MONITORAMENTO E INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM  RECÉM-NASCIDOS COM ATRASO DO DESENVOLVIMENTO 

NEUROPSICOMOTOR MONITORING AND PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION  IN NEWBORNS WITH DELAYED NEUROPSYCHOMOTOR  DEVELOPMENT 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202504200813


Alice Sarah Freitas Alencar1
Kamilly de Araujo Coelho2
Leandro Augusto Almeida3


Resumo 

O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor em recém-nascidos, especialmente prematuros e de  baixo peso, pode comprometer a aquisição de habilidades motoras e cognitivas essenciais. Este estudo  objetiva revisar a literatura sobre a monitorização e a intervenção fisioterapêutica em neonatos com  atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Foram selecionados 17 artigos que abordam fatores  associados ao atraso, benefícios da fisioterapia e principais estratégias terapêuticas. A análise  evidenciou que a fisioterapia precoce desempenha um papel essencial na estimulação sensório-motora,  favorecendo a neuroplasticidade e a aquisição de marcos motores dentro da faixa etária esperada.  Métodos como o Bobath demonstraram eficácia na melhora da funcionalidade e da independência dos  neonatos. Conclui-se que a fisioterapia neonatal deve ser integrada ao cuidado pediátrico,  destacando-se a necessidade de atuação multidisciplinar e investimentos em pesquisa para aprimorar  protocolos de intervenção precoce. 

Palavras-chave: Desenvolvimento neuropsicomotor. Estimulação precoce. Reflexos primitivos.  Bobath. Marcos motores. 

1 INTRODUÇÃO 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se recém-nascido prematuro (RNPT) toda criança nascida antes de 37 semanas de gestação. O  peso ao nascer é uma variável importante para a avaliação do estado de saúde do neonato.  Considera-se baixo peso ao nascer quando este é inferior a 2.500 g, independentemente da  idade gestacional. A prematuridade e o baixo peso aumentam as chances de complicações no  desenvolvimento neuropsicomotor, tornando essencial o monitoramento contínuo e a  intervenção precoce (Silva et al., 2020). 

Como a Intervenção Fisioterapêutica precoce pode influenciar no desenvolvimento  neuropsicomotor de recém-nascidos reduzindo os padrões atípicos e potencializando o  desenvolvimento normal? 

O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) é um processo contínuo e complexo  que envolve transformações físicas, neurológicas, sociais e emocionais que moldam a  estrutura cerebral. Esse processo abrange o crescimento físico seguido pela maturação dos  níveis neurológicos, comportamentais, cognitivos e socioemocionais da criança (Freitas et al.,  2020). A interação entre fatores biológicos, sociais e ambientais exerce uma forte influência  no desenvolvimento do bebê, sendo os primeiros anos de vida fundamentais, pois é nesse  período que o cérebro apresenta alta plasticidade e reage de maneira significativa aos  estímulos recebidos (Silva et al., 2017). 

A estimulação sensório-motora (ESM), conforme relatado por Johnson et al. (2021),  é uma intervenção precoce que visa aprimorar o DNPM, por meio de estímulos sensoriais,  levando em consideração o nível de desenvolvimento funcional, a idade gestacional (IG) ao  nascer e o peso específico dessa população. O principal objetivo da ESM é organizar os  sistemas do corpo humano, incluindo os sistemas tátil, cinestésico, vestibular, olfatório,  paladar, auditivo, visual, ou suas combinações. 

Durante a fase de crescimento e maturação do sistema neuropsicomotor, é crucial  observar o desenvolvimento das habilidades motoras da criança, permitindo-lhe explorar o  ambiente de forma independente, além de fortalecer o desenvolvimento psíquico, sensorial,  cognitivo e emocional (Silva et al., 2017). A intervenção fisioterapêutica por meio da  estimulação precoce tem se mostrado eficaz na melhoria dos padrões motores, cognitivos e  comportamentais de bebês com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, promovendo  benefícios significativos no desenvolvimento funcional.

A importância deste estudo reside na capacidade de proporcionar à comunidade  científica e à sociedade uma nova fonte de pesquisa, focada na prevenção, promoção e/ou  reabilitação de complicações no desenvolvimento neuropsicomotor em recém-nascidos. É  fundamental destacar que intervenções precoces para proteger ou estimular o sistema nervoso  central levam a melhores respostas e prognósticos para os indivíduos; assim, um diagnóstico e  tratamento precoce resultam em maior eficácia na reabilitação (Andrade et al., 2022). 

2 REVISÃO DA LITERATURA 

O recém-nascido pré-termo é definido aquele que nasceu antes das 37ª semana  completa de idade gestacional,sendo o peso ao nascer um fator crucial na avaliação da  condição de saúde do recém-nascido. O RNPT é considerado de baixo peso quando seu peso  ao nascer é menor que 2,5 kg, independentemente do período de gestação. A prematuridade e  o baixo peso elevam o risco de complicações e prejuízos no desenvolvimento  neuropsicomotor, tornando crucial o acompanhamento constante e a intervenção antecipada  (Silva et al., 2020.) 

O RNPT se destaca pela volatilidade dos sistemas de controle neurogênico e hormonal. Isso ocorre devido ao desenvolvimento precoce dos diversos órgãos do corpo e,  especialmente, aos sistemas de controle que ainda não se adaptaram ao novo estilo de vida. De acordo com a idade gestacional, o peso ao nascer e os eventos ocorridos na vida  intrauterina, esses RNPT podem apresentar um risco aumentado de distúrbios no período  neonatal e sequelas que podem impactar seu desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo  (Ferreira et al., 2019). 

De acordo com Fernandes et al., em 2017,durante o primeiro ano de vida, o  recém-nascido pré-termo e baixo peso apresenta um padrão de desenvolvimento motor atípico  comparado com os nascidos a termo. Sendo assim, a avaliação do desenvolvimento  neuropsicomotor faz-se necessária, e a detecção de alterações deve ser feita o mais  precocemente possível, minimizando os prejuízos aos bebês através da intervenção precoce. 

2.1 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL

O desenvolvimento motor típico é relacionado com o processo de crescimento,  maturação, a aquisição de competência, habilidades e reorganização psicológica do ser  humano. Durante a infância é adquirida funções motoras mais complexas, seja ele grosseiro,  fino, cognitivo ou emocional (Almeida et al., 2019). 

Durante o desenvolvimento motor, o lactente precisa adquirir a capacidade de realizar  movimentos controlados com os membros superiores e inferiores e também o tronco,  essenciais para o desempenho de habilidades funcionais. A conquista de marcos motores  fundamentais, como sentar, engatinhar, rolar e andar, depende do alinhamento biomecânico e  da ativação coordenada da musculatura nos primeiros meses de vida (Santos et al., 2014) 

Entre 0 e 12 meses, o desenvolvimento neuropsicomotor do lactente é marcado por  marcos motores fundamentais. Nos três primeiros meses, faz parte do marco motor o controle  cervical, com o bebê realizando o levantamento da cabeça quando deitado em decúbito  ventral. Entre 3 e 6 meses de vida, inicia-se o rolamento, primeiro de barriga para cima e  depois para baixo, além da habilidade de sentar com apoio (Nascimento et al.,2020). 

Nascimento et al., em 2020, descreveu que de 6 a 9 meses, o engatinhar surge,  acompanhado da capacidade de sentar de forma independente e de se erguer com apoio. Já  entre 9 e 12 meses, o lactente progride para a postura ereta, desenvolvendo a marcha lateral  com apoio e, em seguida, os primeiros passos independentes. Esses avanços são guiados pela  maturação neurológica e pelos estímulos recebidos, sendo cruciais para o desenvolvimento  global. 

Marco et al., em 2021, cita que a infância é considerada a fase de maior plasticidade  neural, que tende a reduzir sua intensidade à medida que ocorre o crescimento ou o  envelhecimento. Dessa forma, quando identificado atraso nos marcos motores, é necessário  encaminhamento à intervenção precoce, que busca por meio da neuroplasticidade a  normalização de movimentos e posturas estimulando a independência da criança. 

2.2 TRATAMENTO POR ESTIMULAÇÃO PRECOCE 

A intervenção precoce é considerada um processo global, educacional e habilidosa  intervenção, com o objetivo de auxiliar e estimular posturas de apoio motor da criança com  atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. O tratamento por estimulação precoce tem o intuito e funcionalidade de melhorar a integração da criança com o meio  ambiente,favorecendo respostas motoras próximas da fisiologia. 

Além disso, evita modelos atípicos, proporcionando habilidades sensoriais e motoras  que contribuem para o amadurecimento das capacidades de aquisição e funcionais, que serão  extremamente necessárias no ambiente familiar, social, escolar e profissional da criança  (Silva,et al 2023). 

Conforme Gonçalves e Muller, em 2022, o início da estimulação precoce ocorre antes  dos padrões de posturas ou movimentos serem estabelecidos.Se já foram instalados sistemas  atípicos, ela é extremamente vantajosa. Portanto, a ausência de estímulos durante o início da  vida da criança é um problema. Ela pode apresentar problemas de adaptação sensorial e atraso  motor, incluindo dificuldades em sustentar a cabeça, segurar objetos, rolar, sentar, engatinhar,  ficar de pé e andar. 

Segundo Morais et al., em 2021, as intervenções terapêuticas visam a  interdisciplinaridade, podendo citar os médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,  terapeutas ocupacionais, e professores. O trabalho com uma equipe multidisciplinar será  eficaz quando todos os profissionais são considerados como tendo o mesmo nível de  importância. 

Portanto, Silva et al., 2023, visa que o programa de tratamento precoce seja utilizado  para aprimorar a adaptação da criança com o ambiente, favorecendo respostas motoras  semelhantes ao fisiológico. Além disso, previne padrões atípicos, proporcionando experiências sensoriais e motoras que contribuirão na maturação das aquisições e habilidades  funcionais, que serão necessárias para a convivência social, familiar, escolar e profissional da  criança. 

A atuação do fisioterapeuta busca promover o desenvolvimento motor dos bebês  prematuros mais semelhante ao fisiológico, através de técnicas que promovam a melhora  funcional, desenvolvem a psicomotricidade, o controle motor e estimulam a relação entre a  criança no ambiente (Silva., et al 2017.) 

Através da intervenção precoce a fisioterapia pode ainda promover um significativo  resultado na redução da dor, corrigir posicionamentos inadequados e dar orientações aos pais  em relação ao manejo e estímulos corretos a serem realizados. Estes, envolvem intervenção auditiva, visual, tátil, proprioceptiva e vestibular, por meio de atividades motoras precoces  (Ferreira et al., 2018). 

O desenvolvimento motor é também estimulado através da visão, proporcionando a  interação com o meio, facilitando as experiências motoras e regulando o tônus muscular para  dar suporte sensório-motor. A experiência visual nos primeiros estágios da vida participa do  processo de formação e maturação dos circuitos corticais, que permitirão um desenvolvimento  adequado das funções de forma global. A atividade neural proveniente da periferia sensorial  deve ser oferecida no período de maior plasticidade cerebral (Ferreira et al., 2018). 

O controle do movimento inclui os sistemas neuromotor, músculo-esquelético,  sensorial, perceptivo cognitivo, cardiopulmonar. A importância de cada sistema (e seus  subsistemas) muda continuamente durante um movimento, determinado pela tarefa a ser  realizada (Golineo et al., 2018). 

Dentre os variados recursos de intervenção precoce proprioceptiva e vestibular tem se  destacado a ‘redinha’, que é o uso de pequenas redes dentro ou fora das incubadoras,  facilitando o posicionamento do RNPT. As redinhas proporcionam acolhimento dos  recém-nascidos e estimulam os sentidos e os reflexos primitivos, além de promover estímulo  vestibular, proprioceptivo, reações de equilíbrio, reflexos, integração sensorial, proteção,  reorganização comportamental e tônica (Gomes et al., 2014). 

A intervenção precoce com utilização de contato pele a pele é recomendada para  recém-nascidos sob ventilação mecânica,sendo capaz de reduzir a dor durante procedimentos  dolorosos, alivia o estresse, controla a temperatura corpórea,associa-se com a melhora a  eficácia da amamentação no seio ou ganho de peso e diminui a custo da internação (Johnston  et al., 2021). 

2.3 PLASTICIDADE NEURAL 

Um estudo realizado por Marco et al., em 2021, define que o conceito de plasticidade  cerebral é a capacidade do nosso cérebro está em constante mudança e adaptação. E apontou  que a infância é o período em que o cérebro apresenta maior plasticidade neural, a qual  diminui à medida que a pessoa cresce ou envelhece. Dessa forma, o comportamento infantil  pode ser mais facilmente modificado, e que destaca a importância de intervenções precoces.

O cérebro em desenvolvimento é capaz de reorganizar padrões e sistemas de conexões  sinápticas para realinhar, assim o organismo cresce em uma nova inteligência e  comportamento. Um cérebro bem estimulado aumenta as conexões entre as células nervosas, o que ajuda a melhorar a memória e o raciocínio, e que nos mantém aprendendo e  reaprendendo (Marco, et al, 2021). 

Alcântara et al., 2014 defendem que o aprendizado baseado na experiência é essencial  para promover alterações significativas na conectividade neural. E a consolidação da  plasticidade depende de tempo, onde algumas mudanças plásticas, presentes no  desenvolvimento neural, têm um período para acontecer. A prática de repetição aprendida é  necessária para obter um nível de melhora e reorganização cerebral permanente. E também  pontuando que a plasticidade neural é intensificada no cérebro em desenvolvimento, e resulta  em efeitos benéficos. 

As intervenções precoces nas áreas sensório-motoras visam acelerar o alcance do  desenvolvimento motor típico, aproveitando a elevada plasticidade do sistema nervoso em  estágios iniciais da vida. Esse processo busca não apenas estimular, mas também facilitar a  aquisição, integração e processamento de experiências sensoriais normais, fundamentais para a construção de padrões motores adequados e a promoção de habilidades funcionais (Santos et  al., 2014). 

2.4 BOBATH 

Com estudo realizado pelo Golineleo et al., 2018, o Conceito Neuroevolutivo – Bobath é um conjunto de técnicas terapêuticas de solução de problemas de avaliação e  reabilitação de pacientes com distúrbios de controle postural, movimento e função, causados  por fisiopatologia do Sistema Nervoso Central. O manuseio terapêutico é integral na  abordagem do conceito de tratamento neuroevolutivo (NDT). Ele é uma ferramenta essencial  em ambos (avaliação e tratamento), permitindo ao terapeuta guiar posturas e movimentos que  aprimorem a capacidade do indivíduo de trabalhar, enquanto inibem posturas atípicas e  movimentos que levam a deformidades secundárias, deficiências ou diminuição da  participação na sociedade. 

O Conceito Neuroevolutivo (NDT) envolve manuseios que utilizam padrões  específicos para influenciar o tônus muscular por meio de pontos-chave no controle postural.  A eficácia dessas habilidades facilitadas pela abordagem depende da capacidade do sistema nervoso central (SNC) de se adaptar às mudanças, bem como das habilidades perceptivas e  cognitivas do paciente para aplicar essas competências em diferentes contextos (Barreto et  al.,2014). 

O Bobath, acrescenta alguns princípios da plasticidade neural dependente da  experiência, originados da neurociência básica, são fundamentais para a recuperação funcional após uma lesão. Entre esses, destacam-se a especificidade, a repetição/prática, a  intensidade, a relevância/motivação, o tempo, a transferência e a interferência (Alcântara et  al., 2014). 

Segundo Duarte e Rabello, em 2015, o método Bobath visa preparar os pacientes para  atividades funcionais, buscando torná-los as mais independentes possíveis de acordo com suas  capacidades. Durante esse processo, os pacientes recebem estimulação sensório-motora por  meio de movimentos básicos como rolar, sentar, engatinhar e caminhar. A repetição destas  ações e a sua integração nas atividades da vida diária podem promover a aprendizagem motora,  que ao longo do tempo pode levar ao desenvolvimento de comportamentos automáticos. 

O tratamento é baseado em três técnicas principais: facilitação, inibição e estimulação. Antes  de aplicar qualquer técnica de facilitação, é essencial organizar o tônus do paciente, seja por  meio de inibição ou estimulação, conforme a necessidade.A fase de estimulação começa assim  que o tônus é adequadamente inibido ou estimulado, atingindo níveis normais. As técnicas são  orientadas pelo fisioterapeuta por meio dos “pontos-chave de controle”, regiões específicas do  corpo que, quando manipuladas, influenciam segmentos distais. Os pontos-chave mais  proximais incluem a cabeça, os ombros e os quadris, enquanto os pontos distais englobam o  cotovelo, o punho, o joelho e o tornozelo (Duarte et al., 2015). 

Sendo assim, é fundamental que o plano de tratamento seja elaborado de acordo com as  necessidades específicas de cada paciente, com objetivos e intervenções que sejam  individualizados para cada caso. Com o tratamento , o conceito Bobath tem respostas  relevantes no desenvolvimento psicomotor da criança, além de proporcionar benefícios  significativos para seu crescimento social e físico (Barreto et al., 2014).

3 METODOLOGIA 

O estudo é uma Revisão Integrativa, que envolve a sistematização e publicação dos  resultados de uma pesquisa bibliográfica em Saúde para que possam ser úteis na assistência à  saúde, acentuando a importância da pesquisa acadêmica na prática clínica. Tem como objetivo  principal a integração entre a pesquisa científica e a prática profissional no âmbito da atuação  profissional. 

A coleta de dados foi efetuada em sites eletrônicos, especializados em fontes de informação em ciências da Saúde, com bibliotecas virtuais e/ou base de dados como: PubMed, Google Acadêmico, Lilacs e Scielo. Foram utilizados apenas artigos originais,  publicados no período entre o ano de 2014 a 2024, nos idiomas Português e Inglês. Durante a  coleta nas bases de dados foram utilizados artigos que, além de contemplar a metodologia, se  encaixam nos objetivos da pesquisa e apresentaram como palavras-chave: desenvolvimento  neuropsicomotor, estimulação precoce, estimulação sensório motora, reflexos primitivos,  bobath, baby bobath e marcos motores. Dentre os artigos encontrados, apenas 17 se  encaixaram nos critérios de inclusão, após breve leitura do título, do resumo e do texto  completo. Os artigos foram selecionados por abordarem diretamente o monitoramento e a  intervenção fisioterapêutica em recém-nascidos com atraso do desenvolvimento  neuropsicomotor, trazendo informações relevantes e atualizadas sobre fatores etiológicos,  benefícios das intervenções e estratégias terapêuticas eficazes 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Os resultados obtidos neste estudo demonstram a importância do monitoramento e da  intervenção fisioterapêutica em recém-nascidos com atraso no desenvolvimento  neuropsicomotor (ADNPM). Os artigos analisados revelam que a identificação precoce de  alterações motoras e sensoriais possibilita a implementação de estratégias terapêuticas, como o bobath, que favorecem o amadurecimento neuropsicomotor e minimizam os impactos do  atraso no desenvolvimento. 

O tratamento com o Conceito Neuroevolutivo Bobath, foca na análise e tratamento de  deficiências sensório-motoras, sendo uma abordagem eficaz para indivíduos com  neuropatologias e com ADNPM. O Conceito Bobath prioriza o indivíduo como um todo,  abordando não apenas as limitações motoras, mas também os aspectos psicocognitivos e  emocionais, o que é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de tratamento  individualizadas. Este conceito permite ao fisioterapeuta planejar o tratamento com base nas necessidades específicas do paciente, promovendo a adaptação de posturas e movimentos que  melhoram a funcionalidade e evitam deformidades secundárias. ( SILVA et al., 2014) A intervenção deve ser individualizada, considerando as especificidades de cada  recém-nascido e as capacidades mínimas necessárias para responder adequadamente aos  estímulos do meio ambiente. A quantidade e a intensidade dos estímulos devem ser ajustadas  de acordo com as capacidades individuais do RN, evitando sobrecarga e garantindo que o  tratamento seja eficaz e seguro (Formiga et al., 2010). 

Em relação à outras intervenções precoces, destacam a importância de abordagens que  incluam estímulos auditivos, visuais, táteis, proprioceptivos e vestibulares, que têm mostrado  eficácia na promoção do desenvolvimento motor precoce. A musicoterapia, por exemplo, tem  sido amplamente estudada como uma intervenção na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal  (UTIN). Compreende-se que a musicoterapia, realizada em volumes controlados, pode  melhorar a saturação de oxigênio, regular a frequência cardíaca e respiratória, além de auxiliar  no ganho de peso e redução do tempo de permanência hospitalar dos RNPT. (Oliveira et al.,  2014; Arnon et al., 2014.) 

As estratégias motoras, que envolvem tanto o fortalecimento muscular quanto o  aprimoramento da percepção corporal e espacial, são fundamentais para o desenvolvimento  neuropsicomotor. A aplicação de técnicas de mobilização, alongamento e estimulação  proprioceptiva, por exemplo, teve resultados positivos em termos de melhora no equilíbrio e  na motricidade fina. Essas abordagens mostraram-se essenciais para a intervenção precoce,  sendo capazes de influenciar positivamente as funções motoras e o desenvolvimento global do  RN com ADNPM.( BERTONCELLO et al., 2017) 

O desenvolvimento motor também é estimulado através do sistema visual, permitindo e proporcionando a interação com o meio, facilitando as experiências motoras e auxiliando na  regulação do tônus muscular para dar suporte sensório-motor. Assim sendo, a intervenção é  fundamental nos primeiros anos de vida, pois estimulará o desenvolvimento global do bebê  (GONÇALVES et al., 2014). 

4.1 PLASTICIDADE NEURAL. 

O acompanhamento do recém-nascido até completar seu primeiro ano de vida,  contribui para um diagnóstico precoce do “atraso” do desenvolvimento normal. A estimulação  precoce precipita a neuroplasticidade, reorganizando o desenvolvimento encefálico. (Nigro  NLA, Pacheco SRC., 2022)

A aprendizagem fundamentada na experiência é crucial para provocar mudanças  relevantes na conectividade neural. A consolidação da plasticidade requer tempo, já que  algumas alterações plásticas, inerentes ao desenvolvimento neuropsicomotor, possuem um  período específico para ocorrer, aproveitar a janela de maior nível de plasticidade se faz  essencial. O conceito bobath, utiliza da repetição de atividade sensório motoras para alcançar  um grau de aprimoramento e reorganização cerebral constante. 

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Ao longo do estudo, foi possível compreender como a fisioterapia atua na estimulação  precoce, contribuindo para melhorar a qualidade de vida desses bebês e reduzindo impactos a  longo prazo. 

Através da revisão de literatura, percebe-se que a identificação precoce do atraso no  desenvolvimento é essencial para a eficácia do tratamento. O papel do fisioterapeuta vai além  da reabilitação, sendo fundamental na orientação das famílias e na promoção de um  desenvolvimento mais próximo ao esperado para cada criança, e levando em consideração ao  meio que está inserida. 

A intervenção fisioterapêutica precoce se mostra essencial para minimizar padrões  atípicos e potencializar o desenvolvimento neuropsicomotor normal dos recém-nascidos. A  estimulação adequada nos primeiros meses de vida favorece a plasticidade neuronal e auxilia  na aquisição de marcos motores, prevenindo possíveis complicações futuras. Dessa forma, a  fisioterapia atua como um recurso indispensável para garantir que esses bebês tenham  melhores oportunidades de desenvolvimento, como a utilização do conceito Bobath,  musicoterapia, estimulação visual e sensório-motora. 

Diante disso, fica evidente a necessidade de mais pesquisas e investimentos nessa  área. Assim, este estudo reforça a relevância da fisioterapia no cuidado infantil e incentiva a  continuidade de investigações sobre o tema, buscando sempre melhores práticas para a  promoção da saúde e bem-estar dos recém-nascidos. 

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1Alice Sarah Freitas Alencar – Discentes do Curso Superior de fisioterapia do Instituto UNITOP e-mail:  alicealencar220@gmail.com;
2Kamilly de Araújo Coelho -Discentes do Curso Superior de fisioterapia do Instituto UNITOP e-mail:  kamilly.c2003@gmail.com;
3Leandro Augusto Almeida – Docente do Curso Superior de fisioterapia do Instituto UNITOP. Doutorando em Engenharia Biomédica pela Universidade Brasil, Mestre em Bioengenharia pela Universidade Brasil. Especializando em Neurolgia. Possui graduação emFisioterapia pelo Centro Universitário do Triângulo (2001). Especialização em UTI neonatalpela UNICAMP- Campinas SP. e-mail: leandroaugustoalmeida74@gmail.com