MINI EXAME DO ESTADO MENTAL EM IDOSOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

MINI MENTAL STATE EXAMINATION IN THE ELDERLY: A LITERATURE REVIEW

MINI EXAMEN DEL ESTADO MENTAL EN ANCIANOS: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11552471


Ellyne Ribeiro Henrique 1
Luana Rodrigues Barbosa 2
Maria Eduarda Souza Gonçalves 3
Taynara Augusta Fernandes 4


RESUMO

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é um teste que viabiliza avaliar, de maneira rápida e precisa, a função cognitiva de um indivíduo. Sendo assim, tendo como ponto principal a natural alteração cognitiva durante o processo de envelhecimento, MEEM tem sido um aliado importante na avaliação da função cognitiva dos idosos. Desta maneira, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura sobre o declínio cognitivo da população idosa a partir do teste mini exame do estado mental. A metodologia utilizada foi a revisão integrativa de literatura, de abordagem qualitativa. A pesquisa para o levantamento do material bibliográfico foi realizada em bases de dados que indexam materiais bibliográficos, como Google Acadêmico, PubMed e Scielo. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados para este estudo um total de 12 publicações. O uso do teste mini exame do estado mental na pessoa idosa, contribui para identificação precoce de limitações funcionais, avaliação do estado de saúde, para intervenções prévias no tratamento de problemas que possam vir a surgir na vida do idoso, contribuindo para identificação precoce do declínio cognitivo, e por consequência para maximização da qualidade de vida.

Palavras-chave: Alteração Cognitiva. Avaliação Funcional. Envelhecimento. Limitações Funcionais.

ABSTRACT

The Mini Mental State Examination (MMSE) is a test that makes it possible to quickly and accurately assess an individual’s cognitive function. Therefore, having as its main point the natural cognitive change during the aging process, MMSE has been an important ally in evaluating the cognitive function of the elderly. Therefore, the objective of this study is to carry out a literature review on cognitive decline in the elderly population based on the mini mental state examination test. The methodology used was an integrative literature review, with a qualitative approach. The research to collect bibliographic material was carried out in databases that index bibliographic materials, such as Google Scholar, PubMed and Scielo. After applying the inclusion and exclusion criteria, a total of 12 publications were selected for this study. The use of the mini mental state examination test in the elderly contributes to the early identification of functional limitations, assessment of health status, for prior interventions in the treatment of problems that may arise in the elderly’s life, contributing to the early identification of the decline cognitive, and consequently to maximize quality of life.

Keywords: Cognitive Change. Functional Assessment. Aging. Functional Limitations.

RESUMEN

El Mini Examen del Estado Mental (MMSE) es una prueba que permite evaluar de forma rápida y precisa la función cognitiva de un individuo. Por lo tanto, teniendo como punto principal el cambio cognitivo natural durante el proceso de envejecimiento, el MMSE ha sido un aliado importante en la evaluación de la función cognitiva de las personas mayores. Por lo tanto, el objetivo de este estudio es realizar una revisión de la literatura sobre el deterioro cognitivo en la población mayor a partir del mini test de examen del estado mental. La metodología utilizada fue una revisión integradora de la literatura, con enfoque cualitativo. La investigación para recolectar material bibliográfico se realizó en bases de datos que indexan materiales bibliográficos, como Google Scholar, PubMed y Scielo. Luego de aplicar los criterios de inclusión y exclusión, se seleccionaron un total de 12 publicaciones para este estudio. El uso del mini test de examen del estado mental en el anciano contribuye a la identificación temprana de limitaciones funcionales, evaluación del estado de salud, para intervenciones previas en el tratamiento de problemas que puedan surgir en la vida del anciano, contribuyendo a la identificación temprana del deterioro. cognitivo y, en consecuencia, maximizar la calidad de vida.

Palabras clave: Cambio cognitivo. Evaluación funcional. Envejecimiento. Limitaciones funcionales.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país que tem vivenciado um progressivo aumento da população idosa, com um crescente processo demográfico de envelhecimento. Conforme divulgação do censo 2022 por parte do IBGE, o número de pessoas com 60 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em doze anos. Em 2022 o quantitativo de pessoas com 60 anos ou mais era de 32.113.490, representando 10,9% de toda a população brasileira. O índice de envelhecimento chegou a 80,0 no ano de 2022, demonstrando que existem 80 pessoas com mais de 60 anos de idade para cada 100 crianças com idade de 0 a 14 anos (Ibge, 2023).

O processo de envelhecimento, na maioria das vezes, é seguido por problemas como perda de habilidade, viuvez, aposentadoria, doenças crônicas e institucionalização, o que reduz a qualidade de vida da pessoa, e na maioria das vezes acaba marginalizando a figura do idoso, criando preconceitos, gerando sentimento de conformismo com a solidão, tristeza e até mesmo pensamentos de morte (Costa et al., 2021). Por isso, é essencial a manutenção da capacidade mental e funcional do idoso de maneira a preservar sua autonomia e independência.

No processo de envelhecimento ocorre uma mudança importante, sendo esta a mudança cognitiva. Em um envelhecimento considerado normal ocorre o declínio de funções cognitivas, como linguagem, memória, função visto espacial, velocidade de processamento e funções executivas. Isso acontece devido a vários fatores, como saúde, escolaridade, personalidade, hábitos de vida, prática de atividade física, além da vida social ativa. O desempenho cognitivo constantemente é conceituado quanto aos domínios de funcionamento, sendo que as avaliações cognitivas são direcionadas a subdomínios de cada área dessa habilidade (Machado; Argimon; Bós, 2022).

O declínio da capacidade cognitiva, por diversas vezes, é confundido com depressão, levando a considerar que existe uma forte ligação entre estas condições, sendo a depressão bastante comum na população idosa e que nem sempre é típica, podendo apresentar-se como um sintoma somático ou déficit cognitivo. Desta maneira, tem-se que a avaliação cognitiva é uma importante maneira de se detectar precocemente os sinais e os sintomas que se relacionam ao declínio da capacidade cognitiva, além de se essencial para o planejamento do cuidado em saúde da pessoa idosa e avaliar seu prognóstico em âmbito hospitalar, domiciliar, comunidade ou em instituições de longa permanência (Costa et al., 2021).

O Mini Exame do Estado Mental (Mini Mental State Examination/MEEM), é um teste de rastreio cognitivo bastante utilizado em todo o mundo, sendo que existem versões traduzidas e autorizadas para mais de trinta e cinco países. É um instrumento de triagem recomendado pelo Ministério da Saúde devido possuir uma avaliação padronizada, reduzida, simplificada e rápida no contexto clínico. O MEEM avalia a memória imediata e de evocação, orientação, cálculo, concentração, domínio espacial e linguagem (Nazario et al., 2018). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o declínio cognitivo da população idosa a partir do teste mini exame do estado mental.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O segmento populacional que mais tem crescido no Brasil é o de idosos. A população com 60 anos ou mais, no ano de 2010, era de 19,6 milhões, sendo que existe uma projeção para que a mesma aumente para 41,5 milhões no ano de 2030, podendo atingir 73,5 milhões no ano de 2060. O envelhecimento populacional é consequência do avanço da medicina, queda da fecundidade, diagnósticos precoces, tratamento de doenças e criação de políticas para a saúde do idoso (COSTA et al., 2021).

Nazario et al., (2018) destacam que a expectativa de vida aumenta gradativamente devido fatores econômicos, sociais e tecnológicos, levando a uma inversão da pirâmide etária, onde a população idosa, com idade acima de 65 anos é maior do que a de crianças de até quatro anos de idade, com uma proporção de 7,4% e 3,6% respectivamente. Esse estado de transformação tem feito com que a atenção à saúde se torne destaque devido ao processo de declínio da capacidade cognitiva e fisiológica que ocorre nos idosos, destacando a importância de um auxílio maior a essa população.

As queixas cognitivas e idosos são frequentes e representam fator de risco para demência, além de se caracterizar como um dos principais motivos de institucionalização desse segmento da sociedade. Os fatores cognitivos são fortes fontes de morbidade nos idosos por todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, além de representar 58% da carga de demência do mundo, com uma projeção de chegar a 71% até 2050 (GRDEN et al., 2017).

Entre os idosos, o déficit cognitivo se associa diretamente à falta de estímulos mentais, levando a uma perda de memória e diminuição de disposição para desempenhar atividades cotidianas, como raciocínio abstrato e lógico, leituras, habilidades de linguagem e espaciais. As alterações cognitivas se classificam em envelhecimento cognitivo normal, comprometido e demência. A função cognitiva pode ser melhora com a prática regular de atividade física por parte dos idosos, uma vez que essa prática leva a mudanças positivas, incentivando angiogênese e aumento do fluxo sanguíneo cerebral, neurogênese e sinaptogênese (Nazario et al., 2018).

A demência é um sério problema de saúde que atinge grande parte dos idosos e se caracteriza pela redução global das funções cognitivas, podendo provir de diversas condições degenerativas, neoplásicas, vasculares, tóxicas, psiquiátricas e metabólicas, que atinge cerca de 10% a 15% das pessoas com idade acima de 65 anos em seus mais variados graus (REZENDE et al., 2018). As funções cognitivas são todos os aspectos que incluem o funcionamento mental, como é o caso das habilidades para expressar pensamentos, sentimentos, lembranças, percepções e raciocínio, além das estruturas complexas que envolvem capacidade de produzir e fornecer respostas a estímulos externos e pensamentos (LIMA NETO et al., 2017).

Para se avaliar o declínio cognitivo, o método mais utilizado é o Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Esse método analisa algumas funções cognitivas, classificando-as em sete categorias, pontuando-as entre zero a trinta pontos que são distribuídos em questões de orientação espacial e temporal, memória, atenção, linguagem e produção visual. É um teste específico para o diagnóstico das alterações funcionais mentais, no qual não inclui aspectos de demência e temperamento. É um teste prático, que não possui muitas exigências para sua aplicação. É essencial para realizar o diagnóstico da diminuição da capacidade cognitiva. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento, com intenção de retardar ou diminuir essa incapacidade (NAZARIO et al., 2018). 

O MEEM foi elaborado por Folstein em 1975 e é um dos testes mais estudados e empregados em todo o mundo para avaliar a função cognitiva. Consiste de cinco sessões que avaliam: orientação (tempo/espaço); memória imediata; atenção e cálculo; evocação; linguagem. O teste não é controlado pelo tempo de duração e o seu escore máximo é de 30 pontos, sendo que somente as respostas corretas são pontuadas. Quando a pessoa não consegue responder a uma pergunta, a mesma é considerada como erro e por este motivo não é pontuada. É um teste breve, de fácil aplicação e pontuação, podendo ser aplicado em um tempo de 5 a 10 minutos (Verçosa et al., 2022).  

Silva et al., (2019) traçaram o perfil cognitivo de idosas residentes em uma ILPI por meio da aplicação do MEEM, sendo que fizeram parte deste estudo um total de 25 idosas com idade superior a 60 anos. Neste estudo, os autores verificaram que a variável linguagem obteve bons resultados, demonstrando que habilidades cognitivas como vocabulário possui maior resistência ao envelhecimento do cérebro. Ao contrário, ficou evidente neste estudo que outras habilidades como, memória, raciocínio conceitual e velocidade de processamento diminuem ao longo do tempo. A memória de evocação foi a variável com menores resultados, demonstrando que a dificuldade em manter a memória recente ou de evocação, além de estar atrelado ao envelhecimento, pode ser um indicativo, em quadro mais grave, de demência ou de doença de Alzheimer. 

3 METODOLOGIA

Para a elaboração deste estudo, utilizou-se como pesquisa a revisão integrativa de literatura, de abordagem qualitativa. A revisão integrativa de literatura, segundo Souza et al., (2010) viabiliza a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de outros estudos significativos. É um método que, basicamente, se constitui de um instrumento da prática baseada em evidências, que é uma abordagem voltada ao cuidado clínico e ao ensino fundamentado no conhecimento e na qualidade da evidência. A revisão integrativa da literatura permite o uso de publicações com metodologias diversificadas. 

A pesquisa para o levantamento do material bibliográfico foi realizada em bases de dados que indexam materiais bibliográficos, como Google Acadêmico, PubMed e Scielo. Para procurar o material, utilizou-se os descritores em saúde: Mini-Exame do Estado Mental AND Idosos. Esses termos foram utilizados para realizar as buscas de materiais publicados em português. Para a busca de materiais publicados em inglês, foram utilizados os termos mini mental state exam AND elderly.

Para selecionar o material, foram aplicados critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão utilizados neste estudo, foram: publicações com ano a partir de 2018, trabalhos publicados na íntegra, trabalhos nos idiomas português e/ou inglês. Quanto aos critérios de exclusão utilizados, estes foram: duplicidade, conteúdo divergente, apresentação de apenas resumo. Além de ter sido consultado e utilizado informações do sítio do IBGE.

Por se constituir este estudo de revisão da literatura, não foi necessário a submissão do Projeto à avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos, conforme Resolução 196/96 do Ministério da Saúde que normatiza estas diretrizes e normas regulamentadora.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados para este estudo um total de 12 publicações, sendo estas categorizadas de acordo com autor, objetivo e resultado apresentado, conforme demonstrado no Tabela 1.

Tabela 1: Publicações selecionadas e categorizadas conforme autor, objetivo e resultado apresentado.

Autor(es)ObjetivoResultado
Costa, TNM et alAnalisar o Mini Exame do Estado Mental em idosos institucionalizados e não institucionalizados.No grupo de indivíduos não institucionalizados a média foi de 22,11 contrapondo 17,03 no grupo dos institucionalizados. Constatamos, portanto, que a institucionalização contribui para o declínio da capacidade cognitiva (DCC).
Machado, JF et alComparar o desempenho no Mini exame do Estado Mental (MEEM) de idosos jovens e longevos social e físicamente ativos de Porto Alegre, RS, Brasil.Não foram encontradas diferenças significativas nas avaliações cognitivas entre os dois grupos. A escolaridade elevada foi um fator significativo para o melhor desempenho no Mini exame do Estado Mental. Ter poucos sintomas depressivos, manter-se físicamente ativo e ter o hábito de ler semanalmente também foram fatores importantes para melhor desempenho no Mini exame do Estado Mental.
Nazario, MPS et al.Realizar uma revisão narrativa sobre o déficit cognitivo em idosos hospitalizados e institucionalizados, que utilizaram como instrumento avaliador o Mini Exame do Estado Mental – MEEM.Os artigos deixam claro a importância do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) ser aplicado na primeira anamnese, durante a avaliação inicial e em exames de rotina, para acompanhar de forma concisa a evolução cognitiva do paciente, a fim de mensurar fatores individuais que predispõe o desenvolvimento do declínio e tracejar objetivos que diminuam danos irreversíveis no paciente.
Silva, MTF et alTraçar o perfil cognitivo de idosas residentes em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).Observou-se que a maioria das idosas que apresentavam capacidade cognitiva comprometida ou algum transtorno mental, tinham idades avançadas.
Werneck AL et alCaracterizar os aspectos sociodemográficos, econômicos e clínicos e analisar o estado mental dos idosos em hemodiálise.Verificou-se que a idade apresentou aumento de 62% nas chances de deficit para cada um ano de idade do paciente.
Frois MF, Amorim PBAnalisar o estado mental e o grau de dependência para atividades de vida diária apresentada por idosos de uma ILPI.Observou-se na aplicação do MEEM, que 80% dos idosos analfabetos tiveram déficit cognitivo grave o que contribui para o comprometimento das atividades de vida diária.
Resende M et alAnalisar a relação entre o estado cognitivo, por meio do Mini exame do estado mental (MEEM), com a Classificação internacional e funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF).Observou-se uma forte concordância entre os domínios do MEEM e das categorias da ICFCIF, principalmente no componente Atividade e Participação. A maioria dos idosos não apresentavam déficit em sua capacidade cognitiva. 
Fluetti MT et alAnalisar a relação entre o nível de fragilidade e as características sociodemográficas e de saúde de idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) do município de Ribeirão Preto, SP, Brasil.55,4% tinham deficit cognitivo, 62,5% apresentavam sintomas de depressão e 75,0% foram classificados como frágeis.
Grden CRB et alIdentificar os fatores associados ao desempenho no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) de idosos atendidos em um ambulatório de especialidades.Identificou-se associação significativa entre o desempenho no MEEM e sexo, escolaridade, renda, arranjo domiciliar, renda mensal individual.
Bastos NVAnalisar a relevância da aplicação do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em idosos no Brasil.O MEEM apresentou resultados satisfatórios, acompanhado a prática regular de atividades físicas e a eventos que permitam que os idosos tenham maiores conhecimentos acerca da presente temática e da possibilidade de melhoria de suas atividades cognitivas.
Verçosa VS et alAvaliar o estado cognitivo e desempenho para as AIVD em idosos institucionalizados.O estudo encontrou uma média geral no MEEM em analfabetos inferior ao esperado. Também se observou uma correlação inversa e significativa entre o desempenho no MEEM e na escala de AIVD, significando que um melhor estado cognitivo está associado ao melhor desempenho de capacidade funcional.
Lima Neto AV et alAvaliar aspectos cognitivos em idosos institucionalizados antes e após a realização de atividades de estimulação cognitiva.Após as atividades de estimulação percebeu-se que os idosos conseguiram manter ou aumentar a pontuação dos diversos aspectos avaliados.

Fonte: Autoras (2024)

O declínio cognitivo é formado por distúrbios que caracterizam a demência, sendo estes o déficit de memória, o declínio intelectual e a mudança de personalidade (Nazario et al., 2018). Quando ocorre avanço do declínio cognitivo, há uma piora do quadro de incapacidades, dificultando a realização de funções e tarefas simples, como fazer gestos eficazes e coordenados, distúrbios na fala, agnosia visual, redução na capacidade de planejar e organizar, além da pessoa perder a eficiência de julgamento próprio e de raciocínio (Werneck et al., 2019). 

Para o diagnóstico do declínio cognitivo o exame mais utilizado é o mini exame do estado mental. Esse exame é classificado em duas etapas, onde a primeira é direcionada à memória, orientação e atenção, com pontuação de 21 pontos utilizada na fala. A segunda é feita por meio da leitura e escrita, obedecendo a comandos escritos e verbais, ao qual o idoso precisa copiar uma frase e repetir um desenho (polígno), com pontuação de até 9 pontos, totalizando um escore de 30 pontos (Costa et al., 2021).

Fluetti et al., (2018) utilizaram o MEEM e verificaram que as práticas cognitivas impactaram no desempenho do público alvo estudado diante da aplicação do exame. Com o objetivo de analisar o estado mental e o grau de dependência para atividades de vida diária apresentada por idosos de uma ILPI, Frois; Amorim (2020) verificaram o MEEM auxilia na investigação e monitoramento da evolução do declínio cognitivo em pessoas que possuem risco de demência, como é o caso dos idosos. Isso pode ser confirmado no estudo de Costa et al., (2021), buscaram analisar o declínio cognitivo de idosos institucionalizados e não institucionalizados e verificaram que através do MEEM, foi possível comprovar que idosos institucionalizados possuem menor desempenho cognitivo, o que gera comprometimento de suas habilidades funcionais, além de desenvolverem patologias, como por exemplo a depressão.

A literatura demonstra uma cadeia de perda da capacidade funcional nos idosos, ao se pensar em modelos de atenção ao idoso. No modelo hospitalar, os idosos são mais dependentes quando comparados aos idosos inseridos no contexto ambulatorial e asilar. Quando se procura pelos serviços hospitalares, é possível verificar o crescimento gradual da gravidade da dependência funcional, gerando grave dependência daqueles que residem ou procuram instituições de longa permanência (Verçosa et al., 2022).

Outra situação relevante foi verificada por Grden et al., (2017) encontram associação significativa entre o desempenho cognitivo e o sexo feminino, com baixa escolaridade, demonstrando que idosos com menores anos de estudo possuem maior possibilidade de apresentar declínio cognitivo e pior desempenho no MEEM. Para Machado; Argimon; Bós (2022), a baixa prevalência de sintomas depressivos, o bom nível educacional, a boa autopercepção da saúde e a prática de atividade física regular são variáveis essenciais para a manutenção do bom nível cognitivo, tanto em idosos mais longevos quanto em idosos mais novos.

5 CONCLUSÃO 

O mini exame do estado mental é um tipo de teste bastante utilizado que avalia a função cognitiva de uma pessoa. É um teste rápido, de fácil aplicação, utilizado para rastrear o estado mental, porém não substitui a avaliação mais detalhada, por não se tratar de um teste de diagnóstico, mas sim para indicar funções que necessitam ser investigadas. 

O uso do teste mini exame do estado mental na pessoa idosa, contribui para identificação precoce de limitações funcionais, avaliação do estado de saúde, para intervenções prévias no tratamento de problemas que possam vir a surgir na vida do idoso, contribuindo para identificação precoce do declínio cognitivo, e por consequência para maximização da qualidade de vida.  

Sugere-se que mais estudos sejam realizados sobre o tema, uma vez que as informações disponibilizadas podem contribuir para a maximização da saúde da pessoa idosa. 

REFERÊNCIAS

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1Discente do curso Medicina. ITPAC Porto Nacional, Afya
Endereço: Porto Nacional, Tocantins, Brasil
E-mail: ellyneribeirorh@gmail.com
2Discente do curso Medicina. ITPAC Porto Nacional, Afya
Endereço: Porto Nacional, Tocantins, Brasil
E-mail: luanarbarbosa001@gmail.com
3Discente do curso Medicina. ITPAC Porto Nacional, Afya
Endereço: Porto Nacional, Tocantins, Brasil
E-mail: mariaeduardasg84@hotmail.com
4Professora Orientadora do curso Medicina. ITPAC Porto Nacional, Afya
Endereço: Porto Nacional, Tocantins, Brasil
E-mail: taynara.fernandes@itpacporto.edu.br