MODERNIDADE LÍQUIDA E AS DIFERENTES GERAÇÕES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202408312130


Wesley Barbosa Rodrigues1


RESUMO

O texto discute os desafios enfrentados pela educação na era atual, destacando a busca individualizada por conhecimento por meio de recursos tecnológicos. Sob a influência do individualismo e a regressão social, a tecnologia ganha destaque nas discussões educacionais. O acesso à informação pela internet é considerado uma forma de democratização, mas a mera disponibilidade de informações não constitui educação. A escola é solicitada a se posicionar como orientadora das tecnologias, reconhecendo a necessidade de inovação para atender às demandas dos alunos. A busca pela autonomia, um caminho crucial para a libertação, está intrinsicamente ligada ao conceito de educação humanizadora. Essa abordagem ressalta a importância do diálogo como fundamento essencial para a aquisição de conhecimento. A pesquisa bibliográfica abrange fontes secundárias, buscando novas abordagens. O objetivo é analisar a “Modernidade Líquida” de Bauman e as perspectivas das diferentes gerações, explorando como a educação deve se adaptar à modernidade e às características da geração atual, e como as instituições e professores devem responder a essa realidade.

Palavras-chave: Educação. Gerações. Modernidade Líquida. Tecnologia.

ABSTRACT

The text discusses the challenges faced by education in the current era, highlighting the individualized search for knowledge through technological resources. Under the influence of individualism and social regression, technology gains prominence in educational discussions. Access to information via the internet is considered a form of democratization, but the mere availability of information does not constitute education. The school is asked to position itself as a technology guide, recognizing the need for innovation to meet the demands of students. The search for autonomy, a crucial path to liberation, is intrinsically linked to the concept of humanizing education. This approach highlights the importance of dialogue as an essential foundation for acquiring knowledge. Bibliographic research covers secondary sources, seeking new approaches. The objective is to analyze Bauman’s “Liquid Modernity” and the perspectives of different generations, exploring how education should adapt to modernity and the characteristics of the current generation, and how institutions and teachers should respond to this reality.

Keywords: Education. Generations. Liquid Modernity. Technology.

1 Introdução

Atualmente, a educação é motivo de discussão e preocupação da sociedade em geral e enfrenta diversos desafios ao buscar uma interação com os alunos, os quais estão cada vez mais buscando conhecimento de forma individualizada por meio de recursos tecnológicos e materiais midiáticos disponíveis na internet. A tecnologia se encontra no centro das discussões sobre educação, amplificando a importância desse diálogo.

Com o avanço da eletrônica e o progresso de expansão da internet, criou a conexão perfeita para o mundo em rede, que representa a democratização da informação, a tecnologia permite o acesso à informação de qualquer computador ou smartphone ligado à rede. Contudo, o simples acesso à informação não determina educação.

Segundo (Gaidargi-Garutti, 2020) a informação é, hoje, oferecida em larga escala, porém nem sempre com veracidade, ou seja, a escola, já não pode apartar-se das mídias e da tecnologia de conexão, precisa posicionar-se como orientadora e não como opositora da identificação do jovem com as tecnologias.

Sendo assim, uma das prioridades da escola passa a se tornar identificável com este aluno, que se vê obrigado em se apropriar da proposta de um ensino estático onde sua execução no processo educativo se constitui em ouvir e comprovar que aprendeu. De acordo com Bauman (2010, p41) “a perspectiva de se ver restrito a uma única coisa a vida inteira é repulsiva e apavorante”, para o ser individuo, na escola e em toda a sua vida. Desta forma, a educação busca inovar para buscar atender as necessidades do aluno.

A oportunização da aquisição de autonomia, que por sua vez é caminho para a libertação, não pode ser dissociada do próprio ideal de educação humanizadora. Para esse proposito é essencial que toda a aquisição do conhecimento esteja alicerçada no diálogo. (Gaidargi-Garutti, 2020).

Desta forma a pesquisa bibliográfica busca fontes secundárias e abrange bibliografias públicas em relação ao tema de estudo, desde publicações em revistas, livros, pesquisas, monografias e teses.

Para Manzo (1971: 32), bibliografias relevantes “fornecem não apenas definições e soluções para problemas conhecidos, mas também a exploração de novas áreas nas quais os problemas ainda não foram totalmente especificados”, e tem por objetivo permitir ao pesquisador “o reforço paralelo na análise de sua pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto” (Trujillo, 1974:230). Contudo, permite considerar o tema a partir de novos enfoques e abordagens, levando a conclusões inovadoras.

Objetivo da pesquisa é analisar sobre “Modernidade Líquida” de Bauman e sobre a perspectiva das diferentes Gerações existentes (Geração de Veteranos, Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha).

A temática proposta de nosso estudo visa verificar pontos importantes da pesquisa cujos problemas abordados vemos a seguir: Como deve ser a educação mediante a modernidade atual e a geração atual de estudantes, Quais são as suas características, Como as instituições e os professores devem ser portar diante dessa realidade.

A escola há muito tempo, se concentra em ensinar aos alunos as competências básicas da matemática, da escrita e da leitura. Desenvolver as competências necessárias para que as crianças possam enfrentar seus desafios futuros para que a escola ensine-os a triunfar em suas carreiras.

2 A Escola e a Modernidade

2.1 Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman foi um sociólogo polonês que desenvolveu o conceito de “modernidade líquida” para descrever as transformações sociais e culturais na sociedade contemporânea que permite abrir a possibilidade de verificar seus significados para o campo educacional. Sua obra mais conhecida sobre esse tema é o livro “Modernidade Líquida”, publicado em 2000.

Além disso, (Bauman, 2001, p. 66) argumenta que a modernidade tradicional, caracterizada por estruturas sociais estáveis e instituições duradouras, deu lugar a uma forma de modernidade mais fluida e instável. Ele utiliza a metáfora da “suprema repartição” para descrever a natureza mutável e volátil das relações sociais, instituições e identidades na contemporaneidade.

De acordo com (Bauman 2010, p.45) “num mundo como este, o conhecimento é destinado a perseguir eternamente objetos sempre fugidios que, como se não bastasse, começam a se dissolver no momento em que é apreendido”, a escola busca atrativos no sentido de desenvolver novos caminhos que orientem seus estudantes a oportunizar meios de construir soluções e superação, buscando seu lugar junta a sociedade de forma rápida e consistente.

Entretanto, se destaca o processo de individualização como uma característica central da modernidade líquida. As pessoas têm maior liberdade para criar suas próprias identidades, mas isso também pode levar a um sentimento de incerteza e falta de pertencimento (Bauman, 2010, p177).

Porém, não podemos separar, num processo composto por educação e comunicação, o instrumento da realidade que ele traz ao jovem da verdade que ele traz – e que é a essência do

interesse do aluno pelo instrumento. Engana-se quem vê os alunos como simples usuários de computadores ou estações de rádio, caracterizados pela tecnologia apenas por meio de botões. Ou você entende que ele está usando as redes sociais apenas como distração. O que fascina meninos e meninas, homens e mulheres, é a relação que a tecnologia permite o que eles podem fazer com o mundo exterior, e quanto mais rápido for à velocidade de informação permitida, maior será a compreensão do aluno sobre o meio ambiente.

A globalização é outra dimensão importante em sua análise. De acordo com (Bauman, 2010, p.199), explora como as mudanças tecnológicas e econômicas contribuem para a interconexão global, afetando não apenas as relações entre países, mas também as relações interpessoais e as comunidades locais.

Desta forma, (Bauman, 2010, p.68), aborda o papel do consumismo na modernidade líquida, destacando como as pessoas muitas vezes buscam a satisfação instantânea e efêmera por meio do consumo, ao invés de investir em relacionamentos e compromissos duradouros.

Ele examina como as relações humanas tornaram-se mais descartáveis e fragmentadas na sociedade contemporânea, com a tendência de evitar compromissos a longo prazo. Contudo, (Bauman, 2010, p.73) levanta questões dos desafios éticas relacionadas à modernidade líquida, incluindo a responsabilidade social e as consequências das escolhas individuais em um contexto globalizado.

Enquanto muitos acadêmicos valorizam a contribuição para a compreensão da sociedade contemporânea, houve críticas também. Algumas críticas argumentam que sua análise pode ser excessivamente pessimista ou que subestima a capacidade das pessoas de encontrar significado em um mundo líquido.

De acordo, (Bauman 2010, p. 50) dá um exemplo. “O mundo fora da escola era muito diferente do tipo de mundo descrito por Myers e Yeager e para o qual as escolas preparam seus alunos”. Consequentemente, se um professor não tem consciência da realidade ou não se permite interagir com a realidade de diversas maneiras, ele não ensinará seus alunos.

Entretanto, aborda a descentralização da autoridade, a perda da exclusividade do professor como fonte única de conhecimento, a necessidade de uma educação ao longo da vida em vez de uma educação para toda a vida, e a busca pela reflexão, investigação, autonomia e flexibilidade na prática pedagógica. Ele também discute a transição da normatização para a interpretação como característica da autoridade docente na modernidade líquida (BAUMAN, 2010, p.218).

Portanto, a obra oferece uma perspectiva crítica e analítica que ajuda a compreender os desafios e as mudanças enfrentadas pela autoridade docente na modernidade líquida, fornecendo insights importantes para a reflexão sobre a prática educativa em tempos de liquidez social e cultural.

2.1 Gerações de Veteranos, Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha

O progresso humano, desde a revolução industrial, surge quando a habilidade de atribuir nomes aos fenômenos e estimular a curiosidade são posta em prática, iniciando um movimento. Ao perceber que esse processo é contínuo, a busca pelo novo se torna uma constante na trajetória da humanidade.

A percepção sistemática das atitudes e a compreensão das características distintivas no desenvolvimento das gerações proporcionaram um entendimento mais abrangente. Seja como estudantes ou consumidores, reconhecer e compreender os aspectos motivacionais de ação e reação que contribuem para resultados mais adequados, coerentes e eficientes. (Mello, Neto, & Petrillo, 2020).

Sendo assim, (Mello, Neto, & Petrillo, 2020), nos diz que “cada geração possui características diferentes que agrupam pensamentos e ações motivacionais”. O estudo das gerações está agrupado por faixa etária.

  • Geração dos Veteranos: nascidos antes de 1940
  • Geração Baby Boomers: nascidos entre 1940 a 1960
  • Geração X: nascidos entre 1960 e 1980
  • Geração Y: nascidos entre 1980 e 1995
  • Geração Z: nascidos entre 1995 a 2010
  • Geração Alpha: nascidos a partir de 2010

O convívio entre diferentes gerações sempre foi uma realidade, não sendo algo inédito. Esse fenômeno é inevitável também no ambiente escolar. Atualmente, vivenciamos uma constante presença de diversidades em diversos âmbitos, como novas tecnologias da informação, difusão de culturas, questões sociais globais, disseminação de notícias verídicas e falsas, e valores distintos, entre outros.

Todo desenvolvimento sempre causa contratempos e preocupações. Compreender a sociedade e as oportunidades de inovação exige coragem. Nesse sentido, é importante ressaltar como os processos de desenvolvimento que atingiram o processo educativo e ainda o influenciam, moldaram a educação denominada 4.0. É preciso percorrer a linha do tempo definida por (Mello, Neto, & Petrillo, 2020).

Lidar com a diversidade exige preparo diante das novas tecnologias e da crescente diversidade humana, fatores que geram mudanças em todos os setores sociais. O conflito entre gerações está intrinsecamente ligado a uma cultura de valores diversos, sendo que a tecnologia introduziu uma aceleração intensa em todas as direções.

Entretanto, o exercício em sala de aula (educação 1.0, 2.0 e 3.0) e estabelecendo um paralelo entre avanço das maquinas acompanhada a onda da indústria 1.0 e 2.0, as ferramentas de giz e quadro negro até o uso atual da linguagem tecnológica, a compreensão do mundo como integração é reconhecível no emaranhado de redes. O conhecimento das inovações e a curiosidade passam pelo labirinto.

Segundo (Mello, Neto, & Petrillo, 2020), “A atualização constante do currículo é primordial para que este paralelo seja estabelecido, e inserido em um contexto real de funcionalidade e crescimento”. A eficácia do ensino-aprendizagem demanda a harmonização da automação industrial, inteligência artificial e atividade humana como agentes criativos, inovadores e transformadores. Nesse contexto, o mundo adquire uma dimensão real e as oportunidades se multiplicam de forma ilimitada.

A implementação da Educação 4.0 consolidou a aplicação da Internet das Coisas (IoT), impulsionada pelo desenvolvimento da rede e pela utilização de ferramentas de gestão automatizadas para o progresso social. A adoção do conceito “faça você mesmo”, ancorado em uma cultura maker, ampliou a demanda por conhecimento especializado, flexibilidade e inovação no processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com (Mello, Neto, & Petrillo, 2020), as Metodologias Ativas passam a valorizar o novo, a criação, capacitando o pensar e o aprender, através da reflexão, da ousadia e do experimento. Fazer é o verbo que gera a ação educacional, e a conexão com o trabalho. A fórmula antiga de avaliação e desempenho não reflete as necessidades da sociedade. Mais uma vez, a combinação de conhecimento, habilidades e atitudes buscam definir formas de atuar e reagir para preencher a lacuna entre escola, empresa e sociedade.

Segundo (Mello, Neto, & Petrillo, 2020), a educação 5.0 a competência necessária de entender a programar e entender lógica de programação e desenvolvimento é primordial que o aluno esteja preparado para lidar com a dinâmica da sociedade e das empresas.

2.3 As instituições e os professores

A educação na modernidade atual, diante da geração contemporânea de estudantes, deve ser adaptável, integrativa e centrada no desenvolvimento de habilidades. Incorporar tecnologias educacionais, promover métodos de aprendizagem ativos e personalizados, e cultivar habilidades socioemocionais são essenciais. Além disso, a ênfase deve ser na preparação para um mundo em constante mudança, incentivando a criatividade, o pensamento crítico e a resolução de problemas. O diálogo aberto, a inclusão da diversidade e a colaboração também são fundamentais para uma educação eficaz na era atual.

No entanto, emergem as pesquisas sobre soft skills, buscando incorporar o entendimento das competências socioemocionais. É crucial reconhecer que tanto o trabalho repetitivo quanto o trabalho intelectual demandam o desenvolvimento de habilidades e competências que fomentem a autonomia de cada indivíduo (Mello, Neto, & Petrillo, 2020).

Essas características mencionadas estão alinhadas com o conceito de “soft skills” (habilidades interpessoais), que são competências não técnicas, mas fundamentais para o sucesso em ambientes de trabalho e na vida cotidiana. Soft skills incluem adaptabilidade, empatia, competência digital, colaboração, respeito, pensamento crítico, comunicação efetiva e abertura à aprendizagem contínua. Essas habilidades são essenciais para lidar com a diversidade de gerações, promovendo a compreensão, a colaboração e a eficácia nas interações interpessoais.

Considerar a escola sob uma perspectiva empresarial suscita questionamentos entre conceitos tradicionais e contemporâneos. Reconhecer que manter-se atualizado com os avanços tecnológicos representa estar na vanguarda do empreendedorismo moderno possibilita que Revolução e Evolução sigam em conjunto, convergindo para uma sociedade mais bem estruturada, vislumbrando assim um futuro mais promissor.

As instituições educacionais devem adotar currículos inovadores, investir em tecnologia educacional, e promover ambientes inclusivos que celebrem a diversidade. Além disso, é essencial oferecer formação contínua para os professores, incentivando metodologias ativas, o desenvolvimento de soft skills e a integração de tecnologias no ensino. Essa abordagem garantirá que os alunos estejam preparados para enfrentar desafios, sejam adaptáveis e possuam as habilidades interpessoais necessárias para prosperar em uma sociedade diversificada e em constante evolução.

Os professores devem integrar metodologias ativas de ensino, enfocar o desenvolvimento de soft skills através de atividades práticas, manter-se atualizados em relação às tecnologias e promover um ambiente de diálogo aberto com os alunos. Além disso, é fundamental orientar não apenas no conteúdo acadêmico, mas também no desenvolvimento pessoal, preparando os estudantes para enfrentar os desafios e colaborar efetivamente em uma sociedade diversificada.

3 Considerações Finais

A importância das habilidades interpessoais como competências fundamentais para o sucesso no ambiente de trabalho e na vida cotidiana, enfatizando características como adaptabilidade, empatia e pensamento crítico. Além disso, aborda a perspectiva empresarial na educação, ressaltando a necessidade de manter-se atualizado com os avanços tecnológicos para uma sociedade mais estruturada.

As instituições educacionais são encorajadas a adotar currículos inovadores e promover ambientes inclusivos, enquanto os professores devem integrar metodologias ativas, desenvolver soft skills e orientar os alunos não apenas academicamente, mas também no desenvolvimento pessoal. Essa abordagem visa preparar os estudantes para desafios, promover a adaptação e cultivar habilidades interpessoais essenciais em uma sociedade diversificada e em constante evolução.

4 Referências Bibliográficas

Albuquerque, R. N. (n.d de 04 de 2014). https://www.construirnoticias.com.br/a-escola-e-o- futuro-alunos-geracoes-x-y-z-que-alunos-vamos-deixarpara-o-mundo/, 75. (Construir Noticiais) Acesso em 08 de 01 de 2024, disponível em Construir notícias: https://www.construirnoticias.com.br/que-alunos-vamos-deixar-para-o-mundo/

Bauman, Z. (07 de 2001). Liquid Modernity (eletrônica ed.). (J. Zahar, Ed., & J. Zahar, Trad.) Rio de Janeiro, Brasil: Zahar.

Gaidargi-Garutti, A. M. (15 de 10 de 2020). Educação e Mídias em tempos de Modernidade Líquida. Educação como (re)Existência: mudanças, conscientização e conhecimentos., p. 8.

Marconi, M. d., & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas.

Mello, C. d., Neto, J. R., & Petrillo, R. P. (2020). Educação 5.0: Educação para o Futuro (1 ed.). (F. Bastos, Ed.) Rio de Janeiro: Freitas Bastos.


1Engenharia Elétrica e Licenciado em Física, Pós Graduação em Tecnologias Educacionais. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail – wesley32rodrigues@gmail.com.