REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202503151411
Francisco Xavier Martins Bessa1
RESUMO
Os hábitos alimentares da população têm se modificado significativamente nas últimas décadas, com um aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e de menor exigência mastigatória. Esse fenômeno pode estar relacionado a uma redução no tempo dedicado às refeições, favorecendo padrões de alimentação rápida e mastigação insuficiente. Tais mudanças comportamentais podem contribuir para o aumento da incidência de obesidade, diabetes tipo 2 e doenças gastrointestinais, reforçando a necessidade de estudos que avaliem a influência da mastigação sobre a saúde metabólica e o equilíbrio energético. Partindo deste panorama, objetivou-se analisar a influência da mastigação adequada na digestão, absorção de nutrientes e qualidade de vida, destacando sua importância no contexto nutricional e metabólico. Averiguou-se que a mastigação adequada facilita a digestão e otimiza a absorção de nutrientes, além de promover maior sensação de saciedade, o que contribui para o controle do peso e redução do risco de doenças metabólicas. Além disso, a prática de mastigar lentamente está diretamente relacionada à melhoria da saúde gastrointestinal e à prevenção de problemas como refluxo e gastrite. Concluiu-se que a promoção de hábitos alimentares que favoreçam a mastigação eficiente é essencial para a prevenção de distúrbios digestivos e metabólicos, sendo crucial para a melhoria da qualidade de vida e o equilíbrio energético dos indivíduos. Estímulos educativos e dietas equilibradas com alimentos que demandam mais mastigação devem ser incentivados, a fim de otimizar a saúde a longo prazo.
Palavras-chave: Mastigação. Digestão. Nutrição. Absorção de Nutrientes. Qualidade de Vida.
1 INTRODUÇÃO
A mastigação é um processo fisiológico essencial no contexto da nutrição, desempenhando um papel determinante na digestão e na absorção dos nutrientes. Embora frequentemente subestimada, essa etapa inicial da digestão influencia diretamente a eficiência do metabolismo e a saúde do sistema gastrointestinal. Durante a mastigação, os alimentos são triturados pelos dentes e misturados à saliva, o que facilita sua deglutição e posterior processamento enzimático no trato digestório. Além disso, a ação mecânica da mastigação aumenta a superfície de contato dos alimentos com as enzimas digestivas, promovendo a degradação eficiente dos macronutrientes (SANTOS et al., 2021).
Salienta-se, assim, que a mastigação adequada contribui para uma melhor assimilação dos nutrientes, reduzindo a sobrecarga do estômago e intestinos. Quando os alimentos não são devidamente mastigados, o organismo pode apresentar dificuldades na digestão, resultando em distúrbios gastrointestinais, como refluxo, dispepsia e constipação. Ademais, a mastigação tem influência significativa na regulação do apetite e no controle da saciedade. Através da sinalização neurológica, o cérebro recebe estímulos provenientes do ato mastigatório, favorecendo a liberação de hormônios responsáveis pela sensação de saciedade, como a leptina e o peptide YY. Dessa forma, a qualidade da mastigação não apenas impacta o estado nutricional do indivíduo, mas também está diretamente relacionada ao equilíbrio energético e ao controle do peso corporal (COSTA, 2022).
Além dos benefícios fisiológicos, a mastigação desempenha um papel importante na promoção da saúde bucal. O ato de mastigar estimula a produção salivar, o que auxilia na neutralização de ácidos na cavidade oral e na prevenção de doenças periodontais. A consistência dos alimentos ingeridos também influencia a integridade das estruturas dentárias, sendo que dietas predominantemente compostas por alimentos ultraprocessados e de fácil mastigação podem comprometer a saúde dos dentes e gengivas. Assim, compreender a importância da mastigação no contexto nutricional é fundamental para a formulação de diretrizes alimentares mais eficazes e para a promoção de hábitos saudáveis desde a infância até a idade adulta (SOUZA; GUEDES, 2016).
A relevância desta pesquisa se evidencia pelo impacto direto desse processo na saúde digestiva, na absorção de nutrientes e na manutenção do bem-estar geral. A literatura científica tem demonstrado que padrões inadequados de mastigação estão associados a diversos problemas metabólicos e nutricionais, o que reforça a necessidade de uma abordagem mais aprofundada sobre o tema. A mastigação deficiente pode comprometer a biodisponibilidade dos nutrientes, dificultando a absorção de vitaminas e minerais essenciais. Dessa forma, compreender a relação entre a eficiência mastigatória e o estado nutricional torna-se imprescindível para a prática clínica e para a formulação de estratégias de educação alimentar.
O objetivo primário é analisar a influência da mastigação adequada na digestão, absorção de nutrientes e qualidade de vida, destacando sua importância no contexto nutricional e metabólico. Já os objetivos secundários são: investigar a relação entre a mastigação eficiente e a biodisponibilidade dos nutrientes, considerando os impactos na digestão e absorção, avaliar as consequências da mastigação inadequada na saúde digestiva, metabólica e no controle do apetite e identificar estratégias nutricionais e educativas para a promoção de hábitos mastigatórios saudáveis e sua relevância na prevenção de doenças.
Esta pesquisa origina-se da seguinte pergunta: Como a mastigação adequada influencia a digestão, a absorção de nutrientes e a qualidade de vida no contexto nutricional?
2 MASTIGAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL
2.1 Anatomia e Fisiologia do Sistema Mastigatório
A mastigação é um dos primeiros processos envolvidos na digestão. Esse ato mecânico permite a trituração dos alimentos, facilitando sua digestão química e a absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. Inclusive, a mastigação influencia diretamente o controle da saciedade, a saúde bucal e a funcionalidade do sistema digestório como um todo. Apesar de sua importância, muitas vezes é negligenciada na rotina alimentar, o que pode acarretar prejuízos à saúde e ao metabolismo (SANTOS et al., 2021).
Primordialmente, facilita-se a ação das enzimas digestivas e melhora a absorção dos nutrientes no trato gastrointestinal. A saliva exerce um papel basilar nesse processo, uma vez que contém enzimas digestivas, como a amilase salivar, que inicia a degradação do amido ainda na cavidade oral. Além disso, a umidificação dos alimentos pela saliva promove uma deglutição mais eficiente e segura (COSTA, 2022).
Nos seres humanos, a mastigação apresenta características distintas quando comparada à de outros mamíferos. Diferentemente de algumas espécies que realizam uma mastigação mínima antes da deglutição, os humanos possuem um sistema mastigatório adaptado para a trituração e pulverização dos alimentos. Essa adaptação inclui uma dentição heterodonte, composta por incisivos, caninos, pré-molares e molares, que desempenham funções específicas no corte, perfuração e esmagamento dos alimentos. Em contrapartida, animais carnívoros, como os felinos, possuem dentes mais especializados na dilaceração, enquanto herbívoros, como bovinos, apresentam uma mastigação mais prolongada e eficiente na degradação de fibras vegetais. Essas diferenças anatômicas e funcionais demonstram a influência do tipo de alimentação no desenvolvimento da mastigação entre diferentes espécies (COSTA, 2022).
A evolução do sistema mastigatório humano ocorreu em resposta às mudanças nos hábitos alimentares ao longo da história da humanidade. Os primeiros hominídeos possuíam uma estrutura dentária mais robusta, adaptada ao consumo de alimentos duros e fibrosos, como raízes e frutos não processados. Com o advento da caça e a introdução de proteínas animais na dieta, houve uma modificação no padrão mastigatório, favorecendo uma redução no tamanho dos dentes e no prognatismo facial (SOUZA; GUEDES, 2016).
A transição da economia baseada na caça e coleta para a agricultura representou um marco significativo na mastigação humana. O consumo de cereais e alimentos cultivados resultou em uma menor necessidade de esforço mastigatório, o que influenciou a morfologia craniofacial e a composição dentária. Com o desenvolvimento de técnicas de preparo dos alimentos, como a cocção, a mastigação tornou-se ainda menos exigente, contribuindo para uma redução do espaço disponível para os dentes do siso e um aumento da incidência de problemas ortodônticos (LACERDA, 2016).
No período da Revolução Industrial, a alimentação passou por uma nova transformação com a introdução de alimentos ultraprocessados, refinados e de consistência mais macia. Essa mudança resultou em uma mastigação menos eficiente e rápida, impactando negativamente a digestão e o controle da saciedade. Atualmente, os hábitos alimentares modernos frequentemente favorecem refeições rápidas e com pouca mastigação, o que pode estar associado ao aumento de distúrbios digestivos, metabólicos e à prevalência de doenças crônicas, como obesidade e diabetes tipo 2 (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
De modo complementar, estratégias que promovem a conscientização sobre a importância desse processo podem contribuir para a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e para a prevenção de doenças relacionadas à má digestão e à alimentação inadequada. No contexto da nutrição clínica e da promoção da saúde, orientações sobre a mastigação correta devem ser incorporadas nas recomendações alimentares, especialmente para indivíduos que apresentam distúrbios gastrointestinais, dificuldades na deglutição ou padrões alimentares inadequados. Estudos indicam que uma mastigação mais lenta e consciente pode favorecer a redução da ingestão calórica, prevenindo o sobrepeso e a obesidade. Além disso, a prática da alimentação consciente, baseada na valorização da textura, sabor e tempo de mastigação, tem sido amplamente recomendada como estratégia para melhorar a relação das pessoas com a comida (LACERDA, 2016).
A implementação de programas educativos que abordam a mastigação desde a infância pode favorecer o desenvolvimento de hábitos alimentares mais saudáveis ao longo da vida. Crianças que são incentivadas a mastigar corretamente apresentam menor propensão a desenvolver seletividade alimentar, além de melhor aceitação de diferentes texturas e grupos alimentares. A orientação nutricional também deve abranger populações específicas, como idosos e pessoas com necessidades especiais, que podem apresentar dificuldades na mastigação e necessitam de adaptações alimentares para garantir uma nutrição adequada (SOUZA; GUEDES, 2016).
Logo, a mastigação deve ser compreendida como um elemento fundamental da educação nutricional e da promoção da saúde. A conscientização sobre sua importância pode resultar em melhorias significativas na qualidade de vida e na prevenção de doenças relacionadas à alimentação inadequada, reforçando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para incentivar hábitos mastigatórios adequados (SOUZA; GUEDES, 2016).
O sistema mastigatório é composto por uma complexa rede de estruturas anatômicas que trabalham de forma integrada para promover a trituração, a mistura e a deglutição dos alimentos, iniciando o processo digestivo. A mastigação não se resume a um simples ato mecânico; ela envolve uma série de mecanismos anatômicos e fisiológicos interdependentes que são essenciais para a saúde digestiva e nutricional (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
Os dentes são os principais responsáveis pela trituração dos alimentos, e sua função é desempenhada com base em sua morfologia específica. Os dentes humanos são classificados em incisivos, caninos, pré-molares e molares, cada um com uma função distinta. Os incisivos, localizados na frente da boca, são projetados para cortar os alimentos, enquanto os caninos, situados ao lado, têm como principal função rasgar os alimentos. Os pré-molares e molares, por sua vez, estão adaptados para moer e triturar os alimentos, proporcionando uma maior área de superfície para a ação das enzimas digestivas (COSTA, 2022).
Além dos dentes, a língua desempenha um papel vital na mastigação, pois ajuda a mover os alimentos durante o processo de trituração, além de colaborar na formação do bolo alimentar, facilitando a deglutição. A língua também auxilia na percepção de texturas e sabores, influenciando, assim, o prazer alimentar e o controle da ingestão. Os músculos mastigatórios, que incluem o masseter, temporal e pterigoideu, são responsáveis pelo movimento coordenado da mandíbula, permitindo o fechamento e abertura da boca, necessários para a mastigação eficaz. O movimento dessas estruturas é controlado por impulsos nervosos, garantindo uma ação sincronizada e eficiente no processo de trituração e mistura dos alimentos com a saliva (COSTA, 2022).
Já a composição da saliva inclui uma variedade de enzimas digestivas, sendo a amilase salivar uma das mais importantes. Essa enzima tem como função principal a quebra do amido, iniciando a digestão dos carboidratos ainda na boca. Esse processo de digestão preliminar é crucial, pois facilita a absorção de glicose durante as fases posteriores da digestão no intestino delgado. Além da amilase, a saliva contém outras enzimas e compostos, como a lipase lingual, que inicia a digestão de gorduras, embora essa ação seja mais significativa em fases posteriores da digestão. A saliva também tem um papel essencial na lubrificação dos alimentos, formando o bolo alimentar, o que facilita a deglutição e previne a irritação das mucosas da boca e do esôfago. Sem essa lubrificação, o processo de deglutição seria difícil e potencialmente prejudicial à saúde. Ou seja, a saliva possui propriedades antimicrobianas, ajudando a prevenir infecções e promovendo a saúde bucal (SOUZA; GUEDES, 2016).
Concomitantemente, a mastigação não ocorre de forma autônoma, mas é regulada por uma complexa rede de sinais neuromusculares que coordenam a ação das estruturas envolvidas. O reflexo mastigatório, que é o principal responsável pelo movimento da mandíbula durante a mastigação, é mediado por centros nervosos localizados no tronco encefálico. Esses centros são ativados pela estimulação de receptores localizados na cavidade oral, como os receptores de pressão e estiramento nos dentes, gengivas e músculos da mastigação. Esses sinais são transmitidos através dos nervos trigêmeo e facial, que comandam a contração e o relaxamento dos músculos mastigatórios (SANTOS et al., 2021).
O papel do sistema nervoso central (SNC), particularmente do cérebro, é de extrema importância na modulação e na adaptação da mastigação de acordo com as necessidades alimentares e as condições anatômicas do indivíduo. O cérebro interpreta os sinais recebidos da cavidade oral e ajusta a intensidade, a frequência e a duração dos movimentos de mastigação. Além disso, a mastigação pode ser influenciada por fatores emocionais e psicológicos, como o estresse ou a fome, que afetam a forma como a pessoa mastiga e ingere os alimentos. Esse controle neuromuscular é essencial para garantir uma mastigação eficiente e adaptada, que maximize a digestão e contribua para a saúde digestiva (COSTA, 2022).
2.2 A Relação Entre Mastigação e Digestão
A mastigação é uma etapa fundamental no processo digestivo tanto por sua contribuição mecânica na fragmentação dos alimentos quanto pela facilitação da ação das enzimas digestivas e pela promoção da absorção eficiente de nutrientes. A digestão não começa no estômago ou no intestino, mas na cavidade oral, onde a mastigação é central (SANTOS et al., 2021).
A cavidade oral, além de ser o local onde os alimentos são introduzidos no corpo, possui um papel ativo no início da digestão. A mastigação, ao fragmentar os alimentos, aumenta sua superfície de contato, facilitando a ação das enzimas presentes na saliva, como a amilase salivar. Esta enzima tem a função de quebrar as moléculas de amido, iniciando a digestão dos carboidratos ainda na boca. Esse processo é de extrema importância, uma vez que ele não apenas prepara os alimentos para as etapas subsequentes da digestão, mas também contribui para a absorção mais eficiente dos nutrientes (SOUZA; GUEDES, 2016).
Outrossim, a mastigação adequada também facilita a mistura dos alimentos com a saliva, formando o bolo alimentar. Este bolo, ao ser deglutido, será transferido para o estômago, onde a digestão continua. A eficiência na mastigação garante que o bolo alimentar tenha uma consistência ideal, permitindo uma digestão mais eficiente no estômago e intestino delgado, onde a ação das enzimas digestivas será otimizada. Portanto, uma mastigação eficiente não apenas contribui para o início do processo digestivo, mas também prepara o caminho para a absorção completa de nutrientes nos órgãos digestivos subsequentes (COSTA, 2022).
Quando a mastigação é realizada de forma insuficiente, ou seja, quando os alimentos não são devidamente triturados e misturados com a saliva, o processo digestivo subsequente pode ser prejudicado. O estômago e o intestino delgado podem ser sobrecarregados com alimentos de maior tamanho e menor digestibilidade, o que exige mais esforço enzimático e mecânico para quebrá-los e absorver seus nutrientes. Esse esforço adicional pode resultar em uma digestão ineficaz e em uma absorção insuficiente de nutrientes essenciais (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
Aliás, a mastigação inadequada pode impactar negativamente a microbiota intestinal, o conjunto de microrganismos que habita o trato gastrointestinal e desempenha um papel essencial na digestão e na saúde geral do organismo. A ingestão de grandes pedaços de alimentos pode alterar a composição dessa microbiota, favorecendo o crescimento de bactérias patogênicas em detrimento das bactérias benéficas, o que pode levar ao desequilíbrio da microbiota e ao desenvolvimento de condições como disbiose intestinal. A disbiose, por sua vez, pode resultar em problemas como inflamação intestinal, constipação, e outros distúrbios digestivos, além de estar associada a condições metabólicas, como obesidade e síndrome do intestino irritável (SOUZA; GUEDES, 2016).
O tempo dedicado à mastigação de um alimento pode variar de acordo com suas características físicas e químicas. Alimentos mais duros ou fibrosos exigem mais tempo de mastigação para serem adequadamente quebrados, enquanto alimentos mais macios podem ser mastigados com maior rapidez. Esse tempo de mastigação influencia diretamente a eficiência do processo digestivo, pois quanto mais tempo os alimentos permanecerem na cavidade oral, mais a saliva será capaz de atuar na quebra dos nutrientes, facilitando a digestão estomacal e intestinal (LACERDA, 2016).
Sugere-se, assim, que a mastigação ideal para a maioria dos alimentos deve durar cerca de 20 a 30 segundos por mordida. Isso é suficiente para garantir que o alimento seja adequadamente triturado e misturado com a saliva, além de permitir que as enzimas salivares atuem de forma eficaz. Ademais, indica-se que uma mastigação mais lenta e deliberada pode melhorar a saciedade, ajudando na regulação do apetite e contribuindo para a prevenção de doenças como a obesidade. Todavia, o tempo de mastigação recomendado pode variar conforme as características alimentares e as necessidades individuais, sendo fundamental que cada pessoa ajuste a mastigação de acordo com sua experiência sensorial e as orientações nutricionais (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
A mastigação prolongada tem um efeito significativo na promoção da saciedade, o que pode influenciar o consumo alimentar e o controle do peso corporal. Quando os alimentos são mastigados de forma lenta e consciente, há uma maior estimulação dos receptores de saciedade presentes no sistema digestivo. Isso resulta na liberação de hormônios específicos, como a leptina, que sinalizam ao cérebro que o corpo atingiu um estado de saciedade. A leptina, produzida pelos adipócitos, é um hormônio fundamental para a regulação do apetite, e sua liberação é estimulada por uma mastigação mais prolongada, indicando ao organismo que a ingestão alimentar pode ser interrompida (SOUZA; GUEDES, 2016).
Ademais, a mastigação também se associa à liberação de outros hormônios reguladores do apetite, como a grelina e a insulina. A grelina, conhecida como “hormônio da fome”, é produzida no estômago e sinaliza ao cérebro a necessidade de ingestão alimentar. A mastigação eficiente pode ajudar a controlar a liberação excessiva de grelina, promovendo uma sensação de saciedade mais precoce. Já a insulina, hormônio essencial na regulação da glicose sanguínea, também desempenha um papel na modulação do apetite, e sua liberação pode ser otimizada por uma mastigação cuidadosa e por uma digestão mais eficiente. Portanto, a forma como mastigamos os alimentos pode afetar diretamente os mecanismos hormonais envolvidos na saciedade, contribuindo para o controle do peso corporal (COSTA, 2022).
A relação entre o tempo dedicado à mastigação e o consumo energético é outro aspecto importante no controle do peso corporal. A mastigação rápida está frequentemente associada a uma ingestão calórica maior, uma vez que os sinais de saciedade enviados ao cérebro não têm tempo suficiente para ser processados adequadamente. Quando a mastigação é realizada de forma rápida, o tempo necessário para que os sinais de saciedade sejam enviados ao sistema nervoso central diminui, resultando em um consumo excessivo de alimentos e em uma maior ingestão calórica antes que a sensação de saciedade se manifeste (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
O estudo de Nunes (2019) frisa que a mastigação lenta pode, de forma significativa, reduzir o consumo energético durante as refeições. A ingestão de alimentos de forma mais pausada permite que o corpo registre adequadamente os sinais de saciedade, evitando o consumo excessivo de calorias. Pesquisas também sugerem que pessoas que mastigam de forma mais lenta tendem a ingerir uma quantidade menor de alimentos ao longo das refeições, o que se traduz em uma ingestão calórica mais controlada. A mastigação lenta contribui, assim, para o controle de peso ao aumentar a sensação de saciedade e reduzir a quantidade de calorias ingeridas de maneira involuntária (LACERDA, 2016).
A relação entre a mastigação inadequada e o risco de obesidade é um campo de estudo crescente. Comportamentos alimentares inadequados, como comer rapidamente e sem atenção plena, têm sido associados ao aumento do risco de obesidade. A mastigação inadequada pode prejudicar os mecanismos naturais de controle do apetite e facilitar o consumo excessivo de alimentos, o que, ao longo do tempo, pode resultar em ganho de peso e desenvolvimento de obesidade. Isso ocorre porque a velocidade da mastigação interfere diretamente nos sinais hormonais de saciedade, levando a uma ingestão alimentar descontrolada (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
Além disso, o comportamento alimentar rápido e desatento pode gerar uma desconexão entre a ingestão de alimentos e a percepção das necessidades do corpo. Estratégias para incentivar uma mastigação mais lenta e consciente têm mostrado resultados promissores na prevenção e no tratamento da obesidade. Práticas como comer sem pressa, saborear cada mordida e fazer pausas durante as refeições podem ajudar a reduzir a ingestão de alimentos, promovendo uma melhor percepção da saciedade. A educação nutricional e a conscientização sobre os benefícios de uma mastigação adequada são fundamentais para modificar comportamentos alimentares e, assim, reduzir o risco de obesidade (SANTOS et al., 2021).
Não obstante, a mastigação inadequada, por vezes negligenciada, pode resultar em uma série de problemas de saúde, tanto no sistema digestivo quanto no sistema bucal e nas articulações envolvidas. A maneira como mastigamos os alimentos tem implicações diretas na saúde gastrointestinal, na articulação temporomandibular (ATM) e até na manutenção da saúde bucal. A seguir, serão discutidos os principais problemas de saúde que podem surgir devido a hábitos inadequados de mastigação (COSTA, 2022).
O processo de digestão começa na cavidade oral, onde os alimentos são triturados e misturados com a saliva, facilitando a ação das enzimas digestivas. Quando a mastigação é inadequada ou insuficiente, o bolo alimentar que chega ao estômago é mais grosso e menos preparado para o processo digestivo subsequente, o que pode levar ao refluxo gastroesofágico, à gastrite e à má digestão. O refluxo gastroesofágico, por exemplo, ocorre quando o conteúdo do estômago retorna para o esôfago, causando sensação de queimação e desconforto, sendo frequentemente agravado por uma mastigação rápida e superficial, que não permite a adequada lubrificação e quebra do alimento (SOUZA; GUEDES, 2016).
Neste sentido, a mastigação insuficiente pode ter impacto direto na função intestinal. A prisão de ventre é uma condição comum que pode surgir quando os alimentos não são suficientemente mastigados, o que dificulta o processo digestivo e o trânsito intestinal. Alimentos mal mastigados podem resultar em dificuldades de absorção de nutrientes, tornando a digestão mais lenta e causando desconfortos relacionados à constipação. A relação entre mastigação inadequada e prisão de ventre está ligada à forma como os alimentos são processados no sistema digestivo, podendo afetar negativamente a eficiência do trato gastrointestinal (SANTOS et al., 2021).
A articulação temporomandibular ATM, responsável pelo movimento da mandíbula, está diretamente envolvida no processo de mastigação. Quando a mastigação é realizada de forma inadequada ou descoordenada, pode haver um impacto negativo nesta articulação, levando ao desenvolvimento de disfunções da ATM. O uso excessivo de um lado da mandíbula ou o hábito de mastigar rapidamente pode causar um desequilíbrio na musculatura e nas articulações que controlam a movimentação mandibular, resultando em dor, estalos e dificuldades de abertura da boca (LACERDA, 2016).
Além disso, a mastigação incorreta pode levar a um aumento do desgaste articular, o que, a longo prazo, pode provocar dor crônica, rigidez e até limitações no movimento da mandíbula. Sintomas comuns de disfunções da ATM incluem dores de cabeça, dor no pescoço, dificuldade para mastigar e estalos ou ruídos ao movimentar a mandíbula. O tratamento para essas disfunções pode envolver fisioterapia, uso de aparelhos ortopédicos ou, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas. Portanto, a mastigação errada não só afeta a eficiência do processo digestivo, mas também pode comprometer a função da ATM, causando danos substanciais à saúde bucal e à qualidade de vida do indivíduo (COSTA, 2022).
A saúde bucal também é diretamente influenciada pelos hábitos de mastigação. A mastigação inadequada pode ter efeitos prejudiciais aos dentes e gengivas, comprometendo a saúde oral de diversas maneiras. Quando os alimentos não são mastigados de forma adequada, os dentes são sobrecarregados, o que pode levar ao desgaste excessivo do esmalte dental, à formação de cáries e até o agravamento de problemas periodontais. Neste prisma, a mastigação incorreta pode prejudicar a limpeza natural dos dentes, favorecendo o acúmulo de restos alimentares, o que aumenta o risco de doenças gengivais e cáries (DUARTE et al., 2021).
A relação entre perda dentária e eficiência mastigatória é clara, uma vez que dentes perdidos ou comprometidos pela mastigação inadequada dificultam o processo de trituração dos alimentos, criando um ciclo vicioso. A falta de dentes pode resultar em uma mastigação ineficaz, o que, por sua vez, pode agravar problemas digestivos e afetar ainda mais a saúde bucal. Portanto, a manutenção de uma mastigação adequada, com o cuidado dos dentes e das gengivas, é essencial para prevenir a perda dentária e garantir uma boa saúde bucal ao longo da vida (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
Ainda mais, a mastigação é um processo biológico fundamental para a digestão dos alimentos, mas também está profundamente influenciada por fatores psicológicos e comportamentais. Aspectos como a ansiedade, o estresse, as práticas culturais e até mesmo a maneira como nos relacionamos com a comida desempenham um papel crucial na forma como mastigamos. Esses fatores não só afetam a eficiência mastigatória, mas também têm implicações diretas na qualidade da alimentação, no controle do peso e na saúde geral. A seguir, discutem-se os principais aspectos que envolvem a psicologia da mastigação, com destaque para a relação entre emoções, comportamento alimentar e as influências culturais (SOUZA; GUEDES, 2016).
O estado emocional de um indivíduo pode exercer grande influência sobre o comportamento alimentar, particularmente no que diz respeito à velocidade de mastigação. Estudos demonstram que situações de estresse e ansiedade tendem a aumentar a velocidade da mastigação, o que pode prejudicar o processo digestivo e diminuir a percepção de saciedade. A mastigação rápida, frequentemente associada a um estado emocional elevado, não permite que os sinais de saciedade sejam adequadamente processados pelo corpo, o que pode levar ao consumo excessivo de alimentos (COSTA, 2022).
Inclusive, a relação entre estresse e compulsão alimentar é bem documentada. Durante períodos de estresse, muitas pessoas recorrem à comida como uma forma de lidar com as emoções, muitas vezes comendo de maneira impulsiva e sem atenção ao que está sendo ingerido. Esse comportamento pode resultar em um ciclo vicioso, no qual a velocidade da mastigação e a compulsão alimentar se intensificam, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios alimentares e problemas de saúde, como obesidade e distúrbios gástricos. O controle emocional e a regulação do estresse são, portanto, aspectos fundamentais para promover uma mastigação mais saudável e consciente (DUARTE et al., 2021).
O conceito de “Mindful Eating” ou alimentação consciente tem ganhado destaque como uma prática que visa aumentar a atenção plena durante as refeições. Essa abordagem implica em estar totalmente presente no momento da alimentação, focando na experiência sensorial de comer e mastigar. A alimentação consciente tem mostrado benefícios significativos na promoção de uma mastigação mais lenta e eficaz, uma vez que ela incentiva os indivíduos a prestarem atenção à textura e ao sabor dos alimentos, além de ajudá-los a perceber quando estão satisfeitos, evitando excessos (SILVA et al., 2021).
Uma das técnicas utilizadas no Mindful Eating é a mastigação mais atenta e pausada. Ao comer com mais calma, o corpo tem tempo de registrar os sinais de saciedade, o que pode contribuir para a redução da ingestão calórica e para o controle de peso. Além disso, a prática de comer de forma consciente pode melhorar a digestão, uma vez que os alimentos são devidamente triturados e misturados com a saliva, facilitando a absorção dos nutrientes. Portanto, treinar a mastigação de maneira mais atenta e pausada pode não apenas melhorar a eficiência do processo digestivo, mas também promover um comportamento alimentar mais saudável e equilibrado (SANTOS et al., 2021).
2.3 Influência da Textura e Consistência dos Alimentos na Mastigação
A textura e a consistência dos alimentos são basilares na eficiência da mastigação, afetando diretamente a saúde bucal e o processo digestivo. A mastigação não é apenas uma questão de triturar os alimentos, mas também está intimamente ligada à maneira como o corpo processa e absorve os nutrientes. A natureza dos alimentos consumidos, sejam eles duros, macios ou fibrosos, determina o esforço necessário para mastigá-los e, por conseguinte, pode influenciar fatores como saciedade, digestão e saúde geral. O entendimento da relação entre a textura dos alimentos e a mastigação é essencial para a formulação de estratégias nutricionais que promovam uma alimentação saudável e uma digestão eficaz (SILVA et al., 2021).
Os alimentos podem ser classificados em diferentes categorias de acordo com sua dureza e textura, e essa classificação influencia diretamente o esforço necessário para mastigá-los. Alimentos duros, como maçãs, nozes e carnes fibrosas, exigem maior força de mastigação, o que ativa diferentes músculos da mandíbula e estimula uma maior produção de saliva. Além disso, a mastigação de alimentos duros tem sido associada a benefícios para a saúde bucal, como o fortalecimento dos dentes e das gengivas, além de estimular o funcionamento adequado da articulação temporomandibular. A mastigação dessas substâncias também permite uma maior liberação de enzimas digestivas na cavidade oral, facilitando a quebra inicial dos alimentos antes de serem deglutidos (COSTA, 2022).
Em contrapartida, alimentos macios e processados, como pães brancos, purês e doces, exigem um esforço menor para serem mastigados. Esse esforço reduzido pode comprometer a saúde bucal e digestiva, pois a mastigação insuficiente impede que o processo de quebra física dos alimentos seja realizado de maneira eficaz. Além disso, alimentos muito macios podem reduzir a produção de saliva e prejudicar a eficiência da digestão, uma vez que não estimulam adequadamente as estruturas mastigatórias. Por essa razão, a variedade de texturas na alimentação é fundamental para manter o bom funcionamento do sistema mastigatório e para garantir a absorção adequada dos nutrientes (SOUZA; GUEDES, 2016).
O processamento dos alimentos tem um impacto robusto na mastigação e na saúde digestiva de forma geral. Alimentos ultraprocessados, como produtos embalados e fast food, muitas vezes são projetados para serem consumidos com pouco esforço mastigatório. Esses alimentos geralmente possuem texturas macias ou pastosas, que não exigem a mesma quantidade de ação mastigatória que alimentos frescos e naturais. O consumo frequente de alimentos ultraprocessados pode levar a uma diminuição da atividade mastigatória e à adaptação do sistema mastigatório a um esforço reduzido (DUARTE et al., 2021).
Neste enfoque, a mastigação insuficiente pode resultar em uma menor sensação de saciedade, o que, por sua vez, pode contribuir para o aumento do consumo alimentar. Quando os alimentos não são mastigados de forma adequada, o corpo não tem tempo suficiente para registrar os sinais de saciedade, o que leva à ingestão excessiva de alimentos. Esse fenômeno pode ter efeitos negativos no controle do peso corporal e na saúde metabólica, tornando-se um fator contribuinte para problemas como a obesidade e distúrbios digestivos. A redução da mastigação, consequentemente, pode ser um dos mecanismos responsáveis pela ingestão descontrolada de alimentos e pela dificuldade em perceber os limites da saciedade (DUARTE et al., 2021).
Considerando os impactos da textura e da consistência dos alimentos na mastigação, é possível adotar diversas estratégias nutricionais para incentivar a mastigação adequada e promover uma alimentação mais saudável. Uma abordagem fundamental é a incorporação de alimentos integrais e menos processados na dieta. Alimentos como frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras não apenas oferecem maior valor nutricional, mas também estimulam uma mastigação mais eficaz. Esses alimentos exigem maior tempo e esforço para serem triturados, promovendo a ativação dos músculos mastigatórios e melhorando a digestão (SOUZA; GUEDES, 2016).
Uma estratégia nutricional eficaz também pode envolver a introdução gradual de alimentos de diferentes texturas, promovendo uma reeducação alimentar e estimulando os hábitos alimentares saudáveis. Por exemplo, pode-se substituir alimentos altamente processados por versões mais naturais e ricas em fibras, o que aumentaria a resistência dos alimentos e melhoraria a eficácia da mastigação. Essa reeducação alimentar pode ser uma abordagem importante para reverter padrões alimentares inadequados, além de promover a saúde bucal e digestiva de forma geral. Portanto, ao incentivar a mastigação adequada por meio de escolhas alimentares mais naturais e texturizadas, pode-se contribuir para uma alimentação equilibrada e mais eficiente em termos de digestão e absorção de nutrientes (LACERDA, 2016).
Para diferentes grupos populacionais, como crianças, idosos e pessoas com distúrbios neurológicos, as considerações sobre a mastigação variam, exigindo abordagens específicas. A função mastigatória, ao ser afetada por aspectos como idade, condições de saúde e práticas alimentares, impacta diretamente a qualidade de vida e o estado nutricional desses indivíduos. Com isso, é necessário compreender as particularidades de cada grupo para elaborar estratégias adequadas, que promovam uma mastigação eficiente e contribuam para a manutenção da saúde bucal e geral (SANTOS; ALMEIDA, 2019).
Na infância, a mastigação denota-se como primordial no desenvolvimento da musculatura facial e da dentição. Durante os primeiros anos de vida, as crianças estão em uma fase de intensivo desenvolvimento motor, e a mastigação adequada é fundamental para o fortalecimento dos músculos da face e da mandíbula, além de ajudar na coordenação oral necessária para a fala e outros processos fisiológicos. Esse período é caracterizado pela erupção dos dentes decíduos e, mais tarde, pela substituição deles pelos dentes permanentes, processo que exige um padrão de mastigação eficaz para garantir o bom desenvolvimento da arcada dentária e a simetria facial (SILVA et al., 2018).
Para além disso, o desmame precoce ou a introdução inadequada de alimentos pode comprometer o desenvolvimento da mastigação infantil. A alimentação líquida ou pastosa por períodos prolongados impede a criança de desenvolver a força necessária nos músculos da mandíbula, o que pode prejudicar o desenvolvimento da dentição e afetar a capacidade de mastigar alimentos mais sólidos no futuro. A introdução precoce de alimentos sólidos, porém de forma gradual e com texturas variadas, é essencial para estimular a mastigação adequada e favorecer o desenvolvimento bucal, além de contribuir para a formação de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção de problemas de deglutição (DANTAS; JÚNIOR; BAIA, 2018).
Com o avanço da idade, a eficiência mastigatória tende a diminuir, o que pode resultar em dificuldades para se alimentar de maneira adequada. O envelhecimento afeta vários aspectos do sistema mastigatório, incluindo a perda dentária e a diminuição da produção de saliva, fenômenos comuns entre os idosos. A perda de dentes, que pode ocorrer devido ao desgaste natural, cáries ou doenças periodontais, compromete a capacidade de triturar alimentos, o que dificulta a digestão inicial na cavidade oral e, por consequência, prejudica a absorção de nutrientes essenciais (SILVA et al., 2021).
Além disso, a xerostomia, ou boca seca, é uma condição frequentemente observada no envelhecimento, resultante, muitas vezes, da diminuição da produção salivar, causada pelo uso de medicamentos ou pela própria redução das funções glandulares. A falta de saliva não só afeta a mastigação, tornando-a mais difícil e desconfortável, mas também dificulta a deglutição e aumenta o risco de cáries dentárias e outras complicações bucais. Esses fatores podem levar ao desenvolvimento de dificuldades alimentares, impactando a nutrição dos idosos. Estratégias como o uso de saliva artificial, dietas adaptadas e técnicas de mastigação adaptativa são recomendadas para melhorar a experiência alimentar e garantir que os idosos consigam manter uma alimentação balanceada e nutritiva (COSTA, 2022).
3 CONCLUSÃO
Este estudo abordou a importância da mastigação no processo digestivo e na manutenção da saúde geral, com ênfase em como a prática de mastigar corretamente pode influenciar tanto o bem-estar físico quanto comportamental. As análises realizadas ao longo do trabalho permitiram compreender a relação intrínseca entre a mastigação e uma série de processos fisiológicos, como a digestão, a saciedade e o controle do peso corporal. Ademais, foram discutidos os impactos de uma mastigação inadequada em condições de saúde, como distúrbios gastrointestinais, disfunções da articulação temporomandibular e problemas bucais. Os dados analisados corroboram a importância de promover uma mastigação eficiente para prevenir complicações de saúde e otimizar a absorção de nutrientes.
Ao longo deste estudo, foi possível verificar que os objetivos estabelecidos foram plenamente alcançados. A pesquisa revelou de maneira clara a relevância de se adotar estratégias nutricionais que incentivem a mastigação consciente e lenta, destacando a interconexão entre a eficiência mastigatória e a promoção de uma alimentação mais saudável. Além disso, evidenciou-se que a mastigação tem um papel fundamental na redução do risco de doenças metabólicas e gastrointestinais, sugerindo que práticas alimentares mais atentas podem ser determinantes na melhoria da saúde digestiva e geral.
Em termos de implicações para a prática clínica nutricional, os resultados deste estudo oferecem direções práticas para os profissionais da área, indicando que a educação alimentar deve incluir não apenas orientações sobre o tipo de alimentos consumidos, mas também sobre como esses alimentos devem ser ingeridos. Técnicas de treinamento mastigatório, como a conscientização sobre o número de mastigações por garfada, podem ser ferramentas simples e eficazes para melhorar a saúde digestiva dos pacientes. Além disso, a introdução de dietas com alimentos que favoreçam a mastigação adequada pode ser integrada a programas de intervenção para promover um comportamento alimentar mais saudável e preventivo.
Sugere-se que futuras pesquisas se concentrem na análise do impacto da mastigação em condições específicas, como doenças metabólicas, disfunções neurológicas e em diferentes faixas etárias. Por fim, ao integrar práticas alimentares conscientes à rotina dos indivíduos, é possível tanto melhorar a digestão e o controle de peso quanto prevenir uma série de doenças relacionadas ao sistema digestivo e metabólico. A mastigação, portanto, se revela como um fator fundamental na promoção da saúde e no bem-estar integral dos indivíduos, e suas implicações vão além da simples ação de comer, estendendo-se a diversos aspectos da vida saudável.
REFERÊNCIAS
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DANTAS, Letícia Lacerda; JÚNIOR, Eudes Neves dos Santos; BAIA, Sandra Regina Dantas. Importância da nutrição na síndrome de down. CONBRACIS. Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/. Acesso em: 05 mar. 2025.
DUARTE, Laís et al. Impacto da ativação e instalação de aparelhos ortodônticos na mastigação e nutrição: uma revisão sistemática com meta-análise. 2021. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/. Acesso em: 13 mar. 2025.
LACERDA, Diego Cabral. Estudo do padrão sensório-motor da mastigação: implicações da desnutrição perinatal sobre a paralisia cerebral experimental. 2016. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 14 mar. 2025.
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SANTOS, Renata Emmanuele Assunção et al. Mastigação em crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade: uma revisão sistemática. Revista de Nutrição, v. 34, p. e190201, 2021. Disponível em: https://scholar.archive.org/. Acesso em: 06 mar. 2025.
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SILVA, Emilly Ebersol da et al. A Fragilidade do Idoso Influencia sua Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal e Mastigação?. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 18, n. 3, 2021. Disponível em: https://seer.upf.br/. Acesso em: 05 mar. 2025.
SOUZA, Noemia Caroline de; GUEDES, Zelita Caldeira Ferreira. Mastigação e deglutição de crianças e adolescentes obesos. Revista CEFAC, v. 18, n. 6, p. 1340-1347, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 11 mar. 2025.
1Formação acadêmica mais alta com a área: Mestrado em Nutrição
Instituição de formação: Uniasselvi
E-mail: bessa@expressalimentacao.com.br