via subtipos oncogênicos do Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido sexualmente e detectado através de exames específicos (NASCIMENTO et al, 2021). O exame de Papanicolau ou PCCU (citopatológico do colo uterino) ocorre através da coleta de amostras das células de junção escamocolunar (JEC) do colo do útero, já que o epitélio colunar é justaposto ao epitélio escamoso liso. Frente a isso, é nessa região que ocorre a metaplasia escamosa, local de crescimento e alteração celular que permite a entrada do papilomavírus humano (HPV) (FREITAS, SOARES et al, 2022).
A vacinação contra o HPV é a principal forma de prevenção do aparecimento do câncer do colo do útero. No Brasil, um grande estudo demonstrou uma redução de 56,8% na prevalência dos genótipos do vírus identificados como HPV 6, 11, 16 e 18 (OLIVEIRA, et al 2024).
Existe a oferta no Brasil pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2014, a vacina quadrivalente contra o HPV tem como público-alvo adolescentes de 9 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas, independentemente da idade (OLIVEIRA et al, 2024).
O exame para o diagnóstico do câncer de colo de útero é o do PCCU que é dividido em esfregaços convencionais e esfregaços de preparação à base de líquido (LBP). A preparação à base de líquido se dá pela coleta de células da zona de transformação do colo do útero, com a utilização de uma escova e a transferência destas células para um frasco de conservante líquido. No caso da técnica convencional, ela consiste em coletar células da zona de transformação com o uso de pincel e espátula, após isso, realiza-se a transferência para uma lâmina fixada com conservante (FREITAS, SOARES et al, 2022). A técnica à base de líquido permite o teste de HPV, gonorreia e clamídia em uma única coleta.
A taxa de diagnóstico e tratamento é significativamente afetada devido à qualidade da amostra, à quantidade considerável de tempo e fatores externos que permeiam a qualidade do exame (FREITAS, SOARES et al, 2022). Desse modo, a citologia é um teste com caráter subjetivo e dependente do profissional que coleta, apresenta desempenho variável entre laboratórios e citologistas que analisam o material coletado e realizam a conclusão dos resultados; sendo a alta taxa de falsos negativos em decorrência principalmente de preparos inadequados e o exame sendo realizado de maneira incorreta (FREITAS, SOARES et al, 2022).
2. METODOLOGIA
Para a construção deste projeto, que se trata de um projeto de pesquisa observacional transversal, usou-se como fonte secundária de pesquisa o site do DataSus e INCA, visando encontrar em sua base de dados informações sobre mortalidade, fatores de riscos e a distribuição geográfica do câncer de colo de útero no estado do Tocantins desde o ano de 2013.
Utilizou-se também do site do Ministério da Saúde para informações mais detalhadas e para o complemento das pesquisas realizadas na fonte secundária, além do uso de bancos de dados como Scielo, Lilacs e Pubmed para a busca de artigos científicos que acrescentassem mais coerência, detalhamento e confiabilidade ao projeto, a fim de organizar e interpretar dados para fomento de programas de saúde
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Entre os anos de 2013 e 2017 (Tabela 01) é possível identificar um número elevado de casos de câncer de colo do útero no estado do Tocantins, com uma média de 14,47 óbitos/100 mil habitantes, apesar da taxa de mortalidade evidentemente ter caído após esse período, apresentando uma taxa de 11,59 óbitos/100 mil habitantes nos anos de 2018 a 2022 (Gráfico 01), em decorrência da melhora do cumprimento do calendário vacinal do HPV, assim como a melhora e a maior facilidade da realização de exames e diagnósticos precoces em conseguinte.
Gráfico 01. Taxas Brutas de Mortalidade por 100.000 mulheres no Estado do Tocantins, 2013- 2017 e 20182022 n
Entretanto, apesar da mortalidade apresentar uma queda no total de câncer de colo do útero no Tocantins, existem ainda regiões extremamente afetadas que apresentam taxas cada vez mais altas o que dificulta um controle verdadeiro de tal patologia. No período de 2013 a 2017, a Região de Saúde do Médio Araguaia (Tabela 02), que compreende cidade como Araguaína, Carmolândia, Aragominas, Muricilândia e Nova Olinda e outras doze cidades de menor porte apresentou a taxa de 16,54/100 mil habitantes, o que é consideravelmente acima da taxa estadual do mesmo período, em consoante a segunda região com maior incidência foi a Região de Saúde de Miracema com 13,16/100 mil habitantes, a qual apresenta as cidades de Miracema do Norte, Flores e Paraíso do Tobias como componentes de sua área.
Tabela 02. Taxas Brutas de Mortalidade por 100.000 mulheres segundo Reg.Saúde de notific, 2013-2017
Além disso, no período de 2018 a 2022, foi observada uma queda na mortalidade geral do Tocantins para câncer de colo de útero e em conseguinte houve uma Diminuição similar na Região de Saúde do Médio Araguaia (Tabela 03), que apresenta uma taxa de 15,34/100 mil habitantes e uma diminuição impressionante da Região de Saúde de Miracema, ela demonstra uma taxa de 9,91/100 mil habitantes. Todavia, a Região de Saúde de Araguaia-Tocantins, a qual compreende as cidades de Guaraí́, Colmeia, Presidente Kennedy, Brasilândia do Tocantins, Tupirama, Pedro Afonso e outras 17 cidades, anteriormente apresentava uma das menores taxas com 6,42/100 mil habitantes, teve uma alta nos casos de óbitos por câncer de colo de útero, chegando a uma média de 12,22/100 mil habitantes, possuindo o segundo lugar com a maior taxa no Estado do Tocantins.
Tabela 03. Taxas Brutas de Mortalidade por 100.000 mulheres segundo.Reg.Saúde de notific, 2018-2022
4. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, com os dados recolhidos e analisados, a Região de Saúde do Médio Araguaia, que apresenta uma das maiores cidades do estado (Araguaína), demonstra ter a maior taxa de mortalidade do estado do Tocantins. De tal modo que, pode-se observar as variações das médias regionais, levando em conta que a Região de Saúde Araguaia-Tocantins alavancou a taxa de mortalidade de um período para o outro, isso pode ter causa primordial no aumento das notificações no local e na maior incidência de tratamentos de saúde na região, não necessitando dessa forma de internações em locais externos.
Tendo em vista esses dados, é necessária uma maior atenção às estratégias de prevenção, como a vacina para HPV que é a principal forma de se prevenir o câncer de colo de útero, e o diagnóstico precoce, através do exame do Papanicolau, o qual é feito seguindo todos os critérios necessários, para assim gerar a descoberta o quanto antes. Considerando as duas áreas mais afetadas, sendo a Região de Saúde do Médio Araguaia e a Região de Saúde Araguaia-Tocantins, torna-se imperativo que as ações de saúde pública se concentrem nessas áreas, intensificando campanhas de vacinação e conscientização sobre a necessidade dos exames apropriados, buscando assistência médica, assim que ocorrer a primeira relação sexual ou aos 25 anos.
Diante desse panorama, há uma necessidade de colaboração entre os órgãos de saúde, comunidade e profissionais da área, promovendo uma abordagem integrada e eficaz no enfrentamento da mortalidade do Câncer de Colo de Útero, com o intuito de a todo momento diminuir essa incidência no Estado do Tocantins. Portanto, somente por meio de esforços conjuntos e medidas assertivas será possível reduzir a mortalidade da doença, garantindo uma melhor qualidade de vida para a
REFERÊNCIAS
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